Lindsey Morgan
Assim que entramos, observo todos na sala, alguns rostos já conhecidos por mim. Porém outros, completamente estranhos, eles me observavam calados, eu me sinto como uma ameba em um microscópio.
— Madonna mia, mio bambino! Lindsey mio caro — a avó de Levi vem em nossa direção, seu gesto faz com que eu me sinta menos desconfortável. — Benvenuto (bem-vinda). Fizeram uma boa viagem?
— Sim, nonna — Levi abraça e beija sua avó e em seguida ela faz o mesmo comigo.
— Venha querida — diz em inglês. — Venha conhecer sua nova família.
Olho para Levi que apenas sorri. Ela passa seu braço pelo meu e vai me apresentando um a um. Primeiro um senhor muito distinto, ele me olhou com um ar superior, diferente da mulher ao seu lado que tinha um sorriso aberto e me cumprimentou com beijos calorosos na bochecha, ao seu lado um casal jovem que deduzi logo ser Lorenzo e sua esposa, ambos muito simpáticos, também me trataram muito bem.
Observei algumas crianças correndo pelo ambiente, pareciam à vontade e felizes, como se fosse comum momentos assim em família.
Depois vieram mais algumas pessoas que com certeza não vou lembrar os nomes, eram tios e primos do Levi em vários graus, esse povo parece que não tem fim, quanto mais eu era apresentada, mais tinha gente para conhecer, não sei como coube tanta gente na sala. Eu já sentia minhas bochechas doerem de tanto sorrir para um e para outro. A mãe dele não fez questão de me cumprimentar, também não fiz menção de me aproximar dela, seu pai e irmã, muitos simpáticos, ficaram conversando comigo quando a avó de Levi se afastou para resolver algo na cozinha. Mas, o que me chamou muito a atenção, foi um homem jovem e uma mulher também jovem e muito bonita, eles me observavam de longe, tempos depois vim, a saber, que eram os irmãos Pietro e Kiara.
Logo foi anunciado que o almoço seria servido, fomos para uma área externa que de tão linda, parecia uma cena de filme. Uma mesa enorme tinha sido montada e estava extremamente arrumada. Então me dei conta do quanto, todos estavam extremamente arrumados e como tudo era muito elegante.
— Não se intimide pelo que está vendo. Eles são naturalmente assim e não precisam de ocasiões especiais para fazer almoços elegantes — Levi parecia saber o que se passava por minha mente.
Sorri em resposta, agradecida por ele ser tão atencioso comigo.
Pedi que Levi me levasse ao toalete para passar uma água no rosto, quando voltamos, nossos lugares estavam vagos, porém, separados.
— Kiara, figlia. Deixe Lindsey sentar aí, vá para junto do P**e — ela fez uma cara de quem não gostou.
— Mas eu já estou aqui...
— Não seja indelicada, os noivos devem sentar juntos — ela trancou a cara, se levantou e saiu sem dizer uma palavra.
Quando me sento, meus olhos cruzam com os de minha sogra, que está bem à minha frente, ela parece furiosa e é inevitável lembrar-me do almoço com a avó de Levi tempos atrás, onde dona Francesca também estava junto com o marido e a filha.
Lembrar-me do ocorrido me deixa menos tensa e um sorriso cínico se instala em meus lábios.
Eu estava muito nervosa, Levi me pegou em casa e durante todo o trajeto tentou me tranquilizar, o enjoo não ajudava muito. Eu só pensava que faria alguma besteira frente à família dele.
“Minha nossa senhora das gravidinhas, não me deixe vomitar em cima de ninguém, da bruxa até pode. Não, não pode não” — me debatia em pensamento.
Depois que chegamos e fui apresentada a sua nonna e irmã, que foram extremamente educadas, foi à vez dos seus pais, o Sr. Martinelli eu já conhecia, ele apenas me cumprimentou educadamente, eu tinha certeza que tinha corado diante de seu olhar fixo.
