Aquelas cinco palavras me fizeram, em primeiro lugar, franzi o cenho em confusão, em segundo, analisar o cenário rápida e minuciosamente e ver que ele já sabia que foi eu que sabotei o uniforme dele e, em terceiro, fiz a expressão mais cínica e desentendida que consegui.
- O que eu fiz? Você 'tá louco por acaso?
- Não se faça de desentendido seu veadinho de merda. Eu descobri que foi você que colocou pó de mico no meu uniforme. - Erick disse com firmeza e raiva. Ele estava em pé de braços cruzados, eu ainda no chão e vários telespectadores ao redor sem fazer absolutamente nada.
- O quê? Eu não fiz nada, como eu poderia está em dois lugares ao mesmo tempo? Você viu que eu estava indo em direção a quadra. Mas espera, colocaram pó de, como é mesmo? Pó de mico no seu uniforme? Que massa, já amo esse gênio. - Falei falsamente, quero dizer, nem tudo ali era mentira. Erick avançou para cima de mim, ele pegou pelo meu blazer e me puxou para perto de si ameaçadoramente. Me encolhi no primeiro momento, mas logo tratei de encara-lo, mesmo me cagando de medo por dentro.
- Não me faça de idiota seu merda, eu sei que foi você e não importa quantas vezes você fale o contrário. - Erick falou com os dentes trincados, soltou meu blazer, não sem antes me empurrar com demasiada força e se ergueu ainda bufando de raiva. - Isso não acabou seu merdinha. - Falou e me deu as costas e acabei soltando o ar que nem sabia que havia prendido.
Acho que estou ferrado.
Depois daquele encontrão nada sutil no corredor, onde várias pessoas me olhavam como se eu tivesse cometido o maior dos crimes, mesmo eles não tendo certeza de nada, porém se Erick disse, é a verdade. Que idiotas, pensei enquanto me levantava e ajeitava o blazer.
Mas havia uma questão ali, Erick, de alguma forma, soube que o autor de tudo aquilo foi eu. Arregalei os olhos ao lembrar de Nathy, ela não faria isso, ou faria? Andei apressado até onde eu sabia que minha amiga estaria.
- Você contou para alguém sobre o que fizemos? - Perguntei assim que a encontrei no seu armário, ela me olhou com confusão, porém logo entendeu o que queria saber.
- Claro que não. Por quê? - Perguntou fechando o seu armário.
- Erick acabou de me "barrar" no corredor e me disse que sabia que havia sido eu.
- O quê? Como assim? - Perguntou, em seus olhos pude ver um certo desespero.
- Não sei como ele descobriu, mas aquele cretino me ameaçou dizendo que iria conseguir provar que foi eu, isso nas minhas palavras. - Disse com nervosismo e Nathy suspirou pesadamente.
- Mantenha a calma. Você disse alguma coisa a respeito? Pensando bem, me conte o que ocorreu.
Contei a ela tudo o que havia ocorrido mais cedo no corredor. Depois que finalizei o relato, Nathy ficou em silêncio por um tempo.
- Ele não sabe de nada, só quer achar um culpado a todo custo. Finja que não sabe de nada, mas tome todo o cuidado, sabemos que Erick é meio maluco. - Disse tentando me confortar, mas só uma coisa passava na minha mente.
Sim, Erick é maluco e de pedra.
Os dias seguintes andei meio receoso, um certo medo do que aquele maluco poderia fazer. Erick não gosta de perder, nem mesmo no pá ou ímpar. Ele é obcecado em sempre ganhar e perder aquele jogo decisivo na sexta o deixou verdadeiramente puto. Durante esses dias Erick andou literalmente estressado, nem mesmo os "amigos" dele escaparam da fúria e eu o evitava a todo custo.
Se ele vinha na minha direção em algum corredor, eu fazia de tudo para desviar do caminho dele. Até mesmo Amanda se manteve afastada.
- Erick 'tá insuportável cara. Ele está maluco atrás de quem colocou pó de mico no uniforme dele. Quase obcecado em achar o maluco.
