Nota da Autora
O casal deste livro tem início no livro um, contudo, AMO-TE Loucamente tem sua sequência exatamente após o casamento de Kate e Josh, de AMO-TE Desde sempre.
São livros individuais, porém, os personagens transitam no mesmo universo. Para uma melhor leitura, AMO-TE Desde sempre deve ser lido primeiro.
Em AMO-TE Loucamente vamos acompanhar como foi toda trajetória do casal que cativou muitos leitores ainda no livro um. Todos sabem, devido a alguns spoilers do livro anterior, como nosso casal termina, porém, o caminho traçado por eles não foi nada fácil, todavia, toda turbulência só serviu para uni-los ainda mais e mostrar que o amor é maior que tudo quando se ama loucamente.
Por favor, esteja ciente de que AMO-TE Loucamente contém cenas maduras, para maiores de dezoito anos.
Abraços, Júlia Ashley
Levi Martinelli
Olhando Lindsey adormecida ao meu lado, penso em como a vida é uma caixinha de surpresas. Quem diria que hoje estaríamos à caminho da Itália para o nosso casamento. Como ela não tem família, apenas uma tia idosa, que está com o filho em outro país e está um pouco adoentada, não pôde viajar, e uma amiga, a qual com quem dividia o apartamento e que também não pode comparecer. Será só a minha família mesmo na cerimônia.
Ela resistiu o quanto pôde, mas, eu soube usar bons argumentos.
Ela continua tão atrapalhada como quando a conheci, poucos meses atrás. Pensar naquele dia, traz um sorriso ao meu rosto.
Realmente o mundo dá muitas voltas.
Eu estava tão estressado, não sabia o que pensar.
Depois de horas dentro de um avião, eu fui direto para a empresa do meu pai. Naquele dia estava se encerrando o prazo que dei a meu pai, ou ele tomava uma atitude ou tomaria, eu. Não aguentava mais tanta enrolação. Apesar de ter conseguido meu primeiro objetivo, eu não consegui me livrar da ideia que minha mãe fixou na cabeça dela, até hoje ela me enche com isso e mesmo que tente disfarçar para minha noiva, sei que minha mãe não engoliu meu casamento repentino.
Amo minha família, tenho muito respeito por eles, mas jamais permitirei que me tratem como um moleque. Se eles pensam que tomarão as rédeas da minha vida estão muito enganados. Principalmente minha mãe, que mantém essa ideia de seguir à risca as tradições familiares.
Há muito tempo resolvi que seguirei meu caminho sem essa droga toda, e não permitirei o contrário. Essa história de tradição familiar é uma furada e se para eles funcionou, beleza, comigo não. E o primeiro passo era sair da Itália.
Cresci vendo o que a frustração pode causar às pessoas, ainda mais por se sujeitarem a fazer o que os outros querem e não aquilo que têm vontade.
A verdade é que não precisei usar muitos argumentos, meu pai já estava meio cansado de tudo isso, ele é um homem do campo e ama tudo que nossa Quinta representa. Foi fácil mostrar o quanto ele estava perdendo longe de tudo aquilo lá. Enquanto estive na faculdade, administrei os negócios de produção de vinhos e de azeite com excelência, tornamo-nos referência nesse quesito em toda a Itália e minha nonna, era só elogios para mim.
Eu também amo nossa Quinta, cresci naquelas terras, correndo livre em meio às oliveiras ou as parreiras, poucas vezes estava no Canadá com meus pais, preferia ficar na Toscana. E até hoje acho uma das regiões mais lindas de toda Itália.
Não apenas a minha família, mas algumas outras também eram produtoras de vinhos, que são distribuídos por todo o país e para fora dele.
Eu estava feliz, mas, as implicações de permanecer lá, não me agradavam, ainda mais depois que Lorenzo se casou com nossa prima Giovanna, e todas as atenções se voltaram para mim. Então resolvi mudar o rumo das coisas.
Sem que minha família soubesse, comprei um apartamento no Canadá, onde pretendia me estabelecer, já que conhecia muito bem o país, peguei as chaves do meu novo lar, que estava com a decoração pronta, tinha recebido a ligação no dia anterior, me informando, dez dias antes do prazo.
Perfeito!
De dentro do táxi, observei a fachada imponente da Martinelli Corporation, criada por meu avô e repassada ao meu pai, e se tudo desse certo como eu esperava, logo estaria sob meu comando. E assim foi...
Mas o inusitado foi o que aconteceu antes disso.
