Tudo estava preparado. No salão vazio, fazia um eco toda vez que a voz de alguém era notada, mesmo que baixa o suficiente para que não se possa ser escutado. Dito isso, mesmo assim, não se ouviu a voz de Damiano uma vez sequer nas longas horas que se passaram na sala.
Ele não sabia o motivo, mas seu pai quis reunir todos os filhos junto do conjunto de investidores que prestigiariam a grande noite da Paradiso, ainda desconhecida para muitos, já que os principais homens envolvidos queriam fazer uma surpresa que incluísse muita diversão para todos que pretendiam tornar aquilo um dos negócios mais lucrativos que já existiu na máfia capital.
Mesmo assim, nem todos os rostos das pessoas presentes naquela sala eram de extrema alegria ou felicidade.
Sua respiração afobada fazia seu peito estufar-se demasiadamente, enquanto a mão trêmula tentava traçar o delineador nos olhos esverdeados de Karla o mais perfeitamente possível. Victoria teria recebido a péssima função de Martha para que ficasse responsável em ajudar todas as meninas, que em sua maioria, não tinham habilidade alguma para se arrumarem de maneira mais sofisticada.Percebendo o seu jeito contido e elegante, Martha viu seus olhos brilharem ao pensar que teria alguém que pudesse dividir suas funções, já que, como ela dizia, se sentia muito atarefada com seu “trabalho”.Sem escolha, só restava para Victoria sorrir e concordar com tudo que a mulher dizia. Era quase cômico ver como ela reclamava do seu trabalho como se fosse apenas mais um trabalho comum, ignorando completamente todas as diferenças que constituíam sua função de um simples gerenciamento para uma empresa.Parecia que algumas pessoas viviam em uma realidade paralela de tão absurdo que eram alguns comentários so
Durante o restante do dia que se seguiu após o acontecimento, nenhuma palavra foi dita sobre o que iria acontecer com a menina levada de lá de uma maneira tão brusca. Não se preocuparam em esclarecer mesmo vendo os olhos assustados de outras mulheres, que agora aguardavam que o mesmo fosse acontecer com elas, ou para até mesmo os olhos curiosos, que pensavam em como Edna havia tido sorte por ser escolhida de primeira por um casal podre de rico.A desvantagem em servir de objeto, para alguns, parecia pequena, quase mínima, quando comparada a ter uma casa de luxo com piscina e tudo que se pode imaginar. Para alguns, era um preço justo a se pagar, já que, infelizmente, tiveram que lidar com coisas piores por muito menos.Ainda que pareça algo impossível, pessoas com Karla existem aos montes. Des
Damiano observou, atento, ainda nervoso ao pensar que alguém inesperado não era uma boa forma das coisas continuarem como o previsto.De repente, eles ficaram frente a frente, e o menino impôs sua postura rente a Dominique, que o encarou com um sorriso cínico em seu rosto.— Posso saber quem é você e o que faz na minha casa, menino? — o mais velho perguntou, soltando a fumaça do charuto que vivia em sua boca diretamente no rosto delicado do jovem que o encarava.A expressão de nojo que ele exibiu foi discreta, mas não passou despercebida pelo mais velho, que gostou de tê-lo provocado efetivamente.— Não me reconhece, Dominique? — o menino colocou as mãos no ombro do mais velho, e todos os homens que coroavam a sala fazendo sua segurança se colocaram a postos com a arma apontada em direção ao homem de cabelos extremamente ruivos.Dominique acenou rapidamente para que não atacassem, enquanto os outros homens que bebiam e se divertiam ficaram surpreendentemente tensos ao pensar que poder