Ouvi algum dos amigos do dito cujo falarem enquanto passava pelo corredor, respirei fundo porque o nervosismo queria me dominar. Mas assim que cheguei no meu armário comecei a pensar sobre isso.
Ele não faria nada, se descobrisse que foi eu, pelo menos não em terreno escolar e nós nunca nos encontramos fora da escola. Aposto que ele nem sabe onde eu moro.
Minhas "brincadeiras" não acabaram, muito pelo contrário somente começaram. Erick é lento em raciocínio nunca chegará ao culpado e se chegar não será a mim e muito menos a Nathy já que quando ela colocou o pó de mico no uniforme do idiota ninguém estava no vestiário. Estávamos seguros.
Pensando desta maneira, peguei o celular e abri as minhas conversas.
"Vamos iniciar a fase dois Nathy."
- Diego, isso vai acabar em problema. - Nathy falou em alerta, seus olhos estavam em seriedade e eu cruzei os braços.
- Nathy, você está com medo do Erick? Ele nunca vai descobrir que fomos nós. Aquele imbecil não é tão inteligente a esse ponto. - Disse e Nathy estreitou seus olhos em minha direção.
- Você não tem certeza do que está dizendo. - Falou alterando um pouco a voz. Suspirei. - O Erick está como um maluco atrás da pessoa que sabotou o uniforme dele. Ele quase bateu no Bryan dentro do vestiário ontem só porque tirou sarro dele. E você quer atiçar a fera ainda mais? - Nathy disse com irritação, arqueei uma sobrancelha em sua direção.
- O quê? - Perguntei com cenho franzido.
- Você sabe que hoje mesmo ele começou a questionar até as meninas? Nem mesmo a namorada ele poupou. Sorte que eu não estava lá no momento. - Nathy falou meio exasperada e entendi que ela estava com medo.
- Eu sei que é perigoso Nathy, mas precisamos continuar e dar uma lição nesse idiota. Precisamos parar ele. - Disse teimosamente. Nathy negou com a cabeça e me olhou com um certo desgosto.
- Olha Diego, você pode fazer o que você quiser. Pode continuar com essa ideia idiota e infantil, mas eu estou fora. - Nathy falou e me deixou sozinho ali com cara de tacho. Não tive nem tempo de processar a informação direito e quando dei por mim minha amiga já estava longe.
É, parece que agora sou só eu.
Eu estava inquieto, pensando em como eu daria continuidade ao plano, sem a Nathy ficaria tudo mais difícil. Ela era a peça principal para todos os passos. Mas tudo bem, eu consigo. Não preciso de ninguém.
Só precisava pensar em uma maneira de seguir com tudo o que planejei. Só precisava parar, sentar e pensar em como desenvolver planos sem a Nathy.
- Droga Nathy, por que você tem que ser tão fraca? - Pergunto para mim mesmo colocando as mãos na cabeça e me joguei na minha cama.
Como fazer tudo isso sozinho? Pensa Diego, pensa. Falei para mim mesmo internamente e estava me frustrando cada vez mais a cada segundo.
- Droga!! - Gritei me levantando da cama e comecei a andar de um lado para o outro dentro do meu quarto.
Como é difícil pensar em como orquestrar seus planos quando você não tem acesso a nada na escola.
Como posso fazer isso sem saber de nada do Erick? Preciso chegar a ele. Preciso de algum modo me manter próximo do infeliz. Nathy ficaria com essa parte do plano já que namorava um garoto do time, se bem que aquilo não era lá um namoro, estava mais para pegação sem compromisso. A não ser, se eu entrar para o time, mas isso está fora de cogitação porque sou péssimo.
Alguns minutos pensando e a ideia veio, como uma lâmpada que se acende em meio a escuridão. E nisso eu me garantia.
