- Não casei de mentira. E no fim, tia Dorinha conseguiu alcançar seu objetivo. Ela pediu a duração de dez anos com a intenção de que eu entendesse o que era o amor, já que achava que eu não gostava de ninguém e não tinha responsabilidade afetiva com as mulheres. Me apaixonei por você em menos de um ano... E sei o que é o amor. E ao final dos dez anos, terei meu coração completamente partido... E chorarei talvez pelo resto da minha vida. A velha me fodeu, esta é a verdade.
Engoli em seco, incerta sobre o que aquele homem de fato sentia por mim.
- Você estragou tudo. – Aleguei.
- Se eu tivesse feito diferente, você teria deixado de amá-lo?
- Eu... Sinceramente não sei. Porque você o tempo todo fez tudo errado.
Patrick riu e retirou uma borracha do bolso, amarrando os num rabo de cavalo. Eles já haviam cr
- Patrick? – um grupo se surfistas se aproximou de dele – Patrick Huxley?- Sim, sou eu.- Um amigo nosso comprou uma de suas pranchas... Será que é possível que faça para nós também, personalizadas?Patrick olhou para os jovens e depois para mim e Artemis e acabou indo conversar com eles, já que gostava de se exibir e aquela era uma ótima oportunidade, embora não quisesse me deixar sozinha com seu amigo.Andei alguns passos e Artemis me acompanhou. Sentei-me sobre a prancha e fique observando o mar. Ele fez o mesmo.- Este lugar é lindo! – Falou, contemplando as ondas perfeitas.- Sim... Embora o lugar onde morássemos antes fosse bem melhor.- Por que se mudaram então?- Para que eu não pudesse ter minha independência. – Sorri, sem olhá-lo.Artemis ficou um tempo sem dizer nada, sequer olhando
- Isso é pelo tapa? Saiba que você mereceu... Provocou até que eu lhe batesse.Comecei a andar mais rápido e Patrick apressou o passo também. Aproveitei que ele levou as pranchas ao jipe e saí correndo.A praia não tinha muitas pessoas e os poucos frequentadores estavam no mar, tentando surfar. Me surpreendi ao ver Patrick correndo na minha direção. E quanto mais eu tomava velocidade, mais ele parecia chegar perto.Até que tropecei e caí e logo ele me alcançou, se deitando sobre mim, agarrando-se ao meu corpo e rolando, nos enchendo de areia, que se grudou a nossa pele e cabelos úmidos.Senti o peso de seu corpo sobre o meu e nossos olhares se encontraram. Eu não disse nada, mas talvez todo o ódio que sentia por ele estava nítido nas minhas írises.- Não faça nenhuma besteira, Clara. Sabe que não pode voltar atr
Na semana seguinte, Patrick foi surpreendido ao ser convidado para uma sessão de fotos representando uma marca de roupas masculinas famosa na Austrália. O cachê oferecido era um valor exorbitante e embora ele não precisasse, já que era bilionário, seu ego falou mais forte, fazendo-o aceitar.Não bastasse o celulares não funcionar no alto do morro, onde morávamos, a linha fixa telefônica também era muito instável e eu não tinha certeza se era algo planejado ou eu era mesmo azarada, mas o fato é que cada vez que eu precisava usar, não conseguia.Não queria me fechar em torno de mim mesma, já que cada vez saía menos do quarto e não tinha vontade de fazer mais nada.Eu só contava o tempo, como uma prisioneira. Ri de mim mesma ao pegar uma caneta e rabiscar na parede branca um risco e acima a data almejada: 2 de janeiro de 2010.Estava recortando umas revistas em que apareciam minhas fotos e nome nos créditos e montando uma pasta, sobre a minha cama, ao som de Ramones,
Mas pedidos não eram realizados a não ser nos contos de fadas, filmes e novelas fantasiosas. Nem as novelas mexicanas, com todas as maldades de suas vilãs, eram capazes de me fazer ter esperanças de ser a mocinha que conseguiu dar a volta por cima.Olhei no relógio e já passava da meia-noite. Fui até a cozinha e tomei um copo de água e na volta observei a lua cheia no céu, iluminando toda a casa de vidro no alto do morro. Ela já havia sido o ponto luminoso no ombro de alguém. E seguia ali comigo. Embora Pedro não estivesse, ela ainda se preocupava em me mostrar que a luz ainda existia... Mesmo que tão distante.Respirei fundo e subi para o próximo andar. Vi a porta do quarto de Patrick entreaberta e achei que ele ainda estivesse acordado. Mas quando olhei pela fresta aberta o vi deitado na cama, virado de lado, com os cabelos dourados sobre o travesseiro, a luz natural da
