Na manhã seguinte, enquanto Adrian se preparava para os compromissos do dia, uma mensagem chegou às suas mãos. Era um pedido de reunião com o rei Hector, um encontro privado que Adrian não podia recusar. Ele sabia que este poderia ser o momento em que as verdadeiras intenções de Eldoria seriam reveladas.
Quando Adrian entrou na sala do trono, encontrou o rei Hector sentado em seu trono, cercado por alguns de seus conselheiros mais próximos. O ambiente estava pesado, com uma tensão que não podia ser ignorada. Hector olhou para Adrian com um sorriso calculado. "Príncipe Adrian," começou Hector, sua voz grave e controlada. "É um prazer vê-lo novamente. Espero que tenha encontrado Eldoria ao seu agrado até agora." Adrian fez uma reverência curta, mantendo seu tom diplomático. "Eldoria é um reino impressionante, majestade. Estou grato pela hospitalidade oferecida a mim e aos meus homens." Hector assentiu, mas havia algo frio em seus olhos. "Fico contente que esteja satisfeito. Como você sabe, o propósito dessa união é trazer paz aos nossos reinos. No entanto, é necessário que discutamos os termos específicos dessa paz." Adrian sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ele sabia que aquele momento chegaria, mas ainda assim, a realidade da situação o atingiu com força. "Estou disposto a ouvir seus termos, majestade. Mas Valoria também tem suas condições." Hector levantou uma sobrancelha, interessado. "Ah, sim, claro. No entanto, deixe-me ser direto, príncipe Adrian. A paz que buscamos não será fácil de alcançar, e exigirá sacrifícios de ambos os lados. Estou certo de que entende isso." Adrian manteve seu olhar firme. "Entendo, majestade. E que tipo de sacrifícios está esperando?" Hector inclinou-se para a frente, seus olhos fixos nos de Adrian. "A união de nossas casas não é apenas simbólica, príncipe. Ela deve ser consolidada com um herdeiro, um símbolo vivo da aliança entre Eldoria e Valoria. É essencial que essa união seja forte e indissolúvel." Adrian sentiu o peso das palavras de Hector. Um herdeiro... Ele já esperava que essa fosse uma das exigências, mas ouvir isso explicitamente tornava tudo mais real. Ele e Elara teriam que compartilhar não apenas um trono, mas também um futuro, com todas as complicações que isso acarretava. "Isso é algo que eu já estava considerando conversar com a princesa Elara," Adrian respondeu com cautela. "E estou comprometido com a paz, tanto quanto você, majestade. Mas a confiança entre nossos reinos levará tempo para se desenvolver." Hector sorriu, mas não era um sorriso caloroso. "Tempo é algo que temos em escassez, príncipe Adrian. O povo de Eldoria e Valoria estão exaustos, e eles anseiam por uma liderança que possa guiá-los para fora dessa escuridão. Nós somos essa liderança." Adrian assentiu lentamente, reconhecendo a verdade nas palavras de Hector. Mas havia algo mais, uma sensação de que o rei estava omitindo algo crucial. "E o que mais, majestade? O que mais será exigido para garantir essa paz?" Hector se recostou no trono, os olhos brilhando com uma astúcia perigosa. "Apenas que você mantenha sua lealdade à nossa aliança, príncipe Adrian. E que confie que eu, como seu futuro sogro, sempre agirei no melhor interesse de nossos reinos." As palavras de Hector ecoaram na mente de Adrian, revestidas de uma ambiguidade que ele não pôde ignorar. Havia um perigo oculto nas promessas de aliança e nos sorrisos frios do rei de Eldoria. Adrian sabia que qualquer erro, qualquer vacilo, poderia custar não apenas sua vida, mas a sobrevivência de Valoria. “Mantenho minha palavra, majestade,” Adrian respondeu com uma voz firme, decidindo que a melhor estratégia, por ora, seria seguir o jogo de Hector. “Nossa aliança é prioridade para mim, e estou comprometido em fazer o que for necessário para garantir a paz entre nossos reinos.” Hector observou-o por um longo momento antes de finalmente se recostar em seu trono, satisfeito com a resposta. “É o que eu esperava ouvir, príncipe Adrian. Nosso futuro está entrelaçado, e devemos trabalhar juntos para assegurar que ele seja próspero para todos.” "Porém eu preciso que você também respeitem a minhas condições." Ele deu alguns passos para frente, como uma forma de mostrar confiança. "Enquanto a paz não estiver formalmente e oficialmente estabelecida entre os reinos, os conselheiros de Valoria não devem intervir nas decisões do conselho que afetem ao povo de Eldoria. Nossos conselhos devem agir sem impor suas opiniões e desejos um no outro." "Entendo sua preocupação, príncipe Adrian." Hector pareceu incomodado com a condição, mas se deixou abalar. "Dou minha palavra de que nenhum