O quarto estava escuro, mas a porta de vidro que dava para a piscina aberta. A cortina branca esvoaçava com o vento fresco vindo da praia. E a lua iluminava o quarto e deixava tudo absolutamente romântico.Vi Pedro deitado ali. Abri e fechei os olhos várias vezes até me deparar com Patrick. Não faltava mais nada... Minha mente passar a me enganar.Pedro e Patrick eram completamente diferentes. Não havia nada que pudesse ser semelhante entre ambos.Visivelmente adormecido, Patrick retirou o braço de mim e virou-se para o outro lado. Percebi seus cabelos no travesseiro e alisei-os, realizando um sonho antigo. Sorri, lembrando o quanto eu havia imaginado aquele momento.Talvez eu tivesse amado Patrick Huxley por ele ser totalmente impossível. O fato de ser rejeitada e não poder tê-lo era o que me dava segurança e coragem para seguir com as cartas... E todas as investidas. Era como se eu tivesse que me privar de amar e ser amada por tantos anos.Quando Patrick se mexeu novamente, fiquei c
POV PEDROEu estava chegando em casa quando avistei o rapaz no portão. Ele tinha uma caixa na mão. Não lembrei de ter nenhuma entrega pendente.Pus o carro na garagem e não fechei o portão, a fim de atendê-lo. Voltei para casa no intervalo entre as aulas da tarde e noite para tomar um banho e comer algo rapidamente, sabendo que o terceiro turno da faculdade me esperava em alguns minutos.- Deseja algo? – Perguntei ao homem alto, moreno, de olhos claros e cabelos longos escuros.Definitivamente não parecia um entregador.- Você é Pedro Moratti?- Sim. – Confirmei.- Sou Artemis, amigo de Patrick Huxley.- Patrick Huxley? – Minha voz soou estranha a ponto de quase não reconhece-la.Ele me entregou a caixa:- Patrick pediu que lhe entregasse isto.- Você... Tem certeza de que é para mim?- Pedro Moratti, de Laranjeiras... Pesquisei muito e só existe você.Olhei a caixa grande encapada com um papel colorido:- Mas não conheço Patrick Huxley.- Pelo visto ele o conhece. E foi muito claro a
- Você... Tem notícias dela?Engoli em seco, sentindo novamente aquela dor se apossar de mim. Pelo visto Flora também não sabia nada.- Não. Mas Josephine me disse que ela ligou. E disse que estava bem. Então... Sabemos que ela não voltou porque não quis, não é mesmo?- Ela pagou você também?- Como assim?- Recebi um depósito de 500 mil norians em minha conta. O depósito foi feito por Clara. E veio de um banco da Austrália.- Austrália? Não... Faz sentido. – Balancei a cabeça, atordoado.- E alguma coisa faz sentido nesta história toda, Pedro?Peguei imediatamente o telefone e liguei para o meu advogado, torcendo para que ele me atendesse no domingo, que certamente era o dia em que ficava com a família, fora do escritório.- Alô!- Boa tarde, doutor. É Pedro. Desculpe estar ligando no domingo, mas é bem importante. Gostaria de saber se foi feito um depósito de 500 mil na minha conta nos últimos dias.- Sim, Pedro, foi feito. Veio de um banco internacional.- Lembra o nome de quem foi
No domingo seguinte, quando já estava anoitecendo a campainha tocou. Parecia que as pessoas haviam combinado de me importunar aos domingos. Ou talvez até tentassem outros dias, porém não conseguiam, já que eu nunca estava em casa, praticamente ficando mais tempo no campus da faculdade do que em qualquer outro lugar.Larguei meus livros, retirei os óculos e fui até a porta. E esperava qualquer pessoa, até o mesmo o tal Artemis, menos Anastácia.- Oi... – Ela acenou, parecendo sem jeito.Fui até o portão e a fitei:- Anastácia? Quanto tempo!- Sei que pediu que eu nunca mais o procurasse... Mas também sei que Clara que não está mais aqui. Então... Achei que pudéssemos nos ver e...Abri o portão, indo para fora e não a convidando a entrar. Independentemente do que havia acontecido entre mim e Clara, Anastácia havia sido mentirosa e se recusou a falar a verdade mesmo quando pedi. Armou aquele beijo que sequer aconteceu de fato para fazer com que eu me afastasse de minha namorada.Claro qu