As meninas no subsolo se arrumaram dignas de um evento de gala, sem qualquer aparentamento de que estavam sendo direcionadas para quase um abate.Tudo estava perfeito demais, e Victoria passou a ter ainda mais certeza sobre o que acontecia quando viu seu vestido vermelho. O mesmo vestido que usou quando esteve em um evento dos Mazzini pela primeira vez.Coube perfeitamente, como da primeira vez que usou, apenas um pouco mais largo, demonstrando a perda de peso recente que sofreu após tantos estresses que vinha passando.Enquanto aguardavam, ela se sentia extremamente sufocada por estar no meio de pessoas que pareciam estar cada vez mais afundadas em sua própria ilusão, sequer considerando o perigo que corriam ao estarem ali com aquelas pessoas.Tudo
Damiano alcançou o telefone em seu bolso com o desespero nítido em seu rosto, e Victoria não sabia o que acontecia, de longe, tentando decifrar o que acontecia por trás da cortina que tapava sua visão do que realmente acontecia.Ela assistiu Damiano sair com pressa, procurando um lugar discreto para que falasse no telefone. Seu primeiro impulso foi se levantar, e no mesmo instante, Martha a olhou furiosamente para que ela se sentasse novamente. Ela não sabia o que fazer, mas sem opção, precisou aguardar até que o visse novamente, completamente de mãos atadas para o que acontecia sob sua visão.— O que aconteceu? — o homem perguntou no telefone, aguardando ansioso para a resposta de Damiano.— Vou precisar e você mais cedo do que eu imaginava, acho que vou precisar lidar com algo que surgiu, — Damiano respondeu, explicando toda a situação com o
— O que você fez? — Ela perguntou, chorando.— Fiz o que tinha que fazer. Ela ia me dedurar, não posso arriscar. — Ele sorriu levemente. — De repente tenha uma chance de salvá-la, sei que você é boa com primeiros socorros, já fez diversos curativos em nós.Ele se lembrava muito bem de como Catarina era habilidosa com suturas e tudo que era necessário para socorros médicos, já que assim como Victoria, Ela tinha o sonho de cursar medicina, e se esforçava para isso.Se aproveitando da sua bondade, ele assistiu ela pegar a maleta que Damiano deixou ao lado da mesa de metal, observando alguns itens que ela precisaria usar. O sorriso que ele abriu em seu rosto se iluminou no momento em que ela abriu a porta com a peque
Quando Alexa pensou em retrucar, as luzes do lugar se apagaram, e uma única luz lilás se acendeu próximo ao palco aonde faziam algumas apresentações vez ou outra.— Vamos para a última atração da noite. — Dominique pegou o microfone da mão de Martha, já ligeiramente embriagado. — Venham meninas, peguem um número. — Ele disse, apontando para as garotas sentadas lado a lado.Elas se levantaram receosas, indo em direção a caixa que ele segurava em sua mão.Cada uma delas tirou um broche com uma numeração, essa qual Martha ordenou que elas colocassem em seus vestidos para a identificação.— Não se preocupe, querida. Será divertido. — Ele respondeu a uma delas que parecia mais amedrontada do que um cervo ferido.— Vamos, cavalheiros. — Ele ordenou. — Escolham um número. — Disse, assistindo Damiano o encarar enfurecido. — Você não, filho. Família já tem regalias o suficiente. — respondeu.Nesse momento, Leandro reapareceu, sendo o primeiro a coletar um dos números da caixa que ele segurava,
— Martha, por favor! Ele matou Alexa, vai matar todas nós. — Ela implorou desesperada, como se de alguma forma fosse encontrar nos olhos negros da mulher a piedade que tanto torcia encontrar.Porém, a mulher estendeu sua mão para alcançar o rádio de comunicação, tentando se comunicar com os outros seguranças para dedurá-los. Por sorte, Damiano se moveu rápido o suficiente para conseguir atirar na mulher.O que agora os deixou expostos para Leandro conseguir seguir o som e encontrá-los.Então, Damiano olhou no fundo dos olhos de Victoria, e se despediu com um beijo na testa, sabendo que precisava enfrentá-lo para que eles tivessem alguma chance de fugir dali com vida.El