Levi Martinelli
Uma hora depois, levo meus olhos em direção à janela, já é noite, contudo, ainda tenho um tempinho. Começo a ler o contrato de fusão com a companhia Ferrell, além da minha, tem duas outras empresas no mesmo processo. Com isso, vamos nos tornar um complexo capaz de atender o mais variado público, atuando desde a área alimentícia, têxtil, tecnológica e até hotelaria. Algo muito vantajoso para todos. Depois de ver que está tudo ok, envio um e-mail concordando e peço para dar continuidade, porém, acho que ainda levará algumas semanas para que tudo seja concretizado.
Encerro o trabalho por hoje, Lindsey ainda dorme, resolvo deixá-la dormir e após o jantar, trago algo para ela se alimentar.
Como tinha tomado banho há pouco tempo, troco de roupa e desço.
A sala não está cheia, mas conta com cerca de dez pessoas presentes, vou cumprimentando um e outro, até que ouço.
— Figlio, onde está sua noiva? — minha nonna pergunta assim que me vê. Vou até onde está sentada, me abaixo e beijo seu rosto. Beijo minha mãe também que está ao seu lado.
— Resolvi deixá-la descansar...
— Quanta educação — minha mãe fala não me deixando terminar de explicar.
— A senhora sabe que ela está grávida e que hoje...
— Grávida? — Kiara fala, chamando a atenção dos familiares mais próximos a nós.
— Quem está grávida? — tio P**e pergunta, ele não ouve muito bem e acaba falando alto e assim chama a atenção de todos que estão ali. Ele é meu tio avô, tenho muito carinho por esse velho.
— Minha noiva, tio.
— Madonna mia, que bela notícia. Mais um membro para a família hã... Um bambino para quebrar de vez com essa porca miséria.
Sorrio com seu jeito de falar. Em nossas muitas conversas, quando eu falava que jamais aceitaria essa tradição, ele me incentivava e dizia que eu tinha a coragem que ele nunca teve.
— P**e... — outra tia fala em tom de repreensão e ele dá uma resposta mal criada.
— Parabéns primo, que o bebê venha com saúde — Kiara fala e me dá um abraço apertado, colando seu corpo ao meu. Retribuo o carinho lhe dando um beijo no rosto.
Quando olho para a escada, Lindsey está lá, olhando para mim. Largo minha prima na mesma hora e vou até ela.
Quando me aproximo, antes que eu diga algo, ela fala.
— Por que não me chamou?
— Você parecia dormir tão profundamente, não quis incomodar — digo. — A propósito, está linda.
Ela me olha de lado e por fim responde.
— Tudo bem e obrigada pelo elogio — termina de descer as escadas e logo é cercada pela nonna e Julianna.
— Empreste-me sua noiva, um pouco, querido — pede com um sorriso, que Lindsey retribui.
“Ela bem que poderia sorrir assim para mim” — penso.
Aceno com a cabeça e então, eu me afasto e deixo-as conversarem, meu pai se aproxima.
— Levi, amanhã gostaria que fosse dar uma olhada nas parreiras comigo, tem um negócio esquisito nas folhagens do lado norte, não parece praga, todavia tem deixado às uvas mirradas e aguadas.
— Chamou o especialista?
— Ele só pode vir na sexta feira, eu queria que desse uma olhada logo.
— Pietro, o que disse?
— Esse não disse nada, só quer saber da boa vida, nem sei para que serve seu diploma de agronomia. Resolvi que vou retomar o controle e a administração da Quinta, inclusive, se você tiver um tempo, quero que analise a contabilidade, quero ver se chega à mesma conclusão que eu.
— Tudo bem, amanhã cedo nós vemos isso — olho para Lindsey e ela está sorrindo de alguma coisa que Pietro falou, ele toca seu braço com intimidade, sinto um negócio esquisito, e eu não gosto nada do que vejo.
Agora entendo o porquê de ela não ter gostado do meu comportamento com Kiara. E acabei repetindo agora à noite.
A esposa de P**e, tia Gioconda a chama, ela pede licença e sai. Aproveito que ele ficou só, peço licença a meu pai e vou ao encontro do meu primo.
— Fique longe da minha noiva — falo baixo.
— Por quê? Está se sentindo ameaçado por mim ou não confia nela? — fala com deboche.
— Não seja idiota. O aviso foi dado — viro e quase esbarro em minha mãe que estava logo atrás de mim.
— Levi, meu filho. O jantar será servido, vim chamá-lo — fala enlaçando seu braço ao meu.
— Vou chamar Lindsey — digo, desvencilho-me e saio.
Durante o jantar, as mulheres estavam combinando de ir todas juntas escolher roupas para o casamento que será daqui a cinco dias, minha nonna está com tudo providenciado. Será uma cerimônia simples aqui na capela da Quinta mesmo, com minha família apenas.
— Vocês podem ir, Lindsey ficará comigo, o vestido dela já está pronto e quero levá-la ao salão também — minha nonna fala, cortando o entusiasmo das demais.
Lindsey olha para mim interrogativa, dou de ombros.
