Capítulo 02

Lindsey Morgan

Assim que entramos, observo todos na sala, alguns rostos já conhecidos por mim. Porém outros, completamente estranhos, eles me observavam calados, eu me sinto como uma ameba em um microscópio.

Madonna mia, mio bambino! Lindsey mio caro — a avó de Levi vem em nossa direção, seu gesto faz com que eu me sinta menos desconfortável. — Benvenuto (bem-vinda). Fizeram uma boa viagem?

— Sim, nonna — Levi abraça e beija sua avó e em seguida ela faz o mesmo comigo.

— Venha querida — diz em inglês. — Venha conhecer sua nova família.

Olho para Levi que apenas sorri. Ela passa seu braço pelo meu e vai me apresentando um a um. Primeiro um senhor muito distinto, ele me olhou com um ar superior, diferente da mulher ao seu lado que tinha um sorriso aberto e me cumprimentou com beijos calorosos na bochecha, ao seu lado um casal jovem que deduzi logo ser Lorenzo e sua esposa, ambos muito simpáticos, também me trataram muito bem.

Observei algumas crianças correndo pelo ambiente, pareciam à vontade e felizes, como se fosse comum momentos assim em família.

Depois vieram mais algumas pessoas que com certeza não vou lembrar os nomes, eram tios e primos do Levi em vários graus, esse povo parece que não tem fim, quanto mais eu era apresentada, mais tinha gente para conhecer, não sei como coube tanta gente na sala. Eu já sentia minhas bochechas doerem de tanto sorrir para um e para outro. A mãe dele não fez questão de me cumprimentar, também não fiz menção de me aproximar dela, seu pai e irmã, muitos simpáticos, ficaram conversando comigo quando a avó de Levi se afastou para resolver algo na cozinha. Mas, o que me chamou muito a atenção, foi um homem jovem e uma mulher também jovem e muito bonita, eles me observavam de longe, tempos depois vim, a saber, que eram os irmãos Pietro e Kiara.

Logo foi anunciado que o almoço seria servido, fomos para uma área externa que de tão linda, parecia uma cena de filme. Uma mesa enorme tinha sido montada e estava extremamente arrumada. Então me dei conta do quanto, todos estavam extremamente arrumados e como tudo era muito elegante.

— Não se intimide pelo que está vendo. Eles são naturalmente assim e não precisam de ocasiões especiais para fazer almoços elegantes — Levi parecia saber o que se passava por minha mente.

Sorri em resposta, agradecida por ele ser tão atencioso comigo.

Pedi que Levi me levasse ao toalete para passar uma água no rosto, quando voltamos, nossos lugares estavam vagos, porém, separados.

— Kiara, figlia. Deixe Lindsey sentar aí, vá para junto do P**e — ela fez uma cara de quem não gostou.

— Mas eu já estou aqui...

— Não seja indelicada, os noivos devem sentar juntos — ela trancou a cara, se levantou e saiu sem dizer uma palavra.

Quando me sento, meus olhos cruzam com os de minha sogra, que está bem à minha frente, ela parece furiosa e é inevitável lembrar-me do almoço com a avó de Levi tempos atrás, onde dona Francesca também estava junto com o marido e a filha.

Lembrar-me do ocorrido me deixa menos tensa e um sorriso cínico se instala em meus lábios.

Eu estava muito nervosa, Levi me pegou em casa e durante todo o trajeto tentou me tranquilizar, o enjoo não ajudava muito. Eu só pensava que faria alguma besteira frente à família dele.

“Minha nossa senhora das gravidinhas, não me deixe vomitar em cima de ninguém, da bruxa até pode. Não, não pode não” — me debatia em pensamento.

Depois que chegamos e fui apresentada a sua nonna e irmã, que foram extremamente educadas, foi à vez dos seus pais, o Sr. Martinelli eu já conhecia, ele apenas me cumprimentou educadamente, eu tinha certeza que tinha corado diante de seu olhar fixo.

Como vai senhora Francesca — estendi minha mão, ela apenas a olhou e sem receber meu cumprimento, disse.

— Poderia estar bem melhor se não fosse esse casamento descabido.

Mãe! — Levi falou em tom de advertência.

Ela sentou-se à mesa e tratou de me excluir das conversas que iniciava ou falava em italiano.

Fale em inglês, Francesca, temos uma convidada à mesa — a avó de Levi falou e começou a conversar comigo, perguntando coisas de minha família. Eu respondia com naturalidade, até que o assunto chegou ao meu casamento anterior e contei que tinha me separado há dois anos.

— UMA DIVORCIADA? — dona Francesca falou alto. — Agora que esse casamento não sai, não permitirei.

— Lascia freschezza Francesca (deixe de frescura). Trate de agir como uma mulher adulta — a avó de Levi repeliu.

— A senhora não ouviu, ela é uma qualquer como eu tinha pensado. Teve um homem antes...

Ouvir aquilo fez meu sangue ferver. Olhei para Levi e pelo que conheço a seu respeito, ele estava por um triz.

— Isso não a qualifica dessa forma, poderia ter tido dez. A integridade de uma pessoa não se mede desse jeito. Eu mesma tive três.

Mamma... — o pai de Levi exclamou.

— O que foi? Você sabe que meu primeiro marido morreu me deixando grávida de você e que me casei de novo quando cheguei aqui nesse país. E você acha mesmo que depois que meu segundo marido morreu não namorei ninguém? — ela sorriu de lado e disse. — Deixe de ser ingênuo, caro mio (meu querido).

A mãe de Levi estava pouco faltando espumar de raiva e tudo ficou pior quando Levi contou sobre o bebê.

— Então é esse motivo pelo qual vai se casar? — olhou-me com desdém. — Sabe que não precisa casar por isso, ao menos não tem amor, imaginei que estivesse enfeitiçado por essa aí.

— Mãe agora chega! — Levi falou áspero. — Respeite minha noiva e a trate com o mínimo de decência. — falou. — Está sendo grosseira.

Eu sabia naquele momento e ainda sei que ele não me ama, e aceitei tentar essa relação não só pelo que sinto por ele, mas também pelo meu bebê que merece ter os pais juntos. Sei que talvez seja difícil alguém como eu ser amada, mas no fundo, eu tinha essa esperança de que acontecesse um dia.

Magoada, pedi licença para ir ao toalete no mesmo instante em que nossos pedidos estavam chegando, então uma ideia surgiu e antes que eu parasse para pensar e me arrependesse, sem que percebessem, coloquei o pé na frente da garçonete que foi com todo o espaguetti ao sugo em cima da minha nada querida e, odiosa, futura sogra.

Acho que não fui tão esperta quanto pensava, pois a avó de Levi sorriu para mim e piscou um olho em cumplicidade. Sorri e corri para o banheiro.

— Qual o motivo do riso? — volto ao presente com a voz de Levi em meu ouvido.

— Nada não! — digo simplesmente.

 

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