Quem estava do lado de fora da porta... Era Gustavo.Vestia aquele uniforme azul e branco típico de hospital.O rosto estava pálido, as sobrancelhas franzidas formavam uma linha profunda entre os olhos.Mas, no instante em que viu Juliana, seu olhar sombrio se iluminou como fogos de artifício no céu.— Ju! — Exclamou ele.Estendeu a mão, querendo tocá-la.Mas Juliana recuou instintivamente, desviando com um olhar tão frio e repulsivo que quase cortava.O gesto dele ficou suspenso no ar.Seus olhos se arregalaram, surpresos, encarando aquele rosto lindo... Que de repente lhe parecia tão estranho.Mas... Ontem eles não estavam bem?Não tinham conversado, rido, trocado promessas?Gustavo não entendia.Desde que acordara no hospital, tudo à sua volta parecia... Diferente.As pessoas estavam mais velhas. Até ele, ao se ver no espelho, já não era o garoto que lembrava, era um homem, mais maduro, com o olhar endurecido.E Juliana... Ela também não era a mesma.Não era aquela que habitava as l
Ou seja, na cabeça de Gustavo, eles ainda estavam juntos.E mais do que isso... Ele ainda a amava profundamente.Mas... E daí?Juliana sorriu com desdém e virou mais uma taça de vinho.— Amnésia parcial... Acho que já tive um cliente com algo assim. — Comentou, casualmente. Maia nem se surpreendeu. — O caso daquele casal, lembra? Tipo o seu: namoravam desde crianças, um amor de anos... Até que ele não resistiu à tentação e traiu a mulher.Esse tipo de situação, hoje em dia, já era até comum.Como advogada, Maia lidava com esse tipo de história quase toda semana.Agora que pensava nisso, bateu até uma certa melancolia.— O cara sofreu um acidente de carro e ficou com amnésia intermitente. Esqueceu completamente da traição. Só lembrava o quanto amava a esposa. No fim... eles reataram.Se estavam felizes hoje?Maia não sabia dizer.Juliana falou com firmeza:— Eu e o Gustavo... Nunca mais.Mesmo que, neste momento, ele estivesse vivendo a fase em que mais a amava. E daí?Amor é volátil.E
Assim que ouviu aquelas palavras, o corpo alto de Gustavo cambaleou para trás, como se tivesse levado um soco no peito.Seu rosto bonito, já pálido, ficou ainda mais branco, estampado com uma expressão de total incredulidade.No segundo seguinte, agarrou os ombros de Joana com desespero, a voz trêmula, cheia de negação:— Você tá mentindo, não tá? Isso não pode ser verdade! Eu... Eu amo a Ju! Como eu poderia ter traído ela?!Diante da reação do filho, Joana manteve a calma.Com frieza, repetiu palavra por palavra:— Guto, você traiu a Juliana. Você realmente a traiu.Talvez... Aquilo fosse o que chamavam de karma.A amnésia só havia apagado os erros, os desvios, os sentimentos que haviam mudado.Mas deixou intacto aquilo que doía mais: o amor mais puro que ele já sentiu.E, ironicamente... Juliana já não o amava mais.Foi como se algo tivesse explodido dentro dele.Gustavo caiu de joelhos, abraçando a própria cabeça, repetindo em voz baixa:— Não... Não... Impossível... Impossível...J
No sétimo ano ao lado de Gustavo Costa, Juliana Oliveira tomou a decisão de romper o noivado. A mensagem que enviou levou duas horas para receber uma resposta. “Podemos cancelar o noivado, mas precisamos conversar pessoalmente.”Juliana apenas enviou a localização de onde estava. O ar-condicionado do café estava no máximo, enquanto lá fora o sol já começava a se pôr e o céu escurecia aos poucos. Ela estava pálida. Ao fechar os olhos, não conseguia afastar as imagens de Gustavo e Viviane Rodrigues juntos. Tão próximos, tão íntimos. Um era seu noivo. A outra, a filha biológica que os pais adotivos de Juliana haviam acabado de reencontrar. E ela? Estava sozinha, enfrentando dores intensas devido ao período menstrual e recebendo soro no hospital. Jamais imaginou que, naquele mesmo lugar, veria Gustavo segurando Viviane de maneira tão carinhosa. Quem, afinal, era Gustavo? O herdeiro de uma das famílias mais influentes da Cidade A e presidente do Grupo Costa. Um homem t
