Estou bêbada, pensei ao me escorar na parede ao lado do banheiro e esperar Luci vomitar. Ou não estou? Minha mente está confusa. Passei meus dedos pelas mechas grudentas do meu cabelo ruivo. Estava um calor dos infernos, e considerei por uns instantes me jogar na piscina.
Olhei para lado e vi Júlio vindo em minha direção. Acho que meu cérebro mergulhado em álcool me fazia ver coisas.
Nossa, como ele está gatinho, pensei enquanto admirava seu corpo de cima a baixo em interesse.
Ana para com isso, ele é o melhor amigo do seu irmão.
Eu e meu irmão temos uma diferença de idade de seis anos. Sou a mais velha, temos vinte e sete e vinte e um anos, respectivamente. Se nos damos bem? Sim. Como quaisquer irmãos, brigamos por qualquer coisa, mas sempre nos apoiamos e brigamos com qualquer pessoal que mexer com o outro.
Naquela noite, todos se encontraram na festa de aniversário do Júlio, o melhor amigo do meu irmão, que frequenta minha casa desde pequeno. Já cuidei deles quando menores. Algumas amigas minhas vieram comigo, pois o irmão intratável e mais velho dele também fazia aniversário.
— Tudo bem aqui, moça? — Júlio me perguntou, com aquele sorriso alegre que não perdeu com o passar dos anos.
O banheiro em que estávamos ficava no começo do corredor que dava na cozinha, e no minuto em que ele parou na minha frente, um cara passou por de trás dele, o empurrando. Júlio colocou o braço ao lado da minha cabeça para poder se escorar e não me esmagar.
Foi aí que notei o peitoral desenvolvido. O menino, que era menor do que eu na infância, agora estava muito maior, em todos os lados. Subi meu olhar desde os dedos na parede, passei pelos bíceps, continuei pelo pescoço até parar nos olhos azuis.
— Animal — resmungou para o cara, que ergueu uma mão se desculpando. — Você está bem?
— Eu estou bem — sorri sem graça. A vergonha me corroendo por desejar o melhor amigo do meu irmão. — Quem não está bem é Luci — apontei com a cabeça.
— Deu ruim? — as covinhas dele apareceram quando sorriu novamente.
Só balancei a cabeça em concordância enquanto o admirava, ou melhor, literalmente o comia com os olhos.
— Gosta do que vê? — chegou mais perto e perguntou no meu ouvido. Senti meus mamilos endurecerem com a voz rouca.
— Você cresceu, pequeno Júlio — levantei meus olhos para a boca dele.
Sério, Ana, preciso ligar o alerta vermelho piscando perigo?
Meu inconsciente às vezes é chato.
— Cresci muito, não sou mais um menino — ele levou a mão ao meu queixo e fez com que eu olhasse para os seus olhos.
Mordi meu lábio para evitar a tentação de me esticar nas pontas dos pés e grudar minha boca na dele.
— Posso te provar?
Neste momento, o barulho da porta foi ouvido. Coloquei as minhas duas mãos em seu peito e o afastei. Ele não resistiu ao meu movimento, apenas encostou na outra parede e deu de ombros, colocando as mãos no bolso dos shorts jeans que usava e fazendo as mangas da camiseta preta se esticarem.
— Annie — Luci me abraçou. — Eu te amo muito.
Eu acho que te odeio agora, minha amiga, pensei, olhando ainda para Júlio por cima do ombro de Luci.
Clara, minha outra amiga, deve ter notado a troca de olhares, pois deu um pigarro para chamar a atenção. Nós duas caminhamos com Luci de volta ao grupinho de amigas.
— O que foi isso lá trás? — Clara perguntou com a sobrancelha levantada.
— Eu não sei ao certo — respondi, apenas.
Saí para buscar água para Luci, e quando voltei, Clara me pegou de canto.
— Ele não para de olhar para você — ela me disse, olhando por cima do ombro para um ponto além. Dei uma olhada em volta e o encontrei me observando. Quando nossos olhares se cruzaram, Júlio ergueu sua bebida em saudação.
— É só um garoto...
— Corta essa — Clara me cortou.
Atualmente ela estava em um rolo com um cara mais velho que eu ainda não tinha descoberto quem era.
— Você quer que eu comece a ladainha sobre idade aqui e agora?
