Todas aquelas cláusulas e detalhes... Sarah já tinha consultado com advogados, entendendo cada ponto com total clareza.Desde o dia em que descobriu a traição de Raul, não teve mais uma noite de sono tranquila.Foram décadas dedicadas à casa, aos filhos, à família. Agora, se quisesse garantir um futuro confortável, precisava cuidar do próprio caminho.Sarah já tinha tudo decidido.Se Raul, no fim das contas, resolvesse colocar as cartas na mesa e pedir o divórcio, ela lutaria com unhas e dentes para conquistar a maior fatia possível na partilha de bens.Os dois filhos, um rapaz e uma moça, com certeza, ficariam do lado dela.Afinal, ela era a vítima. Raul, o culpado.Tudo estava caminhando conforme o planejado.Mas Larissa apareceu para estragar tudo.E, como se não bastasse, agora ainda surgia a notícia de que Raul podia ter um filho bastardo chamado Felipe...— Dona Sarah, a senhora é mesmo do tipo que só sabe bater em quem não reage, né? O sumiço da Carol foi claramente culpa do seu
Carolina veio correndo, passos largos, abraçando forte o ursinho de pelúcia contra o peito.Suas bochechas redondinhas estavam coradas de vermelho intenso, como quem passou tempo demais no frio. Os olhos, grandes e brilhantes como uvas maduras, cintilavam alegria e inocência.Ela se jogou direto no colo da mãe.— Carol!Uma onda avassaladora de alívio e felicidade tomou conta de Larissa.Suas mãos tremiam enquanto apertava a filha contra o peito, as lágrimas escorrendo sem controle.Joaquim também se aproximou rapidamente, estendendo a mão, querendo pegar a filha...Mas Larissa virou o corpo instintivamente, protegendo Carolina.A mão dele parou no ar, sem ter onde pousar.Ficou ali, suspensa por um segundo que pareceu eterno, antes de cair ao lado do corpo, rígida.O rosto de Joaquim, que já estava carregado de tensão, escureceu ainda mais.— Carol, você quase matou a mamãe de susto! Onde você foi, meu amor? Não pode sair correndo desse jeito! Promete que não vai mais fazer isso! — La
Joaquim ficou em silêncio, apenas observando.Naquele momento, ele tinha certeza, Juliana estava ali só para provocar e jogar lenha na fogueira.Uma pessoa normal, vendo uma situação dessas, tentaria acalmar os ânimos.Mas Juliana? Fazia exatamente o oposto.Era simplesmente… louca.Felipe soltou duas risadinhas de canto de boca, com um sorriso cheio de segundas intenções. Enfiou as mãos nos bolsos e deu de ombros, encerrando a tensão entre ele e Joaquim:— A culpa é minha mesmo. — Disse, com voz tranquila. — Fui eu que levei a Carol e acabei esquecendo de avisar a dona Larissa. Me desculpem.Sua atitude parecia sincera, e, apesar da mágoa, Larissa sabia que aquele não era o momento de confrontar.No fim das contas, ele havia feito todos perderem tempo e passarem por horas de angústia.Felipe era, sem dúvida, o grande culpado.Mas, graças a Deus, Carolina estava ali, sã e salva.A pequena, cansada e alheia a todo o tumulto, encolheu-se no colo da mãe.Em poucos minutos, adormeceu, tra
Juliana havia deixado Larissa no hotel.— Lari, qualquer coisa, me liga. A qualquer hora, tá? Se você tiver certeza sobre o divórcio, é só falar com a Maia.Larissa ajeitou o cobertor sobre Carol e acompanhou Juliana até a porta.Seu coração, que até pouco tempo estava um caos, agora parecia calmo como um lago depois da tempestade.No instante em que Juliana pisou no elevador, Larissa a chamou:— Ju... Por que você me apoia no divórcio?A ideia de se separar não era nova, tinha surgido ainda no ano anterior.Ela já havia comentado com a família, com amigos... Mas nunca recebeu apoio.Todos diziam, cheios de convicção, que Joaquim era um homem raro, difícil de encontrar por aí.Bonito, de boa família.Não era do tipo baladeiro, nem dava motivo pra desconfiança."Um homem assim e você quer largar? Tá maluca?"As vozes eram tantas, que Larissa começou a duvidar de si mesma.Quando se casou com Joaquim, todo mundo dizia que ela tinha tirado a sorte grande.A gata borralheira virando prince
