Parte III

Por muitas vezes tive pensamentos vãos, afundava em perguntas, que não encontrava na religião que minha mãe havia se doutrinado, ela evitava essa palavra, pois o pensar é livre, os pais não possuem domínio ao pensar do filho, por mais que as crianças sejam instrumentos de recados na pureza de suas palavras, jamais os dominará, afundava em perguntas, sobre a morte, essa incerteza consumia-me, logo eu Pedro, a quem Cristo edificou sua igreja, fora crucificado de cabeça para baixo, pois não era digno de morrer igualmente ao Salvador, sim, depois que aprendi o que era pesquisar e seus meios, obtive várias respostas as minhas dúvidas, mas existem assuntos ainda sem solução para ciência moderna, essa acredito que nunca irá explicar a permutabilidade e eternidade da Alma atrelada ao corpo, que quando se desperta nos tornamos espíritos.

“Na solidão, a angústia domina minhas entranhas

 A aranha, repassa novamente na tocaia do isento,

Ao acaso a irmã daquela menina, que perguntaste

O nome meu, teria de forma antecipada, algo a dizer

Já não refiro entre as flores queridas da primavera,

Sou primor, sei que não sou mais o inóspito de antes,

Que desejava ser um Senador,

Ao conhecer as façanhas das políticas,

Perceber o quão o humano é falho

Em prol dos seus interesses,

Desestimulou e tanto, meus desejos

De modificar a mais possível lealdade

Procuro o amor entre palavras,

Não a encontro, dentro do meu ser,

Revejo a irmã daquela garota,

- Se não fosse a humildade de Deus

De colocar palavras prontas em minha boca

Como maneira de instrumento utilizado por ele”

O ensino médio é uma fase conturbada, os estudos ficam mais pesados, densos, acelerados, a professora repete pela terceira vez, a mesma dúvida da questão de matemática, sobre trigonometria, não consigo compreender, o que são quadrantes, muito menos noventa graus, em minha mente retorna, que duas séries atrás, fora nosso primeiro bebedeira, com mortadela como petisco, minha família ainda depositava credibilidade, algo que fora rompendo aos poucos, de sexta em sexta, de praça em praça, de encontros com as meninas que começavam a frequentas o local, falávamos sobre cantores o mundo da arte, mas pouco falávamos, sobre livros, pinturas, falavam-se muito de filmes e televisão, quadro triste esse da elite empresarial da nossa nação, que estipula o que iremos discutir nas esquinas do país, creio que são eles que criam suas próprias informações, tento falar, uma vez, duas, não possuo o embasamento necessário que fora descobrir o que seria isso na universidade ao estudar Administração.

Recluo, evito beber, em uma promessa feita para minha mãe, pois meu pai havia separado dela recentemente indo morar com sua amante, meus irmãos mais novos terei que olhar por enquanto, até crescer e serem capaz de distinguir o certo e o errado, em um país onde idolatramos o erro, meu refugio fora a pintura, comecei com traços livres, desenhando um rosto, uma paisagem, não eram obras de artes, mas a cada quadro e tempo empenhado, evoluía, conheci o trabalho de um famoso pintor “pollock” que usa o gotejamento para fazer seus quadros, estava na dúvida, se combinava o azul com amarelo, em uma era pós moderna que não nos preocupamos com a métrica tão menos as teorias das cores.

“Sinto aliviar, esse monstro interno

Crescente, cada vez mais,

Por sarcasmo, zombaram

Abandonaram a tribo

Ah! Mas já não me encaixava

Não suportava falar daqueles

Artistas tão bem remunerados

Pagos para encenar a crueldade

Já não vejo esperança na nação

Terei que cumprir o dever

Com a pátria

Já não espero o apocalipse,

A morte me atormenta,

Não estou a atrair

Desejo a compreender,

Mesmo em lapso

Passado/Futuro”

Pintar era um refúgio, que necessitava cada vez mais, em torno de oito meses acumulei uns trinta e dois quadros, desses seis se destacavam, uma vez, em minha direção apareceu Bruna uma garota conhecida pela sua inteligência e por fazer parte de um colégio burguês, era uma verdadeira patricinha, indaga:

- Sei que tu pintas, posso ver?

Ora como essa, assim, pergunta feita de tal forma, penso uma vez, duas, mas qualquer um se apaixonaria por ela além do conhecimento possuía uma beleza daquelas de novelas, que ouvia distraidamente meu tempo perder enquanto ficava alcoolizado.

- Claro, acompanha-me.

Chegamos em casa, minha mãe tinha saído com meus dois irmãos mais novos, acredito ter ido a sorveteria da rua de cima, era o ponto principal deles, nessa época beirava os dezesseis anos, estava uns seis meses sem ingerir bebida alcóolica, o que fora fácil, consultei com psicólogos e psiquiatras conveniados ao governo, eles afirmaram que esses seis primeiros meses eram os mais difíceis, pois iria separar o ebriedade da sobriedade, e ébria Bruna fora ficando, quando de quadro em quadro ia se extasiando, afirmou:

- Tu és um verdadeiro artista, obrigado por deixar ver suas artes.

Como assim, ela não percebeu, que mesmo com roupa estava pelado para ela, fora a única pessoa que vira minhas pinturas, esteve no meu íntimo mais profundo.

- O que você retrata nesses quadros surreais?

Não tinha a resposta, era minhas emoções falando de forma racional, olhei em seus olhos que brilhavam, senti me chamar, já havia beijado outras garotas, mas ela era a mulher mais cobiçada entre a juventude, em minha casa, no quarto de pintura, segurei em suas mãos, coloquei em meu coração, disse:

- São esses batimentos que expresso.

Ela beijou-me ardentemente, até despirmos um ao outro da imoralidade, e vestirmos de prazer, naquele instante passou o sermão da professora que distinguia, o sexo do amor, nos amamos fazendo sexo.

No dia seguinte resolvi bater na porta da casa dela, de ousado, de supetão, não apareceu ninguém, já estava escurecendo, quando um vizinho aparece entrando em sua casa e menciona:

- Rapaz, o povo que você chama nessa casa se mudaram hoje, para bem longe.

Seria o amor, a mesma força que modifica o planeta, capaz de afastar duas pessoas que possam estar se amando.

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