Marina
Meu telefone não parava de tocar, Edu estava atrás de mim como um louco, devia estar querendo defender o Theo. Homens, sempre se juntavam nessas merdas. Cansei de tanto chorar em casa e parti para a piscina. A água sempre me relaxava.
Troquei-me no vestiário e fui para borda. Pulei e me acalmei instantaneamente, enquanto a água passava por meu corpo, levava minha raiva embora. Então, só ficou a dor. Muita dor. Minhas lágrimas se misturavam com a água, então nem me importei em chorar tudo que tinha vontade.
Depois de mais ou menos umas quatrocentas voltas, decidi sair, pois já estava bem mais calma. Subi a escada e a razão de todo o meu sofrimento estava ali sentada numa cadeira com as pernas cruzadas. Carol me olhava com um brilho louco nos olhos.
— O que você quer agora, Carol?
Ela deu uma risadinha sinistra e levantou.
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TheoEstava em meu quarto quando recebi um texto da Tati, que estava na porta do prédio e queria falar comigo. Desci desanimado, mas podia ser alguma notícia da Marina.Cheguei à portaria e Tatiana parecia um fantasma, de tão pálida.— O que foi, Tatiana?— Eu achei a Carol.— Ah, você me tirou da cama pra falar isso? Vou voltar.Ela segurou meu braço.— Espera, Theo. Deixa-me terminar. Eu a vi na lanchonete se vangloriando com uma menina. Ela disse que estava aqui num dia que você chegou do trabalho e nem a viu. Ela teve que dormir com seu colega Raul para ele deixá-la tirar uma foto.Arregalei os olhos. Filho da puta, ia se ver comigo.— Mas isso não é o pior. Ela viu Marina indo em direção à piscina e decidiu esperar um pouco antes de ir pra lá. Disse que ia infernizar ela
Marina Estava numa névoa entre a realidade e o sonho. Minha cabeça latejava, e de olhos fechados podia sentir o toque da mão de Theo no meu braço. Só podia ser alucinação, a última coisa que me lembro é de escorregar e cair na beira da piscina. Ouvia sua voz rouca me dizer que tudo ia ficar bem, que ele me amava. Seus beijos frescos como a brisa me davam força para voltar à vida. Quando abri os olhos a primeira coisa que vi, foi IVs ligados pelos meus braços, uma máquina cardíaca apitando ao meu lado. E pude sentir a dor da pancada que levei na cabeça. Virei de lado devagar e o vi ali na poltrona. Ele estava todo amassado. Sua roupa era a mesma que estava na faculdade, porém sujas e amarrotadas. Theo estava com o olhar fixo no teto, pensativo. De súbito ele olhou para baixo, em minha direção. Eu pude ver toda a preocupação estampada em seu rosto. Com os olhos arregalados, se aproximou devagar. Parecia receoso. Colocou sua mão em
TheoTinha uma lista de recomendações que o médico me deu para a recuperação da Marina. Eu sabia que ela ia chiar com tudo aquilo. Mas teria que aceitar tudo quietinha.Em casa o quarto dela já estava pronto, tinha preparado um colchão extra, não ia sair de seu lado nem por um minuto. Mas não queria correr o risco de dormir com ela e machucar sua cabeça. Edu disse que teria uma surpresa para quando voltássemos.Quando pisamos na sala estava cheia de balões e nossos amigos estavam ali aguardando a volta dela. Marina era muito querida, mesmo não sabendo disso. Lipe se aproximou, envergonhado.— Mari, queria pedir desculpas por tudo o que aconteceu.Ela colocou a mão em seu braço e apertou.— Está tudo bem, Lipe. Somos amigos, não vamos falar mais nisso, ok?Ele assentiu e foi falar com algumas