— Não, mas é o melhor amigo do Thiago, e...
— Confessa que você o quer — quando queria ser uma verdadeira vaca, ela conseguia.
— Sim. Não — estava verdadeiramente confusa. — Vou buscar água, chega de bebida. Aliás, não vi a senhorita tomando um gole sequer de álcool hoje — fugi dela (ou de mim). Se tivesse prestado atenção, veria o olhar culpado.
Mas tarde, Clara me confessou que deu uma ajudinha. Tinha chegado no Júlio e dito para ele me encontrar e ser homem. Que eu estava em cima do muro, e que se ele não agisse, iria perder a oportunidade.
O garoto levou as instruções ao pé da letra. Estava na cozinha bebendo água quando ele chegou e tirou o copo das minhas mãos. Depois, me empurrou até minhas costas baterem na parede, no vão entre a geladeira e o armário. Escorregou sua grande mão até minha bunda e colou seu corpo ao meu. Com a outra mão, segurou firme minha cabeça e, por meio segundo, hesitou e olhou bem para os meus olhos. Seja lá o que viu, aquilo o convenceu.
Ele me beijou. Não um beijinho bobo, mas sim um grande e dominador beijo. Fui lerda e levei alguns segundos para corresponder àquela investida. Levei minhas mãos aos cabelos sedosos e mergulhei meus dedos nele. E o deixei degustar da minha boca como queria.
Uau! O garoto sabe beijar, pensei ao tentar recuperar o fôlego quando terminamos o beijo.
— Eu sempre fiquei de olho em você — Júlio mordeu meu lábio, e aquilo me arrepiou todinha. — Arrumava várias desculpas para ir à sua casa. Via você passando com aqueles shortinhos, para lá e para cá, e pensava: ela só faz isso para me atentar.
Eu ri nessa hora. Inclinei minha cabeça e dei um beijinho atrás da sua orelha. Senti sua masculinidade crescer ainda mais contra mim. Estava aí uma coisa que não era pequena.
— Meu pequeno garoto — sorri ainda mais quando ele fez careta com o tratamento. — Usava os shortinhos porque estava na minha casa e, estando lá, gosto de me sentir confortável.
— Longe de mim reclamar, minha senhora — ele apertou minha bunda. — Deixe-me mostrar que eu não sou mais um pequeno garoto?
Juro que ele fez a maior cara de cachorro que caiu da mudança. Realmente devo ter transparecido um grande sim, porque em um minuto estávamos presos contra o vão da geladeira, e no outro estávamos trancados dentro do quartinho da empregada.
— Júlio, o que você acha que vai acontecer aqui? — perguntei enquanto me separava do abraço dele e o empurrava para cama, onde caiu sentado.
— Tudo o que você quiser, minha senhora — o maldito garoto deu aquele sorriso inocente e totalmente lindo. Eu estava perdida.
Vou totalmente culpar o álcool. Dei alguns passos e me pus entre suas pernas. Puxei seu rosto para cima.
— Você sabe que isso nunca aconteceu. Eu nego até a morte isso tudo.
Por um momento vi mágoa passando por seus olhos. Ele os fechou por uns segundos, e quando abriu, não estava mais lá. Passando as mãos por minhas pernas nuas, balançou a cabeça de forma positiva.
— Bom menino — sorri e me sentei escrachada em seu colo.
Pelas pupilas dilatas, notei que ele não esperava o meu gesto. Tomei conta da situação. Dominei completamente os beijos seguintes enquanto deixei ele tocar meu corpo à vontade.
Estava me sentindo fora de controle, então interrompi um dos nossos beijos e tirei suas mãos dos meus seios.
— Você é um bom menino, Júlio? — sorri, safada.
Vi quando mordeu o lábio para não retrucar e apenas balançou a cabeça.
— Bons meninos ganham presentinhos — ele arregalou os olhos, mas não disse nada.
Peguei suas mãos e coloquei em minhas coxas.
— A partir de agora, você não pode tirar as mãos daí. Caso for um mau menino, tudo para. Entendeu? — Júlio olhou, duvidoso, mas balançou a cabeça afirmativamente
— Bom, muito bom.
Dei um selinho na boca dele e levei minhas mãos ao botão do short. Propositalmente demorei agoniantes segundos para abrir a braguilha. Quando aberta, enfiei minha mão dentro da cueca boxer dele e tomei seu pau.