Depois de pagar a corrida, coloquei meus óculos escuros, descendo em seguida do carro. Abotoei o terno e com passos firmes, segui disposto a resolver a questão que me levara até ali.
Adentrei o saguão, estava tão concentrado em meus pensamentos, que não me dei conta de que ia esbarrar em alguém, só percebi quando senti o impacto e ouvi sua voz.
— Ai...
Minha primeira reação foi segurá-la, mas, absorto como estava, meus reflexos ficaram lentos e ela foi de bunda no chão, espalhando os papéis que estavam em suas mãos.
— Perdono (perdão), não vi você — ajudei a recolher as folhas e vi que eram contratos da empresa. Ela deve ser funcionária daqui — pensei.
— Eu estava distraída, mas o senhor podia olhar por onde anda — que ragazza (garota) desaforada.
Encarei-a, boquiaberto, a mulher de cabelos castanhos, olhos verdes, nariz empinado, um corpo de chamar a atenção, tem também uma língua afiada. Eu pedi desculpas e ela me responde assim?
— O mesmo vale para a senhorita — ela arregalou seus olhos verdes, que são muito expressivos, ia dizer alguma coisa, mas acabou desistindo.
— Dá-me isso aqui — pegou as folhas da minha mão. — Vou ter o maior trabalho para organizar tudo isso de novo e a culpa é sua.
— E sua, já que estava distraída — usei sua fala contra ela mesma. Dei um sorriso de lado para amenizar o clima. Levantei lhe estendendo minha mão.
Ela olhou e fazendo pouco caso, ignorou e levantou-se sozinha.
Recolhi minha mão, um pouco desconfortável, desmanchei o sorriso.
“Que mulherzinha mais ranzinza” — pensei.
Olhei seu crachá, vendo seu nome e logo abaixo escrito presidência.
Antes que eu dissesse mais alguma coisa, ela caminhou para um corredor sem dizer uma palavra.
“Tanto melhor” — analisei comigo mesmo.
Caminhei para o elevador com um sorriso se instalando em meus lábios.
— Pelo jeito, se eu ficar por aqui, vai ser interessante — disse em voz alta.
Saí do elevador e como não tinha ninguém na recepção, fui direto para sua sala.
Depois de cumprimentar meu pai. Sentamos para conversar e antes que eu entrasse no assunto que me levou até ali, ele disse.
— Sabe filho, pensei muito em nossa última conversa e acho que você tem razão. Que sua mãe não me ouça — disse, fazendo graça. — A verdade é que já não quero mais nada disso, isso agora é para você, que é jovem e está com todo gás. Seu irmão jamais vai querer assumir isso aqui — ele fez um gesto com a mão, mostrando todo o lugar. — Recebi esta empresa como herança de seu avô Enrico, que batizou com o nome da família, mesmo não sendo um Martinelli.
— Sim! Conheço a história...
— Pois bem, resolvi que vou me aposentar, nem da Quinta vou cuidar, quero viajar, já trabalhei muito. Seu primo Pietro pode muito bem cuidar de tudo lá, enquanto você está aqui. Lorenzo só quer saber daquele consultório dele, sua irmã é muito nova.
— Apesar de não confiar no Pietro, acho que essa é a melhor solução e estando lá, nos intervalos de cada viagem, você pode acompanhar por cima como andam as coisas.
— Também não confio. Porém, não tem outro jeito, e querendo ou não, aquilo lá também é dele.
— Sim...
— Só preciso lhe passar alguns detalhes com relação às negociações que estou com a companhia Ferrell, é um processo de fusão, vou lhe explicar tudo e também detalhes e arranjos com alguns funcionários, e esses arranjos devem permanecer como estão.
E assim ele foi me explicando tudo até que o interfone de sua mesa tocou e ele autorizou a entrada da gestora de projetos, de quem tinha acabado de falar. Eu nunca tinha visto alguém com o rosto tão angelical, não conseguia desviar meus olhos da direção dela.
— Srta. Welsh, por gentileza, venha aqui. Gostaria que conhecesse meu filho — meu pai disse e eu me levantei. — Vocês vão trabalhar muito juntos. E ela está à frente do planejamento para que a fusão com os Ferrell seja um sucesso — dirigiu a mim a última frase.
Corada, ela se aproximou de mim e estendeu sua mão.
— Como vai Sr. Martinelli? É um prazer conhecê-lo — sua voz era doce e firme, segurei em sua pequena mão. — Seu pai já tinha me avisado de que ficaria à frente da empresa.