de nós," apontou para os conselheiros ao seu lado, "irão intervir ou mexer com os conselheiros de Eldoria." "Eu agradeço, vossa Majestade." Com a reunião concluída, Adrian se retirou do salão do trono, sentindo um peso ainda maior sobre seus ombros. Cada passo que dava pelas longas galerias do castelo parecia ecoar como um lembrete de que estava em território inimigo, rodeado por pessoas que não hesitariam em eliminá-lo se fosse conveniente. Quando finalmente alcançou seus aposentos, a lua estava alta no céu, e a noite se estendia em silêncio. No entanto, ele sabia que o castelo estava longe de estar adormecido. Havia conspirações em andamento, e o tempo estava se esgotando para ele descobrir os verdadeiros planos de Eldoria. Adrian se aproximou da janela, olhando para os jardins onde havia conversado com Elara horas antes. A imagem dela, solitária e melancólica sob a luz da lua, permanecia em sua mente. O que realmente estava passando pela cabeça daquela mulher? Quais segredos ela guardava? A lua refletia no metal frio de sua espada repousando sobre a mesa, um lembrete de que, apesar das belas palavras e promessas de paz, ele ainda estava em uma guerra. Talvez, pensou ele, a chave para essa guerra não estivesse no campo de batalha, mas na mulher que ele estava prestes a tomar como esposa.Enquanto o príncipe se preparava para tentar descansar, do outro lado do castelo, a princesa Elara estava sozinha em seus aposentos, lutando contra a tempestade de emoções que se agitava dentro dela. Ela havia ouvido cada palavra dita entre seu pai e Adrian através de uma passagem secreta, uma prática comum em Eldoria para espiar conversas importantes. O coração de Elara estava dividido. Ela sabia que havia uma missão a cumprir, uma ordem direta de seu pai que não podia ignorar. Mas cada vez que via Adrian, cada vez que ouvia a determinação em sua voz, algo dentro dela se rebelava contra o destino que lhe fora imposto. A visão do príncipe, solitário e observador, à luz da lua, a havia tocado mais do que ela gostaria de admitir. Naquele momento, ao ouvir a conversa entre Adrian e Hector, Elara percebeu que estava em uma encruzilhada. Ela poderia continuar no caminho que seu pai havia traçado para ela, seguir adiante com o plano que poderia garantir a vitória de Eldoria... ou poderia
A manhã seguinte foi agitada em ambos os reinos, pois foi anunciado oficialmente o noivado entre Adrian e Elara. Enquanto os líderes tentavam manter uma fachada de normalidade, era impossível ignorar o burburinho que se espalhava tanto em Eldoria quanto em Valoria. O casamento, que deveria ser um símbolo de paz, tornara-se o epicentro de tensões latentes, alimentando tanto esperanças quanto temores. Em Valoria, o anúncio do casamento entre o príncipe Adrian e a princesa Elara havia se espalhado rapidamente pelos campos e vilas. Para muitos, a notícia trouxe uma mistura de surpresa e ceticismo. As feridas da guerra ainda estavam abertas, e a ideia de uma união com o reino inimigo parecia quase impossível de aceitar. Nos mercados e tavernas, os cidadãos discutiam o noivado com fervor. Alguns acreditavam que a união poderia finalmente trazer a paz que tanto desejavam. "O príncipe Adrian sempre foi justo e corajoso," diziam. "Se ele acredita que essa é a melhor forma de garantir nosso f
As semanas que se seguiram ao noivado de Adrian e Elara foram marcadas por uma tensão silenciosa, uma espera que parecia eterna. O príncipe, preso em compromissos políticos urgentes, mal teve tempo para se encontrar com sua futura esposa. A guerra havia terminado, mas os problemas que ela deixara para trás exigiam atenção constante, e Adrian se viu mergulhado em decisões que poderiam moldar o futuro de seu reino. Era uma tarde fria e cinzenta quando Sir Edgar, o conselheiro de confiança de Adrian, entrou na sala onde o príncipe analisava documentos. A mesa estava coberta de relatórios sobre a situação do reino, desde o estado das colheitas até os relatos de descontentamento entre os nobres. “Como estão as coisas em Eldoria, Sir Edgar?” perguntou Adrian, sem tirar os olhos dos papéis. “Meu príncipe,” começou Sir Edgar, aproximando-se da mesa, “o fim da guerra trouxe algum alívio, mas as cicatrizes são profundas. Há fome nas aldeias e o povo ainda está desconfiado. A paz é frágil,
