Joaquim ficou em silêncio, apenas observando.Naquele momento, ele tinha certeza, Juliana estava ali só para provocar e jogar lenha na fogueira.Uma pessoa normal, vendo uma situação dessas, tentaria acalmar os ânimos.Mas Juliana? Fazia exatamente o oposto.Era simplesmente… louca.Felipe soltou duas risadinhas de canto de boca, com um sorriso cheio de segundas intenções. Enfiou as mãos nos bolsos e deu de ombros, encerrando a tensão entre ele e Joaquim:— A culpa é minha mesmo. — Disse, com voz tranquila. — Fui eu que levei a Carol e acabei esquecendo de avisar a dona Larissa. Me desculpem.Sua atitude parecia sincera, e, apesar da mágoa, Larissa sabia que aquele não era o momento de confrontar.No fim das contas, ele havia feito todos perderem tempo e passarem por horas de angústia.Felipe era, sem dúvida, o grande culpado.Mas, graças a Deus, Carolina estava ali, sã e salva.A pequena, cansada e alheia a todo o tumulto, encolheu-se no colo da mãe.Em poucos minutos, adormeceu, tra
Juliana havia deixado Larissa no hotel.— Lari, qualquer coisa, me liga. A qualquer hora, tá? Se você tiver certeza sobre o divórcio, é só falar com a Maia.Larissa ajeitou o cobertor sobre Carol e acompanhou Juliana até a porta.Seu coração, que até pouco tempo estava um caos, agora parecia calmo como um lago depois da tempestade.No instante em que Juliana pisou no elevador, Larissa a chamou:— Ju... Por que você me apoia no divórcio?A ideia de se separar não era nova, tinha surgido ainda no ano anterior.Ela já havia comentado com a família, com amigos... Mas nunca recebeu apoio.Todos diziam, cheios de convicção, que Joaquim era um homem raro, difícil de encontrar por aí.Bonito, de boa família.Não era do tipo baladeiro, nem dava motivo pra desconfiança."Um homem assim e você quer largar? Tá maluca?"As vozes eram tantas, que Larissa começou a duvidar de si mesma.Quando se casou com Joaquim, todo mundo dizia que ela tinha tirado a sorte grande.A gata borralheira virando prince
O olhar de Catarina repousava logo atrás de Juliana. Por fora, nada transparecia, suas emoções estavam cuidadosamente ocultas sob uma aparência imperturbável.Ela era infinitamente mais controlada do que Viviane jamais seria.— Ei, é com você mesmo! Não ouviu o que a professora Catarina perguntou? — Disparou um dos rapazes ao lado, já se metendo. — Você tem uma cara bem estranha... Quem te deixou entrar aqui?Habituado a puxar saco, o rapaz viu ali uma chance de brilhar diante da professora.Enquanto falava, estendeu a mão, tentando agarrar o braço de Juliana.Mas, ao ver a mão se aproximando, Juliana mudou por completo.Seus olhos gelaram num segundo, e ela deu dois passos pra trás, evitando o toque.O gesto, sutil, mas cheio de firmeza, não passou despercebido.Alguns ali trocaram olhares, desconcertados. E, percebendo o leve desagrado no rosto de Catarina, começaram a atacar Juliana sem cerimônia:— Esse lugar não é para qualquer uma. Aproveita que a professora Catarina tá sendo gen
Os olhos por trás dos óculos de Bruno brilhavam com uma frieza tão intensa, tão firme, que ninguém teve coragem de encará-lo.Nem mesmo Catarina.Ela, que o conhecia havia tantos anos, ficou paralisada.Nunca o tinha visto perder o controle.Bruno sempre foi absurdamente calmo, daquele tipo que mantém a compostura até no meio de um incêndio.Jamais imaginou vê-lo se exaltar… Por causa de uma mulher.Foi como se algo tivesse atravessado seu peito. A dor veio rápida e aguda, fazendo sua cabeça girar.Bruno passou por Catarina como se ela fosse parte da mobília.Nem olhou.Nem um aceno.Nem um gesto de reconhecimento.Como se ela simplesmente… Não existisse.Parou apenas ao lado de Juliana.Abaixou levemente a cabeça, fitou seus olhos com suavidade e disse:— Me desculpa. Eu deveria ter vindo te buscar pessoalmente.Aquela frase caiu como uma bomba no meio do saguão.Samuel e Juliana permaneceram tranquilos, quase como se já esperassem por aquilo.Mas os outros… Estavam em estado de choqu
