Depois desse acontecimento no refeitório, o que estava ruim ficou péssimo. Na verdade, horrível. Eu não tive paz um dia sequer daquela semana. Erick sempre achava um jeito de me encontrar seja nos corredores, banheiros ou biblioteca e fazia um dano psicológico totalmente desnecessário. O idiota fazia com que meus dias naquela escola fossem terríveis. Estava de mais, já estava a ponto de surtar e socar a cara daquele infeliz, embuste de uma figa.
Parecia que encher meu saco era o seu passatempo preferido, porque nunca vi alguém no mundo todo como Erick. Posso dizer que tenho um fã. Um muito insuportável o qual eu empurraria em frente a um carro em movimento sem nem pensar duas vezes. Porém não vale a pena me sujar por tão pouco e acabar com a minha liberdade por causa dessa personificação de demônio.
- Ora, ora. Está se escondendo de mim Dieguinho?
Ouvi aquela voz irritante, suspirei em desgosto e fingi que não ouvi nada só para ver se ele iria embora, o que acho totalmente difícil de acontecer sabendo do histórico de Erick. Continuei lendo o livro que estava em minhas mãos. Nem na biblioteca eu tenho paz, pensei.
- Quatro olhos de novo? - Erick perguntou sentando a minha frente. Sim, estou de óculos porque me ajuda a ler sem cansar a visão. Ergui uma sobrancelha com a língua coçando para dar uma boa resposta a esse cretino, porém segurei a língua e continuei fingindo ler, porque aquela altura já não conseguia mais me concentrar, só que não foi possível porque o embuste puxou o livro das minhas mãos. O olhei com raiva. Ele analisou o objeto com descrença.
- O Hobbit, sério? Pensei que tivesse mais bom gosto, mas vindo de você nada me surpreende princesa. - Falou sendo o idiota de sempre. Já disse que odeio quando ele me chama de "princesa"? Se não, falo agora, EU ODEIO QUANDO ELE ME CHAMA ASSIM! O fuzilei com os olhos e o desgraçado sorriu de lado despreocupadamente.
- O Hobbit é um clássico. E não me surpreende em nada que você não goste, afinal classe é uma coisa que você não tem. - Disse com o tom seco, puxei o livro de volta das mãos dele e ajeitei os óculos com o indicador. Erick riu em deboche.
- Não sei se reparou, mas classe é uma coisa que tenho de mais princesa. - Falou convencido e tive que revirar os olhos. Além de idiota ainda é convencido. Eu mereço uma merda dessa mesmo meu Deus.
- Claro. - Falei com escárnio e me concentrei na leitura novamente. Só que me dei conta que o idiota fez eu me perder na leitura. Teria que ler o capítulo do início novamente.
- Ouvi dizer que, se você danificar um livro da biblioteca tem que arcar com o prejuízo. - Falou ele com o tom calmo, porém venenoso. Franzi o cenho não entendo aonde Erick queria chegar ao falar aquilo.
Mas já estava bem óbvio onde ele queria chegar com aquela fala, só que eu fui o lerdo do momento.
Ergui a cabeça para questionar a sua fala, mas fui surpreendido por um copo enorme de suco de uva sendo derramado no livro em minhas mãos. O que acabou me molhando um pouco, mas nada comparado ao livro que ficou encharcado, literalmente. A minha expressão foi tomada por choque e surpresa. Aquele filho da puta acabou de estragar o livro.
Como eu não percebi aquele copo de suco antes? Mas que merda!
Fuzilei aquele infeliz com os olhos e um sorriso maroto nasceu em seus lábios.
- Espero que tenha dinheiro para pagar o seu estrago. - Erick falou e logo após saiu com aquele maldito sorriso no rosto.
- Filho de uma cadela. - Falei com os dentes trincados e desejando que um raio partisse aquele maldito ao meio.
Olhei o estado do livro mais uma vez e senti vontade de gritar em ódio e raiva ao ver que teria realmente que pagar por aquele livro, quer dizer, eu não, aquele idiota que teria que pagar, porque eu não arcaria com aquilo nem ferrando.
Resumindo depois daquele acontecimento, tive que pagar pelo livro danificado, mesmo eu quase fazendo um alvoroço dizendo que não havia sido eu e sim o escroto, cretino e filho da puta do Erick. Óbvio que ninguém acreditou, afinal eu estava sozinho quando mostrei o estrago e não tinha provas de que havia sido aquele infeliz. Devo dizer que quase pulei no pescoço da bibliotecária com tanta raiva que estava sentindo, sorte que tenho um bom autocontrole e sei que ela não tem culpa de nada.
