Ela se lembrou de uma época, quando pegou uma gripe H1N1 e quase morreu.Naquele momento, Gustavo permaneceu indiferente.Provavelmente, já não a amava mais.A emoção nos olhos de Juliana fez com que Gustavo sentisse um aperto no peito, e as palavras que ele proferiu saíram carregadas de espinhos:— Juliana, foi você quem bateu no Alexandre. Peça desculpas imediatamente!Com isso, a sala ficou em completo silêncio.Maia tirou a mão que mantinha no ombro de Alexandre e, sem hesitar, caminhou até o lado de Juliana.Franzindo as sobrancelhas, respondeu:— Sr. Gustavo, essa situação não tem nada a ver com a Ju. Ela só agiu em legítima defesa. Foi o Alexandre quem começou. Se alguém precisa se desculpar, é ele.As palavras de Maia, claramente protegendo Juliana, deixaram Alexandre tão furioso que ele mal conseguia formular uma frase.Os olhos de Gustavo estavam sombrios, fixos no rosto pálido e indiferente de Juliana.— E quanto a ela ter agredido a Vivi? Não deveria pedir desculpas?Maia r
A mansão da família Costa estava localizada em uma das áreas mais exclusivas e movimentadas da Cidade A. O lugar era um símbolo de riqueza e status, inacessível à maioria das pessoas.No entanto, o ambiente no salão principal estava longe de refletir toda essa grandiosidade. A atmosfera era pesada, carregada de tensão. Assim que Gustavo entrou, uma pilha de jornais foi arremessada em sua direção.— Gustavo, ajoelhe-se! — Ordenou o Sr. Michel, sentado com imponência no sofá. Sua mão firme segurava uma bengala, e o cabelo branco, impecavelmente penteado, não suavizava a expressão severa de seu rosto enrugado, tomado pela raiva.Gustavo olhou para ele, confuso, tentando entender o motivo daquela recepção.— Vovô, o que eu fiz de errado?— Juliana terminou com você? — Michel disparou, a voz carregada de decepção.Essa era uma notícia que Gustavo ainda não tinha compartilhado com ele. Ele acreditava que Juliana estava apenas sendo impulsiva e que, com o tempo, ela voltaria atrás e pediria
Juliana havia ido devolver o cartão black. Ela já tinha organizado todas as coisas de sua casa, pronta para colocar o apartamento à venda assim que encontrasse um novo lugar para morar. No entanto, ao entrar na casa da família Costa, ouviu Bruno dizer: "Foi um gatinho que mordeu." Gatinho? Que gatinho? Levou alguns segundos para sua mente processar o que ele queria dizer. Quando seus olhos se fixaram na marca de mordida no braço de Bruno, o rosto de Juliana imediatamente se corou. Diante daquela cena, o que mais Gustavo precisava entender? Uma raiva feroz surgiu no fundo de seu peito. Ele olhou para Bruno com um olhar fulminante, cerrando os dentes. — Tio, você já tem namorada, não deveria manter distância de outras mulheres? Na última vez em que esteve na casa de Bruno, Gustavo ouvira uma tosse feminina e notara sapatos de mulher na entrada. Tudo indicava que Bruno não estava mais solteiro. Bruno fez um estalo com a língua e olhou para Gustavo com um sorriso enig
Ela já havia gasto quase todas as economias na relação anterior.Agora, o único dinheiro que tinha era o pagamento que Maia havia feito, e enquanto o trabalho não se estabilizasse, ela precisaria ser mais econômica.A cidade A era cara, cada pedaço de terra valia ouro, e alugar um imóvel significava um grande gasto. Além disso, Bruno era uma pessoa influente, e seus amigos certamente pertenciam à mesma classe privilegiada que ele. Não importava o preço do aluguel, com o status deles, seria necessário alugar uma casa? Algo estava estranho ali. — Um apartamento grande, três mil por mês. Juliana ficou chocada. Perfeito, agora a suspeita só aumentava. Um apartamento grande à beira-mar por três mil reais por mês... Bruno achava que ela era ingênua? Com esse valor, na Cidade A, mal se alugava um lugar pequeno e antigo. Após um longo silêncio, Juliana perguntou: — A casa tem algum histórico problemático? — Não, é um imóvel recém-reformado, só que a localização não é das m
