Capítulo 05

Levi Martinelli

Lindsey se levantou, pedindo para ir ao toalete, acabei indo com ela.

— O que foi, está enjoada?

— Sim. Um pouco, você não precisa ir comigo, mas se for, vamos logo ou mostro o conteúdo do estômago aqui na frente de todo mundo.

Assim que entramos, ela foi logo se abaixando no vaso e eu segurei seus cabelos, enquanto ela colocava todo jantar para fora com um espasmo atrás do outro, quando terminou, a ajudei a ir até a pia para lavar a boca e o rosto.

— Isso é normal? Você está assim há muitos dias.

— É normal sim, ainda mais no início. Não vejo a hora de essa fase passar, mas não estou reclamando, esse bebê é o meu milagre e passo por tudo isso feliz.

Quando ela termina, a viro para mim e coloco uma mecha de cabelo atrás da sua orelha e olhando em seus olhos, sei bem o que ela está falando. Quando a questionei sobre ter afirmado não poder ter filhos, ela me explicou a situação e depois quando fomos ao médico, ela explicou que de fato foi um caso raro, pois sofria de um quadro severo de endometriose, com chance mínima de gravidez, mesmo após a cirurgia para diminuir a dor.

— Nosso milagre, não esqueça que eu tenho participação aí — coloco a mão em sua barriga.

Ela sorri e eu dou um beijo de leve em seus lábios. Antes de sair, ouvimos uma batida na porta.

— Ei... Vocês dois aí. Deixem para se agarrar mais tarde, no quarto, a sala está cheia aqui fora — abro a porta e Lorenzo está com um sorriso largo no rosto.

Fratello — digo, e lhe dou um abraço. Solto um gemido abafado quando ele b**e em minhas costas.

— Sei que querem caprichar nos detalhes do meu sobrinho ou sobrinha, mas podem fazer isso depois.

— Você é um idiota — digo sorrindo, quando me afasto.

— E você um sortudo — diz abraçando Lindsey. — Enjoo? — pergunta a ela depois de dar um beijo em cada lado do seu rosto.

— Sim, bastante, qualquer hora do dia — ela responde.

— Está tomando alguma coisa?

— Também estou aqui — reclamo quando eles ficam conversando e eu apenas de expectador.

— O quê? Também está grávido? — Lorenzo pergunta e Lindsey solta uma gargalhada. Certamente se lembrando da mesma piada que fez tempos atrás.

— Não tem graça nenhuma. E sim, ela está tomando um remédio que a obstetra receitou.

— Acho que tem alguém com ciúme aqui... — Lorenzo implica.

— De você, nunca. Sabe que sou o lindão da família.

Soltamos uma gargalhada, coloco o braço em volta do ombro de Lindsey, enquanto caminhamos de volta para a sala, ainda rindo do que disse antes, essa era uma piada que tínhamos quando mais jovem, sempre que queríamos zoar com nosso primo Mateo, usávamos esse termo que era constante em sua boca, se achando o mais bonito de nós três.

— Onde ele está? — pergunto. — Não o vi desde que cheguei.

— Chega de viagem amanhã. Disse que não perderia você se casando e ainda com uma noiva de fora, por nada nesse mundo, está louco para ver a cara da mãe.

— Princesa Lind, eu quero te mostrar uma coisa — Giulia chega pegando Lindsey pela mão. Ela se despede do meu irmão e sai.

— Está mesmo disposto a seguir com isso? — ele pergunta, ficando sério.

— Claro que estou. Nunca me casaria com Kiara, ela para mim é como a Julianna, uma irmã.

— Ela não pensa desse jeito...

— Isso não é verdade. Quando conversamos sobre o assunto, ela me disse que também achava essa tradição uma furada, que se casaria apenas por amor.

— Não sabe ler nas entrelinhas? Já vi que sou o mais inteligente da família mesmo. Nossa prima é apaixonada por você, sempre foi. Deve ter dito isso por orgulho ou mesmo para lhe agradar.

— Está enganado. Agora chega desse assunto. Fale-me da Mandy e do bebê — o nome de sua esposa é Giovanna, mas gosto de chamar pelo apelido.

Começamos conversar sobre sua esposa e filho, seus olhos brilhavam enquanto falava. Ao contrário de mim, meu irmão sempre aceitou que um dia se casaria com uma prima nossa e se apaixonou pela esposa. Não foi fácil, depois de um ano inteiro de muitas brigas e uma separação, os dois resolveram tentar quando descobriram a gravidez dela e agora são muito felizes. Seu pequeno vai fazer dois anos no meio do ano.