— Levi, apenas Levi e o prazer é todo meu — eu ainda segurava sua mão e ela deu uma leve puxada. Soltei de imediato.
— Sente-se querida — meu pai falou e o clima estranho que havia se formado foi desfeito. — Fale um pouco do projeto para ele se inteirar.
Eu não pretendia me demorar ali naquele dia, mas estava tão fascinado com tudo que ouvia e com quem estava à minha frente, que eu prestava a atenção em tudo, não perdia um movimento seu.
As horas se passaram tão rápido, que quando dei por mim, era hora do almoço e ela precisou ir. Ainda a convidei para almoçar conosco, mas, ela recusou alegando um compromisso e meu pai me explicou que seu trabalho era meio expediente e assim deveria permanecer, pois, ela cuidava do filho pequeno. Lembro que me senti frustrado, não tinha percebido que era casada, o que vim a descobrir mais tarde que estava enganado. Mas não adiantou muito, já que ela nunca me deu bola e hoje agradeço por isso.
Naquele mesmo dia, tive um segundo encontro com a maluquinha do saguão e foi inevitável soltar uma gargalhada quando vi sua cara ao saber que eu seria seu novo chefe.
Estava saindo da sala, acompanhado por meu pai.
— Agora vai conhecer sua assistente, ela é meio... Como é mesmo a palavra que ela usou? — ele tentou se lembrar. — Estabanada, isso, foi essa a palavra, mas é inteligentíssima e igualmente eficiente. Está conosco desde o estágio, assim como a Srta. Welsh.
Quando ele a chamou, ela estava distraída, parece que esse é seu estado permanente, então, acabou batendo no copo com água que foi direto para os seus pés, molhando seu sapato esquerdo.
— Desculpe senhor, não o vi chegar... — parou de falar quando me viu.
— Tudo bem senhorita, quero que conheça seu novo chefe, Levi Martinelli, meu filho.
Ela arregalou tanto os olhos, que por um momento tive medo que saíssem das órbitas. Meu pai pediu licença para atender uma ligação no minuto exato que estendi minha mão para ela e disse.
— Prazer senhorita — olhei seu crachá novamente. — Morgan... — ela segurou minha mão e não disse nada, então me aproximei um pouco e disse. — O que foi? O gato comeu sua língua?
Afastei-me a tempo de ver um brilho surgir em seus olhos e desaparecer com a mesma velocidade, fazendo-me questionar se tinha visto ou se foi impressão minha.
— Prazer, senhor — respondeu por fim. Então eu gargalhei ao ver a senhorita atrevida toda mansinha. Porém, sem que eu esperasse, ela respondeu baixo para que apenas eu escutasse. — Ainda não foi dessa vez, mas qualquer hora, ele pode comer a sua.
Mal sabia eu que acabaríamos como estamos hoje. Volto ao presente observando seu ressonar tranquilo.
Olho seu rosto sereno, tive que pedir a obstetra um calmante para ela relaxar durante o voo, ela tem pavor de aviões e nas duas vezes que viajamos a trabalho, ela só foi e voltou assim, apagada.
A decisão de me casar com ela não foi bem recebida por minha mãe, que fez o maior drama e ameaçou nunca mais falar comigo.
Lembro-me de nossa discussão acalorada.
Fazia dois dias que eles tinham chegado ao Canadá, eu ainda estava aturdido com a ideia de ser pai. Tinha ligado mais cedo avisando de minha ida até o hotel e quando entrei no ambiente, quatro pares de olhos me encaravam como se soubessem o que fui fazer ali.
— Levi, meu filho. Que saudade — minha mãe foi a primeira a me abraçar. Retribui e fui em seguida beijar minha nonna (avó).
— Você está me saindo um neto muito ingrato, deixando essa velha morrer aos poucos com saudade de seu piccolo (pequeno). Não pense que me comprou com aquelas flores...
Sorri, lembrando-me das circunstâncias que me fizeram enviá-las.
— Eu sempre soube que ele era o seu preferido, nonna — minha irmã Julianna disse me abraçando.
— Também estava com saudade de vocês — beijei minha irmã e fiz um afago em minha nonna, que sorriu com os olhos. — Fico feliz que estejam aqui agora — olhei para meu pai. — Pai, como vai.
— Bem, filho e por aqui como andam as coisas?
— Pare com isso Joseph, deixe o bambino (menino) conversar com a nonna dele que está morta de saudade — minha nonna tem essa mania de me tratar como se eu fosse um garotinho, desisti de reclamar com ela há muito tempo.
