Marina
Theo me olhou e sorriu, todas as vezes que isso acontecia fazia minhas pernas virarem gelatina. Ele escondia alguma coisa, suas mãos estavam para trás e seu rosto ficou vermelho como um pimentão. Aproximou-se e me deu um beijo no rosto.
— Bom dia, Mari. — Corou ainda mais, como se fosse possível.
— Oi, Theo. O que você tem aí atrás?
Abaixou a cabeça e começou a fazer círculos no chão com o tênis. Eu tive que rir, nunca o vi tão envergonhado. Nós éramos amigos há dois anos e ele sempre foi extrovertido. O que aconteceu para ficar assim?
— É... é um presente. Não ria, ok?
Eu assenti e ele me estendeu uma caixinha, num papel de presente todo amassado. Dentro da caixa havia um colar de couro com um pingente de madei
TheoNão entendia a Marina! Sério! Se estava com tanta raiva da Carol dar em cima de mim, por que dava bola para aquele idiota? Meu amigo, se olhar matasse, eu estaria durinho no chão. O Lipe atacou assim que viu uma brecha, só não teve muita sorte, mesmo percebendo que ela queria me provocar, minha ruivinha o dispensou e saiu sozinha.Agora a Carol não parava de tagarelar na cabeça da Marina. Eu juro, tinha fumaça saindo dos ouvidos dela.O professor entrou e todo mundo ficou em silêncio.— Pega aí, irmão. — Um garoto me estendeu um papelzinho.Eu abri e era do Enzo. Ele dizia o seguinte:“Cara, a Carol tá espalhando pra todo mundo que dormiu com você.”Eu olhei para ele com os olhos arregalados, que acenou confirmando. Aí me toquei, era por isso que a Marina estava
MarinaFumegante!Era como estava me sentindo. Quase não cabia em mim de tanta raiva. A última aula passou como um flash. Não vi nada, não ouvi nada. Tudo era uma droga! Estava doida que chegasse a aula de natação, para poder extravasar toda aquela merda. Não sei se fui grosseira com Lipe, mas já não aguentava escutar nada de ninguém. A Carol continuou me perturbando em todas outras aulas. Já estava perdendo a paciência, enfim a tortura terminou.Esperei Cibele no final da aula, íamos almoçar juntas e, em seguida, iríamos para a piscina. Chegamos a uma lanchonete ao lado da faculdade. Sentamos e fizemos nossos pedidos. Ela estava me olhando estranho, desde a hora que Carol soltou aquela bomba no meu colo.— Ok, chega disso, Ci. Fala logo!— Você sabe que a Carol pode estar mentindo, né?&mdas
TheoEla estava olhando para mim muito séria e chateada. Eu entendia o porquê. Se fosse o contrário não daria nem tempo, já começaria a gritar querendo explicações. Mas não pude deixar de notar seu interesse ao avaliar todo o meu corpo assim que me viu. E nem consegui segurar um sorriso que veio com a constatação de que Marina não era imune a mim.— O que você quer? Não tenho tempo pra conversar, meu treino é daqui a pouco — falou num fôlego só, sem pausa para respirar.— Eu sei por que você está assim e queria me explicar.— Não sei do que você está falando.Era ótima em desconversar. Marina não gostava de admitir o que a magoava, devia ser um mecanismo de autopreservação que adquiriu com o passar dos anos devido ao bullying qu
MarinaCibele estava me esperando do lado de fora quando saí. Eu estava sentindo meu peito comprimido depois da conversa com Theo.Refleti em retomar nossa amizade, enquanto dava braçadas na piscina e fiquei muito confusa. Mas havia uma coisa que minha mãe me ensinou, que todos mereciam uma segunda chance, quando seu arrependimento era sincero. E eu vi muita honestidade e saudade em seus olhos. Quando Theo beijou minha mão, não consegui aguentar, meu coração disparou quase saindo do peito.E a surpresa de saber que estava trabalhando, me deixou desconcertada com minha desconfiança. Theo nunca quis pegar em nenhum trabalho pesado. Só queria se divertir. Se eu podia mudar, ele também podia. Não é verdade?Cheguei perto da Cibele, e percebi que Edu não estava em parte alguma.— Oi, cadê o Edu?— Foi pra casa, disse que esta
