Olá, meu nome é Melissa, tenho vinte e seis anos e resolvi morar sozinha. Aí você pensa: já estava na hora, minha filha. Bem, bem, bem, tem toda a razão, mas a situação é outra. Consegui um emprego fabuloso na capital de São Paulo, zona sul. Virei burguesa, #sóquenão.
Eu trabalho com design gráfico. — Sou a mais nova contrata da Editora Globo!
Dancinha da vitória, vamos lá, galera, mãos para cima, uuuh!!!
Por isso, sair da casinha dos meus pais e me aventurar na grande selva de pedra foi quando minha história realmente começou.
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— Este é o último, senhorita — olhei para o entregador gordinho.
Senti pena dele, alcancei minha carteira e depois senti pena de mim ao olhar para ela e contatar os meus baixos rendimentos.
Final do mê
Abrindo a bolsa, Lárisa caçou entre as quinquilharias desnecessárias seu maço de cigarros. Achou lá no fundo, ao lado de uma embalagem de preservativo, e pegou os dois na mão. A embalagem de cigarros estava vazia, o que era uma completa droga no ponto de vista dela, e a segunda, olhando bem, estava vencida.Aquilo só poderia ser um sinal divino, pensou Lárisa com amargura. Naquela noite, tinha marcado de sair com o Hugo, da contabilidade. O carinha vinha insistindo em sair com ela havia meses. Quando finalmente cedeu à insistência, foi a pior decisão que teve em muito tempo. E olha que era a rainha das más decisões.Saiu da estação Brigadeiro, tremendo de frio, pois o que estava vestindo — um vestido preto na altura das coxas, meia arrastão e um salto altíssimo azul-escuro para combinar com a bolsa e os detalhes do casaco — não era um
Droga! Droga! Droga!, pensou Marcia ao sair na plataforma de metrô na Paulista. Em uma mão, levava uma grande e muito pesada mala sem rodinhas. Na outra mão apertava firmemente a pequena mãozinha de sua filha menor, enquanto a alça de sua bolsa escorregava pelo ombro.— Não vamos chegar — Ana Clara, a filha mais velha, mordeu os lábios, segurando firmemente as lágrimas teimosas que queriam cair por seu rostinho pálido. — E a culpa é sua — cruzou os braços e encarou a irmã.— Ana — suspirou Marcia. — Nada de drama, vamos conseguir se formos correndo — a loira olhou para aquele monte de pessoas subindo as escadas, parecia um formigueiro. Eram oito horas da manhã, um dos horários mais movimentados da linha amarela do metrô.Enfrentando a multidão e puxando a mala e as meninas, s
Liliane puxou novamente a manga de seu belo vestido verde e longo, feito somente para ela. A ocasião era muito especial, sua irmã mais velha seria apresentada à sociedade. Seus trajes combinavam com seus olhos, que eram da mesma cor. O comprido cabelo preto foi preso em um belíssimo e intricado penteado.— Pelo amor de Deus, Liliane — a senhora Debout, do outro lado da carruagem da família, gritou para a menina. — Pare de puxar, vai estragar o vestido. Não me envergonhe! Ouviu bem, mocinha? — ela apontou para a filha mais velha ao seu lado. — É a grande noite de sua irmã, este ano ela fará um bom casamento. No próximo, será você.— Por que tenho que me casar? — Liliane olhou com súplica para o pai. — Eu posso te ajudar na importadora...— Está vendo? — a senhora Debout interrompeu
Caminhei até a sala de casa com uma bandeja nas mãos. Meu irmão estava na minha casa, como hóspede, a pedido de minha mãe, já que tinha quebrado a perna em um exercício de treinamento do exército. Sabe quando você se arrepende amargamente de ser boazinha? Bem, era assim que eu estava me sentindo.Carlos era folgado, e eu havia esquecido este pequeno detalhe. Eu morava em uma casinha de dois quartos, sala e cozinha. Herdei de meu falecido pai, que também era militar — acho que sou a única pessoa na minha família que não é militar.— Você vai ficar o dia todo na frente desta televisão, jogando estes jogos estúpidos? — perguntei ao deixar a bandeja com o sanduíche e o suco de laranja ao lado dele.— Como se eu pudesse fazer qualquer outra coisa, Pat — ele resmungou. Na tela, uma criatura asquerosa teve sua cabe&cc
