Amor Elástico
Amor Elástico
Por: Gisele Souza
Prólogo

Theo

Estávamos no carro há mais de três horas, não aguentava mais, sentia que já poderia fazer parte do estofado, meu corpo todo doía e ainda por cima estava irritado. Meu pai decidiu que tínhamos que nos mudar. Quando o confrontamos de o motivo dessa tragédia estar se abatendo em nossas vidas, ele se limitou a dizer somente: “Uma cidade mais calma, no interior, é o melhor lugar para criar vocês”. Só de lembrar-me disso ficava entediado. Segundo ele era para o nosso bem, mas eu e minha irmã gêmea não concordávamos, nós tínhamos nossa vida. Como desfazer de nossos amigos de repente? Com dez anos fica muito difícil se enturmar num grupo já formado e ser popular.

Ser criança é complicado, sua opinião não vale nada. E se nesse novo lugar tivesse um monte de estranhos? E se não tivesse uma pista de skate? Ficaria louco com certeza!

Tudo bem! Confesso que poderia estar exagerando, podia parecer um drama de criança, mas, para mim, naquele momento, pareceu o fim do mundo.

Depois de um tempo, que na verdade pareceu uma eternidade, chegamos enfim em frente ao meu novo lar.

Até que não era ruim, dois andares, varanda enorme, quintal grande de grama verde, tinha até uma árvore na frente com balanço, onde uma cerca branca de madeira circulava toda a casa.

Possivelmente eu poderia enumerar os contras dali se não tivesse minha atenção totalmente desviada.

Quando eu desci do carro escutei a maior algazarra nos vizinhos. Curioso, me aproximei da cerca que fazia divisa com a casa ao lado. Foi quando eu a vi: ela tinha os cabelos encaracolados e vermelhos, era tão branquinha que chegava a doer os olhos, cheia de sardas no rosto. Estava correndo pelo gramado atrás de um cachorrinho, gritando e pulando, com um vestidinho azul de bolinhas brancas que voava ao redor dela, como se fosse um anjo.

De repente ela parou, olhou diretamente pra mim. Todo o ar foi sugado dos meus pulmões. Ela tinha os olhos num verde mais lindo que já tinha visto. Quando abriu um sorriso, eu precisei me segurar para não cair.

E foi aí que percebi que as coisas iriam mudar.

Desconfiei que, afinal, não seria tão ruim morar ali.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >
capítulo anteriorpróximo capítulo

Capítulos relacionados

Último capítulo