Deixo o meu telemóvel de lado, logo após ter visto endereço da boate através da mensagem que recebi das meninas. Me concentro em passar uma generosa camada de rímel nos meus cílios, faço uma maquiagem bem leve e quando termino, abro a minha caixa de batons e escolho um parcialmente escuro.
Passo-o o nos lábios e em seguida me encaro no espelho. Não me surpreendo com a imagem que nele se reflete, linda, como sempre estou! Autoestima é algo vital para mim, tão natural quanto respirar. Prendo uma pequena parte central do meu cabelo, de resto apenas deixo-o solto com leves cachos.
Estou vestida de uma maneira simples, não quero nada muito chamativo, para que não pareça super desesperada por atenção. O vestido vermelho com riscas pretas me cai perfeitamente, valoriza minhas curvas, mas não de um jeito vulgar e sim de um modo discreto.
Coloco uns brincos simples, calço as minhas sandálias e estou pronta. Pego minha bolsa, mas não antes de conferir as horas no meu telemóvel. Trinta minutos para as vinte e duas horas; Por sorte já jantei, não existe coisa pior que beber com o estômago vazio.
Fecho a porta do meu quarto, quando chego na sala encontro meus pais abraçados no sofá, enquanto assistem um programa qualquer. Meu pai não deixa escapar nenhuma oportunidade e aproveita para se colar a minha mãe; Ganho a atenção de ambos e o mesmo olhar admirado de sempre.
— De saída? – Pai pergunta.
— Sim. Vou à boate com as meninas da joalheria. Como estou?
Dou uma meia volta para que eles possam ver.
— Linda. Como sempre, principesca. – Minha mãe diz.
— Mas do que linda, estás incrível. Espero que não demores muito a voltar. – Meu pai continua, não importa o quanto o tempo passe, é provável que nunca deixe de ser a menininha dele.
— Claro que não, pai. A noite é uma criança. – Digo com um sorriso, meu telemóvel apita, então me apresso. — Mãe, pai, já vou indo. Vos amo muito! Até já.
— Não gosto quando te despedes assim, Mia. Mas enfim, diversão!
— Não fiques lá até tarde. – Meu pai emenda, para o caso de eu não ter ouvido da primeira vez.
Meu riso ainda reverbera pelo ambiente quando saio de casa. As vezes meus pais parecem esquecer que cresci e sou uma mulher agora. E que portanto não tenho mais 8 anos para ser tratada dessa maneira, mas não me ressinto pelo tratamento, sinto meu coração cheio de amor quando isso acontece.
💎. 💎. 💎.
A boate não fica tão distante da minha casa, tanto que foi possível que viesse à pé. O que me levou apenas vinte minutos de caminhada. Não preciso de muito para identificar o local, é só olhar para o lugar bem chamativo em minha frente. Música bem alta flui de lá, exteriormente o lugar é lindo.
A construção é bem trabalhada, possui extravagância e sofisticação ao mesmo tempo. O nome da boate pisca em cores vibrantes e cintilantes. Embora hoje seja a inauguração, a rua não está tão cheia a ponto de modo que crie um congestionamento.
Dois homens fortes e grandes guardam a entrada.— Boa noite. Tudo bem? – Saúdo, atraindo a atenção dos homens para mim. Ambos me olham de cima a baixo, respondem com um aceno de cabeça. – Existe algum procedimento para entrar?
— Hoje por ser a inauguração, a entrada é grátis. Mas nos restantes dias será necessário um pagamento. – Um dos guardas explica. – Divirta-se.
— Certo. Obrigada!
Eles me dão espaço para passar, entro abismada com a decoração presente. As luzes coloridas e cintilantes são a primeira coisa que me chamam atenção, em seguida os sofás vermelhos e pretos distribuídos pelo espaço, encaro ainda o bar com os mais diversos tipos de bebidas e por fim a pista de dança onde existem muitas pessoas.
Pelo visto me enganei, isto aqui está abarrotado de gente. Por mais incrível que pareça, existe espaço em alguns sofás e ainda nas cadeiras do bar. A música alta banha cada espacinho daqui. Olho em volta, encarando as pessoas que aqui estão, em uma busca pelas meninas.
Infelizmente minha busca não é bem sucedida, então escolho ir me sentar nos lugares do bar. Estou mesmo a precisar de algo para beber, minha garganta está seca.
— Boa noite! – Ouço o grito de alguém, ergo a cabeça e vejo o barman.
— Oi! – Respondo com um pequeno grito, esperando que minha voz se sobreponha à música alta.
— Bem-vinda. O que posso te oferecer?
—Obrigada! – Sorrio. — Não sei. Eu gostaria de uma bebida adocicada, mas no entanto com um baixo teor de álcool. O que me sugeres?
