Ao ouvir a pergunta de Bruno, um brilho irônico apareceu nos olhos de Juliana. As mãos, que seguravam a tigela de porcelana, se apertaram com força, deixando as veias de seu dorso visíveis, uma tensão palpável.Se fosse direta, a verdade seria amarga: George não passava de um cachorro ao lado de Gustavo, cheio de intenções, mas sem coragem para agir por conta própria. O que aconteceu na noite anterior só poderia ter ocorrido com a aprovação de Gustavo, tudo para agradar a Viviane. Ele realmente sabia como ser cruel.A raiva fervilhava dentro de Juliana, ameaçando engoli-la por completo.No meio dessa tempestade emocional, Bruno se aproximou e tirou a tigela de suas mãos com delicadeza.— Srta. Juliana, se não quiser falar, não precisa. A calma na voz dele foi como um balde de água fria, trazendo-a de volta à razão. Ela respirou fundo, sentou-se na cama e começou a procurar pelo celular. Após vasculhar todos os lugares possíveis sem sucesso, Bruno, como se tivesse adivinhado suas i
De repente, Juliana ficou completamente sem graça, sem saber onde se esconder.Ela tinha um hábito peculiar quando bebia: gostava de morder as pessoas.Na noite anterior, embora não estivesse bêbada, porque havia colocado algo em sua bebida, ela acabou mordendo o Bruno. Fora isso, provavelmente não fez mais nenhuma besteira, certo?Juliana não sabia, e nem tinha coragem de perguntar.Perguntar só deixaria tudo ainda mais constrangedor.Bruno, temendo deixá-la mais nervosa, recuou e saiu do quarto, dando aa ela espaço para se arrumar antes de descer para almoçar.Ao ouvir o som da porta sendo trancada, Juliana percebeu tarde demais: quem trocou as roupas dela?!Meia hora depois, Juliana desceu, engolindo o constrangimento, e almoçou com Bruno.Após o almoço, ela marcou um encontro com a Maia.Bruno ofereceu uma carona e a deixou na porta do café. Antes de sair, recomendou:— Qualquer coisa, me liga.— Está bom. — Respondeu Juliana.Maia estava sentada perto da janela e viu tudo de longe
Após vários dias de chuva e temperaturas baixas, o calor na Cidade A subiu repentinamente.O hospital estava lotado.Maia entrou na enfermaria de Alexandre com o rosto fechado como uma tempestade.— Alexandre, estou avisando: você vai se divorciar, queira ou não!Ele teve a audácia de ameaçá-la?Achava mesmo que Maia era fácil de intimidar?Que ingenuidade!Se pudesse voltar no tempo, com certeza teria usado mais garrafas de vidro na cabeça dele naquela noite!Alexandre estava recostado na cama do hospital, com várias ataduras enroladas na cabeça. Seu olhar despreocupado ficou sombrio no instante em que ouviu a declaração de Maia.Juliana entrou logo atrás, com um pouco de atraso.Ao vê-la, Alexandre ficou ainda mais irritado.— Maia, então você realmente está conspirando com a Juliana! — Ele tremia de raiva ao falar.Maia riu com frieza:— Para de inventar, Alexandre! O que foi? Fui eu que mandei a Viviane se agarrar em você? Então cala a boca e assine logo o acordo de divórcio!Dizen
Ela se lembrou de uma época, quando pegou uma gripe H1N1 e quase morreu.Naquele momento, Gustavo permaneceu indiferente.Provavelmente, já não a amava mais.A emoção nos olhos de Juliana fez com que Gustavo sentisse um aperto no peito, e as palavras que ele proferiu saíram carregadas de espinhos:— Juliana, foi você quem bateu no Alexandre. Peça desculpas imediatamente!Com isso, a sala ficou em completo silêncio.Maia tirou a mão que mantinha no ombro de Alexandre e, sem hesitar, caminhou até o lado de Juliana.Franzindo as sobrancelhas, respondeu:— Sr. Gustavo, essa situação não tem nada a ver com a Ju. Ela só agiu em legítima defesa. Foi o Alexandre quem começou. Se alguém precisa se desculpar, é ele.As palavras de Maia, claramente protegendo Juliana, deixaram Alexandre tão furioso que ele mal conseguia formular uma frase.Os olhos de Gustavo estavam sombrios, fixos no rosto pálido e indiferente de Juliana.— E quanto a ela ter agredido a Vivi? Não deveria pedir desculpas?Maia r
