|Leawood, Kansas – 1979:
Lawrence estava dormindo ao lado de seu marido. Era por volta das 02h00min da madrugada quando o telefone tocou. Ela se levantou morrendo de sono para atendê-lo.
— Alô?— Maninha é você ou liguei para o número errado outra vez? — Perguntou Lola e riu.Ela tinha dezessete anos e como qualquer adolescente em sua idade, amava festas. Vivia fugindo de casa para ir a uma. Dessa vez ela fora até Mission Hills com uns amigos, e acabou se separando deles, perdendo sua carona.— Sim, sou eu. Lola? Sabe que horas são? Tenho de ir trabalhar amanhã de manhã. — Falou Lawrence.— Acredita que vim até Mission Hills com uns conhecidos, mas nos desencontramos e… Perdi minha carona. Foram todos embora e fiquei sozinha nesse fim de mundo. Aí, fui pra estrada e peguei carona com um caminhoneiro, mas o safado tentou me passar a mão, aí eu dei um soco no nariz dele, ele me xingou de vadia e me chutou para fora. Estou no Green BarLívia e seu marido foram os únicos a acreditarem em Lola. O restante da família saiu em defesa de Richard, afirmando que Lola estava drogada e que em sua cabeça “fantasiara” que fora Richard, porque ela não se lembrava quem fizera mal a ela, mas queria desesperadamente lembrar, e como nunca gostara de Richard, e ainda estava perturbada, se convencera que fora ele o responsável por sua desgraça.Lola passou algum tempo internada no que eles chamaram de “clínica de repouso” até descobrir que estava grávida. Ela ficou muito mal e até considerou a ideia de realizar um aborto, mas se convenceu que a criança não tinha culpa de nada. No entanto, seus pais não pensavam da mesma forma e tentaram convencê-la a abortar, dando-lhe duas escolhas, ou ela tirava a criança ou a entregava a adoção depois que ela nascesse, mas não ficaria com ela.Durante toda a sua gravidez, Lola permaneceu internada no hospital psiquiátrico e quanto mais se aproximava o dia de dar à luz, mais atormentada fica
A primeira aula de Rosie foi de espanhol e a de Layla foi de álgebra.— Mas que droga! Francês era bem mais fácil que isso aqui… — Rosie resmungou baixinho, incapaz de terminar seu exercício, e com vergonha de dizer a professora que não entendera nada. Ser a novata já era chato, e ser a novata que não sabia nada, era pior ainda.— Precisa de ajuda?Rosie virou o rosto e encarou o garoto de belos olhos verdes e cabelo castanho claro. Mesmo com a roupa brega e os óculos, parecia um modelo disfarçado. “John?”. Sim… Layla falara muito dele.— É Jonathan Gibson? Eu sou a Rosie… Prima da Layla. — Ela disse, animada. Finalmente alguém “conhecido”… Ou quase.— Layla Connolly? — Jonathan suspirou. — Ah, sim. Prazer em conhecê-la, Rosie? Espanhol é um idioma fácil… — Ele empurrou sua carteira, a aproximando da de Rosie. — Vai ver como aprenderá rápido.Rosie deu um risinho e apoiou o cotovelo na mesa, colocando a mão na cabeça e encarando Jonathan. Ele pegou seu livro e volt
Zara pegava seus livros em seu armário quando Morgan veio e parou ao lado dela, encarando-a.— Morgan? Como vai? Elliot te mandou me dar algum recadinho? — Disse Zara, sorrindo.— Não, sinto muito, mas fico feliz em saber que ainda gosta do meu amigo por que… Decidi ajudá-los a se reconciliarem. — Morgan sorriu.— Hum, é mesmo? E por que mudou de ideia agora? Você nunca foi com a minha cara que eu sei. O que é? Não me diga que isso tem a ver com a Layla?! — Falou Zara.— É, de fato, nunca gostei de você, mas as coisas mudam, amigos tornam-se inimigos e inimigos tornam-se amigos. E, sim, quero que Layla seja minha! — Falou Morgan.Zara sorriu e disse:— Então… Acho que podemos chegar a um acordo.— Mas é claro, e poderemos contar com Kirby também. — Morgan conhecia o segredinho sujo de Kirb