— Tenho aqui uns drinks surpresa que fizemos. Eles são feitos a base de sumo de frutas e baixo álcool tal como descreveste. – Ele se curva para retirar taças de diversas cores, enfeitadas com a sua devida fruta no interior delas. — Aqui estão. É só escolheres.
— É grátis? – É minha questão, enquanto fico a olhar de um drink para o outro, confusa sobre qual escolher. Um especial me chama a atenção, possui uma cor esverdeada e alguns retalhos de frutas ao fundo; Ele sorri e então acena positivamente. — Vou querer esse cheio de frutinhas.
—Boa escolha! Aqui está. Espero que gostes.
Ele me entrega o drink, levanto-o um pouquinho em sinal de brinde, bebo um gole do drink e quase vejo estrelinhas tamanha é a maravilha. É como um encontro de sabores: do doce, do azedo, do marcante e com uma leve pitada de gás ao fundo.
Bebo mais um gole, enquanto uma nova música se inicia, meus olhos percorrem cada espaço da boate e simplesmente não consigo ver nem Gisele, tão pouco Marissa. Mas também né, aqui está tão cheio que me surpreenderia se lhes encontrasse.
— Boa noite.
A música está parcialmente razoável, por isso é consigo ouvir com clareza quando uma voz máscula e poderosa reverbera bem ao meu lado. Meu coração se agita em ansiedade e começa a bater firmemente. Arrisco em olhar para o lado, me arrependo pois no momento em que o olhar castanho encontra o meu, meu estômago se contrai.
Luiz me encara com surpresa visível no olhar, o canto do lábio se ergue e ele me sorri. Uau... Ele realmente precisa ser tão lindo? Ele está vestido de maneira informal, mas ele consegue estar mais lindo do que o dia que nos conhecemos. Será ele ou são meus olhos?
— Quem é vivo sempre aparece. – Digo, sem saber o que dizer realmente.
Luiz senta-se ao meu lado, bartender se aproxima e ele faz o seu pedido.
— Eu que o diga. – Ele diz com suavidade, em seu sotaque forte. — Obrigado. – Ele agradece depois que recebe o seu drink. — Mia, não é? Ou será que preciso te chamar de dona Mia?
— Só Mia está bom. – Dou mais um longo gole no meu drink, sobram apenas as frutinhas ao fundo. — Então Luiz, tudo bem?
— Sim, sim. E contigo? – Ele devolve a pergunta, engolindo um gole do seu drink.
— Também...
Ficamos sem assunto, o silêncio se instaura entre nós. Aproveito para me deliciar com os pedacinhos de fruta existentes no meu drink, também para retirar meu telemóvel da minha bolsa, desbloqueio o aparelho e vejo algumas notificações.
Vejo primeiro as mensagens de Giovana:
"Meu filho adoeceu, precisei levá-lo ao hospital. "
"Desculpa, Mia. Mas não poderei vir, a fila cá é imensa e sequer fomos atendidos. Espero que se divirtam. "
Sem muito pensar, digito a resposta.
"Que nada, Giovana. Não te preocupes. Melhoras para o teu bebé. Beijos para ele! "
Adiante vejo algumas notificações sem importância das minhas redes sociais, tenho ainda mais mensagem da Marissa que leio rapidamente:
"Mia, cheguei há muito tempo. Onde estás? "
"Que demora. Estou a ponto de criar raízes. "
Acabo por sorrir diante do drama dela, então digito a resposta dela.
"Já cheguei, Mari. Não te vejo! Onde estás? Eu aqui no bar. "
A resposta chega dentro de alguns instantes.
"Acabo de sair, encontrei meu ex e saímos para conversar em um lugar mais calmo. ☺"
Fecho os olhos por instante e respiro fundo, contendo a vontade de gritar. Estou cética com o que acabei de ler, será que ela enlouqueceu? Depois de tudo que ela me contou sobre o tal...
" Tu é que sabes. Faz o que for melhor para ti; Quero que sejas feliz. "
Sem mais a dizer, apenas bloqueio a tela do meu celular e guardo-o na minha bolsa. Sinalizo para o bartender para pedir mais um drink.
— Queres o mesmo ou algo diferente?
— O mesmo. Gostei muito desse.
Instantes após o meu drink é depositado sobre a bancada, agradeço a ele e não me privo de dar um longo gole. Olho para Luiz ao meu lado, apiro o perfume marcante e masculino que provem dele. Como se sentisse o meu olhar sobre si, o olhar dele recai sobre mim e então tudo se repete. Meu coração se agita e dispara com mais fervor.
Talvez seja a bebida, não sou lá muito forte para o álcool.
— Pareces desolada. Como se estivesses desapontada. – Luiz diz, antes de descansar o seu copo vazio.