Em dado momento, Lindsey vem até mim e diz que vai se recolher, digo que vou ficar mais um pouco, beijo seus lábios e antes de subir ela se aproxima do meu ouvido e fala baixo para que apenas eu escute.

— Nada de ficar se agarrando com as primas — fala em referência ao que viu quando desceu.

Lorenzo se afasta e eu replico.

— Ciúmes? — acabo sendo cínico.

— De jeito nenhum... — dá as costas para sair.

— E eu não estava me agarrando, foi um cumprimento apenas — respondo.

— Terei isso em mente quando for cumprimentar alguém — diz se virando para mim e me olhando nos olhos, em desafio. Vinco a testa, o que ela quer dizer? Não pude perguntar, ela já estava subindo às escadas.

Francesca Martinelli

“Hum... Então ele tem ciúme dessa coisinha” — penso enquanto ouço sua advertência para Pietro.

Meu filho é muito passional e isso pode ser um excelente aliado para mim. Preciso pensar em algo, mas o quê?

Durante todo o jantar observei minha família caindo de amores por aquela tripa seca, não dando a mínima importância para uma tradição de anos, que foi mantida a muito custo. Eu mesma fiz questão de cumprir quando chegou minha vez, mesmo Joseph não sendo apaixonado por mim. Com o tempo conseguimos ter uma convivência pacífica e criar nossos três filhos. No início a nonna não queria impor isso ao filho, mas, meu pai fez questão e como era o mais velho e sua palavra era lei, sua vontade foi atendida. Deixo essas lembranças de lado, não gosto de pensar naquela época.

Vejo quando a tal mulher se levanta e sai acompanhada de Levi, está muito pálida. De certo está passando mal. Quando me lembro da criança, sinto raiva do meu filho por ser tão estupido, igual ao pai, dois idiotas.

Claro que não engoli assim tão fácil, nem sei se este bebê é mesmo dele e se for, sempre se pode dar um bom dinheiro a mãe e despachá-la para bem longe.

— Tia! — Kiara interrompe meus pensamentos. — Perdi o Levi. Ele parece encantado por aquela mulher.

— Não perdeu coisa nenhuma. Pare de choramingar, é uma Martinelli, não se entrega fácil — repreendi.

— Mas tia, o casamento é daqui a cinco dias, ela vai usar o vestido que era para ser meu. O mesmo que a nonna e a senhora usaram. Isso não é justo.

— Isso se nós não dermos um jeito nele antes.

— Vai estragar o vestido? — pergunta arregalando os olhos.

— Fale baixo sua idiota. Quer que nos descubram? Eu não vou fazer nada, quem vai fazer é você. E já é hora de ter um novo vestido para essa tradição.

Ela olha em volta desconfiada.

— Não vai ser fácil, nonna não deixa ninguém chegar perto.

— Daremos um jeito, não se preocupe.

— Todos estão apoiando esse casamento, olhe para eles, o que vamos poder fazer?

— Tenho algo em mente, vou precisar da ajuda do seu irmão.

— Do Pietro?

— Tem outro por acaso? — pergunto ironicamente. — Mas para isso precisamos fazer Levi desgrudar dela.

Encerramos o assunto quando a pestinha da Giulia se aproxima, puxando aquela coisa pela mão. Menina insuportável.

— Princesa Lind, posso chamar a senhora de tia? — pergunta com a voz fina e irritante.

— Claro que pode — olho para Kiara que está com a cara amarrada.

— Tenha calma, querida — falo baixo. — Logo daremos um jeito nisso.

A voz da Giulia mais vez chama a minha atenção.

— Quero te levar para conhecer meus bichinhos de estimação, a senhora vai?

— Vou sim, princesa. Você tem gato ou cachorro? Eu ganhei um cachorrinho e quero que me ajude a escolher um nome.

— Eu sou ótima com nomes, tia Lind, mas não tenho nenhum desses bichinhos não...

Ela fala e aquela conversa estava me dando nos nervos. Porém, quando me preparo para sair, ouço algo muito interessante.

— Aranha e sapo, minha nossa senhora das pessoinhas medrosas, eu sinto muito querida, vou deixar para outra encarnação para conhecer seus bichinhos.

— Eles são bonzinhos...

— Nem se estiverem mortos, chego perto deles.

Olho para Kiara, que parece que pensou o mesmo que eu... Pois é, numa Quinta, rodeada de mato, bichinhos assim é o que mais temos e eles sempre estão entrando nas casas e principalmente nos quartos.

 

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