O olhar de Catarina repousava logo atrás de Juliana. Por fora, nada transparecia, suas emoções estavam cuidadosamente ocultas sob uma aparência imperturbável.Ela era infinitamente mais controlada do que Viviane jamais seria.— Ei, é com você mesmo! Não ouviu o que a professora Catarina perguntou? — Disparou um dos rapazes ao lado, já se metendo. — Você tem uma cara bem estranha... Quem te deixou entrar aqui?Habituado a puxar saco, o rapaz viu ali uma chance de brilhar diante da professora.Enquanto falava, estendeu a mão, tentando agarrar o braço de Juliana.Mas, ao ver a mão se aproximando, Juliana mudou por completo.Seus olhos gelaram num segundo, e ela deu dois passos pra trás, evitando o toque.O gesto, sutil, mas cheio de firmeza, não passou despercebido.Alguns ali trocaram olhares, desconcertados. E, percebendo o leve desagrado no rosto de Catarina, começaram a atacar Juliana sem cerimônia:— Esse lugar não é para qualquer uma. Aproveita que a professora Catarina tá sendo gen
Os olhos por trás dos óculos de Bruno brilhavam com uma frieza tão intensa, tão firme, que ninguém teve coragem de encará-lo.Nem mesmo Catarina.Ela, que o conhecia havia tantos anos, ficou paralisada.Nunca o tinha visto perder o controle.Bruno sempre foi absurdamente calmo, daquele tipo que mantém a compostura até no meio de um incêndio.Jamais imaginou vê-lo se exaltar… Por causa de uma mulher.Foi como se algo tivesse atravessado seu peito. A dor veio rápida e aguda, fazendo sua cabeça girar.Bruno passou por Catarina como se ela fosse parte da mobília.Nem olhou.Nem um aceno.Nem um gesto de reconhecimento.Como se ela simplesmente… Não existisse.Parou apenas ao lado de Juliana.Abaixou levemente a cabeça, fitou seus olhos com suavidade e disse:— Me desculpa. Eu deveria ter vindo te buscar pessoalmente.Aquela frase caiu como uma bomba no meio do saguão.Samuel e Juliana permaneceram tranquilos, quase como se já esperassem por aquilo.Mas os outros… Estavam em estado de choqu
As palavras de Catarina até faziam algum sentido.E, como esperado, os bajuladores ao redor dela começaram a concordar com entusiasmo.Mas Bruno... Não demonstrava nem um traço de simpatia.Colocou-se à frente de Juliana, como se fosse um escudo humano.E, com um olhar gélido, encarou Catarina.Sua posição era clara.Ele estava do lado de Juliana.Ao perceber isso, Catarina sentiu o ar sumir dos pulmões.A sensação de sufocamento foi tão forte que chegou a ficar tonta.Então Bruno falou, a voz grave e completamente destituída de calor:— E por que eu deveria levar em consideração o seu pedido? Nós somos íntimos, por acaso?A frase, dita com uma frieza cortante, foi um golpe brutal.O rosto de Catarina perdeu toda a cor num piscar de olhos.Bruno a havia humilhado… Na frente de todos. Sem rodeios. Sem piedade.A mensagem era clara.Ela não significava absolutamente nada para ele.E para Catarina, aquilo era pior do que qualquer tapa.Todo o instituto sabia que ela era apaixonada por Bru
Num piscar de olhos, Juliana foi envolvida por uma sombra.Ergueu o rosto devagar.— Sr. Bruno…A posição em que estava a deixava estranhamente pressionada.Ainda mais ao lembrar de certas… Imagens. Nada apropriadas, diga-se de passagem.Talvez percebendo isso, Bruno se abaixou diante dela, ficando na altura do seu pescoço.— Srta. Juliana, posso pedir um favor?Seus olhos escuros pareciam um redemoinho hipnótico. Daqueles que puxam qualquer um pra dentro sem chance de fuga.Juliana fechou os punhos, discretamente. Por fora, mantinha a postura fria de sempre.Mas por dentro… Seu coração disparava.Seu rosto seguia sereno, com traços delicados e cílios longos, parecendo penas negras.Por trás deles, os olhos refletiam o rosto absurdamente bonito de Bruno.— Que favor? — Perguntou ela, mantendo o tom neutro.— Esse botão... Ficou preso numa linha. Pode me ajudar a soltar?Sob o sobretudo caramelo, ele usava uma camisa fina.O primeiro botão da gola estava aberto, revelando um pouco da pe