Levi Martinelli
Lindsey se levantou, pedindo para ir ao toalete, acabei indo com ela.
— O que foi, está enjoada?
— Sim. Um pouco, você não precisa ir comigo, mas se for, vamos logo ou mostro o conteúdo do estômago aqui na frente de todo mundo.
Assim que entramos, ela foi logo se abaixando no vaso e eu segurei seus cabelos, enquanto ela colocava todo jantar para fora com um espasmo atrás do outro, quando terminou, a ajudei a ir até a pia para lavar a boca e o rosto.
— Isso é normal? Você está assim há muitos dias.
— É normal sim, ainda mais no início. Não vejo a hora de essa fase passar, mas não estou reclamando, esse bebê é o meu milagre e passo por tudo isso feliz.
Quando ela termina, a viro para mim e coloco uma mecha de cabelo atrás da sua orelha e olhando em seus olhos, sei bem o que ela está falando. Quando a questionei sobre ter afirmado não poder ter filhos, ela me explicou a situação e depois quando fomos ao médico, ela explicou que de fato foi um caso raro, pois sofria de um quadro severo de endometriose, com chance mínima de gravidez, mesmo após a cirurgia para diminuir a dor.
— Nosso milagre, não esqueça que eu tenho participação aí — coloco a mão em sua barriga.
Ela sorri e eu dou um beijo de leve em seus lábios. Antes de sair, ouvimos uma batida na porta.
— Ei... Vocês dois aí. Deixem para se agarrar mais tarde, no quarto, a sala está cheia aqui fora — abro a porta e Lorenzo está com um sorriso largo no rosto.
— Fratello — digo, e lhe dou um abraço. Solto um gemido abafado quando ele b**e em minhas costas.
— Sei que querem caprichar nos detalhes do meu sobrinho ou sobrinha, mas podem fazer isso depois.
— Você é um idiota — digo sorrindo, quando me afasto.
— E você um sortudo — diz abraçando Lindsey. — Enjoo? — pergunta a ela depois de dar um beijo em cada lado do seu rosto.
— Sim, bastante, qualquer hora do dia — ela responde.
— Está tomando alguma coisa?
— Também estou aqui — reclamo quando eles ficam conversando e eu apenas de expectador.
— O quê? Também está grávido? — Lorenzo pergunta e Lindsey solta uma gargalhada. Certamente se lembrando da mesma piada que fez tempos atrás.
— Não tem graça nenhuma. E sim, ela está tomando um remédio que a obstetra receitou.
— Acho que tem alguém com ciúme aqui... — Lorenzo implica.
— De você, nunca. Sabe que sou o lindão da família.
Soltamos uma gargalhada, coloco o braço em volta do ombro de Lindsey, enquanto caminhamos de volta para a sala, ainda rindo do que disse antes, essa era uma piada que tínhamos quando mais jovem, sempre que queríamos zoar com nosso primo Mateo, usávamos esse termo que era constante em sua boca, se achando o mais bonito de nós três.
— Onde ele está? — pergunto. — Não o vi desde que cheguei.
— Chega de viagem amanhã. Disse que não perderia você se casando e ainda com uma noiva de fora, por nada nesse mundo, está louco para ver a cara da mãe.
— Princesa Lind, eu quero te mostrar uma coisa — Giulia chega pegando Lindsey pela mão. Ela se despede do meu irmão e sai.
— Está mesmo disposto a seguir com isso? — ele pergunta, ficando sério.
— Claro que estou. Nunca me casaria com Kiara, ela para mim é como a Julianna, uma irmã.
— Ela não pensa desse jeito...
— Isso não é verdade. Quando conversamos sobre o assunto, ela me disse que também achava essa tradição uma furada, que se casaria apenas por amor.
— Não sabe ler nas entrelinhas? Já vi que sou o mais inteligente da família mesmo. Nossa prima é apaixonada por você, sempre foi. Deve ter dito isso por orgulho ou mesmo para lhe agradar.
— Está enganado. Agora chega desse assunto. Fale-me da Mandy e do bebê — o nome de sua esposa é Giovanna, mas gosto de chamar pelo apelido.
Começamos conversar sobre sua esposa e filho, seus olhos brilhavam enquanto falava. Ao contrário de mim, meu irmão sempre aceitou que um dia se casaria com uma prima nossa e se apaixonou pela esposa. Não foi fácil, depois de um ano inteiro de muitas brigas e uma separação, os dois resolveram tentar quando descobriram a gravidez dela e agora são muito felizes. Seu pequeno vai fazer dois anos no meio do ano.