— Como vai senhora Francesca — estendi minha mão, ela apenas a olhou e sem receber meu cumprimento, disse.
— Poderia estar bem melhor se não fosse esse casamento descabido.
— Mãe! — Levi falou em tom de advertência.
Ela sentou-se à mesa e tratou de me excluir das conversas que iniciava ou falava em italiano.
— Fale em inglês, Francesca, temos uma convidada à mesa — a avó de Levi falou e começou a conversar comigo, perguntando coisas de minha família. Eu respondia com naturalidade, até que o assunto chegou ao meu casamento anterior e contei que tinha me separado há dois anos.
— UMA DIVORCIADA? — dona Francesca falou alto. — Agora que esse casamento não sai, não permitirei.
— Lascia freschezza Francesca (deixe de frescura). Trate de agir como uma mulher adulta — a avó de Levi repeliu.
— A senhora não ouviu, ela é uma qualquer como eu tinha pensado. Teve um homem antes...
Ouvir aquilo fez meu sangue ferver. Olhei para Levi e pelo que conheço a seu respeito, ele estava por um triz.
— Isso não a qualifica dessa forma, poderia ter tido dez. A integridade de uma pessoa não se mede desse jeito. Eu mesma tive três.
— Mamma... — o pai de Levi exclamou.
— O que foi? Você sabe que meu primeiro marido morreu me deixando grávida de você e que me casei de novo quando cheguei aqui nesse país. E você acha mesmo que depois que meu segundo marido morreu não namorei ninguém? — ela sorriu de lado e disse. — Deixe de ser ingênuo, caro mio (meu querido).
A mãe de Levi estava pouco faltando espumar de raiva e tudo ficou pior quando Levi contou sobre o bebê.
— Então é esse motivo pelo qual vai se casar? — olhou-me com desdém. — Sabe que não precisa casar por isso, ao menos não tem amor, imaginei que estivesse enfeitiçado por essa aí.
— Mãe agora chega! — Levi falou áspero. — Respeite minha noiva e a trate com o mínimo de decência. — falou. — Está sendo grosseira.
Eu sabia naquele momento e ainda sei que ele não me ama, e aceitei tentar essa relação não só pelo que sinto por ele, mas também pelo meu bebê que merece ter os pais juntos. Sei que talvez seja difícil alguém como eu ser amada, mas no fundo, eu tinha essa esperança de que acontecesse um dia.
Magoada, pedi licença para ir ao toalete no mesmo instante em que nossos pedidos estavam chegando, então uma ideia surgiu e antes que eu parasse para pensar e me arrependesse, sem que percebessem, coloquei o pé na frente da garçonete que foi com todo o espaguetti ao sugo em cima da minha nada querida e, odiosa, futura sogra.
Acho que não fui tão esperta quanto pensava, pois a avó de Levi sorriu para mim e piscou um olho em cumplicidade. Sorri e corri para o banheiro.
— Qual o motivo do riso? — volto ao presente com a voz de Levi em meu ouvido.
— Nada não! — digo simplesmente.