— Meu garoto — pisquei para ele e comecei a masturbá-lo. A surpresa e o deleite estampados em seu rosto me encorajaram. Tomei sua boca novamente sem deixar de trabalhar. Ele gemia em minha boca e apertava suas mãos em minhas coxas.
— Ana — sussurrou em uma voz rouca, depois de algum tempo.
— Sim, meu menino — mordi sua orelha.
— Estou perto — gemeu.
Alcançando um pano que estava dobrado em cima de uma pilha na cama, coloquei entre nós. Puxei o cabelo dele com uma mão até que ele olhou para mim.
— Goze, meu pequeno garoto, goze para mim.
Com mais alguns apertões, foi o que fez. Com um rugido, ele gozou. Tomei o cuidado para o sémen não sujar nossas roupas. Quando finalmente terminou, dei uma limpadinha e devolvi o pau semiereto dele de volta às calças.
Um pouco do líquido branco escorreu por meus dedos. Eu lambi como uma gata satisfeita, nunca tirando meus olhos verdes, dos azuis dele.
— Minha vez de te agradar, minha senhora — ele disse, e eu balancei a cabeça em negativa.
— Isso é um presente de aniversário, meu menino — dei um selinho nele, tirei suas mãos de cima de mim e levantei do seu colo. Destranquei a porta e dei mais uma olhada nele antes de sair.
Assim que saí, dei de cara com Carlos, o irmão mais velho que eu odiava. Ele sorriu para mim com uma sobrancelha erguida, avaliando o meu estado desalinhado, boca inchada, cabelo bagunçado. Eu sentia que de manhã teria um belo conjunto de roxos nas coxas e no pescoço. Talvez um em cada seio também. Lembrei dos dedos poderosos apertando-os.
— Vai, sai da minha frente — disse, irritada.
Júlio saiu bem naquela hora do quartinho. Carlos olhou de mim, para o irmão e sorriu com escárnio.
— Virou papa-anjo agora, ruiva? — perguntou, debochado.
— Esqueceu que sou uma professora? — retruquei. — Meu trabalho é ensinar os mais jovens.
Joguei o cabelo para trás e marchei em linha reta de volta para festa sem olhar para os dois homens.
A noite foi extremamente tensa, tive um paciente com um problema cardíaco que me levou a fazer uma cirurgia de emergência. Doze horas depois, finalmente conseguimos salvá-lo. Resultado: eu estava acabado. Eu não sabia o que queria mais, se era comer ou dormir.Eu me olhei no espelho do banheiro do vestiário dos médicos do hospital Memorial Esperança. Desde minhas duas residências, não saí mais de lá. Minha aparência era péssima. Meus cabelos pretos estavam molhados do banho tomado uns minutos antes e, se eu virasse a cabeça, poderia notar alguns fios brancos. Eu estava ficando velho. Meus trinta e cinco anos estavam pesando nos ombros. Vi pequenas ruguinhas ao redor dos meus olhos pretos e da minha boca.Eu realmente deveria estar muito cansando para notar isso tudo, pensei ao dar as costas para o espelho e ir me vestir. Peguei uma blusa polo preta e a coloque
Sabe aquela história da nerd e o popular que a Disney nos faz engolir? Bem, é só filme, a realidade é bem diferente. Eu era a nerd do colégio, a garota quietinha, que vivia com um livro grudado na cara, com camisetas de bandas e de animes e que não casou com o cara popular. Essa nerd se tornou uma neurologista muito boa e vivia sozinha em um apartamento com um gato que se achava o rei.Por que eu estou contando tudo isso? Por causa de uma noite qualquer que fui chamada no quarto de sobreaviso para atender um paciente. Era três horas da manhã de um dia chuvoso e frio, estava dormindo enrolada nos meus cobertores quentinhos, quando Ana, a enfermeira do pronto-socorro, veio me chamar.— Doutora Melinda! — olhei entre as dobras do cobertor para a cabecinha loira que me chamava. — Temos um paciente grave chegando em dois minutos, acidente de carro.Resmunguei um OK, levantei da cam