Na tela, aparecia um longo texto descritivo.Juliana, lendo rapidamente, captou o detalhe mais chamativo:Divisão de despesas no casamento (AA).Aquilo já não era motivo suficiente para repensar?– Isso é um casamento ou estão procurando um colega de quarto? – Comentou Juliana, com um tom ácido.Ela era uma terapeuta especializada em reparação emocional, mas frequentemente era confundida com uma casamenteira. No início, ainda tentava corrigir o equívoco, mas, com o tempo, ao perceber que o trabalho era bem remunerado, passou a aceitar sem questionar. No fim das contas, o resultado era praticamente o mesmo.– Dá para ouvir daqui, da Cidade A, o som das contas sendo calculadas nesse casamento. – Resmungou Maia. – Não vejo futuro nisso, mas minha prima está cega de paixão e insiste em se casar com ele.A prima em questão era filha do irmão mais novo de sua mãe. Uma garota introvertida, reservada, com uma personalidade que não combinava com paixões tão rápidas. Maia simplesmente não con
Se alguém falasse sobre Juliana, inevitavelmente a descreveriam como uma mulher sem escrúpulos, sem vergonha, alguém que havia se aproveitado da proximidade com Bruno, um homem poderoso. No final, seria ela quem sairia perdendo.– Não tenha pressa. – Disse Bruno, sua voz calma e firme, enquanto tomava um gole de café com aparente indiferença. Então, continuou:– Fui eu quem me apaixonei por ela primeiro, e não permitirei que comentários maldosos a prejudiquem. "Juliana merece tudo de bom que o mundo tem a oferecer", pensou Bruno, com determinação nos olhos.– Então, amigo, você está planejando agir com calma, deixando tudo acontecer aos poucos? Não tem medo de aparecer um cara rico e bonito e roubar a cena? – Paulo provocou, com um sorriso travesso.– Isso não vai acontecer. – Respondeu Bruno, firme, sem hesitação.Paulo insistiu, ainda mais irreverente:– Como não? Afinal, o gosto da Juliana não é lá grande coisa. Ela deixou passar você, um deus grego, e se apaixonou loucamente por
A voz baixa e magnética de Bruno fez Juliana acreditar que havia ouvido errado. Ela já tinha visto os preços dos aluguéis subirem, mas alguém insistir em reduzir o valor? Isso parecia surreal. Será que Bruno tinha enlouquecido, ou era ela quem estava perdendo o juízo?Com a mesma calma de sempre, Bruno continuou:– Meu amigo só precisa desses três mil. Se o valor fosse maior, não conseguiria fechar as contas e teria que se ajoelhar sobre um ouriço em casa.A expressão de Bruno permanecia serena, sem nenhum indício de mentira.Embora a justificativa parecesse absurda, não era impossível.Quem disse que filhos de famílias ricas não podiam ser submisso em casa?Juliana esforçou-se para aceitar aquela explicação. Se recusasse novamente, seria ela a ingrata da história.Além disso, ela não tinha planos de sair da Cidade A no momento.Naquela mesma noite, Juliana assinou o contrato de aluguel.Paulo, o "proprietário" do apartamento, apareceu para formalizar tudo, ainda confuso. Embora não
O dia estava quente, com temperaturas que ultrapassavam os trinta graus.Juliana não tinha planos de sair de casa.Ela havia combinado um jantar com Maia. Do outro lado da ampla janela panorâmica, o mar azul reluzia sob o sol. Sentada em uma poltrona confortável, Juliana segurava seu tablet. Sem pensar muito, tirou uma foto da paisagem e postou nos Stories.Bruno foi o primeiro a curtir.Juliana ficou olhando o nome dele por um bom tempo, até que uma notificação interrompeu seus devaneios: Maia havia enviado um link de transmissão ao vivo.Na live, Maia respondia às perguntas enviadas pelo público. Juliana observou os comentários passando rapidamente, quase todos eram relacionados a divórcios.— Primeiro, reúna provas de que o marido infiel está traindo durante o casamento e, depois, contrate um bom advogado para garantir seus direitos. Os filhos da amante têm direito à herança, isso é legalmente reconhecido.Juliana assistiu por alguns minutos, apoiando o queixo nas mãos, pensativa