— Ah, mas eu queria escolher um vestido de princesa para ela — a pequena Giulia de seis anos fala desanimada.
— Mas o vestido dela é muito bonito, querida.
— Eu posso ver? Quero ficar com vocês...
— Giulia, fique quieta. Não se oferece para ir a lugar algum com alguém, nem lhe chamaram — a mãe repreende, a pequena abaixa a cabeça.
— Tudo bem! — Lindsey fala. — Se não for problema para a senhora, a Giulia é minha convidada — olha para mim e eu sorrio.
— Claro que não é problema algum — minha nonna responde no lugar da mãe. — Ia mesmo chamá-la, também tenho um vestido para ela experimentar.
— Obaaaa... Vou ser uma princesa igual à princesa Lind. Não é legal Kiara? — minha prima, pega de surpresa, dá um sorriso sem graça.
— Claro! Você será uma linda princesa — responde por fim e completa. — Mas a Lindsey não é princesa, já passou da idade.
— É sim, porque ela vai se casar com o tio Levi que é um príncipe, o mais lindo que já vi — a pequena olha para mim e eu sorrio para ela.
Inclino-me em sua direção e digo.
— O tio só é um príncipe, porque encontrou uma linda princesa, antes eu era só um sapo — finalizo olhando para Lindsey e pisco um olho, ela sorri me deixando encantado.
O jantar seguiu tranquilamente, com todos à mesa conversando e fazendo planos para o dia seguinte, ficou tudo acertado para saírem depois do almoço. Logo estávamos na sala, apreciando um café ou licor após o jantar e a conversa seguia animada.
Levi MartinelliLindsey se levantou, pedindo para ir ao toalete, acabei indo com ela.— O que foi, está enjoada?— Sim. Um pouco, você não precisa ir comigo, mas se for, vamos logo ou mostro o conteúdo do estômago aqui na frente de todo mundo.Assim que entramos, ela foi logo se abaixando no vaso e eu segurei seus cabelos, enquanto ela colocava todo jantar para fora com um espasmo atrás do outro, quando terminou, a ajudei a ir até a pia para lavar a boca e o rosto.— Isso é normal? Você está assim há muitos dias.— É normal sim, ainda mais no início. Não vejo a hora de essa fase passar, mas não estou reclamando, esse bebê é o meu milagre e passo por tudo isso feliz.Quando ela termina, a viro para mim e coloco uma mecha de cabelo atrás da sua orelha e olhando em seus olhos, sei bem o que ela está falando. Quando a questionei sobre ter afirmado não poder ter filhos, ela me explicou a situação e depois quando fomos ao médico, ela explicou que de fato foi um caso raro, pois sofria de um
Francesca MartinelliUm tempo depois, ela sobe e disfarçadamente eu olho para Kiara, que entende imediatamente o que deve fazer.Vou até meu filho e o convido para um passeio no jardim.— Quero ver a Lindsey, ela não estava muito bem, a nonna disse que um chá de gengibre com biscoitos de canela seria bom.— Esse chá é ótimo, tomei muitas vezes quando estava grávida de você e de seus irmãos. Mas, não vai demorar querido, logo o libero para cuidar de sua noiva.Ele concorda, entrelaço meu braço ao dele e caminhamos para fora. Como está frio, ficamos na varanda, o convido para sentar na beirada de um batente a assim ele faz. Instantes depois, eu começo a falar.— Levi, eu sei que começamos com o pé esquerdo, toda essa situação, a tradição...— Mamma...— Por favor, deixe-me falar — peço. Ele acena e eu continuo. — Sou uma mulher à moda antiga, ligada a certas coisas que para vocês, jovens, não tem valor. Mas por amor a um filho, uma mãe é capaz de rever seus conceitos e com isso, eu quer
Lindsey MorganÉ fácil entender o porquê de Levi gostar tanto de sua família, eles demonstram serem muito unidos, tudo parece perfeito, penso enquanto os vejo sorrindo e conversando com seus gestos efusivos, mas, ao olhar para o lado e ver aquelas duas, volto atrás, todos são maravilhosos, exceto pela bruxa napolitana e a noiva largada, essas vieram com defeito de fábrica.“Talvez sejam resultado dessa mistura maluca entre primos — penso. — Não, não, Levi é perfeito. — olho para ele sorrindo, enquanto conversa com o irmão. Perfeito demais para a sanidade que não tenho.”Volto minha atenção para essa coisinha fofa ao meu lado, que também tem um defeito, pelo que está me contando, adora monstrinhos e eu tenho pavor deles.Aos poucos percebo a sala ficando vazia, como também estou cansada, me despeço da Giulia no exato momento que sua mãe vem chamá-la. Vou até Levi e digo que vou subir, ele promete ir em seguida. Ao me virar e dar de cara com a prima dele nos olhando, volto e deixo um av