Mas se aquele idiota pensa que vai ficar por isso mesmo, ele 'tá muito enganado. Se é guerra que o cretino quer, é guerra que ele vai ter.
- Obrigado. E da próxima vez tome mais cuidado para não danificar mais nenhum livro. - A bibliotecária falou depois que fiz o pagamento e nesse momento tive que segurar minha língua para não mandar essa infeliz para a merda.
- Claro. - Falei com a voz seca e sentindo uma vontade de cometer um assassinato.
Fui para casa depois de tudo isso. Estava puto, se aquele filho de uma... aquele demônio aparecesse na minha frente, eu o mataria sem nem pensar duas vezes.
Cheguei em casa e minha mãe não estava, ela havia ido trabalhar e meus irmãos estavam na escola, afinal ainda era cedo. Precisava me distrair com alguma coisa, coloquei um filme teen para eu assistir e aquele longa me deu altas ideias de como acabar com aquele cretino arrogante.
Poderia ser bem infantil da minha parte? Poderia, mas, sinceramente, só quero acabar com aquele estúpido. Não importa os meios, eles serão justificados no final.
Peguei meu celular, com ideias mirabolantes fervendo na minha mente, procurei o número da única pessoa que poderia me ajudar.
- Alô, Nathy?
Nathy é a minha amiga, a única que tenho na verdade, sei que com ela posso contar e assim como eu odeia aquele traste do Erick. Nathy e eu nos conhecemos desde sempre. Foi amor a primeira vista e perdura até hoje. Amor de amigo, só para ressaltar.
- Oi Di, você está maluco de me ligar em meio a aula? O professor me deu a maior bronca. Sorte sua que disse que era minha mãe. O que você quer? - Falou do outro lado da linha. Fiquei tão focado nas ideias que esqueci que ainda estava no horário de aula.
- Desculpa amiga, pode passar na minha casa depois da escola? - Perguntei esperançoso.
- É sério que você me ligou só para falar isso? Não podia mandar uma mensagem? - Falou com incredulidade do outro lado da linha, ela fica totalmente indignada quando a ligo assim e não é nada demais. Porém, isso é totalmente demais.
- Desculpa mais uma vez e venha até minha casa, tudo bem? Preciso da sua ajuda com algo. Você vai gostar prometo. - Falei empolgado e ouvi ela suspirar.
- Tudo bem. - Falou e sorri energético. - Era só isso?
- Só amiga, até depois. E desculpa de novo.
- Tudo bem seu maluco.
Nos despedimos e sorri em excitação, me aguarde Erick Drummond, me aguarde.
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- Você só pode ser louco Diego. Tem certeza disso? Estamos falando de Erick Drummond, o fodão da escola. Você vai acabar encrencado. - Nathy falou depois que contei todo o meu plano à ela.
- Eu sei amiga, mas não vou deixar isso tão barato para o lado daquele idiota. - Disse convicto, Nathy me olhou incerta e levemente duvidosa.
Ela é amiga da Amanda, namorada do embuste, mas já éramos amigos antes mesmo da outra aí entrar na história. Nathy também faz parte da equipe de bajuladores do Erick, vulgo líderes de torcida. Eu sei, uma baboseira só. Vantagem é que ela odeia o cara.
Não sei o porquê inventaram de fazer isso, foi ideia do fulano de tal lá. Típico. Já não basta ser bajulado em qualquer lugar que vá, por ser, supostamente, bonito e filho de um cara bem poderoso no meio empresarial e político. Ranço desse cara.
- Eu entendo. Até eu queria dar uma lição naquele idiota. Mas é arriscado amigo.
- Eu já disse que sei, só preciso saber se vai me ajudar.
Encarei Nathy nos olhos. Ela me olhou de volta e pensou por alguns segundos. Apelei para os olhinhos de cachorro que caiu da mudança. Minha amiga suspirou.
- O que você me pede sorrindo que eu não faça chorando, né? - Nathy falou fazendo um sorriso nascer em meus lábios.
- Eu te amo amiga. - Falei empolgado abraçando ela que gargalhou.
- Eu também, eu também. - Disse dando uns tapinhas nas minhas costas. Sabia que ela iria me ajudar a dar uma boa lição naquele filho do capiroto.