O crepúsculo caía sobre o reino de Eldoria, tingindo o céu com tons de laranja e vermelho, quando Adrian foi chamado para os aposentos de seu pai. O rei, uma sombra do homem vigoroso que uma vez governara com punho firme, estava reclinado em uma grande poltrona, seus olhos cansados fixos na janela, observando o sol desaparecer no horizonte. “Pai,” disse Adrian ao entrar no quarto, sua voz cheia de preocupação. O rei de Eldoria virou-se lentamente, seu rosto pálido e marcado pelo tempo e pela doença. Ele fez um gesto para que Adrian se aproximasse. “Filho, estou contente que tenha voltado. Precisamos conversar sobre o futuro de nosso reino.” Adrian sentou-se ao lado do pai, notando o quanto ele havia enfraquecido nas semanas em que esteve ausente. “O que deseja me dizer, pai?” O rei suspirou, a voz mais fraca do que Adrian jamais havia ouvido. “Eu sei que a guerra te forçou a tomar decisões difíceis, incluindo o noivado com a princesa Elara. Mas você precisa entender que o rei de V
A noite se estendia sobre o reino de Eldoria, com o céu estrelado servindo de cenário para os muros imponentes do castelo. O jantar havia terminado, e o príncipe Adrian se afastou da agitação dos convidados, buscando um momento de paz na varanda. O vento noturno trouxe um leve alívio para a tensão que ele sentia, mas suas preocupações não podiam ser dissipadas tão facilmente.Enquanto Adrian observava as estrelas, perdido em pensamentos sobre o futuro incerto, ouviu passos leves atrás de si. Ao se virar, encontrou Elara se aproximando, a luz da lua suavemente iluminando suas feições. Ela parecia mais confiante do que antes, seus olhos brilhando com uma determinação fria.“Esperava te encontrar aqui sozinho, meu príncipe,” Elara disse, a voz doce, mas com uma ponta de malícia.Adrian ofereceu um sorriso cansado, ainda perturbado pelas palavras de seu pai. “Às vezes, a solidão é o melhor conselheiro.” Repetiu palavras semelhantes as que ela lhe disse na sua primeira noite em Valoria, ar
Alguns dias haviam se passado desde o jantar em Eldoria, e o clima entre o príncipe Adrian e a princesa Elara tornava-se cada vez mais ameno e mais ardente. A atração que ambos sentiam era inegável, mas havia uma barreira invisível entre eles, uma mistura de desconfiança e intenções ocultas. Adrian decidiu que um passeio privado poderia aliviar um pouco dessa tensão, por isso sugeriu a Elara que visitassem um lago nas proximidades do reino de Valoria, um local que sempre trouxera paz à sua mente. Ela aceitou o convite, vendo nisso uma oportunidade de se aproximar ainda mais de Adrian e avançar em seu plano. Os dois saíram cedinho pela manhã, sem a presença da guarda real, pois Adrian desejava um momento a sós com a princesa para poderem se aproximar mais. Ao chegarem ao lago, cercado por densas florestas e montanhas distantes, ambos ficaram em silêncio por um momento, admirando a beleza tranquila do lugar. O reflexo das montanhas na água cristalina criava uma paisagem quase mági
O alvorecer do novo dia trouxe uma atmosfera tensa e agitada no castelo de Eldoria. A notícia do ataque das tropas estrangeiras se espalhara rapidamente, lançando uma sombra de inquietação sobre todos. O casamento entre Adrian e Elara, que até então era visto como uma simples formalidade, agora se tornara uma questão de urgência.Adrian, ainda abalado pelo ataque, passou a manhã em reuniões com seus conselheiros, organizando a segurança para os próximos dias. As ordens eram claras: os preparativos para o casamento deveriam ser concluídos o mais rápido possível, e a segurança do castelo reforçada.Elara, por sua vez, observava tudo com um olhar calculista. Seu plano estava avançando conforme planejado, mas a sensação de controle que antes possuía começava a escapar por entre seus dedos, pois seus pensamentos sempre a levavam a Adrian. Ela obviamente estava começando a se envolver de forma sentimental e a pressão de seu pai e a proximidade do casamento pesavam sobre ela, mas ela sabia
O sol nascente banhava o reino de Eldoria em tons suaves de dourado, trazendo consigo a promessa de um novo começo. Aquele era o dia do casamento entre o príncipe Adrian e a princesa Elara, uma união que prometia selar a paz entre Eldoria e Valoria. Mas, sob a superfície de alegria e celebração, havia uma tensão silenciosa, quase imperceptível, que pairava sobre o castelo. Nos aposentos da princesa, Elara observava seu reflexo no espelho. O vestido de noiva que ela usava era de uma beleza inigualável, feito de seda branca com bordados delicados em ouro. Mas, por mais deslumbrante que fosse, o vestido não conseguia esconder a batalha interna que se travava dentro dela. O plano de seu pai ecoava em sua mente, misturado com a crescente confusão de seus sentimentos por Adrian. “Senhora, o príncipe Adrian deseja vê-la antes da cerimônia,” informou a criada, interrompendo seus pensamentos. Elara assentiu, respirando fundo para se recompor. Ela precisava manter o foco, lembrando a si m