Eu não esperava ficar presa ali até chegar 2010. Mas ao mesmo tempo não duvidava de nada que vinha dos Huxley. Estava cansada de chorar. Limpei as lágrimas e abri uma das caixas que havia ali. E encontrei um álbum de fotos. Sentei-me no chão e comecei a folhear as páginas duras, parecendo encapadas com plástico. Era o “bebê da mamãe”... Patrick Huxley. Respirei fundo e me peguei rindo ao ver o bebê gorducho careca, de olhos azuis brilhantes e bochechas redondas. Ele era cheio de dobrinhas. Ao menos Sophie não havia se desfeito daquilo. Ficou bilionária e não houve espaço para o passado, nem sequer para o bebê Patrick, feliz nos braços do pai em algumas das fotos. Eles eram parecidos. Fiquei pensando se o pai dele seria tão perverso quanto a mãe. Quando acabei o álbum peguei outro. Era Patrick adolescente. Quando ele tinha seus 15, 16 eu era apenas uma criança. Ri ao vê-lo na praia com uma prancha de bodyboard, certamente onde tudo começou. Onde ele te
- Não deveria... Estar furioso comigo? Ouvi seus gritos pela manhã. Patrick alisou minha bochecha e depois depositou um beijo gentil nela: - Me desculpe se a assustei, meu amor. Mas... Realmente fiquei chateado pelo meu cabelo. Mas depois lembrei que é só cabelo... Cresce com o tempo... Assim como o nosso amor. – Sorriu e alisou meus lábios. Dei um passo para trás, amedrontada. - Eu amo você, Clara. - Não ama... – Tentei convencê-lo. Patrick balançou a cabeça e retirou do bolso uma chave de carro, me entregando. Levantei-a, observando confusa. Sophie parou próximo de nós no corredor: - Você está louco? Bebeu? Usou drogas? - Quero que Clara saiba que é livre... E que não está presa, como pensa. E que entenda, de uma vez, que meu amor por você é grande demais para deixá-la aqui, presa a mim, por uma simples obrigação. - Isso quer dizer que... Eu posso ir embora? - Sim... Você pode, meu amor. Com do
- Patrick... – Falei, quase sem voz. - Eu só quero cuidar de você, Clara. Por favor, confie em mim... Eu amo você. Quando entenderá isto? Quando percebi Patrick estava sentado atrás de mim, passando a esponja macia em meus ombros de forma terna e gentil. Fechei os olhos, me sentindo relaxada e amparada, mesmo que fosse por ele, que achei ser meu pior inimigo. Me dei ao prazer de deitar a cabeça para trás e fechar os olhos enquanto meu marido cuidava de mim, depois de tanto tempo me fazendo sofrer. Eu não lembrava mais o que era receber carinho. E percebi naquele momento o quanto era bom. A parte boa de estar na banheira, molhada, é que eu podia chorar sem que ele percebesse as minhas lágrimas. Me senti confusa... Incerta sobre como agir naquele momento... Quando sabia que precisava afastá-lo, mas tudo que queria era alguém que me abraçasse com força e dissesse que tudo ficaria bem no final. - Não importa o que aconteça, Clara... Eu sempre amar
- Você disse mesmo isto? Voltei a cabeça na direção da voz e vi Patrick. Balancei a cabeça, aturdida: - Patrick? - Repita, por favor... Repita que me ama. Levantei da banheira rapidamente, pegando a toalha e envolvendo-a no meu corpo. Patrick veio atrás de mim: - Você realmente me ama, Clara? O olhei e engoli em seco, incerta do que dizer. Se confessasse que vi Pedro a cada minuto que nos tocamos, sabia o que Patrick seria capaz de fazer. No entanto dizer que o amava, mesmo que fosse uma mentira, poderia ser pior para mim. Fiquei incerta sobre como agir, completamente desconsertada, confusa... Patrick alisou meu rosto: - Tudo bem... Sei que você acabou de bater a cabeça – sorriu – Não vou pressioná-la. Deu um sorriso sem jeito. Observei seus peito e ombros completamente avermelhados e arranhados. Eu nunca havia feito aquilo na vida! Deus, se eu encontrasse Pedro de fato teria o destruído numa tra