— Na verdade quero falar com todos. Tenho algo importante a dizer — disse observando o semblante de cada um.
— O que é? — minha mãe perguntou antecipando-se aos demais e foi logo se sentando.
Não existe uma maneira fácil de contar algo, ainda mais quando você sabe o que lhe espera. Então fui direto.
— Vou me casar!
— O QUE VOCÊ DISSE, LEVI? — minha mãe falou alterada, se colocando de pé no mesmo instante.
— É isso que vocês ouviram, vou me casar, minha noiva vai passar as festas conosco, assim vocês poderão conhecê-la.
— Você só pode estar ficando louco. Já é comprometido com Kiara, esqueceu?
— Eu não sou comprometido com ninguém. Quando vai entender isso? Nunca vou aceitar essa tradição ridícula que inventaram. Isso é coisa do século passado.
Olhei para minha nonna que me observava sem esboçar nenhuma reação. Era impossível saber o que se passava por sua cabeça. Mas mesmo correndo o risco de desapontar a pessoa que mais amo e respeito, não iria baixar minha cabeça.
— Quem é ela? Alguém que conhecemos? — meu pai perguntou.
— Claro que não, deve ser uma qualquer que conheceu aqui nessa cidade.
— Ela não é nada disso que a senhora está falando e sim, pai, o senhor a conhece. É a Lindsey — ele me lançou um olhar confuso, tratei de esclarecer. — Srta. Morgan.
— Sua secretária? — perguntou incrédulo.
— Ela mesma. Vamos nos casar o mais rápido possível.
— O que você fez, seu irresponsável? — minha mãe puxou meu braço. — Você tem um compromisso com...
— Eu não tenho nada com ninguém a não ser com minha noiva, não vou voltar a repetir, entenda isso de uma vez. E não vai ser uma tradição idiota criada pelo clã Martinelli a milhares de anos por se acharem extraordinários e não querer misturar seu sangue puro com outros, que me fará mudar, se vocês se sujeitaram a isso, muito bem, comigo será diferente.
— Levi baixe o tom... — meu pai falou baixo. — Se quer ser respeitado, respeite também.
Respirei fundo, passando a mão na cabeça. Olhei em direção a minha irmã que estava encolhida em um canto. Minha nonna ainda era uma incógnita.
Em 1880, um ancestral de nossa família criou o ritual de manter o sangue da família puro, casando-se apenas entre eles, ou seja, os primos de uma casa eram prometidos a outros primos ainda no momento do nascimento e crescia sabendo disso para não se desviar da tradição e assim foi à sequência histórica das gerações seguintes.
Até hoje.
Comigo será diferente.
— Tudo bem. Eu só vim avisar mesmo. A decisão está tomada e se ela não for bem recebida por vocês, eu sinto muito, mas não passaremos este fim de anos juntos.
— A escolha é sua, se quer assim o problema é seu. Saiba que não vou aceitar isso...
— Francesca, já chega — minha nonna falou. — Figlio — ela fez um gesto com a mão. Aproximei-me e agachei ao seu lado. — Leve sua noiva...
— O quê? — minha mãe exclamou chocada.
— Calada! É isso mesmo, vamos recebê-la com toda educação e respeito como noiva do nosso bambino.
— Mamma...
— Ainda não acabei Joseph — ela cortou meu pai. — Mas antes, você vai trazê-la para um almoço comigo — pegou minha mão fazendo uma leve pressão. — E não se preocupe que se for preciso, amordaço esses dois.
Eu não pude evitar sorrir, sabia que seria tenso, mas ter o apoio de minha nonna foi crucial para mim. Julianna se aproximou e me abraçou, sorrindo tanto quanto eu, ela sabia o que aquilo significava.
Meu pai relutou um pouco, mas depois aceitou numa boa, porém, quem me surpreendeu mesmo, foi minha nonna, isso, não posso negar.
No tal almoço acabamos contando sobre nosso filho, que infelizmente não foi motivo de alegria para minha mãe, que pediu licença e saiu, meu pai foi logo atrás dela, nem com essa notícia, ela deu o braço a torcer.
Depois daquele dia, levei Lindsey para passar as festas de fim de ano comigo e minha família, no início ficou um pouco estranho, mas depois, ela caiu nas graças de minha nonna e não se desgrudaram um minuto, me senti até um pouco aliviado com isso.