MarinaDuas semanas se passaram para que eu fosse liberada do repouso. Foi difícil aguentar o Theo todo esse tempo. Eu o amo mais do que nunca, mas ele de enfermeiro era terrível, pior que uma freira. Toda vez que eu tentava algum movimento, ele desvencilhava brincando.Aconteceram coisas importantes nesse tempo. Recebia visitas de meus amigos todos os dias, e era atualizada das coisas que aconteciam.Tatiana e Edu finalmente resolveram seus problemas, eles já estavam a meio caminho de uma reconciliação, mas depois de verem Theo desesperado com medo de que eu fosse morrer, eles se deram conta do quanto se amavam e resolveram apagar o passado e começar de novo. Eca, dava enjoo só de olhar. Estavam na fase de docinho. Era bebê pra cá, gatinha pra lá. Ai, que irritante! Devia ser porque eu estava em jejum absoluto.Outro casal que se acertou foi a Cibele e o Enzo. Improv&aacut
TheoEu estava uma pilha de nervos a noite passada, não foi minha única surpresa para ela. Rodei a cidade inteira tentando achar algo legal, que coubesse em meu orçamento.Planejei toda a noite minuciosamente. Tive ajuda do meu amigo, agora cunhado, Edu. Marina adorava parque. Quando eu disse a ela que íamos comemorar lá, ela ficou animadíssima. Passou o dia todo com Tatiana e Cibele — que estavam numa boa com seus novos namorados — arrumando cabelo, fazendo as unhas, coisas de mulheres.Eu fiquei feliz, pelo menos ela não ia ver o meu nervosismo e desconfiar. Quando foi se aproximando da hora, eu já não me aguentava parado. Quase fiz um buraco na sala esperando-a sair do quarto.— Calma, cara! Vai dar tudo certo.Olhei Edu que estava sentado no sofá, me olhando divertido.— Você fala isso porque não é você. Q
MarinaSeis anos se passaram. Terminamos a faculdade e agora trabalhávamos num jornal local. Eu gostava muito da minha profissão, era revigorante fazer parte das notícias. Tínhamos nos mudado e morávamos juntos. Edu saiu do apartamento e foi viver com Tatiana.Depois do pedido de Theo, Edu se sentiu pressionado e propôs a Tati também. Só que ela não aceitou. Porém, três anos depois ele perguntou de novo e ela acabou cedendo.Eu amava o Theo mais do que nunca. Nossa vida era boa. Nada de muitas surpresas estrondosas, até alguns meses atrás. Nosso casamento estava sendo planejado há um ano. Minha mãe cuidou de tudo, já que os pais de Theo não concordavam com o nosso relacionamento. Ele virou o filho que meus pais não tiveram.Nosso casamento ia ser no quintal de casa, onde tudo começou. Eu estava no meu antigo quar
Theo Estávamos no carro há mais de três horas, não aguentava mais, sentia que já poderia fazer parte do estofado, meu corpo todo doía e ainda por cima estava irritado. Meu pai decidiu que tínhamos que nos mudar. Quando o confrontamos de o motivo dessa tragédia estar se abatendo em nossas vidas, ele se limitou a dizer somente: “Uma cidade mais calma, no interior, é o melhor lugar para criar vocês”. Só de lembrar-me disso ficava entediado. Segundo ele era para o nosso bem, mas eu e minha irmã gêmea não concordávamos, nós tínhamos nossa vida. Como desfazer de nossos amigos de repente? Com dez anos fica muito difícil se enturmar num grupo já formado e ser popular. Ser criança é complicado, sua opinião não vale nada. E se nesse novo lugar tivesse um monte de estranhos? E se não tivesse uma pista de skate? Ficaria louco com certeza! Tudo bem! Confesso que poderia estar exagerando, podia parecer um drama de crian
MarinaJá vi gente dizendo que quem pratica o bullying não tem a noção do quanto machuca os outros, que pode ser uma forma para chamar atenção, que pode ser insegurança e um monte de motivos que não cabe no que ele realmente causa. Eu nunca concordei com essas “explicações”, acredito que todos que sofreram essa agressão alguma vez na vida irão me dar razão. Para mim, como todo ato intencional para magoar, ele é uma covardia, uma maldade feita exatamente com esse intuito. Machucar e humilhar...E com isso dito eu afirmo, o ensino médio é uma droga!Quem teve uma experiência boa nessa loucura não irá concordar comigo, mas vou te dizer que de longe foram os piores anos da minha vida. Essa passagem da minha história foi um inferno. Além, claro, dos hormônios adolescentes qu