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Dois anos e meio depois

Quando dois anos e meio depois do ocorrido Jessica recebeu alta médica, ela não tinha para onde ir. Sua tia e primos não passaram nem uma vez no hospital para sabe dela. Ao sair do hospital pela primeira vez depois do acidente se sentiu como se tivesse saído de uma  prisão. Parou a porta do hospital. A mulher saiu lentamente depois de um tempo.

Da perspectiva de um transeunte que passava aquele momento. A mulher era incrivelmente magra, o vestido branco que usava fazia sua pele parecer ainda mais pálida. Parecia uma folha de outono pronto a ser levado pelo vento.

Ela carregava uma pequena bolsa de couro preto, no ombro direito, na mão esquerda uma bolsa de viagem com seus pertences. E algum dinheiro, tinha o apoio da família do vovô Manuel.  Mas, não queria ser um fardo para eles. Hoje estava saindo sozinha, ela caminhou devagar, passo a passo em direção ao ponto de ônibus a mais de cem metros de distância. Seu caminhado tinha um leve arrastado. Fora do hospital a temperatura estava muito quente, era verão, caminhando na estrada de cascalho, o mormaço subia claramente visível a olho nu. A temperatura de hoje é de pelo menos 33 graus. Uma mulher caminha sob o sol e seu corpo está seco sem uma gota de suor. Havia na pele pálida do rosto, dos ombros, braços e pernas cicatrizes visíveis.

Esta criatura caminhou até o abrigo do ônibus esperando por qualquer um que fosse para a zona Sul. Quando o ônibus chegou, a mulher entrou com certa dificuldade e cuidadosamente tirou a passagem da pequena bolsa entregando ao cobrador a quantia exata do pagamento. Não havia muita gente no ônibus, e o motorista deu uma olhada nela e depois tirou seu olhar indiferente da garota, ligou o veículo e foi embora. Durante cerca de uma hora rodaram pelos subúrbios, quando entraram na área residencial próximo ao mar, ela se preparou para descer. Ela pegou sua bolsa de viagem na mão direita e desceu na parada. Havia uma praça com bancos de pedra sobre sombras de arvores próximo ao mar. Ela preferiu sentar-se na mureta do calçadão da praia. Quase três anos se passaram. O mundo do lado de fora do hospital tinha mudado. Mas, não só o mundo  mudou muito. Ela não era mais a mesma pessoa de anos atrás.

 De repente um fato pareceu muito doloroso. Para onde iria? Havia procurado emprego antes mesmo de receber alta médica. Porque se sentia sozinha e precisaria se sustentar. No ano passado, quando o vovô Manuel morreu, seu filho esteve com ela para dizer que ela não estava sozinha, porém, a esposa dele era uma mulher muito diferente com um temperamento explosivo e Jessica não queria atrapalhar a vida das outras pessoas. Esta manhã quando recebeu alta ligou para ele disse que tinha para onde ir. O que era a mais deslavada mentira.

 Levantou-se de onde estava sentada e lembrou que três ruas paralela à esta, havia uma pequena pousada, onde poderia dormir por hoje. Estava um pouco cansada, a muito não se exercitava tanto. No meio do caminho viu um cartaz em um estabelecimento procurando algumas pessoas para trabalhar. Ela entrou no estabelecimento, foi até o quadro geral das informações de recrutamento. Entre as vagas havia algumas para garçonete. Que não lhe era conveniente já que constantemente perdia o equilíbrio e o de faxineira. Quantas vezes no já limpou banheiros? Em outras condições, claro! Depois de conferir, parou um pouco para ponderar sobre o assunto. Ela não tem família, estava sem dinheiro e não queria impor a família do vovô Manuel sua presença, além do mais, não deveria chamar a atenção até o dia do julgamento.

O estabelecimento era uma casa antiga, restruturada para abrigar um bar. Se chamava “Jardim das Gardênias”.  Pediu informações na recepção e logo encontrou o escritório, onde estava se fazendo o recrutamento. Havia outras garotas esperando a sua vez de ser chamada para a entrevista. Ela sentou-se próxima a uma jovem bastante bonita de cabelos e olhos negros. Depois de algum tempo ela foi chamada, Assim que entrou na sala seu corpo sentiu o impacto da diferença de temperatura, ela estremeceu. O ar-condicionado a fez tremer de frio.

 “Nome,” o homem disse impacientemente.

"Jessica." Ao ouvir a voz o homem levantou os olhos do papel. Ele estreitou os olhos quando a viu. Não chegava a ser desagradável, mas, não era bonita. Então ele falou:

"Nosso estabelecimento não é um clube de entretenimento comum, e as pessoas que o frequenta, não são convidados comuns."

Ao terminar ele a olhou de cima a baixo novamente. Jessica olhou para ele e não escondeu seu desgosto. Ele obviamente olhou para ela, que estava usando uma roupa branca em seu corpo que não a favorecia. Além do mais a quantidade de cicatrizes poderia assustar os mais sensíveis. Nosso bar não é um lugar comum. Mesmo as garçonetes comuns devem ter uma boa aparência e um corpo quente. O homem se levantou, acenou com a mão e negou o trabalho muito seriamente:

"Não, você não pode fazer isso, mesmo se for uma garçonete tem que ser agradável aos olhos."

“Eu me inscrevi para faxineira.” Respondeu com uma voz tremula.

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