Espero que ela seja igualmente bem recebida em nossa Quinta, ainda mais por minha mãe, ou não vai prestar. Ela tem que aprender a respeitar minhas decisões e principalmente a mulher que escolhi.
Olho meu relógio, ainda faltam quarenta minutos de voo, recosto-me no assento e fecho os olhos. Que tudo dê certo durante esses dias, e Lindsey seja bem tratada, o contrário, eu não irei tolerar.
Lindsey Morgan Desço da aeronave sentindo um peso no estômago. Não posso nem culpar a gravidez, já que morro de medo de voar e como se fosse pouco, ainda tenho a perspectiva de encarar toda família de Levi. Saber que sua avó e irmã estarão lá não alivia o peso. Apesar de ter conhecido os membros mais importantes, sei que agora estarão todos reunidos e pelo que ele contou, são muitos. Segundo Levi, culturalmente, os italianos dão muito valor aos laços de família. Grandes núcleos frequentemente moram juntos, o que é o caso deles, já que a propriedade é imensa, cada um construiu seu lar em redor da casa grande, onde vive sua nonna, como ele chama. Ela é respeitada como provedora e matriarca, já que seu avô é falecido. O irmão e a cunhada, tias, tios, primos e claro, a tal Kiara, a prima prometida nos aguardam. Ele me falou da história da tradição familiar, nunca imaginei que os pais dele eram primos, e seus avós, seus bisavós, e os que vieram antes deles. Que coisa mais bizarra. Ago
Lindsey MorganAssim que entramos, observo todos na sala, alguns rostos já conhecidos por mim. Porém outros, completamente estranhos, eles me observavam calados, eu me sinto como uma ameba em um microscópio.— Madonna mia, mio bambino! Lindsey mio caro — a avó de Levi vem em nossa direção, seu gesto faz com que eu me sinta menos desconfortável. — Benvenuto (bem-vinda). Fizeram uma boa viagem?— Sim, nonna — Levi abraça e beija sua avó e em seguida ela faz o mesmo comigo.— Venha querida — diz em inglês. — Venha conhecer sua nova família.Olho para Levi que apenas sorri. Ela passa seu braço pelo meu e vai me apresentando um a um. Primeiro um senhor muito distinto, ele me olhou com um ar superior, diferente da mulher ao seu lado que tinha um sorriso aberto e me cumprimentou com beijos calorosos na bochecha, ao seu lado um casal jovem que deduzi logo ser Lorenzo e sua esposa, ambos muito simpáticos, também me trataram muito bem.Observei algumas crianças correndo pelo ambiente, pareciam
Lindsey MorganTempos mais tarde, eu tinha comido muito pouco e estava feliz que o quê havia comido permaneceu em meu estômago, mas as horas de voo e toda agitação do almoço, que entrou pela tarde, estava cobrando seu preço. Eu me sentia exausta.— Você precisa descansar. Vou te levar para a cama — Levi diz e o duplo sentido de suas palavras me deixa dividida entre descansar e... Bem, ele está muito gostoso ultimamente.Depois de nos despedir dizendo que vamos nos recolher, Levi me leva a um quarto lindo, resolvo tomar um banho, enquanto ele vai buscar as malas no carro. Logo ouço o vidro do box se abrir e suas mãos frias tocam meu corpo que está quente devido à temperatura da água.Ele me abraça por trás, viro-me e enlaço seu pescoço.— Não foi tão ruim assim, foi?— Na verdade, não! — eu digo beijando seu queixo e movo minhas mãos do seu pescoço para os seus braços, faço o caminho de volta, agora com as unhas, enquanto ele me toma em um beijo ainda mais quente que a água que escorre
Levi MartinelliUma hora depois, levo meus olhos em direção à janela, já é noite, contudo, ainda tenho um tempinho. Começo a ler o contrato de fusão com a companhia Ferrell, além da minha, tem duas outras empresas no mesmo processo. Com isso, vamos nos tornar um complexo capaz de atender o mais variado público, atuando desde a área alimentícia, têxtil, tecnológica e até hotelaria. Algo muito vantajoso para todos. Depois de ver que está tudo ok, envio um e-mail concordando e peço para dar continuidade, porém, acho que ainda levará algumas semanas para que tudo seja concretizado.Encerro o trabalho por hoje, Lindsey ainda dorme, resolvo deixá-la dormir e após o jantar, trago algo para ela se alimentar.Como tinha tomado banho há pouco tempo, troco de roupa e desço.A sala não está cheia, mas conta com cerca de dez pessoas presentes, vou cumprimentando um e outro, até que ouço.— Figlio, onde está sua noiva? — minha nonna pergunta assim que me vê. Vou até onde está sentada, me abaixo e b