Lindsey MorganTempos mais tarde, eu tinha comido muito pouco e estava feliz que o quê havia comido permaneceu em meu estômago, mas as horas de voo e toda agitação do almoço, que entrou pela tarde, estava cobrando seu preço. Eu me sentia exausta.— Você precisa descansar. Vou te levar para a cama — Levi diz e o duplo sentido de suas palavras me deixa dividida entre descansar e... Bem, ele está muito gostoso ultimamente.Depois de nos despedir dizendo que vamos nos recolher, Levi me leva a um quarto lindo, resolvo tomar um banho, enquanto ele vai buscar as malas no carro. Logo ouço o vidro do box se abrir e suas mãos frias tocam meu corpo que está quente devido à temperatura da água.Ele me abraça por trás, viro-me e enlaço seu pescoço.— Não foi tão ruim assim, foi?— Na verdade, não! — eu digo beijando seu queixo e movo minhas mãos do seu pescoço para os seus braços, faço o caminho de volta, agora com as unhas, enquanto ele me toma em um beijo ainda mais quente que a água que escorre
Levi MartinelliUma hora depois, levo meus olhos em direção à janela, já é noite, contudo, ainda tenho um tempinho. Começo a ler o contrato de fusão com a companhia Ferrell, além da minha, tem duas outras empresas no mesmo processo. Com isso, vamos nos tornar um complexo capaz de atender o mais variado público, atuando desde a área alimentícia, têxtil, tecnológica e até hotelaria. Algo muito vantajoso para todos. Depois de ver que está tudo ok, envio um e-mail concordando e peço para dar continuidade, porém, acho que ainda levará algumas semanas para que tudo seja concretizado.Encerro o trabalho por hoje, Lindsey ainda dorme, resolvo deixá-la dormir e após o jantar, trago algo para ela se alimentar.Como tinha tomado banho há pouco tempo, troco de roupa e desço.A sala não está cheia, mas conta com cerca de dez pessoas presentes, vou cumprimentando um e outro, até que ouço.— Figlio, onde está sua noiva? — minha nonna pergunta assim que me vê. Vou até onde está sentada, me abaixo e b
Levi MartinelliLindsey se levantou, pedindo para ir ao toalete, acabei indo com ela.— O que foi, está enjoada?— Sim. Um pouco, você não precisa ir comigo, mas se for, vamos logo ou mostro o conteúdo do estômago aqui na frente de todo mundo.Assim que entramos, ela foi logo se abaixando no vaso e eu segurei seus cabelos, enquanto ela colocava todo jantar para fora com um espasmo atrás do outro, quando terminou, a ajudei a ir até a pia para lavar a boca e o rosto.— Isso é normal? Você está assim há muitos dias.— É normal sim, ainda mais no início. Não vejo a hora de essa fase passar, mas não estou reclamando, esse bebê é o meu milagre e passo por tudo isso feliz.Quando ela termina, a viro para mim e coloco uma mecha de cabelo atrás da sua orelha e olhando em seus olhos, sei bem o que ela está falando. Quando a questionei sobre ter afirmado não poder ter filhos, ela me explicou a situação e depois quando fomos ao médico, ela explicou que de fato foi um caso raro, pois sofria de um
Francesca MartinelliUm tempo depois, ela sobe e disfarçadamente eu olho para Kiara, que entende imediatamente o que deve fazer.Vou até meu filho e o convido para um passeio no jardim.— Quero ver a Lindsey, ela não estava muito bem, a nonna disse que um chá de gengibre com biscoitos de canela seria bom.— Esse chá é ótimo, tomei muitas vezes quando estava grávida de você e de seus irmãos. Mas, não vai demorar querido, logo o libero para cuidar de sua noiva.Ele concorda, entrelaço meu braço ao dele e caminhamos para fora. Como está frio, ficamos na varanda, o convido para sentar na beirada de um batente a assim ele faz. Instantes depois, eu começo a falar.— Levi, eu sei que começamos com o pé esquerdo, toda essa situação, a tradição...— Mamma...— Por favor, deixe-me falar — peço. Ele acena e eu continuo. — Sou uma mulher à moda antiga, ligada a certas coisas que para vocês, jovens, não tem valor. Mas por amor a um filho, uma mãe é capaz de rever seus conceitos e com isso, eu quer