As palavras de Catarina até faziam algum sentido.E, como esperado, os bajuladores ao redor dela começaram a concordar com entusiasmo.Mas Bruno... Não demonstrava nem um traço de simpatia.Colocou-se à frente de Juliana, como se fosse um escudo humano.E, com um olhar gélido, encarou Catarina.Sua posição era clara.Ele estava do lado de Juliana.Ao perceber isso, Catarina sentiu o ar sumir dos pulmões.A sensação de sufocamento foi tão forte que chegou a ficar tonta.Então Bruno falou, a voz grave e completamente destituída de calor:— E por que eu deveria levar em consideração o seu pedido? Nós somos íntimos, por acaso?A frase, dita com uma frieza cortante, foi um golpe brutal.O rosto de Catarina perdeu toda a cor num piscar de olhos.Bruno a havia humilhado… Na frente de todos. Sem rodeios. Sem piedade.A mensagem era clara.Ela não significava absolutamente nada para ele.E para Catarina, aquilo era pior do que qualquer tapa.Todo o instituto sabia que ela era apaixonada por Bru
Num piscar de olhos, Juliana foi envolvida por uma sombra.Ergueu o rosto devagar.— Sr. Bruno…A posição em que estava a deixava estranhamente pressionada.Ainda mais ao lembrar de certas… Imagens. Nada apropriadas, diga-se de passagem.Talvez percebendo isso, Bruno se abaixou diante dela, ficando na altura do seu pescoço.— Srta. Juliana, posso pedir um favor?Seus olhos escuros pareciam um redemoinho hipnótico. Daqueles que puxam qualquer um pra dentro sem chance de fuga.Juliana fechou os punhos, discretamente. Por fora, mantinha a postura fria de sempre.Mas por dentro… Seu coração disparava.Seu rosto seguia sereno, com traços delicados e cílios longos, parecendo penas negras.Por trás deles, os olhos refletiam o rosto absurdamente bonito de Bruno.— Que favor? — Perguntou ela, mantendo o tom neutro.— Esse botão... Ficou preso numa linha. Pode me ajudar a soltar?Sob o sobretudo caramelo, ele usava uma camisa fina.O primeiro botão da gola estava aberto, revelando um pouco da pe
No sétimo ano ao lado de Gustavo Costa, Juliana Oliveira tomou a decisão de romper o noivado. A mensagem que enviou levou duas horas para receber uma resposta. “Podemos cancelar o noivado, mas precisamos conversar pessoalmente.”Juliana apenas enviou a localização de onde estava. O ar-condicionado do café estava no máximo, enquanto lá fora o sol já começava a se pôr e o céu escurecia aos poucos. Ela estava pálida. Ao fechar os olhos, não conseguia afastar as imagens de Gustavo e Viviane Rodrigues juntos. Tão próximos, tão íntimos. Um era seu noivo. A outra, a filha biológica que os pais adotivos de Juliana haviam acabado de reencontrar. E ela? Estava sozinha, enfrentando dores intensas devido ao período menstrual e recebendo soro no hospital. Jamais imaginou que, naquele mesmo lugar, veria Gustavo segurando Viviane de maneira tão carinhosa. Quem, afinal, era Gustavo? O herdeiro de uma das famílias mais influentes da Cidade A e presidente do Grupo Costa. Um homem t
As palavras de Juliana, misturadas ao som da chuva torrencial, fizeram o humor de Gustavo despencar. Ele observou a silhueta decidida dela se afastando, e um riso frio escapou pelos seus lábios.— Muito bem, Juliana. Só não se arrependa!Juliana hesitou por um instante, mas não se virou. Continuou andando até desaparecer na chuva forte que caía lá fora.Com uma mão pressionando o abdômen dolorido e a outra tentando chamar um carro pelo aplicativo, ela esperou, mas o tempo passava e ninguém aceitava a corrida. Após meia hora de tentativas frustradas, ela aumentou o preço para duzentos reais e finalmente conseguiu um motorista.No quinto minuto de espera, seu celular tocou. Era Sarah.— Você estava com o Gustavo agora há pouco? — A voz do outro lado já chegou em tom de acusação.Juliana abaixou os olhos com desdém e, enquanto se agachava para tentar aliviar a dor no abdômen, respondeu com ironia:— E o que você tem a ver com quem eu encontro?Desde que Viviane voltou para a família Rod