Erick que me aguarde, o que é dele está guardado e logo aquele idiota verá. Ou melhor, sentirá.
Eu esperei pacientemente uma semana e meia se passar, deixei Erick pensar que não teria um troco. Que ficaria por aquilo mesmo. O deixei pensar que não faria nada. O deixei acomodado. É como diz o velho ditado: " A pressa é inimiga da perfeição." E paciência é uma virtude. Então tive que esperar para agir.Além disso, esperei até o dia do jogo na escola. A minha escola disputaria com alguma outra, que não faço questão de saber o nome, e eu aproveitei disso para humilhar Erick em público e claro fazer o time da Atlas perder, prejudicaria o time? Sem sombra de dúvidas. Me importo? Nem um pouco. A maioria do time são uns idiotas então não estou nem aí."Você comprou o que pedi, não é? Mandei mensagem para Nathy. Ela ficou responsável por comprar o maravilhoso pó de mico. Nathy colocaria o pó em todo o uniforme do egocêntrico do Erick e o resto o destino iria fazer. Quero dizer, a coceira.Eu estava ali para ver tudo de camarote e presenciar a primeira derrota do Erick e do resto do time
Aquelas cinco palavras me fizeram, em primeiro lugar, franzi o cenho em confusão, em segundo, analisar o cenário rápida e minuciosamente e ver que ele já sabia que foi eu que sabotei o uniforme dele e, em terceiro, fiz a expressão mais cínica e desentendida que consegui.- O que eu fiz? Você 'tá louco por acaso?- Não se faça de desentendido seu veadinho de merda. Eu descobri que foi você que colocou pó de mico no meu uniforme. - Erick disse com firmeza e raiva. Ele estava em pé de braços cruzados, eu ainda no chão e vários telespectadores ao redor sem fazer absolutamente nada.- O quê? Eu não fiz nada, como eu poderia está em dois lugares ao mesmo tempo? Você viu que eu estava indo em direção a quadra. Mas espera, colocaram pó de, como é mesmo? Pó de mico no seu uniforme? Que massa, já amo esse gênio. - Falei falsamente, quero dizer, nem tudo ali era mentira. Erick avançou para cima de mim, ele pegou pelo meu blazer e me puxou para perto de si ameaçadoramente. Me encolhi no primeiro
No outro dia, na escola, cheguei um pouco atrasado e entrei quase correndo na sala. O professor por pouco não entrou antes de mim, por muito pouco mesmo.- Por que essa pressa senhor Sandrinny? - O professor perguntou assim que entrou na sala, sentei em minha carteira e o encarei.- Desculpe professor, só fiquei receoso de não me deixar entrar, se você entrasse antes de mim. - Falei envergonhado.- E você está certíssimo, não tolero atrasos em minhas aulas. - Disse com o tom rígido e encolhi os ombros.- Desculpe. - Disse eu em um tom culpado.- Idiota.Ouvi alguém sussurrar nas minhas costas. De alguma forma eu sabia que aquilo era para mim. Mordi os lábios, coçei a nunca desconfortável e prestei atenção no que o professor estava explicando.Com poucos minutos de aula, entediantes devo dizer, até mesmo para mim, Filosofia era uma das aulas que me davam um tremendo sono. Mas para nossa alegria alguém bateu na porta.- Professor Ramirez, um instante do seu tempo, por favor.A voz era d
- Espera um pouco, deixa ver se entendi bem, o Erick, o fodão da escola, mudou de sala, sentou ao seu lado e vocês vão fazer um trabalho juntos? É isso mesmo? - Nathy perguntou depois que contei tudo a ela, estávamos nos falando por vídeo chamada. Revirei os olhos.- Foi isso que acabei de falar. - Disse mal humorado. Nathy riu nervosamente.- Só tenho uma coisa a dizer amigo, você está fodido, literalmente. Ele provavelmente já tem certeza que foi você que estragou o uniforme dele e os fez perder aquele jogo, acredite não vai ficar barato. - Nathy falou pensativa e aquilo me desesperou para um caramba. - Eu acredito que não, se bem que ele me questionou sobre isso de novo. - Disse pensativo e arregalei os olhos. - Nathy, será que ele já sabe? Nós estamos lascados. - Falei entrando em um leve desespero. Minha amiga negou com a cabeça.- Eu não, você estar lascado. - Falou e eu a olhei indignado.- Você também participou miserável. Estamos no mesmo barco, Titanic o nome. - Disse me jo
