Elliot esperou a aula terminar para finalmente se aproximar de Layla.
— Layla? — Ela virou-se e o encarou, séria. — Eu queria explicar o que aconteceu mais cedo…— Não tem de explicar nada. O que você faz ou deixa de fazer da sua vida não é da minha conta. — Disse ela e se virou. Elliot segurou o braço dela. — Só fica longe de mim porque quero distância de caras como você. — Falou ela, antes de soltar-se e ir embora. † † †À noite, Layla se arrumou para jantar com Jonathan e a irmã dele. Ela colocou um vestido vermelho e um cinto preto. Prendeu os cabelos em um rabo de cavalo elegante. Se maquiou e calçou um par de sapatos de salto vermelho que pegara das coisas de Eliana. Sentou-se no sofá e esperou, ansiosa. Quando a campainha tocou, ela levantou-se num pulo e foi correndo abrir a porta.
— Boa-noite? — Disse ela com um sorriso de orelha a orelha.— Boa-noite. — Responderam Jonathan e sua irmã.— Layla? Essa é Hannah, minha irmã. Hannah? Essa é Layla. — Falou Jonathan as apresentando.— É um prazer conhecê-la. Meu irmão falou muito bem de você. — Falou Hannah sorrindo e se aproximou de Layla e deu-lhe um beijo no rosto.— Igualmente. — Disse Layla e retribuiu o beijo de Hannah. — Mas vamos entrar? Sintam-se em casa. Infelizmente, minha mãe não nos fará companhia porque está de plantão esta noite no hospital, mas não se preocupem? Ela deixou o jantar pronto, antes de ir.— Sua mãe é médica? — Hannah perguntou.— Enfermeira. Aceitam uma bebida? — Falou Layla.— Sim. Por favor? — Disse Hannah.— Se não for nenhum incômodo… — Disse Jonathan.Layla foi até a cozinha e voltou, trazendo três latas de refrigerante. — John me disse que você também é uma wiccana. É verdade? — Hannah perguntou à Layla.— Não, Hannah… Eu inventei isso. — Falou Jonathan com sarcasmo e revirou os olhos.— Bem, não sou iniciada ainda, mas já me considero uma. — Respondeu Layla.— Legal. É difícil encontrar outra bruxa. — Falou Hannah. — Ah, se importaria se eu olhasse a sua sorte? Trouxe um tarô.— A gente podia aproveitar e brincar com um tabuleiro Ouija. — Falou Jonathan. Ele não levava muito a sério a magia.— Ignore? John é do tipo que só acredita no que a ciência explica. — Hannah revirou os olhos e abriu sua bolsa, pegando seu tarô.— Ou ele teve uma previsão muito ruim… — Layla brincou.— Não sei. Ele nunca me deixou ler a mão dele. — Falou Hannah.— Oh, desculpe? Eu não quis… — Disse Layla percebendo que ofendera Hannah.— Não… De boa. Só tô brincando. — Hannah riu. — Mas é isso mesmo… Eu disse a ele uma vez que ele teria um casamento infeliz e não teria sorte no amor e que seria o maior corno da história e… Desde então, ele odeia tudo isso.— Foi a previsão mais podre que você poderia ter feito, Hannah… Como pode saber essas coisas? O futuro é algo incerto e completamente mutável. — Falou Jonathan.— Não tem jeito maninho. Você será corno e ponto. Se acha ruim, reclame com o universo? — Falou Hannah enquanto colocava as cartas em formato de cruz. — Por favor? Escolha uma?Layla escolheu uma carta e a indicou à Hannah.— Você é uma pessoa infeliz. Vejo muitas lágrimas e dor em sua alma. Perdeu alguém importante. Quem? — Falou Hannah.— Meu pai e minha irmã… Morreram em um acidente de carro. — Respondeu Layla e mordeu o lábio, desviando o olhar, chateada.— Sinto muito. — Hannah apertou a mão de Layla. — Quando se sentir pronta…Layla olhou para ela e então para as cartas antes de escolher outra. Hannah alternou o olhar entre a carta e Layla, indecisa.— O que foi? — Perguntou Layla, aflita.— Perderá outra pessoa importante em sua vida. — Disse Hannah.— Minha mãe? — perguntou Layla.