Em dado momento, Lindsey vem até mim e diz que vai se recolher, digo que vou ficar mais um pouco, beijo seus lábios e antes de subir ela se aproxima do meu ouvido e fala baixo para que apenas eu escute.
— Nada de ficar se agarrando com as primas — fala em referência ao que viu quando desceu.
Lorenzo se afasta e eu replico.
— Ciúmes? — acabo sendo cínico.
— De jeito nenhum... — dá as costas para sair.
— E eu não estava me agarrando, foi um cumprimento apenas — respondo.
— Terei isso em mente quando for cumprimentar alguém — diz se virando para mim e me olhando nos olhos, em desafio. Vinco a testa, o que ela quer dizer? Não pude perguntar, ela já estava subindo às escadas.
Francesca Martinelli
“Hum... Então ele tem ciúme dessa coisinha” — penso enquanto ouço sua advertência para Pietro.
Meu filho é muito passional e isso pode ser um excelente aliado para mim. Preciso pensar em algo, mas o quê?
Durante todo o jantar observei minha família caindo de amores por aquela tripa seca, não dando a mínima importância para uma tradição de anos, que foi mantida a muito custo. Eu mesma fiz questão de cumprir quando chegou minha vez, mesmo Joseph não sendo apaixonado por mim. Com o tempo conseguimos ter uma convivência pacífica e criar nossos três filhos. No início a nonna não queria impor isso ao filho, mas, meu pai fez questão e como era o mais velho e sua palavra era lei, sua vontade foi atendida. Deixo essas lembranças de lado, não gosto de pensar naquela época.
Vejo quando a tal mulher se levanta e sai acompanhada de Levi, está muito pálida. De certo está passando mal. Quando me lembro da criança, sinto raiva do meu filho por ser tão estupido, igual ao pai, dois idiotas.
Claro que não engoli assim tão fácil, nem sei se este bebê é mesmo dele e se for, sempre se pode dar um bom dinheiro a mãe e despachá-la para bem longe.
— Tia! — Kiara interrompe meus pensamentos. — Perdi o Levi. Ele parece encantado por aquela mulher.
— Não perdeu coisa nenhuma. Pare de choramingar, é uma Martinelli, não se entrega fácil — repreendi.
— Mas tia, o casamento é daqui a cinco dias, ela vai usar o vestido que era para ser meu. O mesmo que a nonna e a senhora usaram. Isso não é justo.
— Isso se nós não dermos um jeito nele antes.
— Vai estragar o vestido? — pergunta arregalando os olhos.
— Fale baixo sua idiota. Quer que nos descubram? Eu não vou fazer nada, quem vai fazer é você. E já é hora de ter um novo vestido para essa tradição.
Ela olha em volta desconfiada.
— Não vai ser fácil, nonna não deixa ninguém chegar perto.
— Daremos um jeito, não se preocupe.
— Todos estão apoiando esse casamento, olhe para eles, o que vamos poder fazer?
— Tenho algo em mente, vou precisar da ajuda do seu irmão.
— Do Pietro?
— Tem outro por acaso? — pergunto ironicamente. — Mas para isso precisamos fazer Levi desgrudar dela.
Encerramos o assunto quando a pestinha da Giulia se aproxima, puxando aquela coisa pela mão. Menina insuportável.
— Princesa Lind, posso chamar a senhora de tia? — pergunta com a voz fina e irritante.
— Claro que pode — olho para Kiara que está com a cara amarrada.
— Tenha calma, querida — falo baixo. — Logo daremos um jeito nisso.
A voz da Giulia mais vez chama a minha atenção.
— Quero te levar para conhecer meus bichinhos de estimação, a senhora vai?
— Vou sim, princesa. Você tem gato ou cachorro? Eu ganhei um cachorrinho e quero que me ajude a escolher um nome.
— Eu sou ótima com nomes, tia Lind, mas não tenho nenhum desses bichinhos não...
Ela fala e aquela conversa estava me dando nos nervos. Porém, quando me preparo para sair, ouço algo muito interessante.
— Aranha e sapo, minha nossa senhora das pessoinhas medrosas, eu sinto muito querida, vou deixar para outra encarnação para conhecer seus bichinhos.
— Eles são bonzinhos...
— Nem se estiverem mortos, chego perto deles.