A mansão da família Costa estava localizada em uma das áreas mais exclusivas e movimentadas da Cidade A. O lugar era um símbolo de riqueza e status, inacessível à maioria das pessoas.No entanto, o ambiente no salão principal estava longe de refletir toda essa grandiosidade. A atmosfera era pesada, carregada de tensão. Assim que Gustavo entrou, uma pilha de jornais foi arremessada em sua direção.— Gustavo, ajoelhe-se! — Ordenou o Sr. Michel, sentado com imponência no sofá. Sua mão firme segurava uma bengala, e o cabelo branco, impecavelmente penteado, não suavizava a expressão severa de seu rosto enrugado, tomado pela raiva.Gustavo olhou para ele, confuso, tentando entender o motivo daquela recepção.— Vovô, o que eu fiz de errado?— Juliana terminou com você? — Michel disparou, a voz carregada de decepção.Essa era uma notícia que Gustavo ainda não tinha compartilhado com ele. Ele acreditava que Juliana estava apenas sendo impulsiva e que, com o tempo, ela voltaria atrás e pediria
Juliana havia ido devolver o cartão black. Ela já tinha organizado todas as coisas de sua casa, pronta para colocar o apartamento à venda assim que encontrasse um novo lugar para morar. No entanto, ao entrar na casa da família Costa, ouviu Bruno dizer: "Foi um gatinho que mordeu." Gatinho? Que gatinho? Levou alguns segundos para sua mente processar o que ele queria dizer. Quando seus olhos se fixaram na marca de mordida no braço de Bruno, o rosto de Juliana imediatamente se corou. Diante daquela cena, o que mais Gustavo precisava entender? Uma raiva feroz surgiu no fundo de seu peito. Ele olhou para Bruno com um olhar fulminante, cerrando os dentes. — Tio, você já tem namorada, não deveria manter distância de outras mulheres? Na última vez em que esteve na casa de Bruno, Gustavo ouvira uma tosse feminina e notara sapatos de mulher na entrada. Tudo indicava que Bruno não estava mais solteiro. Bruno fez um estalo com a língua e olhou para Gustavo com um sorriso enig
Ela já havia gasto quase todas as economias na relação anterior.Agora, o único dinheiro que tinha era o pagamento que Maia havia feito, e enquanto o trabalho não se estabilizasse, ela precisaria ser mais econômica.A cidade A era cara, cada pedaço de terra valia ouro, e alugar um imóvel significava um grande gasto. Além disso, Bruno era uma pessoa influente, e seus amigos certamente pertenciam à mesma classe privilegiada que ele. Não importava o preço do aluguel, com o status deles, seria necessário alugar uma casa? Algo estava estranho ali. — Um apartamento grande, três mil por mês. Juliana ficou chocada. Perfeito, agora a suspeita só aumentava. Um apartamento grande à beira-mar por três mil reais por mês... Bruno achava que ela era ingênua? Com esse valor, na Cidade A, mal se alugava um lugar pequeno e antigo. Após um longo silêncio, Juliana perguntou: — A casa tem algum histórico problemático? — Não, é um imóvel recém-reformado, só que a localização não é das m
Na tela, aparecia um longo texto descritivo.Juliana, lendo rapidamente, captou o detalhe mais chamativo:Divisão de despesas no casamento (AA).Aquilo já não era motivo suficiente para repensar?– Isso é um casamento ou estão procurando um colega de quarto? – Comentou Juliana, com um tom ácido.Ela era uma terapeuta especializada em reparação emocional, mas frequentemente era confundida com uma casamenteira. No início, ainda tentava corrigir o equívoco, mas, com o tempo, ao perceber que o trabalho era bem remunerado, passou a aceitar sem questionar. No fim das contas, o resultado era praticamente o mesmo.– Dá para ouvir daqui, da Cidade A, o som das contas sendo calculadas nesse casamento. – Resmungou Maia. – Não vejo futuro nisso, mas minha prima está cega de paixão e insiste em se casar com ele.A prima em questão era filha do irmão mais novo de sua mãe. Uma garota introvertida, reservada, com uma personalidade que não combinava com paixões tão rápidas. Maia simplesmente não con