— Não. É outra pessoa… Alguém que é, ou, será importante… Um homem que te apoiará e te amará incondicionalmente e fará tudo por você. Esse homem te ama ou te amará de uma maneira violenta. Não sei se isso é bom. — Falou Hannah.— Hum… Quem pode ser esse homem? — Perguntou-se Layla, pensativa.— É melhor parar com essa besteira. Está assustando ela, Hannah. — Falou Jonathan.Layla tirou outra carta.— Uau. — Hannah fez uma cara de surpresa e riu. Obviamente ela não estava levando aquilo tão a sério quanto Layla. — Dois rapazes disputarão pelo seu coração. Um deles é um rapaz sério, justo e bondoso, mas que se deixa influenciar facilmente. O outro é rebelde, ardente e encrenqueiro. Vai te trazer muitas dores de cabeça. Você é, ou, será ligada a esses dois rapazes.— Desculpe, mas deve ter havido algum engano. Eu nunca conseguiria atrair a atenção de dois caras ao mesmo tempo. — Falou Layla, rindo. Aquilo não podia ser sério… Podia? Quer dizer… Era coisa demais para absorver.— Desculpe, mas não costumo me enganar. — Falou Hannah segura de suas palavras.Layla tirou outra carta.— Tem uma inimiga muito poderosa em seu caminho, que vai fazer de tudo para prejudicá-la e ela não descansará enquanto não destruir você. — Hannah a alertou.— Espere? — Jonathan colocou as mãos na cabeça e fechou os olhos, zoando. — Meus poderes mediúnicos me dizem que essa inimiga é loira, com cabelos cacheados e é chefe das líderes de torcida.— Deixe de ser palhaço! — Hannah atirou uma almofada nele.— Não precisa ser bruxo para saber que Eulalie Davis é o demônio em pessoa. — Falou Jonathan.— Pois ela que venha… Vou mostrar a ela com quantos paus se faz uma canoa. — Layla tirou outra carta.— Você poderá contar com o apoio de amigos leais para enfrentar as adversidades que surgirem pelo caminho. — Hannah disse.Layla pegou a última carta.— Você passará por grandes mudanças na sua vida e se transformará em uma pessoa diferente da que é agora. — Falou Hannah.— Mas no bom ou no mal sentido? — Perguntou Layla.— Isso depende de como vai lidar com as mudanças que ocorrerem… Se aceitar que elas são para melhor, poderá evoluir, mas, caso contrário… — Falou Hannah.† † †
Após o jantar, Layla, Hannah e Jonathan assistiram a um filme e conversaram um pouco, até os irmãos se despedirem e irem embora para a casa.
Layla não conseguiu deixar de pensar em tudo que Hannah lhe dissera quando lera sua sorte no tarô. Será que Hannah era mesmo uma boa cartomante ou só tirara uma com a sua cara?Na manhã seguinte, em Barstow School, Layla ia para a sua sala quando viu Elliot conversando com Morgan e os gêmeos. Nervosa, apressou seus passos, pois queria ir para a sala, antes que Elliot a visse. — Ei? Layla? — Cantarolou Earl.TARDE DEMAIS.— Vem cá? Gatinha não foge não. — Disse Kirby.— Parem com isso! Parecem crianças! — Falou Elliot.— Puxa! Elliot, o que você fez? Ela parece assustada! — Falou Kirby.— Droga! Kirby, não fiz nada. Vê se não me enche o saco! — Falou Elliot.— Não, Cara… Eu te conheço… — Insistiu Kirby.— Por que não cuida da sua vida, velho? Da minha, cuido, eu! — Falou Elliot.— Olha? Ele ficou todo nervosinho… Por que será? — Disse Morgan, rindo.— Pô, Morgan… Até você… — Elliot o empurrou.— Ih, cara… Olha lá? Eulalie está mexendo com a sua garota. — Falou Earl.— Ela não é minha garota! — Disse Elliot virando o rosto e viu Layla recolhendo seus livros.— Não vai lá defendê-la? — Perguntou Morgan.— Isso não é problema meu! — Falou Elliot, indiferente.† † †
— Qual é o seu problema comigo, garota? Ah, já sei… Ficou chateadinha porque dispensei você, foi? — Falou Layla encarando Eulalie.