No outro dia, na escola, cheguei um pouco atrasado e entrei quase correndo na sala. O professor por pouco não entrou antes de mim, por muito pouco mesmo.- Por que essa pressa senhor Sandrinny? - O professor perguntou assim que entrou na sala, sentei em minha carteira e o encarei.- Desculpe professor, só fiquei receoso de não me deixar entrar, se você entrasse antes de mim. - Falei envergonhado.- E você está certíssimo, não tolero atrasos em minhas aulas. - Disse com o tom rígido e encolhi os ombros.- Desculpe. - Disse eu em um tom culpado.- Idiota.Ouvi alguém sussurrar nas minhas costas. De alguma forma eu sabia que aquilo era para mim. Mordi os lábios, coçei a nunca desconfortável e prestei atenção no que o professor estava explicando.Com poucos minutos de aula, entediantes devo dizer, até mesmo para mim, Filosofia era uma das aulas que me davam um tremendo sono. Mas para nossa alegria alguém bateu na porta.- Professor Ramirez, um instante do seu tempo, por favor.A voz era d
- Espera um pouco, deixa ver se entendi bem, o Erick, o fodão da escola, mudou de sala, sentou ao seu lado e vocês vão fazer um trabalho juntos? É isso mesmo? - Nathy perguntou depois que contei tudo a ela, estávamos nos falando por vídeo chamada. Revirei os olhos.- Foi isso que acabei de falar. - Disse mal humorado. Nathy riu nervosamente.- Só tenho uma coisa a dizer amigo, você está fodido, literalmente. Ele provavelmente já tem certeza que foi você que estragou o uniforme dele e os fez perder aquele jogo, acredite não vai ficar barato. - Nathy falou pensativa e aquilo me desesperou para um caramba. - Eu acredito que não, se bem que ele me questionou sobre isso de novo. - Disse pensativo e arregalei os olhos. - Nathy, será que ele já sabe? Nós estamos lascados. - Falei entrando em um leve desespero. Minha amiga negou com a cabeça.- Eu não, você estar lascado. - Falou e eu a olhei indignado.- Você também participou miserável. Estamos no mesmo barco, Titanic o nome. - Disse me jo
Era uma sexta-feira, graças aos céus, o último dia de aula daquela semana, assim que entrei na escola, literalmente, todos que estavam no corredor viraram para me olhar. Franzi o cenho e olhei para trás para ver se alguém estava atrás de mim, mas não. Por que estão todos me olhando? Abaixei a cabeça e continuei a andar.Os alunos me olhavam e cochichavam. Mas que merda 'tá rolando? Apressei o passo indo para o meu armário e quando cheguei até o meu destino, Nathy me esperava com o celular em mãos. Assim que ela me viu, desencostou do meu armário e me olhou aflita e tive que franzi o cenho em confusão e questionamento. - Diego, você 'tá legal? - Perguntou nervosa e aquilo estava me deixando desconfiado. - Tirando o fato de que a escola inteira está me olhando e cochichando, estou de boa. Por quê? - Perguntei erguendo uma sobrancelha questionador na direção dela.- Então... - Nathy sorriu sem graça e desbloqueou o celular. - Não surta, tudo bem? - Falou me deixando em alerta. - O que
Minha vida sempre foi muito calma, eu era feliz e não sabia. Não havia, antes, pessoas me enchendo o saco sobre um assunto que nem mesmo gosto de citar. Aquele final de semana foi um martírio para mim. Meu celular não teve descanso também, a todo momento chegava uma notificação do Instagram. Nesse momento estou longe daquele aparelho demoníaco, mas não tão longe assim, ele é a minha maior fonte de desgaste e o mantenho no silencioso no meu bolso. Como é final de semana fico com meus irmãos, Guilherme e Letícia.- Qual filme vamos assitir? - Meu irmão perguntou sentado ao meu lado no sofá. Sim, vamos assistir filme, sempre fazemos isso no final de semana, em parte para tirar o estresse escolar e também para passarmos um tempo juntos.- Não sei, tem algum em mente? - Pergunto olhando para Guilherme e o mesmo nega com a cabeça.- Eu tenho um, Através da minha janela. - Letícia aparece falando com o balde de pipoca nas mãos. Ela se jogou entre nosso irmão e eu, nos fazendo reclamar.- Es