TheoMarina me olhou com os olhos semicerrados e respirou fundo. Eu sabia que minha provocação iria surtir efeito. Uma coisa que eu aprendi ao longo da nossa amizade era que a Mari podia ser esquentadinha, porém se a provocasse, ficava desconcertada e não sabia o que fazer.Com minha declaração provoquei uma reação que quase me fez cair de joelhos. Levou os dedos aos lábios carnudos e corou fortemente, o que a deixou ainda mais linda. Ela era maravilhosa! Mas ciúme te corrói e envenena, ainda estava irritada e reagiu como qualquer um faria. Bufou e deu meia volta, me deixando com cara de paspalho no meio da boate.Sorri e comemorei mais uma batalha vencida, porém ainda tinha o problema com as mentiras daquela louca.Merda! O que a Carol estava querendo com aquelas mentiras? Nós dois sabíamos que não tinha rolado nada. Eu iria achá-
MarinaAquela cadela!Sabe quando você não se aguenta e tem vontade de gritar, gritar e gritar? Estava me sentindo exatamente assim. Encontrava-me rodando alguns minutos atrás do Edu e da Cibele. Deviam estar num canto qualquer se pegando, acho que se deram bem pelo que vi na pista de dança.Finalmente os encontrei. Estavam sentados no bar, bem juntinhos e conversando. Cheguei e fui logo extravasando:— Eu pego aquela garota... Que vadia mentirosa!Os dois olharam para mim como se eu fosse louca. No momento eu estava mesmo, de raiva. Sabia que podia ser mentira da Carol, mas não queria dizer que não havia atingido o ponto provocado. Ciúme!— O que foi, Mari? — perguntou Cibele, preocupada.— Aquela cadela da Carol, ainda está insistindo que dormiu com o Theo, estou começando a achar que ela fala a verdade. Por que insistir tanto, quando
TheoO final de semana passou e fiquei em um estado catatônico, sem saber se tudo o que havia rolado na sexta-feira era sonho ou realidade: a dança, o beijo, o ciúme, o colar. Cara, ela ainda tinha o colar. Será que com isso, estava querendo dizer algo? Será que havia me perdoado totalmente? Estava pronta pra recomeçar?Uma coisa era certa, fiquei balançado com tudo. A única coisa que atrapalhou foi aquela louca da Carol. Menina estranha, não conseguia ouvir um não e deixar para lá. Mas eu estava esperto, de olhos abertos. Ela não ia conseguir estragar minha relação com a Mari. Tudo bem, ainda não tínhamos nada, mas cedo ou tarde a teria só para mim.Naquela semana esperava retomar nossa amizade. Por mais que desejasse um bis do beijo, não ia forçar a barra. Queria lembrá-la do porquê de
MarinaNão sabia como me sentir. Todo o final de semana, coloquei os prós e contras na volta da minha relação com ele. Agora tão perto, acreditava não ter opção. Cada sorriso que era direcionado a mim, fazia meus joelhos fraquejarem.A única coisa que estragou meu dia foi na hora que a Carol veio falar comigo, disse que seria muito bom aproveitar enquanto podia. Mas, depois que o Theo me usasse, partiria para outra, como fez com ela.Sinceramente? Não sabia o que pensar. Queria acreditar que não rolou nada, mas eu não conseguia entender o porquê da Carol estar tão obstinada a dizer que toda essa história era verdade.Desde que ela saiu em disparada pela porta, não voltou mais. E Lipe estava com uma cara de desgosto, coitadinho. Ele olhou para mim e sentou ao meu lado.— Mari, eu queria pedir desculpa pela minha irm&atil