Acordei na segunda-feira atrasado e minha cabeça doía como se tivesse levado uma martelada. Ressaca, algo que nunca tive na vida.Tomei um banho, peguei minha mochila e não fui diretamente para a faculdade. Dirigi até a Biblioteca.Chegando lá, perguntei pelos jornais antigos e fui levado até uma sala enorme, com tantos jornais que imaginei que levaria anos para encontrar algo a respeito do acidente da minha mãe.- Os mais recentes estão separados por ano. E naquele lado temos as primeiras edições.- Vocês têm aqui... Todos os exemplares do Jornal de Laranjeiras?- Quase todos... Infelizmente faltam alguns. Naquela mesa grande – apontou, me mostrando – Tem aquelas pastas. Nelas estão recortes de notícias importantes, principalmente de exemplares que já não temos mais. Talvez encontre alguns que já não estejam em tão bom estado. Futuramente temos planos de digitalizar as notícias... Afinal, é a nossa história... A história de Laranjeiras.Respirei fundo e comecei a procurar nas pilhas
Assim que Patrick se juntou a nós, na sala, Sophie ordenou que a empregada trouxesse uma bebida.Apresentou o filho às convidadas, sentindo-se orgulhosa enquanto certamente planejava fazer Patrick e a filha de Ava se aproximarem, mesmo sabendo que ele era o meu marido.Se eu senti ciúme? Talvez sim... Pela forma como Angeline olhava para Patrick, sem disfarçar sua admiração, mesmo sabendo que éramos casados.Era uma descarada, tanto quanto minha sogra. E eu que cheguei a achar que poderia me enquadrar como uma vagabunda! Não, eu não era. Vagabunda era Angeline John.- Bebe alguma coisa, senhora? – A governanta perguntou-me enquanto entregava as bebidas aos demais convidados.- Lagoa azul, por favor. – Pedi, percebendo que Patrick me observava o tempo inteiro.- Não sei como preparar... – Ela sorriu, sem jeito.- Lagoa azul? Isto é coisa que se pede em casa noturna, Clara? – Sophie me recriminou – Quem sabe prova um Martini com azeitonas, como Angeline!- É uma bebida clássica e sofist
Patrick havia dito que a praia era segura e tinha toda uma infraestrutura para os condôminos. Eu não observei nada do que ele mencionou. Não tinha sequer lâmpadas.Levantei a perna, tentando fazer com que a lua iluminasse meu pé. O máximo que consegui foi ver um pedaço de pele solta, que retirei com força, gritando de dor.Observei o sangue na minha mão e descansei a perna numa das rochas, preocupada em como voltaria embora.Até que vi um homem vindo na minha direção, com uma prancha debaixo do braço. A silhueta era perfeita e não pude deixar de admirá-lo. Suspirei, imaginando que fosse um devaneio da minha cabeça.- Está tudo bem com você? Ouvi seu grito.Olhei na sua direção, percebendo que ele realmente estava ali.- De onde você surgiu? – Perguntei, confusa.Ele riu:- Eu estava no mar... Surfando.- E... Ouviu meu grito?- Sim... Foi bem alto. – Riu novamente.Embora a única claridade fosse praticamente uma lua a milhares de quilômetros de distância de nós, dava para ver o quanto
- Só vim ajudá-la. – Kelly ficou sem jeito.Patrick foi até Kelly e lhe estendeu a mão:- Sou Patrick Huxley... Grande fã seu.- Ah... Obrigado. – Kelly apertou a mão dele.- Patrick surfa. – Observei, dando pouca importância.- Na verdade, sou campeão nacional no meu país. E vou disputar o mundial aqui na Austrália. – Meu marido deixou claro.Kelly riu, de forma irônica:- Sinto muito, mas este mundial é meu, Patrick – deu um tapinha no ombro de meu marido – Creio que deva dar uma atenção especial à sua esposa.Todos olharam para o meu pé, cujo dedo estava sangrando, sem a pele que eu havia retirado, além de sujo e cheio de areia.- Comprei uma prancha inspirada na sua. – Patrick disse, ignorando por completo meu ferimento.- Isso é... Legal. Mas eu preciso ir agora, Patrick. Espero que cuide do ferimento de Clara.- Clara? – Patrick riu – O nome dela é “Ana Clara” para os desconhecidos. Clara é para os íntimos... O que não é o seu caso, não é mesmo?Enruguei a testa, incrédula com o