A noite foi extremamente tensa, tive um paciente com um problema cardíaco que me levou a fazer uma cirurgia de emergência. Doze horas depois, finalmente conseguimos salvá-lo. Resultado: eu estava acabado. Eu não sabia o que queria mais, se era comer ou dormir.
Eu me olhei no espelho do banheiro do vestiário dos médicos do hospital Memorial Esperança. Desde minhas duas residências, não saí mais de lá. Minha aparência era péssima. Meus cabelos pretos estavam molhados do banho tomado uns minutos antes e, se eu virasse a cabeça, poderia notar alguns fios brancos. Eu estava ficando velho. Meus trinta e cinco anos estavam pesando nos ombros. Vi pequenas ruguinhas ao redor dos meus olhos pretos e da minha boca.
Eu realmente deveria estar muito cansando para notar isso tudo, pensei ao dar as costas para o espelho e ir me vestir. Peguei uma blusa polo preta e a coloquei. A camisa ficou justa.
Acho que além de velho, estou ficando gordo, resmunguei para mim mesmo.
— Falou comigo? — perguntou Júlio, que estava entrando no vestiário com uma mala nas mãos.
— Acho que estou engordando.
— Onde? — Júlio me olhou de cima a baixo. — Tu está de palhaçada comigo — disse e saiu resmungando qualquer coisa, indo em direção a uma das cabines tomar um banho.
Certo, eu estava em forma, não tinha um corpo trincado, mas nos meus um metro e noventa de altura, minha massa estava igualmente distribuída. Acho que a falta de sono estava afetando meu cérebro.
Coloquei minha calça jeans e o tênis, recolhi todas as minhas coisas e saí. Resolvi comer alguma coisa e depois morrer por umas horinhas em uma das camas pelo hospital, afinal, em seis horas, eu começaria outro plantão. Ir para casa e depois voltar não seria legal.
Os corredores do hospital me lembravam algo antigo. Suas paredes brancas e vermelhas e sua arquitetura antiga me faziam imaginar um hospital da época da colonização. Sempre que passava pelos corredores de ladrilho vermelho, eu esperava ver uma enfermeira com um quepe na cabeça, meias no meio das canelas, saia e blusa branca, guiando uma cadeira de rodas com um senhor sentado com um cobertor nas pernas. Eu sei, era loucura.
Distraído assim com os meus pensamentos doidos, não a vi chegar. Foi em uma curva do corredor que nos esbarramos.
— Me desculpa — eu pedi.
— Sem problemas — ela me respondeu, e eu dei passagem.
Foi aí que realmente eu a notei. Vestida em uma calça jeans preta, justa em seu belo corpo, e uma blusa branca. Seu andar tinha um gingado hipnotizante. A bunda perfeita rebolava. Seus cabelos com trancinhas balançavam de um lado para o outro. Eu fiquei torcendo para ela virar, precisava ver seu rosto dela, aquelas curvas maravilhosas necessitavam de uma face linda.
Acho que os anjos estava de bem comigo naquele dia. A mulher se virou e me pegou olhando para sua bunda. Ela parou, e eu subi meu olhar por seu corpo. Sou réu confesso, tenho uma queda por negras, algo no tom maravilhoso de pele cor de chocolate me atrai. Senti necessidade de mergulhar meus lábios naquela delicia. E a moça era totalmente o meu tipo: tinha belíssimos seios, um pescoço alongado, uma boca carnuda e vermelha, olhos cor de café. Ela sorriu para mim, e eu senti o cansaço sumir.
Minha mente foi de cadeiras de rodas para lençóis de cetim e gemidos. Eu a queria, aquela moreninha linda estava me tirando dos eixos.
— Desculpe — ela me disse. — Sabe onde fica o refeitório? Acho que estou perdida.
E eu totalmente me achei, pensei.
— Você está indo para o lado errado.
— Bem minha cara fazer isso — ela voltou alguns passos. — A enfermeira falou direita e depois esquerda.