Olho para Kiara, que parece que pensou o mesmo que eu... Pois é, numa Quinta, rodeada de mato, bichinhos assim é o que mais temos e eles sempre estão entrando nas casas e principalmente nos quartos.
Francesca MartinelliUm tempo depois, ela sobe e disfarçadamente eu olho para Kiara, que entende imediatamente o que deve fazer.Vou até meu filho e o convido para um passeio no jardim.— Quero ver a Lindsey, ela não estava muito bem, a nonna disse que um chá de gengibre com biscoitos de canela seria bom.— Esse chá é ótimo, tomei muitas vezes quando estava grávida de você e de seus irmãos. Mas, não vai demorar querido, logo o libero para cuidar de sua noiva.Ele concorda, entrelaço meu braço ao dele e caminhamos para fora. Como está frio, ficamos na varanda, o convido para sentar na beirada de um batente a assim ele faz. Instantes depois, eu começo a falar.— Levi, eu sei que começamos com o pé esquerdo, toda essa situação, a tradição...— Mamma...— Por favor, deixe-me falar — peço. Ele acena e eu continuo. — Sou uma mulher à moda antiga, ligada a certas coisas que para vocês, jovens, não tem valor. Mas por amor a um filho, uma mãe é capaz de rever seus conceitos e com isso, eu quer
Lindsey MorganÉ fácil entender o porquê de Levi gostar tanto de sua família, eles demonstram serem muito unidos, tudo parece perfeito, penso enquanto os vejo sorrindo e conversando com seus gestos efusivos, mas, ao olhar para o lado e ver aquelas duas, volto atrás, todos são maravilhosos, exceto pela bruxa napolitana e a noiva largada, essas vieram com defeito de fábrica.“Talvez sejam resultado dessa mistura maluca entre primos — penso. — Não, não, Levi é perfeito. — olho para ele sorrindo, enquanto conversa com o irmão. Perfeito demais para a sanidade que não tenho.”Volto minha atenção para essa coisinha fofa ao meu lado, que também tem um defeito, pelo que está me contando, adora monstrinhos e eu tenho pavor deles.Aos poucos percebo a sala ficando vazia, como também estou cansada, me despeço da Giulia no exato momento que sua mãe vem chamá-la. Vou até Levi e digo que vou subir, ele promete ir em seguida. Ao me virar e dar de cara com a prima dele nos olhando, volto e deixo um av
Levi MartinelliObservo Lindsey tomando seu chá, sua mão ainda trêmula.— Quando ouvi seu grito, imaginei que alguém estivesse atacando você — Julianna fala olhando para ela enquanto estende um pote com biscoitos de canela. — Coma um pouco.— E estavam! Os meliantes queriam me matar, ainda vieram em bando, não viu? Eles me olhavam como se dissessem: “Viemos te pegar” — faz uma voz engraçada.Acabo sorrindo com seu exagero e Lorenzo também. Ele ainda não tinha chegado a casa e voltou no meio do caminho assim que ligamos, apesar de sua residência ficar aqui na Quinta, a propriedade é grande e tem certa distância entre as casas, conferindo privacidade aos moradores.Outra coisa que ajudou, é que ele sempre anda com sua maleta médica no carro, assim pôde fazer uma avaliação preliminar, constatando que foi apenas um susto, graças a Deus.— Ainda bem que eram sapinhos pequenos... — digo.— PEQUENOS? — ela arregala seus enormes olhos verdes para mim. — Eles eram enormes... — faz um gesto com
Lindsey MorganAbro um olho e depois o outro, a luminosidade me incomoda um pouco, eu ainda estou com muito sono, porém, não posso me dar ao luxo de ficar mais tempo na cama, ou Julianna cumpre a ameaça de vir me buscar, ao menos foi o que ela falou quando me viu retornando do passeio com Levi, cedinho.“— Pela cara de vocês dois, imagino que andaram aprontando e a senhorita não deve ter descansado nada, não é? Pois, aproveite o restante da manhã que quando estiver perto do horário, vou buscá-la.” — dissera.Eu tinha certeza de que faria isso. Contudo, por nada deste mundo eu trocaria o passeio que fiz com Levi mais cedo. Depois de termos feito amor boa parte da noite, acabei adormecendo, por pouco tempo, logo percebi uma movimentação no quarto; era ele.“— Eu preciso dar uma saída, vou com meu pai, olhar uma praga que surgiu em uma parte das parreiras” — disse assim que me viu acordada. — “E você, volte a dormir, não descansou nada”.Às vezes eu tinha vontade de lhe dar uma resposta