Caminhei a passos duros em direção da sala onde encontrei minha irmã sentada ao lado do meu irmão com a cara mais lavada que já vi. A encarei com seriedade.- O que foi? - Letícia perguntou se fazendo de idiota, sim idiota. Respirei fundo e encarei aquela garota que chamo de irmã. Vi de relance o Erick adentrar a sala e me olhar. - Eu só vou perguntar uma vez Letícia Sandrinny, você, por acaso, conhece o irmão do Erick? E melhor, você conhece ele intimamente? - Perguntei com a voz calma, mas com a expressão feroz. Minha irmã olhou para o Erick, o moreno coçou a nunca sem jeito e Letícia fez uma cara de indignação.- Erick seu boca grande de uma figa. - Lêh falou acusatoria e eu abri a boca desacreditado.- Foi mal Lêh. - Erick falou sem graça, nem parece aquele idiota presunçoso que estou acostumado a ver na escola. - Eu vou te matar. - Falei para minha irmã sorrindo nervoso e aquela projeto de gente ergueu a sobrancelha provocativa. - EU VOU TE MATAR GAROTA! - Gritei correndo na di
Erick e eu estávamos subindo as escadas para ir ao meu quarto, estávamos alguns centímetros separados e minha irmã do seu jeito venenoso, disse:- Juízo hein meninos, respeitem a mim e ao Guilherme aqui na sala.Fuzilei a filha da minha querida mãe com os olhos, mas a esperta não nos olhava de volta.- Relaxa Lêh, não vou foder seu irmão... ainda. - Erick falou para minha total surpresa e choque. Arregalei os olhos brevemente, o olhei com seriedade e dei um soco no seu braço fazendo transformar seu sorriso sacana em uma bela careta. - Au!! - Exclamou.- Como se eu fosse, algum dia, dar para você. - Falei com convicção e Erick arqueou as sobrancelhas e um brilho perigoso tomou conta dos seus olhos.- Diego, não cospe para cima que cai na sua cara. - Meu irmão falou me olhando e tive que negar com a cabeça.- Até você moleque? - Perguntei indignado e Guilherme deu de ombros.- Uma coisa é certa, nunca duvide de nada. - Disse simplista e bufei. Para quê inimigos, não é mesmo?Erick sorri
Eu estava no meu quarto, deitado na minha cama, até aí tudo normal, porém havia algo totalmente fora do comum. As luzes do meu quarto estavam em uma coloração vermelha e uma música, digamos que, erótica tocava no fundo. Muito bem, aquela música era muito explícita por assim dizer. Franzi o cenho, olhei ao redor e me assustei ao notar alguém sentado na cadeira da minha escrivaninha. Sentei na cama rapidamente.- Quem está aí? - Perguntei e ouvi uma risada fraca. Assim que ouvi aquele riso rouco uma onda de reconhecimento me atingiu como um soco no estômago. - Não me conhece mais, princesa? - Erick perguntou, engoli com dificuldade quando o mesmo se colocou de pé e vi que ele só estava usando uma cueca branca que se destacava bem na luz vermelha. - O-O-O que vo-você es-tá fazendo aqui? - Perguntei o olhando nos olhos que me encaravam de volta maliciosa e intensamente. Senti um frio na espinha. - Você não sabe Diego? Vim pegar o que é meu. - Falou com a voz sedutora e me vi com a resp
Martirio, essa era a palavra que resumia esse dia. Erick, com certeza, percebeu meu desconforto e fez de tudo, de tudo mesmo, para me deixar ainda mais sem jeito.Momento ou outro ele fazia questão de me tocar, acariciar, sim você não leu errado, Erick sempre dava uma leve acariciada na minha coxa, me fazendo prender a respiração e me deixava desconfortável porque aquilo estava me afetando, porque meu pênis e meu cérebro acharam de trabalharem juntos contra mim. Vejam bem, no domingo tive um sonho nada puro com esse cretino e agora algumas horas depois o filho da mãe fica me instigando, digo, fica instigando meu cérebro a lembrar daquele momento erótico do sonho e isso mandava um alerta para o meu amiguinho de baixo que não se fazia de rogado e se erguia agindo contra os meus comandos internos.- Você estar bem Diego? - Erick perguntou bem próximo do meu ouvido, sua voz baixa e melodiosa.Fechei os olhos, suspirei profundamente e o encarei. Droga, pensei. O moreno tirou o blazer e abr