— Estou indo para lá, quer me acompanhar? — por dentro, estava torcendo que ela aceitasse.
— Se você me indicar o caminho, talvez eu não erre de novo — ela fez uma careta adorável. Essa mulher é muito linda.
— Estou indo para lá também — apontei para o corredor. — Por aqui.
— Sério, eu sempre me perco.
— Aqui é um labirinto — sorri para ela e começamos a caminhar para a lanchonete. — Eu levei um ano para decorar os lugares aqui dentro.
— Então você trabalha aqui?
— Sim. A propósito, me chamo Milton — ofereci a minha mão.
— Eu sou Gil, quer dizer, Giliana. Mas ninguém consegue pronunciar o meu nome direito, então eu sempre falo Gil — ela sorriu, e minhas calças ficaram apertadas.
— Minha irmãzinha me chama de Tom, mas é por causa do gato — dei de ombros.
— Que gracinha. Adoro Tom & Jerry.
Chegamos na lanchonete, e agradeci aos céus por estar vazia àquela hora da manhã. Fomos até o balcão e deixei que Gil pedisse enquanto analisava minhas opções. De todos os hospitais que já trabalhei, ali era o melhor lugar para se comer. Tinha de tudo, dos lanches saudáveis até os totalmente não saudáveis, que eu, como cardiologista, deveria repreender, mas adorava.
— Doutor Milton, como vai? — Alberto, o dono do local, me cumprimentou animado como fazia todos os dias. — Vai querer o de sempre?
Além de velho e barrigudo, eu era totalmente previsível.
— Hoje vou variar, quero um pão de queijo para começar, um misto quente e cappuccino grande. Morrendo de fome.
— Aposto que passou a noite toda acordado de novo — Maria, a esposa de Aberto, veio com uma bandeja de pão de queijo fresquinha nas mãos.
Aberto e Maria faziam aquele tipo de casal bonito. Os dois tinham a mesma altura, pouco mais de um metro e meio, eram brancos, com cabelos grisalhos, e nós, do hospital, os apelidamos de Papai e Mamãe Noel.
— Tive que remendar um coração partido — dei um sorriso para ela, e ela me deu um pão de queijo.
Virei as costas e olhei as mesas de madeira com uma toalhinha de renda em cada uma. Minha morena estava sentada em uma no meio da lanchonete. Claro que fui até ela.
— Posso me sentar aqui com você? — dei meu melhor sorriso.
— Claro, doutor.
Eu escutei um tom de sarcasmo na voz dela?
— Não sou doutor — sentei na sua frente. — Sou Mestre, Pós-graduado, mas ainda não tirei o doutorado.
— Todo médico não é doutor?
— É só um título que colocam na gente — dei de ombros e abocanhei um pedaço do meu salgado.
— Desculpe, estou meio estressada com os médicos hoje — ela cruzou os braços, sua face bonita mostrava descontentamento.
— Por que você está aqui?
— Estou acompanhando minha mãe, que veio fazer uma cirurgia — Gil bufou. — Você acredita que o médico não passou visita desde ontem?
— Quem é o médico?
— Um tal de Abraão — quase engasguei com o pão. — O que foi, você o conhece?
— Errr — eu senti as minhas bochechas corarem. — Vejo ele todos os dias no espelho — pigarrei. — Prazer, Milton Abraão Souza Filho — o sorriso de um milhão de reais como minha mãe falava voltou ao meu rosto.
— Aqui está seu pedido, senhorita — Maria nos interrompeu trazendo uma bandeja com a comida. — Doutor, esqueci de dizer, Carolzinha vai fazer aniversário no sábado que vem. Gostaríamos que o senhor fosse.
— Nossa pequena vai completar cinco aninhos, já? — sorri, feliz.
— Sim, graças a Deus e ao senhor.
— Só fiz o meu trabalho, e o cara lá de cima tem que levar todo o crédito.