Levi MartinelliLindsey se levantou, pedindo para ir ao toalete, acabei indo com ela.— O que foi, está enjoada?— Sim. Um pouco, você não precisa ir comigo, mas se for, vamos logo ou mostro o conteúdo do estômago aqui na frente de todo mundo.Assim que entramos, ela foi logo se abaixando no vaso e eu segurei seus cabelos, enquanto ela colocava todo jantar para fora com um espasmo atrás do outro, quando terminou, a ajudei a ir até a pia para lavar a boca e o rosto.— Isso é normal? Você está assim há muitos dias.— É normal sim, ainda mais no início. Não vejo a hora de essa fase passar, mas não estou reclamando, esse bebê é o meu milagre e passo por tudo isso feliz.Quando ela termina, a viro para mim e coloco uma mecha de cabelo atrás da sua orelha e olhando em seus olhos, sei bem o que ela está falando. Quando a questionei sobre ter afirmado não poder ter filhos, ela me explicou a situação e depois quando fomos ao médico, ela explicou que de fato foi um caso raro, pois sofria de um
Francesca MartinelliUm tempo depois, ela sobe e disfarçadamente eu olho para Kiara, que entende imediatamente o que deve fazer.Vou até meu filho e o convido para um passeio no jardim.— Quero ver a Lindsey, ela não estava muito bem, a nonna disse que um chá de gengibre com biscoitos de canela seria bom.— Esse chá é ótimo, tomei muitas vezes quando estava grávida de você e de seus irmãos. Mas, não vai demorar querido, logo o libero para cuidar de sua noiva.Ele concorda, entrelaço meu braço ao dele e caminhamos para fora. Como está frio, ficamos na varanda, o convido para sentar na beirada de um batente a assim ele faz. Instantes depois, eu começo a falar.— Levi, eu sei que começamos com o pé esquerdo, toda essa situação, a tradição...— Mamma...— Por favor, deixe-me falar — peço. Ele acena e eu continuo. — Sou uma mulher à moda antiga, ligada a certas coisas que para vocês, jovens, não tem valor. Mas por amor a um filho, uma mãe é capaz de rever seus conceitos e com isso, eu quer
Lindsey MorganÉ fácil entender o porquê de Levi gostar tanto de sua família, eles demonstram serem muito unidos, tudo parece perfeito, penso enquanto os vejo sorrindo e conversando com seus gestos efusivos, mas, ao olhar para o lado e ver aquelas duas, volto atrás, todos são maravilhosos, exceto pela bruxa napolitana e a noiva largada, essas vieram com defeito de fábrica.“Talvez sejam resultado dessa mistura maluca entre primos — penso. — Não, não, Levi é perfeito. — olho para ele sorrindo, enquanto conversa com o irmão. Perfeito demais para a sanidade que não tenho.”Volto minha atenção para essa coisinha fofa ao meu lado, que também tem um defeito, pelo que está me contando, adora monstrinhos e eu tenho pavor deles.Aos poucos percebo a sala ficando vazia, como também estou cansada, me despeço da Giulia no exato momento que sua mãe vem chamá-la. Vou até Levi e digo que vou subir, ele promete ir em seguida. Ao me virar e dar de cara com a prima dele nos olhando, volto e deixo um av
Levi MartinelliObservo Lindsey tomando seu chá, sua mão ainda trêmula.— Quando ouvi seu grito, imaginei que alguém estivesse atacando você — Julianna fala olhando para ela enquanto estende um pote com biscoitos de canela. — Coma um pouco.— E estavam! Os meliantes queriam me matar, ainda vieram em bando, não viu? Eles me olhavam como se dissessem: “Viemos te pegar” — faz uma voz engraçada.Acabo sorrindo com seu exagero e Lorenzo também. Ele ainda não tinha chegado a casa e voltou no meio do caminho assim que ligamos, apesar de sua residência ficar aqui na Quinta, a propriedade é grande e tem certa distância entre as casas, conferindo privacidade aos moradores.Outra coisa que ajudou, é que ele sempre anda com sua maleta médica no carro, assim pôde fazer uma avaliação preliminar, constatando que foi apenas um susto, graças a Deus.— Ainda bem que eram sapinhos pequenos... — digo.— PEQUENOS? — ela arregala seus enormes olhos verdes para mim. — Eles eram enormes... — faz um gesto com