Layla estava no jardim tentando desenhar quando o carteiro deixou alguns envelopes no portão e tocou a campainha. Layla deixou seu caderno e seus lápis na mesa e foi pegar as cartas. Desde pequena, não podia chegar perto das cartas, que sua mãe ficava histérica, mas ela ainda insistia porque era teimosa e curiosa. Quatro envelopes: Todos enviados do hospital psiquiátrico Santa Helena, de Mission Hills, por uma tal Ana Bloom. Quem seria essa mulher? Uma paciente de Lawrence? Layla rasgou um envelope e antes que pudesse ler a carta que estava dentro, sentiu sua mãe tomar o papel de sua mão.— O que pensa que está fazendo? Já te falei para não mexer nas minhas coisas! — Disse Lawrence.— Quem é Ana? — Perguntou Layla.— Não é da sua conta! — Respondeu Lawrence.— Por que ela sempre envia cartas para você? Você a conhece? É nossa parenta? — Perguntou Layla, desconfiada.— Não! — Respondeu Lawrence. — É só… Uma paciente… Do tempo em que… Trabalhei em Mission Hill, antes de
|Mission Hills – Hospital Santa HelenaAna pegou sua mochila, arrastou um móvel e subiu em cima dele. Puxou a grade de proteção de um duto de ventilação e entrou nele com certa dificuldade, já, que o mesmo ficava no alto. Ela engatinhou por um tempo no escuro até encontrar uma passagem que dava direto para a sala de vigilância. Tinha um homem de meia-idade lendo um livro em vez de prestar atenção nas câmeras.Ana removeu a grade com cuidado para não fazer barulho e saiu do duto de ar. Devagar, se aproximou do vigilante, por trás. Ele estava tão entretido… Seria tão fácil. Ana, realmente não queria fazer aquilo, mas precisava, porque não aguentaria continuar presa ali nem mais um dia. Sentia tanta falta de sua irmãzinha.|Antes…— E então Melody preferiu deixar a Terra da Magia para crescer… — Contou Ana a sua irmãzinha.— Mas por que ela fez isso? Por que voltou para uma vida ruim onde ni
Ana foi até o mercado e comprou algumas coisas que precisava antes de voltar para o hotel. Ligou a TV e deu uma zapeada nos canais. Estranhou que não tivessem divulgado nada no noticiário sobre sua fuga do Santa Helena. Então, se lembrou da influência de sua família. Com certeza, sua mãe dera um jeitinho de abafar o caso. Fosse como fosse, Ana encontraria uma forma de voltar para Leawood antes que a pegassem.. † † †Jonathan Gibson tomou uma ducha após uma série de exercícios físicos, vestiu seu uniforme e foi descansar um pouco antes de ir para o colégio (segundo sua grade de horários escolares, ele só teria aula depois do terceiro tempo, o que lhe dava tempo de sobra para descansar). Ele só não imaginava que teria uma surpresinha quando chegasse a Barstow School.
|Leawood – Verão de 1993Bella James estava nervosa porque não sabia como dizer a seu namorado que teria de abandonar a banda dele. Surgira uma oportunidade, uma chance de gravar um disco, mas em uma girl band e não em uma banda de rock.Good Girls Always era a chance dela de sair das sombras e, quem sabe, ficar famosa e ter grana o bastante para se mandar daquele fim de mundo.Ela amava Elliot Holmes e não queria deixá-lo, mas há tempos decidira que nunca se conformaria com uma vidinha comum, com um casamento comum, filhos comuns, profissão comum. Droga. A vida tinha que ser mais que trabalhar a semana inteira para só se divertir nos feriados, pagar contas e criar um bando de pirralhos remelentos. Ela queria mais. Queria conhecer o mundo, comprar o que desejasse, ser invejada, etc. Mas é como dizem… Quem quer muito, termina sem nada.Falar com Elliot não foi fácil. Ele até tentou ser compreensivo, mas a verdade é que se magoo
Layla e Elliot estavam ensaiando no porão da casa dele – Elliot conseguira transformar um lugar, antes sinistro, em um espaço maneiro até. Só precisou de um pouco de tinta, alguns pôsteres de seus ídolos e outras bugigangas –, Elliot tocava guitarra e Layla cantava uma das letras de Morgan.Elliot se distraiu e errou uma ou duas notas. Layla parou de cantar e o encarou com os olhos arregalados, fazendo graça, como se aquilo fosse o fim do mundo. Elliot riu.— Foi mal…— E que tal uma pausa, hum? — Sugeriu ela.Elliot a encarou pensativo.— Ih… Ih… — Disse ela balançando a cabeça, rindo.— O quê? — Perguntou ele, rindo.Ela deu de ombros.— Não sei… Me diz você… O que está te incomodando? É essa legenda na minha blusa perguntando se você quer leite?— Hã?! — Elliot olhou ligeiro para a blusa dela e percebeu que não havia legenda nenhuma. Riu e balançou a cabeça.— Agora, vai… Fala o que está perturbando você?— Quais os seus planos?— Então… Quero