— Não seja ridícula, garota! Você é inferior a mim! — Falou Eulalie e chutou o livro de Layla.— Já chega disso, vadia! Vou te ensinar que comigo não se brinca! — Falou Layla com ódio.— Ei, o que tá pegando aqui? Vamos se acalmar e conversar, meninas? — Falou Kirby se metendo na confusão.— Esse colégio é pequeno para nós duas! — Eulalie disse à Layla.— Concordo… Por que não se transfere para outro colégio? — Falou Layla e quando quis avançar em Eulalie, Kirby a segurou, rindo.— Vocês devem ser quentes entre quatro paredes. — Kirby disse com um sorriso malicioso.— Ah, seu nojento! — Eulalie o empurrou, antes de se afastar.— Me solta! — Layla também empurrou Kirby.— Oh, de nada… — Falou ele levantando as mãos em sinal de rendição.Layla o encarou, séria. Bem, ele era um babaca pervertido, mas, pelo menos, ajudara ela, ao contrário de Elliot que continuava parado com os braços cruzados, apenas encarando. Será que ele interviria se ela levasse uma surra?— Ei? Tá aí? — Kirby estalou os dedos na frente do rosto de Layla. — Você está bem?— Sim, estou. — Layla disfarçou.Kirby pegou o livro dela que estava caído no chão e o devolveu a ela.— Valeu. — Ela disse e foi para a sala. Kirby a seguiu.Layla sentou-se em seu lugar, desanimada. Realmente detestava as aulas de álgebra porque não eram o seu forte. Pena que Jonathan não estava nessa aula porque ele poderia dar uma mãozinha a ela.— Não se importa se eu me sentar ao seu lado, certo?! — Disse Kirby sorrindo.— Não, imagina… — Layla nem tentou disfarçar.— E aí, vai me dizer o que está rolando entre o Elliot e você? — Perguntou Kirby curioso.Elliot, Earl e Morgan entraram na sala nesse instante e sentaram-se na fileira atrás de Layla, sendo que Elliot ficou na frente dos outros rapazes. Layla deu de ombros, bancando a indiferente.— Ele não te contou que me chantageou para que eu fizesse os trabalhos dele?— Não… — Kirby respondeu. — Mas como ele chantageou você se mal te conhece?Layla suspirou. Kirby fazia perguntas demais.— Isso não vem ao caso. Só tenho uma condição, caso queira continuar sentado aqui… Fique quieto!— Eu me amarro em uma gata dominadora. — Kirby se aproximou dela e piscou
Layla terminou de copiar os deveres de Elliot e guardou o caderno dele junto ao dela em sua mochila. Desceu até a cozinha com a intenção de preparar um chocolate quente. Começava a esfriar para o azar dela, que estudava de manhã e, nada pior que deixar sua aconchegante cama para ir ao colégio em uma manhã de inverno.— Se está procurando algo doce para comer não vai encontrar, querida. Não tive tempo de ir ao mercado ainda. — Disse Lawrence, que lavava a louça.— Posso ir comprar alguma coisa? — Disse Layla.Lawrence virou-se e a encarou, surpresa. Layla não era muito de sair e odiava supermercados e qualquer lugar com filas.— Quem é você e o que fez com minha filha?Layla revirou os olhos e riu.— Não consigo sobreviver sem chocolate, mãe. Fico maluca! Quer que eu traga alguma coisa para você?— Café. Não posso ficar sem meu pó, se não, enlouqueço.Layla riu.— Viciada…— Olha só quem fala… Cada uma com seus vícios.— Tá, mãe. Eu vou em pé e volto
Às dezenove horas em ponto, Jonathan foi até a casa de Layla, buscá-la. Ele quis tocar a buzina, mas lembrou-se que ela pedira para ele ser discreto, então, pegou seu celular e ligou para ela, avisando-a que estava esperando por ela. Layla veio e abriu o portão. Cumprimentou Jonathan com um abraço e um beijo no rosto.— E sua mãe? — Jonathan perguntou.— No trabalho… Esse mês ela ficou com o turno da noite. — Respondeu Layla, sorrindo amarelo. Não gostava que sua mãe trabalhasse à noite porque se sentia sozinha.— Então, vamos? — Jonathan pegou a mão de Layla e a conduziu até o carro, abrindo a porta para ela.Layla estava prestes a entrar no carro quando reparou que Elliot estava parado em frente a casa dele. As luzes estavam apagadas. Ele estava vestido de preto da cabeça aos pés, e um capuz escondia seus cabelos loiros. Ela mal podia ver o rosto dele. Mesmo assim, tinha certeza de que era ele. O que ele fazia parado, ali? Esperando alguém ou espiando ela? Ele fumava e
