Ela já havia gasto quase todas as economias na relação anterior.Agora, o único dinheiro que tinha era o pagamento que Maia havia feito, e enquanto o trabalho não se estabilizasse, ela precisaria ser mais econômica.A cidade A era cara, cada pedaço de terra valia ouro, e alugar um imóvel significava um grande gasto. Além disso, Bruno era uma pessoa influente, e seus amigos certamente pertenciam à mesma classe privilegiada que ele. Não importava o preço do aluguel, com o status deles, seria necessário alugar uma casa? Algo estava estranho ali. — Um apartamento grande, três mil por mês. Juliana ficou chocada. Perfeito, agora a suspeita só aumentava. Um apartamento grande à beira-mar por três mil reais por mês... Bruno achava que ela era ingênua? Com esse valor, na Cidade A, mal se alugava um lugar pequeno e antigo. Após um longo silêncio, Juliana perguntou: — A casa tem algum histórico problemático? — Não, é um imóvel recém-reformado, só que a localização não é das m
Na tela, aparecia um longo texto descritivo.Juliana, lendo rapidamente, captou o detalhe mais chamativo:Divisão de despesas no casamento (AA).Aquilo já não era motivo suficiente para repensar?– Isso é um casamento ou estão procurando um colega de quarto? – Comentou Juliana, com um tom ácido.Ela era uma terapeuta especializada em reparação emocional, mas frequentemente era confundida com uma casamenteira. No início, ainda tentava corrigir o equívoco, mas, com o tempo, ao perceber que o trabalho era bem remunerado, passou a aceitar sem questionar. No fim das contas, o resultado era praticamente o mesmo.– Dá para ouvir daqui, da Cidade A, o som das contas sendo calculadas nesse casamento. – Resmungou Maia. – Não vejo futuro nisso, mas minha prima está cega de paixão e insiste em se casar com ele.A prima em questão era filha do irmão mais novo de sua mãe. Uma garota introvertida, reservada, com uma personalidade que não combinava com paixões tão rápidas. Maia simplesmente não con
Se alguém falasse sobre Juliana, inevitavelmente a descreveriam como uma mulher sem escrúpulos, sem vergonha, alguém que havia se aproveitado da proximidade com Bruno, um homem poderoso. No final, seria ela quem sairia perdendo.– Não tenha pressa. – Disse Bruno, sua voz calma e firme, enquanto tomava um gole de café com aparente indiferença. Então, continuou:– Fui eu quem me apaixonei por ela primeiro, e não permitirei que comentários maldosos a prejudiquem. "Juliana merece tudo de bom que o mundo tem a oferecer", pensou Bruno, com determinação nos olhos.– Então, amigo, você está planejando agir com calma, deixando tudo acontecer aos poucos? Não tem medo de aparecer um cara rico e bonito e roubar a cena? – Paulo provocou, com um sorriso travesso.– Isso não vai acontecer. – Respondeu Bruno, firme, sem hesitação.Paulo insistiu, ainda mais irreverente:– Como não? Afinal, o gosto da Juliana não é lá grande coisa. Ela deixou passar você, um deus grego, e se apaixonou loucamente por
A voz baixa e magnética de Bruno fez Juliana acreditar que havia ouvido errado. Ela já tinha visto os preços dos aluguéis subirem, mas alguém insistir em reduzir o valor? Isso parecia surreal. Será que Bruno tinha enlouquecido, ou era ela quem estava perdendo o juízo?Com a mesma calma de sempre, Bruno continuou:– Meu amigo só precisa desses três mil. Se o valor fosse maior, não conseguiria fechar as contas e teria que se ajoelhar sobre um ouriço em casa.A expressão de Bruno permanecia serena, sem nenhum indício de mentira.Embora a justificativa parecesse absurda, não era impossível.Quem disse que filhos de famílias ricas não podiam ser submisso em casa?Juliana esforçou-se para aceitar aquela explicação. Se recusasse novamente, seria ela a ingrata da história.Além disso, ela não tinha planos de sair da Cidade A no momento.Naquela mesma noite, Juliana assinou o contrato de aluguel.Paulo, o "proprietário" do apartamento, apareceu para formalizar tudo, ainda confuso. Embora não