A cabeça estava zunindo depois de ontem. Vanessa se recriminou por dentro. Ela e as amigas saíram em plena quarta-feira para comemorar sua promoção. Saiu de secretária para secretária executiva de, nada mais, nada menos, que um dos donos da companhia de seguros para qual trabalhava.Estou tão contente que meu patrão esteja de férias, pensou, desanimada, ao chegar no escritório e desabar em sua cadeira. A ressaca a estava matando. Abriu sua bolsa vermelha, que fazia conjunto com seu terninho de corte reto preto, e vasculhou tudo atrás de um comprimido de analgésico.Com o comprimido na mão, lançou na boca e tomou um gole de seu café da Starbucks. Sorriu ao apreciar a bebida quente. Com o novo emprego, ela poderia se dar ao luxo de vez em quando de tomar a iguaria.Seu celular em cima da mesa vibrou com alerta de mensagem. Pegando, desblo
Olá, meu nome é Melissa, tenho vinte e seis anos e resolvi morar sozinha. Aí você pensa: já estava na hora, minha filha. Bem, bem, bem, tem toda a razão, mas a situação é outra. Consegui um emprego fabuloso na capital de São Paulo, zona sul. Virei burguesa, #sóquenão.Eu trabalho com design gráfico. — Sou a mais nova contrata da Editora Globo!Dancinha da vitória, vamos lá, galera, mãos para cima, uuuh!!!Por isso, sair da casinha dos meus pais e me aventurar na grande selva de pedra foi quando minha história realmente começou.***— Este é o último, senhorita — olhei para o entregador gordinho.Senti pena dele, alcancei minha carteira e depois senti pena de mim ao olhar para ela e contatar os meus baixos rendimentos.Final do mê
Abrindo a bolsa, Lárisa caçou entre as quinquilharias desnecessárias seu maço de cigarros. Achou lá no fundo, ao lado de uma embalagem de preservativo, e pegou os dois na mão. A embalagem de cigarros estava vazia, o que era uma completa droga no ponto de vista dela, e a segunda, olhando bem, estava vencida.Aquilo só poderia ser um sinal divino, pensou Lárisa com amargura. Naquela noite, tinha marcado de sair com o Hugo, da contabilidade. O carinha vinha insistindo em sair com ela havia meses. Quando finalmente cedeu à insistência, foi a pior decisão que teve em muito tempo. E olha que era a rainha das más decisões.Saiu da estação Brigadeiro, tremendo de frio, pois o que estava vestindo — um vestido preto na altura das coxas, meia arrastão e um salto altíssimo azul-escuro para combinar com a bolsa e os detalhes do casaco — não era um
Droga! Droga! Droga!, pensou Marcia ao sair na plataforma de metrô na Paulista. Em uma mão, levava uma grande e muito pesada mala sem rodinhas. Na outra mão apertava firmemente a pequena mãozinha de sua filha menor, enquanto a alça de sua bolsa escorregava pelo ombro.— Não vamos chegar — Ana Clara, a filha mais velha, mordeu os lábios, segurando firmemente as lágrimas teimosas que queriam cair por seu rostinho pálido. — E a culpa é sua — cruzou os braços e encarou a irmã.— Ana — suspirou Marcia. — Nada de drama, vamos conseguir se formos correndo — a loira olhou para aquele monte de pessoas subindo as escadas, parecia um formigueiro. Eram oito horas da manhã, um dos horários mais movimentados da linha amarela do metrô.Enfrentando a multidão e puxando a mala e as meninas, s
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Caminhei até a sala de casa com uma bandeja nas mãos. Meu irmão estava na minha casa, como hóspede, a pedido de minha mãe, já que tinha quebrado a perna em um exercício de treinamento do exército. Sabe quando você se arrepende amargamente de ser boazinha? Bem, era assim que eu estava me sentindo.Carlos era folgado, e eu havia esquecido este pequeno detalhe. Eu morava em uma casinha de dois quartos, sala e cozinha. Herdei de meu falecido pai, que também era militar — acho que sou a única pessoa na minha família que não é militar.— Você vai ficar o dia todo na frente desta televisão, jogando estes jogos estúpidos? — perguntei ao deixar a bandeja com o sanduíche e o suco de laranja ao lado dele.— Como se eu pudesse fazer qualquer outra coisa, Pat — ele resmungou. Na tela, uma criatura asquerosa teve sua cabe&cc