Quando Layla despertou e viu as horas no relógio que ficava em cima do criado-mudo quase teve um treco. 06h55min. Ela estava MUITO atrasada e quando tentou se levantar acabou se enroscando no cobertor e caindo no chão.— Inferno! — Gritou ela, irritada, e ouviu vozes elevadas vindas do andar de baixo. Layla parou, prestando a atenção enquanto tentava reconhecer algumas daquelas vozes.— Obrigada querida, mas não quero incomodar. Prefiro mesmo ficar na casa da Lola, mas talvez, a Rosie prefira ficar por aqui, já que a Layla e ela se dão tão bem. — Falou Lívia, a irmã do meio. Esta tinha olhos claros como suas irmãs, mas, cabelos negros e não naturalmente loiros, porque puxara a seu pai e não a sua mãe.— O certo seria que nós três ficássemos juntas como antes… — Falou Lola, a caçula. — Por que você não volta pra casa, Lawrence?— Mas essa é minha casa, Lola. — Lawrence suspirou. Não que não gostasse de sua irmã ou da antiga casa onde vivera quando criança, mas sentia que
|Antes…Elliot pegara algum dinheiro que tinha escondido em seu quarto e comprou um belo buquê de rosas vermelhas. Mesmo achando aquilo cafona, sabia que Zara achava fofo e queria fazer uma surpresa a ela. Por isso, foi até a casa dela. Pulou o muro, como sempre fazia. Pegou a velha escada que ficava no quintal e a usou para chegar até a janela do quarto dela. A janela estava aberta, mas a cortina estava puxada, ocultando a visão do quarto. Ele puxou a cortina devagar e viu Zara sentada na cama com outra garota. As duas sussurravam uma no ouvido da outra e riam. “Vim em péssima hora, droga”, ele pensou.Zara acariciou o rosto da garota e as duas se beijaram. Não como duas amigas, mas como duas namoradas. Elliot ficou espantado com o que viu. Ele nunca imaginara que Zara, SUA Zara pudesse trocá-lo por… Uma garota. Irritado, jogou o maldito buquê no chão. Desceu a escada e a derrubou, fazendo barulho.— O que foi isso? — Perguntou Zara e foi até a janela a tempo de
— Eu tenho umas fitas bem legais. Acho que você vai gostar. — Disse Elliot a Layla.— Uau! — Disse Layla. — Se fosse um garoto, com certeza, teria um quarto como o seu. — Falou Layla. — Você é gótico?— Só roqueiro, mas não tenho nada contra os góticos, até porque Morgan é um. — Falou eleToda a mobília do quarto de Elliot era preta. Havia pôsteres de bandas de rock nas paredes, uma guitarra vermelha na cama, um tapete branco com uma caveira no centro, e vários objetos decorativos. Era um quarto bonito e arrumado, o contrário do que ela imaginara.— Hum… O que você prefere? Nirvana ou Queen? — Ele perguntou.— E que tal Mandy Moore? — Ela perguntou.— Mandy? Uau! Não acredito que você gosta dessa patricinha! — Falou Elliot, rindo.— Mandy Moore é uma das minhas cantoras preferidas!— É… Eu devia ter imaginado! — Elliot riu.Antes que Layla e dissesse alguma coisa, a porta do quarto se abriu.— Você? O que está fazendo aqui? — Disse Elliot. — Como você v
— Qual o seu problema Elliot? — Perguntou Earl no caminho para a lanchonete.— Nenhum. Problema nenhum… — Disse ele, disfarçando.— Que isso cara? Nos conhecemos há anos… Eu sei que você está assim por causa da Layla. Agora, por que não se abre comigo? — Disse Earl.— Vocês estragaram meus planos. Não deviam ter aparecido sem avisar. — Confessou Elliot, irritado.— Quem imaginaria encontrá-la em sua casa? — Disse Earl. — Você é quem deveria nos avisar que ela estava lá.— Eu não tinha certeza se viria. Além do mais, Kirby pensaria que é só por causa da aposta que fizemos. — Disse Elliot.— Espera aí? Que aposta? — Perguntou Earl.— Eu apostei 200 dólares que conquistaria Layla, mas, no fim… Foi ela que me conquistou! Eu não sei o que está acontecendo comigo. Estou louco por ela e ela não dá a mínima. — Falou Elliot.— Fica difícil com o Morgan por perto! — Disse Earl.— Kirby sempre achou que ele fosse gay. Não sabe o quanto queria que ele realmente
|Leawood, Kansas – 1979:Lawrence estava dormindo ao lado de seu marido. Era por volta das 02h00min da madrugada quando o telefone tocou. Ela se levantou morrendo de sono para atendê-lo.— Alô?— Maninha é você ou liguei para o número errado outra vez? — Perguntou Lola e riu.Ela tinha dezessete anos e como qualquer adolescente em sua idade, amava festas. Vivia fugindo de casa para ir a uma. Dessa vez ela fora até Mission Hills com uns amigos, e acabou se separando deles, perdendo sua carona.— Sim, sou eu. Lola? Sabe que horas são? Tenho de ir trabalhar amanhã de manhã. — Falou Lawrence.— Acredita que vim até Mission Hills com uns conhecidos, mas nos desencontramos e… Perdi minha carona. Foram todos embora e fiquei sozinha nesse fim de mundo. Aí, fui pra estrada e peguei carona com um caminhoneiro, mas o safado tentou me passar a mão, aí eu dei um soco no nariz dele, ele me xingou de vadia e me chutou para fora. Estou no Green Bar