Lindsey MorganÉ fácil entender o porquê de Levi gostar tanto de sua família, eles demonstram serem muito unidos, tudo parece perfeito, penso enquanto os vejo sorrindo e conversando com seus gestos efusivos, mas, ao olhar para o lado e ver aquelas duas, volto atrás, todos são maravilhosos, exceto pela bruxa napolitana e a noiva largada, essas vieram com defeito de fábrica.“Talvez sejam resultado dessa mistura maluca entre primos — penso. — Não, não, Levi é perfeito. — olho para ele sorrindo, enquanto conversa com o irmão. Perfeito demais para a sanidade que não tenho.”Volto minha atenção para essa coisinha fofa ao meu lado, que também tem um defeito, pelo que está me contando, adora monstrinhos e eu tenho pavor deles.Aos poucos percebo a sala ficando vazia, como também estou cansada, me despeço da Giulia no exato momento que sua mãe vem chamá-la. Vou até Levi e digo que vou subir, ele promete ir em seguida. Ao me virar e dar de cara com a prima dele nos olhando, volto e deixo um av
Levi MartinelliObservo Lindsey tomando seu chá, sua mão ainda trêmula.— Quando ouvi seu grito, imaginei que alguém estivesse atacando você — Julianna fala olhando para ela enquanto estende um pote com biscoitos de canela. — Coma um pouco.— E estavam! Os meliantes queriam me matar, ainda vieram em bando, não viu? Eles me olhavam como se dissessem: “Viemos te pegar” — faz uma voz engraçada.Acabo sorrindo com seu exagero e Lorenzo também. Ele ainda não tinha chegado a casa e voltou no meio do caminho assim que ligamos, apesar de sua residência ficar aqui na Quinta, a propriedade é grande e tem certa distância entre as casas, conferindo privacidade aos moradores.Outra coisa que ajudou, é que ele sempre anda com sua maleta médica no carro, assim pôde fazer uma avaliação preliminar, constatando que foi apenas um susto, graças a Deus.— Ainda bem que eram sapinhos pequenos... — digo.— PEQUENOS? — ela arregala seus enormes olhos verdes para mim. — Eles eram enormes... — faz um gesto com
Lindsey MorganAbro um olho e depois o outro, a luminosidade me incomoda um pouco, eu ainda estou com muito sono, porém, não posso me dar ao luxo de ficar mais tempo na cama, ou Julianna cumpre a ameaça de vir me buscar, ao menos foi o que ela falou quando me viu retornando do passeio com Levi, cedinho.“— Pela cara de vocês dois, imagino que andaram aprontando e a senhorita não deve ter descansado nada, não é? Pois, aproveite o restante da manhã que quando estiver perto do horário, vou buscá-la.” — dissera.Eu tinha certeza de que faria isso. Contudo, por nada deste mundo eu trocaria o passeio que fiz com Levi mais cedo. Depois de termos feito amor boa parte da noite, acabei adormecendo, por pouco tempo, logo percebi uma movimentação no quarto; era ele.“— Eu preciso dar uma saída, vou com meu pai, olhar uma praga que surgiu em uma parte das parreiras” — disse assim que me viu acordada. — “E você, volte a dormir, não descansou nada”.Às vezes eu tinha vontade de lhe dar uma resposta
Lindsey MorganDepois de nos despedir de minha cunhada na entrada, quando retornamos para a casa, assim que entramos no quarto, fomos tomar um banho quente, pois, realmente estava frio. E claro que quando voltamos para o quarto, ele cumpriu a promessa de nos amarmos mais uma vez em nossa cama.Antes de sair para encontrar seu pai, de forma muito carinhosa, ele se aproximou, beijou minha testa e falou enquanto puxava o edredom sobre meu corpo.— “Vou tentar não demorar. Agora descanse um pouco” — deu-me um selinho e saiu.Um bip me arranca das minhas lembranças libidinosas. Estico o braço alcançando o aparelho celular e constato que é uma mensagem de Tay, perguntando como está sendo conhecer a Itália ao lado do pão italiano. É impossível não sorrir da minha amiga. Mando uma mensagem de volta dizendo que está sendo maravilhoso e que conto tudo mais tarde, ela responde um “ok” e diz por fim, “não coma muito pão, que engorda”. Mal sabe ela que estou me empanturrando.Sorrio alongando meus