— Nossa netinha Carol quase morreu — Maria começou a contar para Gil. — Se não fosse o doutor aqui, nem sei o que iria acontecer.
— Parece que ele é um bom doutor.
Sim, com toda certeza aquilo era sarcasmo.
— O melhor, querida — Maria nos deixou com o nosso café da manhã.
— Desculpe não ter passado visita — comecei a falar. — Quando peguei o plantão, chegou uma emergência e tive que correr para o centro cirúrgico, só saí agora.
— Qual a emergência?
— Resumindo, o cara estava literalmente com o coração partido.
— Você vai passar as visitas agora?
— Teoricamente algum dos outros médicos da equipe já deveria ter passado — provavelmente o idiota do Mascaro não fez suas obrigações de novo. Eu teria que m****r ele embora.
— Pois não passou ninguém — ela vez um biquinho adorável.
— Um minuto — peguei me celular e fiz uma ligação. — Mila, por favor, faça a ronda nos quartos e evolua todos os pacientes para mim. Se você ver o Mascaro, diga que estou à procura dele. Obrigado — depois de desligar, voltei meu olhar para ela. — Peço desculpas pelo furo da minha equipe.
— Você é o chefe da cardiologia?
— Sou sim, quem é sua mãe?
— Adelina...
— Adelina Martins, que deu entrada para fazer um cateterismo?
— Isso.
— Me lembro dela, adora um crochê, prometeu me ensinar — disse e dei um sorriso.
— Você, fazendo crochê?
— Melhora a habilidade motora — dei de ombros. — Sou um cirurgião.
Começamos a conversar sobre a mãe dela. Disso, passamos para outros assuntos, e quando vimos, já tínhamos conversado de tudo um pouco. Gil tinha um papo legal, era uma menina com humor forte, sarcástica, mas muito engraçada. Entretanto, a vontade de beijar aquela boquinha não passava.
Pagamos nossas contas, porque ela não deixou que eu pagasse a dela, e caminhamos de volta aos corredores do hospital. Resolvi acompanhá-la até o quarto da mãe para gastar mais tempo perto dela. Entramos no elevador velho do hospital e apertei o nono andar. Vendo os números no painel brilharem, fiquei pensando no que fazer para que minha boca chegasse na dela. Apesar de sua mãe não ser minha paciente, havia uma questão ética.
O número cinco acendeu, e o elevador fez um barulho horrível e parou. Olhei para o painel e vi que o número seis também estava acesso. Isso significava que o elevador tinha parado entre os andares.
— Só o que me faltava — apertei o botão para falar com alguém. — Aqui é o doutor Milton, estou preso no elevador.
— Olá, doutor Milton, sou o Caio, da segurança, por favor fique calmo, que iremos averiguar o que está acontecendo.
— OK.
— Doutor, pode me informar em que elevador está? Por que não o vejo em minhas câmeras — Caio disse minutos depois.
— Estou no elevador perto da lanchonete, paramos entre o quinto e sexto andar.
— A câmera deste elevador deve estar quebrada, porque não vejo você. Já nos falamos.
Virei para a Gil e a encontrei com o olhar assustado.
— Vai dar tudo certo.
— É nessa hora que digo que tenho pânico de lugares fechados e estou a um passo de entrar em desespero total? — disse, quase histérica.
Caminhei até ela e a peguei pelos braços.
— Que tal nós respirarmos fundo?
— Não vai adiantar. Eu preciso me distrair, preciso pensar em outra coisa, preciso sair daqui — ela me olhou em total pânico.
Passei os próximos minutos tentando acalmá-la sem nenhum sucesso. Em uma última tentativa, fiz algo que seria bem questionável na comunidade médica. Encostei ela contra a parede do elevador e a beijei.
A boca dela tinha gosto do chocolate que tomara no café da manhã. Os lábios eram macios e suculentos. Demorou uns segundos para ela corresponder. Gil me abraçou e levou suas mãos em minha bunda, me fazendo sentir uma leve apertada. Colei ainda mais meu corpo no dela e aprofundei mais o beijo, devorando, consumindo sua boca.
