Parte II

Hoje ao compreender, a sociedade moderna, retorno a momentos da infância, como tudo aquilo que se passa diante dos seus olhos, não conseguimos compreender a profundidade, de uma piada no televisor que a criança não compreende.

“O jogo de futebol era acirrado

Cinco para cada lado

Um no gol

Éramos gladiadores,

Que dançava com a bola,

Era o futebol,

De escola

E de rua,

Nos campos

Que os meninos

Hoje não insistem

Em praticar

Ah Lembrança boa!

Quando surge aquela

Menina de cabelos encaracolados

Com o seu time

Alegando querer jogar

Barramos,

Nós em nossa inocência

Dizíamos,

Futebol não é para meninas

E a zombamos”

Certo dia, ao retornar da caminhada que fazia seis vezes na semana, para comprar o pão para a família, sabia exatamente, quantos pães tinha que levar por aquela quantia, sabia também que aquela quantia, compraria coisas como muitos doces, balas e salgados, mas como obter, dizia ser proibido, aliás criança trabalhar és proibido, lembro do comentário do pai de Bartolomeu, que o ajudava em sua fazenda, na colheita do cacau, na época de ouro do extremo-sul baiano, abria as cabaças de cacaus, colocava o cacau para secar, tinha o cuidado de virar no momento certo expondo ao sol, embalava em uma sacola de sessenta quilos, e cada sacola que ele preenchia, e era vendido para o mundo a fora, para refinar uma das principais iguarias mundiais, o chocolate, ele tinha uma grana extra, era o bem mais sucedido entre nós, não gastava o dinheiro com besteira, o chamávamos de mão de vaca, quando víamos desembolsar as quantias para as bebedeiras da juventude, ele era sempre mão de vaca, poderia custear toda nossa esbornia, mas queria dividir a conta igualmente para todos, muitos guardavam o dinheiro que era do lanche para as sextas sete horas da noite, outro pediam ao pai, diziam que ia sair, mas essas sextas-feiras insanas nossas, estava ficando conhecida, tínhamos entre quatorze e quinze anos, começamos a ir mau nos estudos, nossa frequência escolar diminuíra, um sempre perguntava ao outro, o que vamos fazer para sobrevivermos? Só o tempo poderia responder, se o tempo destinar a espera entre nós, acontece que nessas sextas, começamos a aprender algumas malandragens para os homens, como dar uma cantada em uma mina, foi em uma dessas que Rony, conseguiu beijar Priscila, que prometeu outro beijo quando não estivesse alcoolizado, passou tempos e tempos, sem o uso da substância ele não teve coragem de chegar nela, e perguntar a respeito do beijo que ficara para depois, até que ela chegou nele, seria a premissa da sociedade feminista, acredito que não. Esse é o amor, que rompe fronteiras, o homem não precisava ser cordial, sempre dar a primeira investida, Priscila rompeu com esse paradigma existenciais, que pairava sobre nossas cabeças, os dois começaram a namorar, muito fala do casal, crianças brincando de adulto.

Já tínhamos tido aula de orientação sexual, mas a professora ponderou a diferença, de sentimentos e sexo por esporte, um é tão intenso que chega a ser sublime o outro, é apenas uma necessidade do organismo de poder atingir o orgasmo de forma fria.

Todos da minha Turma, o Zefrida, Bartolomeu, Rony, queriam era mesmo chegar ao orgasmo, fazer sexo, o que é o sentimento, em minha casa e na casa dos demais, homem demonstrar afeto é ser marica, não quero ser ofensivo ao homossexualismo, tabus como estes foram construídos ao longo da jornada até nos tornarmos adultos.

“Para o homem, seco

Animalesco, sedento sexualmente

O que vem a ser o sentimento

O sentir sublime

Amor,

O que vem a ser

Para o Homem

Se demonstrarmos

Afetuosidade,

Questionam

Nossas opções

Se és hetero

Homo

Quiçá, palavras

Além da compreensão

Que hoje és tão vítima

De Preconceito

Que julgamos

Antes de conhecermos

Ao homem,

Era realmente

Precisa ser,

Esse animal

Frio

Que não demonstra

Carinho”

Muitas vezes estive na igreja, nas escolas dominicais e no culto, todos os domingos pela manhã, lá estava, na sala, estudando Moisés, as dez pragas do Egito, entre outros heróis bíblicos, tempo bom que se foi.

Mas aquela menina, veio a conhecer-me tempos depois.

Aproximou-se e perguntara.

- Você é Pedro?

De forma iluminada respondi:

- É o que dizem.

Não sei ao certo, o lapso temporal foge de minhas certezas nesse momento, tantas coisas caíram em esquecimento, mas relembro novamente, uma, duas, três, ou mais vezes, ela no corredor, fazendo brincadeiras.

Pedro neste momento começa frequentar o Equipe do Rei.

Uma Equipe, cuja missão é desbravar lugares, adentrar em matas, ir para lugar que proporcione aventuras, mas ele não era desses, era um estudioso, nesse meio termo sua família rompe com o vínculo de uma igreja, outro grupo de oração está abrindo-se na mente de sua mãe, aceitando como a verdade e a verdadeira interpretação, ela que ia a igreja há tanto tempo, conhecia a bíblia tão pouco, e em tão pouco tempo com esse grupo de oração, obteve um conhecimento bíblico tão forte, que realmente consegui compreender, O libertar da verdade.

Nesse ponto que entra a colisão de ideias, o amor por si próprio semeado na juventude de Rony e Priscila, poderíamos chamar de amor, ou um amor que sacrificou sua vida, deu seu sangue e seu corpo, venceu a barreira do sepulcro, saíste do Seol, retornando no terceiro dia, convenhamos quando expus isso aos meus amigos de colégio, todos acreditaram, que o Amor verdadeiro era o de Deus, a namorada podia até ter um amor, mas não igual de Deus para os Homens, nessa mesma época desconhecíamos os tipos que o amor é classificado e muito tempo depois, muitos desses que aceitaram esse amor, capaz de vencer qualquer obstáculo que faça realizarmos nossos sonhos, um Amor Supremos, muitos negaram e duvidaram da sua existência ao se debruçar em livros acadêmicos, Bartolomeu não fizera isso, concluíra o Ensino Médio, o cacau desvalorizou optou por pequenas lavouras rentáveis, aos demais,  Zefrida se tornou um físico, não era para menos, certa vez o encontrei em um porre de lenhar com sua turma da faculdade, ele na praça em cima do banco, perguntando e gritando:

- Deus cadê você!!!

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