As palavras de Juliana, misturadas ao som da chuva torrencial, fizeram o humor de Gustavo despencar. Ele observou a silhueta decidida dela se afastando, e um riso frio escapou pelos seus lábios.— Muito bem, Juliana. Só não se arrependa!Juliana hesitou por um instante, mas não se virou. Continuou andando até desaparecer na chuva forte que caía lá fora.Com uma mão pressionando o abdômen dolorido e a outra tentando chamar um carro pelo aplicativo, ela esperou, mas o tempo passava e ninguém aceitava a corrida. Após meia hora de tentativas frustradas, ela aumentou o preço para duzentos reais e finalmente conseguiu um motorista.No quinto minuto de espera, seu celular tocou. Era Sarah.— Você estava com o Gustavo agora há pouco? — A voz do outro lado já chegou em tom de acusação.Juliana abaixou os olhos com desdém e, enquanto se agachava para tentar aliviar a dor no abdômen, respondeu com ironia:— E o que você tem a ver com quem eu encontro?Desde que Viviane voltou para a família Rod
“No Dia Seguinte.”A elite da Cidade A começava a se reunir para o tão aguardado aniversário de Michel Costa. Faltavam apenas três horas para o início da festa, mas muitos convidados já chegavam, desfilando em carros luxuosos com motoristas uniformizados. No entanto, uma chegada se destacou. Uma simples viagem de aplicativo chamou a atenção de todos, especialmente quando Juliana desceu do veículo. Os murmúrios começaram instantaneamente: — O que está acontecendo? Juliana agora depende de carro de aplicativo? O Gustavo não mandou ninguém a buscar? — Parece que ela está em uma situação difícil. Dizem que foi expulsa da família Rodrigues, e com 25 anos, ainda não se casou com o Gustavo. Essa união provavelmente já era. Entre olhares de pena e malícia, Juliana manteve a postura. Não reagiu aos comentários, nem deixou que qualquer emoção transparecesse em seu rosto. Seguiu diretamente para o escritório de Michel, parando na porta. Quando levantou a mão para bater, ouviu a c
— Ah, me desculpe! Não foi minha intenção, eu pisei sem querer! — Disse uma voz feminina, carregada de sarcasmo e evidente satisfação maliciosa. O vestido de Juliana, que ia até os tornozelos, foi puxado com força, criando uma fenda até a altura da coxa. Sua pele clara e lisa ficou imediatamente exposta. Juliana virou-se devagar. A responsável pelo incidente era Bianca Costa, irmã de Gustavo. Uma velha conhecida, famosa por suas pequenas armadilhas e provocações. No passado, Juliana sempre optava por ignorá-la, evitando conflitos, especialmente por causa de Gustavo. Mas agora… Bianca não era ninguém para ela. Quase todos os convidados observavam a cena com interesse. Alguns com pena, outrosclaramente se divertiaml. Bianca lançou um olhar desafiador, esperando ver Juliana constrangida. Mas, ao perceber Juliana pegando uma taça de bebida na mesa, um pressentimento ruim tomou conta dela. E então aconteceu. Sob os gritos indignados de Bianca, Juliana despejou a bebida e
Assim que as palavras foram ditas, os três ficaram surpresos. Desde quando Bruno se mostrava tão caloroso? Na memória de Gustavo, seu tio sempre foi uma pessoa fria e distante. Quando adulto, passou a maior parte do tempo no exterior, envolvido em pesquisas científicas, e nunca demonstrou nenhuma proximidade com ninguém. Agora, no entanto, ele estava oferecendo levar Juliana? Gustavo franziu a testa, sentindo uma estranha sensação de alerta. Ele disse: — Tio, eu posso levá-la sozinho. — Você tem muitas responsabilidades na festa de aniversário do vovô. Enquanto falava, o olhar de Bruno se alternava entre Gustavo e Viviane, com um leve sorriso nos lábios, frio e distante. Viviane apertou os dedos, sentindo-se extremamente desconfortável. A pressão que esse homem exalava era impressionante. Será que ele tinha uma relação tão próxima assim com Juliana? Involuntariamente, Viviane começou a se perder em pensamentos, mas o que mais sentia era uma onda crescente de ciúmes d