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05. Laços que unem e dividem

A manhã seguinte foi agitada em ambos os reinos, pois foi anunciado oficialmente o noivado entre Adrian e Elara. Enquanto os líderes tentavam manter uma fachada de normalidade, era impossível ignorar o burburinho que se espalhava tanto em Eldoria quanto em Valoria. O casamento, que deveria ser um símbolo de paz, tornara-se o epicentro de tensões latentes, alimentando tanto esperanças quanto temores.

Em Valoria, o anúncio do casamento entre o príncipe Adrian e a princesa Elara havia se espalhado rapidamente pelos campos e vilas. Para muitos, a notícia trouxe uma mistura de surpresa e ceticismo. As feridas da guerra ainda estavam abertas, e a ideia de uma união com o reino inimigo parecia quase impossível de aceitar.

Nos mercados e tavernas, os cidadãos discutiam o noivado com fervor. Alguns acreditavam que a união poderia finalmente trazer a paz que tanto desejavam. "O príncipe Adrian sempre foi justo e corajoso," diziam. "Se ele acredita que essa é a melhor forma de garantir nosso futuro, devemos confiar em seu julgamento."

No entanto, outros estavam menos convencidos. "Essa princesa de Eldoria," sussurravam nas esquinas, "ela não pode ser confiável. Quem sabe quais são suas verdadeiras intenções? Pode ser apenas um plano para nos destruir por dentro."

Adrian, sempre atento ao que se passava em seu reino, ouviu esses rumores e sabia que não seria fácil conquistar a confiança de seu povo. Havia anos de ódio acumulado entre os dois reinos, e ele estava prestes a trazer a filha de seu maior inimigo para dentro dos muros de Valoria. Mesmo assim, ele se recusava a recuar. Havia uma pequena esperança de que esse casamento pudesse realmente selar a paz que ele tanto ansiava, mas ao mesmo tempo, as palavras de seu povo pesavam em sua mente.

O príncipe sabia que, para convencer a todos de que Elara era digna de sua confiança, ele teria que provar, antes de tudo, que essa confiança também existia em seu coração.

Enquanto isso, em Eldoria, a reação ao noivado foi ainda mais intensa. O povo, sempre leal ao rei Hector, não conseguia entender por que sua princesa havia sido prometida ao príncipe inimigo. Para muitos, isso soava como uma traição.

"Por que o rei nos faz isso?" perguntavam nos mercados lotados. "Depois de tudo que Valoria nos tirou, ele vai entregar nossa princesa ao filho do nosso maior inimigo

Outros, mais conscientes das complexidades da política, tentavam encontrar lógica na decisão de Hector. "Talvez o rei esteja nos preparando para algo maior," conjecturavam. "Talvez ele tenha um plano que não conseguimos ver ainda."

Elara, por sua vez, estava ciente do que o povo de Eldoria pensava. Ela sabia que muitos a viam como uma mártir, alguém que estava sendo sacrificada em nome de uma paz incerta. Mas havia outros que a viam como um traidora, uma mulher que, ao se unir ao inimigo, poderia estar colocando em risco a segurança de Eldoria.

Essas percepções contraditórias a atingiam de maneira profunda. Embora estivesse determinada a seguir o plano de seu pai, as dúvidas sobre seu papel e as consequências de suas ações começaram a se insinuar em sua mente. A reação de seu povo, aqueles que ela deveria proteger e liderar um dia, pesava em sua consciência.

Naquela tarde, Elara e Adrian se encontraram nos jardins do castelo de Eldoria, um local que parecia paradoxalmente seguro e ameaçador. As flores desabrochando ao redor contrastavam com a tensão palpável entre eles, e o som suave da água correndo no chafariz ao centro parecia mascarar os pensamentos inquietos que ambos carregavam.

Adrian se aproximou de Elara, observando-a com uma mistura de curiosidade e cautela, não podendo deixar de notar como as curvas de seu corpo eram pecaminosas. "Você ouviu o que seu povo pensa sobre nosso noivado?" perguntou ele, sem rodeios. "E sobre o que o meu povo pensa?"

Elara, que estava de costas para ele, observando as flores, virou-se lentamente. "Ouvi," respondeu com um tom neutro. "Eles não confiam em mim, assim como os meus não confiam em você."

"Estamos em uma posição difícil, Elara," continuou Adrian, dando um passo à frente. "Como podemos esperar que essa união funcione se aqueles que deveríamos liderar não acreditam em nós?"

Elara fixou seus olhos nos de Adrian, tentando ler as intenções por trás de suas palavras. "O que você espera que aconteça, Adrian? Que de repente todos esqueçam os anos de guerra e sofrimento porque decidimos nos casar?"

"Não," respondeu Adrian, balançando a cabeça. "Mas espero que possamos mostrar que há algo mais forte do que o ódio. Algo que possa, com o tempo, mudar o curso da história."

Por um momento, Elara sentiu uma pontada de empatia pelo homem à sua frente. Ele parecia genuinamente comprometido em encontrar uma solução para a guerra que havia devastado ambos os reinos. Mas ela sabia que seu papel não era o de construir, mas de destruir. O plano de seu pai era claro, e qualquer desvio poderia significar a ruína para Eldoria.

"A questão não é o que o povo espera, mas o que nós estamos dispostos a sacrificar," Elara repetiu as palavras da noite anterior, mas agora carregadas de um significado oculto que Adrian não poderia entender completamente.

"Eu estou disposto a sacrificar muito para garantir a paz," respondeu Adrian, dando mais um passo na direção dela. "Mas a questão é: você está?"

Elara sentiu o peso de sua pergunta, e por um instante, hesitou. Ela sabia o que precisava ser feito, mas havia algo nos olhos de Adrian, algo que a fazia questionar tudo. O que ela estava realmente disposta a sacrificar? Seu pai a havia criado para isso, mas agora que estava cara a cara com a realidade, tudo parecia mais complicado.

"Estou pronta não só para sacrificar, como também para lidar com as consequências." Falou com um tom convicto o suficiente para fazer o príncipe sorrir levemente.

"Fico feliz em saber que agora compartilhamos do mesmo pensamento. " Ele se aproximou e deu o braço para que ela o segurasse. "Vamos dar um passeio, para nos conhecermos melhor."

Enquanto os dois caminhavam no jardim, os rumores sobre o noivado continuavam a se espalhar pelos reinos. Em Valoria, alguns cidadãos começaram a organizar manifestações em apoio à união, acreditando que essa era a melhor chance de paz. No entanto, outros protestavam vigorosamente, exigindo que o príncipe Adrian rompesse o compromisso antes que fosse tarde demais.

Em Eldoria, o povo se reunia nas praças para discutir o futuro. Alguns viam o noivado como uma traição, enquanto outros começavam a acreditar que talvez essa fosse a única maneira de evitar mais derramamento de sangue. A incerteza reinava em ambos os reinos, e a tensão crescia a cada dia.

Elara e Adrian, cada um lidando com suas próprias dúvidas e os desafios de liderar seus povos, perceberam que estavam em um caminho sem volta. O casamento, que deveria unir os reinos, estava prestes a desencadear uma série de eventos que poderiam definir o futuro de todos.

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