— O segredo é você pensar em outra coisa — mordi o lábio dela ao dizer.
— Boa técnica, doutor — ela deu um sorrisinho e atacou minha boca. Era uma sorte muito grande as câmeras do elevador não estarem funcionando, pois dois corpos quase se fundindo em um só seriam vistos.
Eu simplesmente aproveitei e comecei a apalpar aquele corpo gostoso, e a moreninha não ficou para trás, foi até mais ousada do que eu. Em um dado momento, enfiou a mão dentro do meu jeans. Soltei um gemido rouco que ecoou dentro daquela caixa de metal fria.
— Gil... — sussurrei com os lábios encostados em seu pescoço.
— Estou seguindo suas ordens, doutor — ela abriu o botão do meu jeans e desceu o zíper para ter mais acesso a mim. — Estou fazendo errado, doc?
Olhei para aqueles olhos travessos, a mocinha queria brincar. Dois poderiam entrar nesta brincadeira. Enfiei as minhas mãos por dentro de sua blusa e fui subindo devagarinho até chegar em seus seios. Eu adorava aquela parte do corpo de uma mulher, sem qualquer preferência de tamanho, cor ou tipo. Os dela eram perfeitos, cabiam em minhas mãos com perfeição. Eu já queria lambê-los, chupá-los, mordê-los, me perder neles.
— Não, está fazendo com perfeição — continuamos nos tocando mutuamente, até eu deter suas mãos deliciosas. — Temos que parar, pequena travessa.
— Por quê? — ela fez um biquinho gracioso ao mesmo tempo em que o elevador voltou a funcionar.
— Por causa disso.
Ajeitamos nossas roupas e cabelos. Tentei pensar em tudo menos na morena ao meu lado. Precisava fazer meu amiguinho relaxar. Agachei no chão e recuperei minhas coisas enquanto disfarçadamente acomodava melhor meu pau. A porta se abriu, e o cara da manutenção apareceu junto ao segurança.
— Tudo bem, doutor? — o segurança perguntou.
— Sim — não poderia falar para ele que estava com um problema de bolas azuis. Coloquei a minha bolsa na frente e virei para Gil. — Tudo bem?
— Sim, doutor, obrigada por não me deixar entrar em pânico — ela disse e saiu rebolando, a diabinha queria me deixar doido, só podia.
Acenei para os dois funcionários e fui até o descanso médico daquele andar, que, felizmente, estava vazio. Fui ao banheiro às presas, baixei minhas calças e comecei a me aliviar, pensando na garota travessa do elevador.
***
— Vim só desejar boa sorte — disse ao entrar no quarto da mãe de Gil, minutos depois.
— Doutor Milton — Adelina veio ao meu encontro, uma senhorinha muito simpática. Quando estava fazendo o procedimento, tínhamos batido um papo. Mal eu sabia que uma das filhas que eu tanto escutei seria aquela que iria me deixar louco. — Obrigada por tudo.
— Só fiz o meu trabalho — dei um beijo em seu rosto. — Agora vamos nos ver somente no mês que vem, com os resultados dos exames em mãos.
— Eu disse para o senhor que não tenho convênio...
— E eu disse para senhora que a atenderei no meu consultório ou na clínica popular — tirei um cartão de dentro da carteira em meu bolso e coloquei nas mãos enrugadas da mãe de Gil. — Aqui estão os meus números, marque uma consulta com a minha secretária no mês que vem.
— O senhor é um anjo — ela me agradeceu mais uma vez, e eu sorri para as outras duas mulheres, que arrumavam as coisas no quarto. Saí de lá com um sentimento de fracasso, o que eu queria mesmo era o telefone da morena linda. Quem sabe os anjos me achassem um bom menino e me ajudassem com essa?