Levi MartinelliObservo Lindsey tomando seu chá, sua mão ainda trêmula.— Quando ouvi seu grito, imaginei que alguém estivesse atacando você — Julianna fala olhando para ela enquanto estende um pote com biscoitos de canela. — Coma um pouco.— E estavam! Os meliantes queriam me matar, ainda vieram em bando, não viu? Eles me olhavam como se dissessem: “Viemos te pegar” — faz uma voz engraçada.Acabo sorrindo com seu exagero e Lorenzo também. Ele ainda não tinha chegado a casa e voltou no meio do caminho assim que ligamos, apesar de sua residência ficar aqui na Quinta, a propriedade é grande e tem certa distância entre as casas, conferindo privacidade aos moradores.Outra coisa que ajudou, é que ele sempre anda com sua maleta médica no carro, assim pôde fazer uma avaliação preliminar, constatando que foi apenas um susto, graças a Deus.— Ainda bem que eram sapinhos pequenos... — digo.— PEQUENOS? — ela arregala seus enormes olhos verdes para mim. — Eles eram enormes... — faz um gesto com
Lindsey MorganAbro um olho e depois o outro, a luminosidade me incomoda um pouco, eu ainda estou com muito sono, porém, não posso me dar ao luxo de ficar mais tempo na cama, ou Julianna cumpre a ameaça de vir me buscar, ao menos foi o que ela falou quando me viu retornando do passeio com Levi, cedinho.“— Pela cara de vocês dois, imagino que andaram aprontando e a senhorita não deve ter descansado nada, não é? Pois, aproveite o restante da manhã que quando estiver perto do horário, vou buscá-la.” — dissera.Eu tinha certeza de que faria isso. Contudo, por nada deste mundo eu trocaria o passeio que fiz com Levi mais cedo. Depois de termos feito amor boa parte da noite, acabei adormecendo, por pouco tempo, logo percebi uma movimentação no quarto; era ele.“— Eu preciso dar uma saída, vou com meu pai, olhar uma praga que surgiu em uma parte das parreiras” — disse assim que me viu acordada. — “E você, volte a dormir, não descansou nada”.Às vezes eu tinha vontade de lhe dar uma resposta
Lindsey MorganDepois de nos despedir de minha cunhada na entrada, quando retornamos para a casa, assim que entramos no quarto, fomos tomar um banho quente, pois, realmente estava frio. E claro que quando voltamos para o quarto, ele cumpriu a promessa de nos amarmos mais uma vez em nossa cama.Antes de sair para encontrar seu pai, de forma muito carinhosa, ele se aproximou, beijou minha testa e falou enquanto puxava o edredom sobre meu corpo.— “Vou tentar não demorar. Agora descanse um pouco” — deu-me um selinho e saiu.Um bip me arranca das minhas lembranças libidinosas. Estico o braço alcançando o aparelho celular e constato que é uma mensagem de Tay, perguntando como está sendo conhecer a Itália ao lado do pão italiano. É impossível não sorrir da minha amiga. Mando uma mensagem de volta dizendo que está sendo maravilhoso e que conto tudo mais tarde, ela responde um “ok” e diz por fim, “não coma muito pão, que engorda”. Mal sabe ela que estou me empanturrando.Sorrio alongando meus
Momentos antes...Francesca Martinelli“Essa insolente pensa que é quem para me afrontar desta forma?”Vejo-a sair com o nariz em pé, cheia de altivez como se fosse uma de nós. Vou dar um jeito de me livrar dela e será hoje, ela não dorme nem mais um dia nesta casa.Vou em direção ao escritório que fica na casa e encontra-se vazio, onde aquele imbecil se meteu? Com Joseph e Levi ele não está, onde pode ter se enfiado.Pego o celular e disco seu número. — Mia zia (minha tia), em que posso ajudá-la.— Quero falar com você agora. Não importa onde esteja e nem o que está fazendo. Estou lhe esperando na vinícola central. Você tem dez minutos — desligo e saio.Estou impaciente, tem mais de cinco minutos que espero aquele incompetente chegar. Ando de um lado para o outro, repassando o plano em minha mente. Ouço um barulho e ele entra todo sorridente.— Sono qui (estou aqui), o que deseja de mim.— Demorou demais — reclamo. — Agora ouça.Começo a contar tudo o que tenho em mente e como quero
Lindsey MorganAssim que chego ao topo da escada, vejo a movimentação lá embaixo. Começo a descer com uma calma que não sinto.— Que bom que desceram, estava quase mandando alguém ir buscá-las — a avó de Levi fala quando nos vê entrando na sala.— Desculpe o atraso — falei me sentindo envergonhada.— Não se desculpe por isso, minha querida. Os carros já estão prontos, agora que vocês chegaram, podemos ir.Nos instantes seguintes, eu fui conduzida ao carro em que a nonna iria, junto com a pequena Giulia e Giovanna, esposa de Lorenzo. Fomos apresentadas e simpatizei de imediato com ela, assim como meu cunhado previu. Julianna preferiu ir no carro que seria guiado por Mateo, este também foi muito agradável, me cumprimentando de forma entusiasmada e afirmando que o primo era um homem de sorte, eu apenas sorria do seu jeito brincalhão.Durante todo o trajeto, Giovanna veio conversando comigo e com a Giulia, que estava muito animada, falando de seu vestido de princesa. Observei que a avó de