— E estou. Marquei com minhas colegas de virmos nos divertir aqui, uma delas teve contratempos e a outra esteve aqui, mas já foi embora. E cá estou eu, sozinha. – Desabafo, com mais um longo gole acabo o meu drink.
— E eu sou o quê? – Ele graceja, sorri, eu não queria sorrir, mas o sorriso dele é tão cativante e acabo por fazer o mesmo. — Fica descansada. Também vim só, mais para conhecer a cidade mesmo. Faremos companhia um ao outro, que tal?
— É uma boa ideia. Ei, psiu, peço mais uma desse drink maravilhoso.
Minha terceira taça não demora a chegar, ele também faz o mesmo, brindamos a nós mesmo e a noite de hoje. A pista está tão cheia que não sinto ânimo para ir lá e dançar, Luiz fala qualquer coisa que não consigo prestar atenção, demasiado absorta no meu drink e confusa sobre as emoções que ele me causa. De certeza é só carência e nada mais.
M I A - De onde és? - Questiono ápice da minha curiosidade, dou mais um gole super drink. - Teu sotaque é fortemente carregado.Os olhos escuros me estudam por um breve momento, ele está sempre com uma expressão de quem se diverte, essencialmente quando olha para mim. Quase como se eu sempre me encontrasse em situações divertidas, e ele estivesse lá, justamente para se divertir às minhas custas.- Sou de Sevilha, Espanha. A terra dos homens de sangue quente e da castanhola. - Ele me conta, por um misero instante, os olhos perdem a diversão e ficam opacos.- Espanha, uau! Adoraria muito visitar as paisagens, ver a vossa cultura, as danças e a gastronomia. Mas diz-me uma coisa, por que saíste de lá? Se vivesse em um lugar paradisíaco como aquele, não sairia de lá por nada.Meu drink novamente chega ao fim, os pedaços de fruta estão um tantinho salgadas e azedas, talvez porque elas sugaram a maior parte do álcool. Luiz desvia o olhar do meu, se concentra no bartender e pede mais uma dos
M I A — Quem era aquele homem? Um amigo? – Minha mãe questiona na manhã seguinte, quando me sento à mesa.Estou bastante animada, como o habitual para mais um dia de trabalho. Meus pais estão bem atentos a mim, meu pai ainda mais que minha mãe.— Nada demais, mãe. Era só o motorista da Ella. – Respondo, retirando uma fatia de pão do cesto.— Motorista da Ella a aquela hora? Ainda mais sem o carro? Estranho. – Pai resmunga, fazendo me sorrir enquanto passo a manteiga pelo pão.— É assim, pai. Eu e as meninas da joalheria marcamos de ir a boate juntas, no entanto muita coisa aconteceu e eu acabei sozinha. Encontrei Luiz, o motorista da Ella. Nos divertimos juntos, fomos à praça de San Marco e perdemos a noção do tempo. – Conto, sentindo meu coração se aquecer com as meras recordações.Realmente a noite de ontem foi agradável, tanto que não consigo deixar de pensar nos momentos em passamos juntos pelos próximos dias. Embora meus dias sejam monótonos, não faço outra coisa além de trabalh
M I A Passamos uma adorável tarde juntas, realmente estava a precisar de passar um tempo com a minha melhor amiga e os meus lindos sobrinhos. Me sinto renovada quando saio da mansão da minha amiga, Giancarlo como sempre me ofereceu boleia e eu rejeitei.São um pouco mais de vinte horas, como sempre o clima está favorável, durante o dia fez um pouco de calor, mas no entanto nesta altura ainda não escureceu por completo, tendo em conta que estamos no início do verão. Gosto de sentir a brisa branda que sopra em minha direção e espalha os fios do meu cabelo no ar.O som de uma buzina ecoa ao meu lado, existe um carro preto e de vidros também pretos ao meu lado, meu coração rapidamente gela de medo e obriga os restantes dos membros a seguir o mesmo caminho. Será um sequestro? Provavelmente acabarei morta, minha família não tem um centavo. Fecho os olhos e começo a rezar mentalmente para que alguém apareça, ou que algum milagre Divino se manisfeste, mas tudo que ouço é uma risada. Abro os
L U I Z Me surpreendo por ser ela a tomar a atitude, pois eu tinha planos de beijá-la hoje no final da nossa noite. Apressada ela... O que custava esperar só mais um pouco? Contudo não tenho muito tempo para pensar, apenas enlaço a sua cintura e a trago para mim. Faço o quis fazer desde a primeira vez que lhe vi.Ela me beija com tanta voracidade, e ao mesmo tempo com algum tipo de ternura. O sabor marcante do gelatto dela se mistura ao beijo intenso e me deixa inebriado, os dedos dela passeiam sobre o meu cabelo e eu simplesmente aperto o seu quadril.Os lindos olhos escuros me encaram risonhos depois que nos afastamos, deixo escapar um suspiro. Ambos respiramos ofegantes; Mia sorri ao me encarar, como se ela me desafiasse a dizer que não gostei do beijo ou que não deveria ter acontecido.- Não posso dizer que estou surpreso, afinal sabia querias me beijar. - Digo, provocando seu riso enquanto ela me empurra o ombro. - Não gostei nem um pouco do beijo. Terei de devolver.- O quê? - E