— Doutor Milton — virei as costas e lá estava ela. — Posso pedir um favor? — balancei a cabeça que sim. — Será que poderia te ligar para uma consulta sobre o meu probleminha do elevador? — ela me deu um sorriso safado e piscou.
— Para este probleminha, senhorita... — sorri para ela e tirei outro cartão da carteira, anotando meu número pessoal. — Você deveria ligar para este número aqui para marcarmos uma consulta.
— Muito obrigado, doutor — ela pegou o telefone e digitou o número. Segundos depois, senti meu celular vibrando com alerta de mensagem do W******p:
Hoje, às sete, você escolhe o lugar, de preferência um que não tenha outros olhos para nos ver.
Levantei o rosto, e ela já estava voltando para o quarto. Antes de entrar, acenou para mim. Escrevi o meu endereço e enviei para ela com a mensagem:
Venha sem nada, pois precisarei fazer um exame profundo e minucioso.
Sabe aquela história da nerd e o popular que a Disney nos faz engolir? Bem, é só filme, a realidade é bem diferente. Eu era a nerd do colégio, a garota quietinha, que vivia com um livro grudado na cara, com camisetas de bandas e de animes e que não casou com o cara popular. Essa nerd se tornou uma neurologista muito boa e vivia sozinha em um apartamento com um gato que se achava o rei.Por que eu estou contando tudo isso? Por causa de uma noite qualquer que fui chamada no quarto de sobreaviso para atender um paciente. Era três horas da manhã de um dia chuvoso e frio, estava dormindo enrolada nos meus cobertores quentinhos, quando Ana, a enfermeira do pronto-socorro, veio me chamar.— Doutora Melinda! — olhei entre as dobras do cobertor para a cabecinha loira que me chamava. — Temos um paciente grave chegando em dois minutos, acidente de carro.Resmunguei um OK, levantei da cam
A cabeça estava zunindo depois de ontem. Vanessa se recriminou por dentro. Ela e as amigas saíram em plena quarta-feira para comemorar sua promoção. Saiu de secretária para secretária executiva de, nada mais, nada menos, que um dos donos da companhia de seguros para qual trabalhava.Estou tão contente que meu patrão esteja de férias, pensou, desanimada, ao chegar no escritório e desabar em sua cadeira. A ressaca a estava matando. Abriu sua bolsa vermelha, que fazia conjunto com seu terninho de corte reto preto, e vasculhou tudo atrás de um comprimido de analgésico.Com o comprimido na mão, lançou na boca e tomou um gole de seu café da Starbucks. Sorriu ao apreciar a bebida quente. Com o novo emprego, ela poderia se dar ao luxo de vez em quando de tomar a iguaria.Seu celular em cima da mesa vibrou com alerta de mensagem. Pegando, desblo
Olá, meu nome é Melissa, tenho vinte e seis anos e resolvi morar sozinha. Aí você pensa: já estava na hora, minha filha. Bem, bem, bem, tem toda a razão, mas a situação é outra. Consegui um emprego fabuloso na capital de São Paulo, zona sul. Virei burguesa, #sóquenão.Eu trabalho com design gráfico. — Sou a mais nova contrata da Editora Globo!Dancinha da vitória, vamos lá, galera, mãos para cima, uuuh!!!Por isso, sair da casinha dos meus pais e me aventurar na grande selva de pedra foi quando minha história realmente começou.***— Este é o último, senhorita — olhei para o entregador gordinho.Senti pena dele, alcancei minha carteira e depois senti pena de mim ao olhar para ela e contatar os meus baixos rendimentos.Final do mê