Era uma sexta-feira, graças aos céus, o último dia de aula daquela semana, assim que entrei na escola, literalmente, todos que estavam no corredor viraram para me olhar. Franzi o cenho e olhei para trás para ver se alguém estava atrás de mim, mas não. Por que estão todos me olhando? Abaixei a cabeça e continuei a andar.Os alunos me olhavam e cochichavam. Mas que merda 'tá rolando? Apressei o passo indo para o meu armário e quando cheguei até o meu destino, Nathy me esperava com o celular em mãos. Assim que ela me viu, desencostou do meu armário e me olhou aflita e tive que franzi o cenho em confusão e questionamento. - Diego, você 'tá legal? - Perguntou nervosa e aquilo estava me deixando desconfiado. - Tirando o fato de que a escola inteira está me olhando e cochichando, estou de boa. Por quê? - Perguntei erguendo uma sobrancelha questionador na direção dela.- Então... - Nathy sorriu sem graça e desbloqueou o celular. - Não surta, tudo bem? - Falou me deixando em alerta. - O que
Minha vida sempre foi muito calma, eu era feliz e não sabia. Não havia, antes, pessoas me enchendo o saco sobre um assunto que nem mesmo gosto de citar. Aquele final de semana foi um martírio para mim. Meu celular não teve descanso também, a todo momento chegava uma notificação do Instagram. Nesse momento estou longe daquele aparelho demoníaco, mas não tão longe assim, ele é a minha maior fonte de desgaste e o mantenho no silencioso no meu bolso. Como é final de semana fico com meus irmãos, Guilherme e Letícia.- Qual filme vamos assitir? - Meu irmão perguntou sentado ao meu lado no sofá. Sim, vamos assistir filme, sempre fazemos isso no final de semana, em parte para tirar o estresse escolar e também para passarmos um tempo juntos.- Não sei, tem algum em mente? - Pergunto olhando para Guilherme e o mesmo nega com a cabeça.- Eu tenho um, Através da minha janela. - Letícia aparece falando com o balde de pipoca nas mãos. Ela se jogou entre nosso irmão e eu, nos fazendo reclamar.- Es
Caminhei a passos duros em direção da sala onde encontrei minha irmã sentada ao lado do meu irmão com a cara mais lavada que já vi. A encarei com seriedade.- O que foi? - Letícia perguntou se fazendo de idiota, sim idiota. Respirei fundo e encarei aquela garota que chamo de irmã. Vi de relance o Erick adentrar a sala e me olhar. - Eu só vou perguntar uma vez Letícia Sandrinny, você, por acaso, conhece o irmão do Erick? E melhor, você conhece ele intimamente? - Perguntei com a voz calma, mas com a expressão feroz. Minha irmã olhou para o Erick, o moreno coçou a nunca sem jeito e Letícia fez uma cara de indignação.- Erick seu boca grande de uma figa. - Lêh falou acusatoria e eu abri a boca desacreditado.- Foi mal Lêh. - Erick falou sem graça, nem parece aquele idiota presunçoso que estou acostumado a ver na escola. - Eu vou te matar. - Falei para minha irmã sorrindo nervoso e aquela projeto de gente ergueu a sobrancelha provocativa. - EU VOU TE MATAR GAROTA! - Gritei correndo na di
Erick e eu estávamos subindo as escadas para ir ao meu quarto, estávamos alguns centímetros separados e minha irmã do seu jeito venenoso, disse:- Juízo hein meninos, respeitem a mim e ao Guilherme aqui na sala.Fuzilei a filha da minha querida mãe com os olhos, mas a esperta não nos olhava de volta.- Relaxa Lêh, não vou foder seu irmão... ainda. - Erick falou para minha total surpresa e choque. Arregalei os olhos brevemente, o olhei com seriedade e dei um soco no seu braço fazendo transformar seu sorriso sacana em uma bela careta. - Au!! - Exclamou.- Como se eu fosse, algum dia, dar para você. - Falei com convicção e Erick arqueou as sobrancelhas e um brilho perigoso tomou conta dos seus olhos.- Diego, não cospe para cima que cai na sua cara. - Meu irmão falou me olhando e tive que negar com a cabeça.- Até você moleque? - Perguntei indignado e Guilherme deu de ombros.- Uma coisa é certa, nunca duvide de nada. - Disse simplista e bufei. Para quê inimigos, não é mesmo?Erick sorri