M I A — Bom dia, sejam bem-vindos. Em que posso ser útil? – Digo bem disposta pela manhã, quando um par de homens se aproxima do balcão.Levanto-me e fico de frente para eles, que por sua vez encaram as jóias expostas nas prateleiras de vidro. Passo a mão pelo meu rabo de cavalo, enquanto olho para o homem de meia idade e um rapaz mais jovem, pela semelhança entre ambos arrisco em dizer que são pai e filho.— Bom dia. Estamos à procura de um conjunto de brincos, pulseira, colar e anéis. – O mais velho responde.— Está bem... Tem alguma preferência nas jóias? Tipo rubis, safiras, ouro branco, diamantes, ametistas, cristais, ou ainda as semi jóias. – Explico.— Não temos nada em mente, importa-se de nos mostrar todas as opções? Quem sabe o conjunto perfeito não surja?— Claro, em um instante.Me curvo um pouco para empurrar levemente a portinha de vidro, retiro as bandejas adequadas que contém brincos, dos nais diversos tipos de joias, logo após retiro as pulseiras expostas, mascotes e
L U I Z Mia se acomoda no carro e em seguida põe o cinto de segurança, também faço o mesmo que ela em alguns instantes. Ligo o rádio, procuro a estação que passa músicas internacionais, por algum motivo a música que inicia é a que minha mãe tanto gosta, imediatamente uma onda de saudade me percorre.Ainda que tudo tenha terminado, como terminou, sinto tanta saudades deles, apesar de tudo são a minha família e eu amo todos loucamente. Mas também sinto tanta raiva e mágoa, deles, de mim e dela... Tudo poderia ser sido bem diferente, mas infelizmente não pode ser.Essa música me traz tantas recordações indesejadas, faço menção de trocar, mas olho para Mia e ela parece se divertir com a melodia alegre. Um único olhar a ela e toda minha raiva desaparece, Mia tem uma aura muito especial e cativante, ela me faz até abrir um pequeno sorriso.— O que foi? – Ela pergunta.— Nada. – Ligo o carro, ela ainda não me deu nenhuma direção, pouco me importa conhecer ainda mais Veneza, a coisa que mais
M I A Sinto-me de volta a minha adolescência quando entro em casa na ponta dos pés, receosa por ter ficado até mais tarde do que o previsto com o namorado, no entanto estou tão alegre e contente que me sinto mesmo uma menininha.A casa está mergulhada no mais completo e profundo silêncio, são uma e vinte da madrugada, meus pais provavelmente devem estar a dormir então faço muito esforço para não despertá-los. As lembranças de instantes atrás preenchem minha mente, minha lingerie está toda molhada e meu cabelo com aquele cheiro horrível de mar, mas nem por isso o sorriso não quer abandonar minha cara.A noite foi tão divertida e leve, não sei como não fomos além de ousados e quentes beijos, é visível atração que flui de ambos quando estamos juntos. Abro a porta do meu quarto com calma, ligo a luz e então meu coração para, então voltar a bater com força quando vejo minha mãe na minha cama.— Que susto, mãe! – Levo a mão ao meu coração, tentando acalmar as batidas frenéticas. — Pensei q
M I A Os seus lábios se debruçam sobre os meus, famintos e vorazes, meus dedos correm pela nuca e toco a maciez do seu cabelo. Nos beijamos com tantas saudades, como se tivéssemos passado muito tempo sem nos ver, o que não passa de alguns dias.Sinto as mãos atrevidas a escorregar pelo meu corpo, me deixando entorpecida de paixão e febril de desejo, surpreendo a mim mesma quando lhe afasto colocando minhas mãos em seu peito.Luiz me encara com o cenho franzido, as mãos ainda na minha cintura.- Estamos a ir rápido demais e estamos na via pública. - Digo-lhe antes de sair do colo dele, mas não antes de lhe dar um selinho.Sento-me um tanto ofegante de volta ao meu lugar, arrumo o meu vestido que havia subido demais, me olho no espelho do carro e vejo meu cabelo desalinhado e meu batom borrado. Essa minha imagem não deixa muito para imaginação, qualquer um pode facilmente entender o que estava para acontecer.Um frio se espalha pela minha barriga, que bom que não coro facilmente, ou es