Lindsey MorganDepois de nos despedir de minha cunhada na entrada, quando retornamos para a casa, assim que entramos no quarto, fomos tomar um banho quente, pois, realmente estava frio. E claro que quando voltamos para o quarto, ele cumpriu a promessa de nos amarmos mais uma vez em nossa cama.Antes de sair para encontrar seu pai, de forma muito carinhosa, ele se aproximou, beijou minha testa e falou enquanto puxava o edredom sobre meu corpo.— “Vou tentar não demorar. Agora descanse um pouco” — deu-me um selinho e saiu.Um bip me arranca das minhas lembranças libidinosas. Estico o braço alcançando o aparelho celular e constato que é uma mensagem de Tay, perguntando como está sendo conhecer a Itália ao lado do pão italiano. É impossível não sorrir da minha amiga. Mando uma mensagem de volta dizendo que está sendo maravilhoso e que conto tudo mais tarde, ela responde um “ok” e diz por fim, “não coma muito pão, que engorda”. Mal sabe ela que estou me empanturrando.Sorrio alongando meus
Momentos antes...Francesca Martinelli“Essa insolente pensa que é quem para me afrontar desta forma?”Vejo-a sair com o nariz em pé, cheia de altivez como se fosse uma de nós. Vou dar um jeito de me livrar dela e será hoje, ela não dorme nem mais um dia nesta casa.Vou em direção ao escritório que fica na casa e encontra-se vazio, onde aquele imbecil se meteu? Com Joseph e Levi ele não está, onde pode ter se enfiado.Pego o celular e disco seu número. — Mia zia (minha tia), em que posso ajudá-la.— Quero falar com você agora. Não importa onde esteja e nem o que está fazendo. Estou lhe esperando na vinícola central. Você tem dez minutos — desligo e saio.Estou impaciente, tem mais de cinco minutos que espero aquele incompetente chegar. Ando de um lado para o outro, repassando o plano em minha mente. Ouço um barulho e ele entra todo sorridente.— Sono qui (estou aqui), o que deseja de mim.— Demorou demais — reclamo. — Agora ouça.Começo a contar tudo o que tenho em mente e como quero
Lindsey MorganAssim que chego ao topo da escada, vejo a movimentação lá embaixo. Começo a descer com uma calma que não sinto.— Que bom que desceram, estava quase mandando alguém ir buscá-las — a avó de Levi fala quando nos vê entrando na sala.— Desculpe o atraso — falei me sentindo envergonhada.— Não se desculpe por isso, minha querida. Os carros já estão prontos, agora que vocês chegaram, podemos ir.Nos instantes seguintes, eu fui conduzida ao carro em que a nonna iria, junto com a pequena Giulia e Giovanna, esposa de Lorenzo. Fomos apresentadas e simpatizei de imediato com ela, assim como meu cunhado previu. Julianna preferiu ir no carro que seria guiado por Mateo, este também foi muito agradável, me cumprimentando de forma entusiasmada e afirmando que o primo era um homem de sorte, eu apenas sorria do seu jeito brincalhão.Durante todo o trajeto, Giovanna veio conversando comigo e com a Giulia, que estava muito animada, falando de seu vestido de princesa. Observei que a avó de
Lindsey MorganA conversa continua e quando dou por mim, estamos falando dos pontos turísticos da Itália.— Aqui mesmo tem um jardim muito lindo, com uma bela fonte, não é igual a Fontana di Trevi, na verdade é bem menor, mas atrai muitos turistas e as pessoas costumam ir lá fazer pedidos, dizem que sempre são atendidos.— Eu adoraria conhecer — falo entusiasmada.— Posso acompanhá-la. Não é longe.— Vamos todos, então... — Mateo fala e Julianna abaixa o olhar. Percebo que ficou triste por não ficar a sós com o primo.— Não é necessário, terminem o lanche de vocês e depois podem nos encontrar lá — digo. Ela abre um sorriso brilhante para mim.— Tem certeza? — Mateo pergunta e olha para Pietro.— Claro, está tudo bem — respondo.— Não é como se eu fosse raptá-la, pode deixar que vou cuidar dela — Pietro fala e nesse momento percebo minha cunhada ficar indecisa. Antes que mude de ideia e perca a chance de ficar a sós com Mateo, levanto e me despeço deles.Enquanto caminhamos, Pietro pux