— Eu achei que seu quarto seria diferente — ele me disse quando entramos no quarto de hóspedes que eu estava usando.— Carlos ficou com o meu quarto quando veio para cá — dei de ombros enquanto o observava sentar na minha cama desfeita.— Por quê?Suspirei.— Não conseguir dizer não para minha mãe. Meu quarto é suíte, fica mais fácil para ele à noite.Toni balançou a cabeça em desaprovação. Com um dedo, ele me chamou. Caminhei até onde estava e entrei no meio das suas pernas. Não fez nada por vários minutos, só ficou ali me olhando, com aqueles olhos de gato.***Linda. Simplesmente linda. Comecei a subir minhas mãos por suas panturrilhas, centímetro por centímetro, nunca deixando seu olhar. Quando cheguei na barra da camisola,
Observei o ambiente ao meu redor, todas as mesas do barzinho ao lado da faculdade estavam cheias de gente se divertindo em uma sexta-feira à noite. A diversidade de pessoas ali dentro era incrível, e eu adorava todo o movimento, o comportamento, as atitudes. Lamentei não estar com meu caderno de desenho, mas Paula não me deixou levar nada, quase não consegui trazer o celular, e ele ainda ficou na bolsa dela.Sinceramente, eu não gostava e não sabia interagir com as pessoas, fui criada em um ambiente que a interação era malvista. Poderia escutar minha mãe dizendo, “observe e aprenda, Munique”, “Fique quieta, Munique”, “Fale só o necessário”, além de muitas outras coisas. Porém, naquela noite não tive muita escolha. Paula me deu um ultimato, ou eu saía ou ela iria vender meu livro de antropologia forense, que deixava na cabeceira da
— Papai, por que tenho que ficar aqui? — Diana, aos cinco anos de idade, perguntou ao seu pai quando chegou em frente à grande escola de pedra. Era um complexo de vários edifícios de pedra, muitas árvores e vegetação para todos os lados. A pequena Diana viu quadras esportivas, um lago e várias mulheres andando por todos os lados vestidas com a mesma roupa. Seu pai disse que ela teria que ficar ali a partir daquele dia, o que deixou a menina triste. Ganhara uma mãe nova e duas irmãs, mas teria que ficar longe delas. — Já conversamos sobre isso, querida. Deixar sua filha naquele lugar austero estava apertando o coração de Santiago. Ele tinha relutado com Açucena em levar Diana para aquele colégio, mas entendia que cuidar de três meninas pequenas seria muito. Entendia que sua filha teria a melhor educação que o dinheiro poderia pagar, porém não entendia o porquê de levá-la a uma escola no meio do pacífico, em uma minúscula ilha. A diretora que atendeu Sa
Parte IIIO vestido de um tom azul claro assim como o céu em um dia de verão caiu como uma luva em Diana. Ela se olhou no espelho e admirava o caimento do tecido diáfano. O decote princesa deixava ver a curva dos seus seios no corpete justo. Na bainha, pequenas flores de um outro tipo de tecido se destacavam e deixavam tudo ainda mais bonito e delicado.— Achei essa máscara veneziana... — Maria parou de falar quando a avistou. — Nossa, como você está linda — a cor do vestido se destacava sobre o tom de pele dourada dela. — Parece uma princesa — Diana prendeu seu cabelo de lado e fez uma trança.— Obrigado, Maria — caminhando até a mulher mais velha, Diana pegou a máscara de suas mãos. — Antes de sair, eu quero passar e ver o meu pai, fiz um xarope para ele com algumas ervas que darão forças para ele.&mda