Abrindo a bolsa, Lárisa caçou entre as quinquilharias desnecessárias seu maço de cigarros. Achou lá no fundo, ao lado de uma embalagem de preservativo, e pegou os dois na mão. A embalagem de cigarros estava vazia, o que era uma completa droga no ponto de vista dela, e a segunda, olhando bem, estava vencida.Aquilo só poderia ser um sinal divino, pensou Lárisa com amargura. Naquela noite, tinha marcado de sair com o Hugo, da contabilidade. O carinha vinha insistindo em sair com ela havia meses. Quando finalmente cedeu à insistência, foi a pior decisão que teve em muito tempo. E olha que era a rainha das más decisões.Saiu da estação Brigadeiro, tremendo de frio, pois o que estava vestindo — um vestido preto na altura das coxas, meia arrastão e um salto altíssimo azul-escuro para combinar com a bolsa e os detalhes do casaco — não era um
Droga! Droga! Droga!, pensou Marcia ao sair na plataforma de metrô na Paulista. Em uma mão, levava uma grande e muito pesada mala sem rodinhas. Na outra mão apertava firmemente a pequena mãozinha de sua filha menor, enquanto a alça de sua bolsa escorregava pelo ombro.— Não vamos chegar — Ana Clara, a filha mais velha, mordeu os lábios, segurando firmemente as lágrimas teimosas que queriam cair por seu rostinho pálido. — E a culpa é sua — cruzou os braços e encarou a irmã.— Ana — suspirou Marcia. — Nada de drama, vamos conseguir se formos correndo — a loira olhou para aquele monte de pessoas subindo as escadas, parecia um formigueiro. Eram oito horas da manhã, um dos horários mais movimentados da linha amarela do metrô.Enfrentando a multidão e puxando a mala e as meninas, s
Liliane puxou novamente a manga de seu belo vestido verde e longo, feito somente para ela. A ocasião era muito especial, sua irmã mais velha seria apresentada à sociedade. Seus trajes combinavam com seus olhos, que eram da mesma cor. O comprido cabelo preto foi preso em um belíssimo e intricado penteado.— Pelo amor de Deus, Liliane — a senhora Debout, do outro lado da carruagem da família, gritou para a menina. — Pare de puxar, vai estragar o vestido. Não me envergonhe! Ouviu bem, mocinha? — ela apontou para a filha mais velha ao seu lado. — É a grande noite de sua irmã, este ano ela fará um bom casamento. No próximo, será você.— Por que tenho que me casar? — Liliane olhou com súplica para o pai. — Eu posso te ajudar na importadora...— Está vendo? — a senhora Debout interrompeu
Caminhei até a sala de casa com uma bandeja nas mãos. Meu irmão estava na minha casa, como hóspede, a pedido de minha mãe, já que tinha quebrado a perna em um exercício de treinamento do exército. Sabe quando você se arrepende amargamente de ser boazinha? Bem, era assim que eu estava me sentindo.Carlos era folgado, e eu havia esquecido este pequeno detalhe. Eu morava em uma casinha de dois quartos, sala e cozinha. Herdei de meu falecido pai, que também era militar — acho que sou a única pessoa na minha família que não é militar.— Você vai ficar o dia todo na frente desta televisão, jogando estes jogos estúpidos? — perguntei ao deixar a bandeja com o sanduíche e o suco de laranja ao lado dele.— Como se eu pudesse fazer qualquer outra coisa, Pat — ele resmungou. Na tela, uma criatura asquerosa teve sua cabe&cc
— Eu achei que seu quarto seria diferente — ele me disse quando entramos no quarto de hóspedes que eu estava usando.— Carlos ficou com o meu quarto quando veio para cá — dei de ombros enquanto o observava sentar na minha cama desfeita.— Por quê?Suspirei.— Não conseguir dizer não para minha mãe. Meu quarto é suíte, fica mais fácil para ele à noite.Toni balançou a cabeça em desaprovação. Com um dedo, ele me chamou. Caminhei até onde estava e entrei no meio das suas pernas. Não fez nada por vários minutos, só ficou ali me olhando, com aqueles olhos de gato.***Linda. Simplesmente linda. Comecei a subir minhas mãos por suas panturrilhas, centímetro por centímetro, nunca deixando seu olhar. Quando cheguei na barra da camisola,