O dia estava quente, com temperaturas que ultrapassavam os trinta graus.Juliana não tinha planos de sair de casa.Ela havia combinado um jantar com Maia. Do outro lado da ampla janela panorâmica, o mar azul reluzia sob o sol. Sentada em uma poltrona confortável, Juliana segurava seu tablet. Sem pensar muito, tirou uma foto da paisagem e postou nos Stories.Bruno foi o primeiro a curtir.Juliana ficou olhando o nome dele por um bom tempo, até que uma notificação interrompeu seus devaneios: Maia havia enviado um link de transmissão ao vivo.Na live, Maia respondia às perguntas enviadas pelo público. Juliana observou os comentários passando rapidamente, quase todos eram relacionados a divórcios.— Primeiro, reúna provas de que o marido infiel está traindo durante o casamento e, depois, contrate um bom advogado para garantir seus direitos. Os filhos da amante têm direito à herança, isso é legalmente reconhecido.Juliana assistiu por alguns minutos, apoiando o queixo nas mãos, pensativa
No sétimo ano ao lado de Gustavo Costa, Juliana Oliveira tomou a decisão de romper o noivado. A mensagem que enviou levou duas horas para receber uma resposta. “Podemos cancelar o noivado, mas precisamos conversar pessoalmente.”Juliana apenas enviou a localização de onde estava. O ar-condicionado do café estava no máximo, enquanto lá fora o sol já começava a se pôr e o céu escurecia aos poucos. Ela estava pálida. Ao fechar os olhos, não conseguia afastar as imagens de Gustavo e Viviane Rodrigues juntos. Tão próximos, tão íntimos. Um era seu noivo. A outra, a filha biológica que os pais adotivos de Juliana haviam acabado de reencontrar. E ela? Estava sozinha, enfrentando dores intensas devido ao período menstrual e recebendo soro no hospital. Jamais imaginou que, naquele mesmo lugar, veria Gustavo segurando Viviane de maneira tão carinhosa. Quem, afinal, era Gustavo? O herdeiro de uma das famílias mais influentes da Cidade A e presidente do Grupo Costa. Um homem t
As palavras de Juliana, misturadas ao som da chuva torrencial, fizeram o humor de Gustavo despencar. Ele observou a silhueta decidida dela se afastando, e um riso frio escapou pelos seus lábios.— Muito bem, Juliana. Só não se arrependa!Juliana hesitou por um instante, mas não se virou. Continuou andando até desaparecer na chuva forte que caía lá fora.Com uma mão pressionando o abdômen dolorido e a outra tentando chamar um carro pelo aplicativo, ela esperou, mas o tempo passava e ninguém aceitava a corrida. Após meia hora de tentativas frustradas, ela aumentou o preço para duzentos reais e finalmente conseguiu um motorista.No quinto minuto de espera, seu celular tocou. Era Sarah.— Você estava com o Gustavo agora há pouco? — A voz do outro lado já chegou em tom de acusação.Juliana abaixou os olhos com desdém e, enquanto se agachava para tentar aliviar a dor no abdômen, respondeu com ironia:— E o que você tem a ver com quem eu encontro?Desde que Viviane voltou para a família Rod
“No Dia Seguinte.”A elite da Cidade A começava a se reunir para o tão aguardado aniversário de Michel Costa. Faltavam apenas três horas para o início da festa, mas muitos convidados já chegavam, desfilando em carros luxuosos com motoristas uniformizados. No entanto, uma chegada se destacou. Uma simples viagem de aplicativo chamou a atenção de todos, especialmente quando Juliana desceu do veículo. Os murmúrios começaram instantaneamente: — O que está acontecendo? Juliana agora depende de carro de aplicativo? O Gustavo não mandou ninguém a buscar? — Parece que ela está em uma situação difícil. Dizem que foi expulsa da família Rodrigues, e com 25 anos, ainda não se casou com o Gustavo. Essa união provavelmente já era. Entre olhares de pena e malícia, Juliana manteve a postura. Não reagiu aos comentários, nem deixou que qualquer emoção transparecesse em seu rosto. Seguiu diretamente para o escritório de Michel, parando na porta. Quando levantou a mão para bater, ouviu a c