POV PATRICKA casa estava lotada. Tinha tantas bebidas e comidas que mal daria para provar tudo. Eu não havia visto nenhuma mulher com a qual não desejasse ir para a cama. Talvez rolasse pegar duas ou três ao mesmo tempo, que era um sonho antigo ainda não realizado.Eu havia ganhado o campeonato nacional de surf e o próximo passo era vencer o mundial na Austrália. Eu tinha certeza que o ano de 2000 era meu e não tinha para mais ninguém. Kelly Slater me conheceria, pois a intenção era gravar meu nome na história do surf.- Acho que a gente poderia transar antes do mundo acabar. – Uma morena gostosa parou na minha frente e alisou meu peito sobre a camiseta branca.- Podemos... E se ele não acabar a gente continua transando... – beijei a boca dela, enlaçando-a com uma mão pela cintura enquanto com a outra jogava o espumante sobre ela, sentindo o líquido adocicado chegando nas nossas bocas, misturado ao gosto do nosso beijo.Ela era bem ansiosa e pôs a mão sob a minha bermuda, alcançando
Nem percebi que estava dirigindo na beira da praia. Não havia nada nem ninguém ali, somente a escuridão e o meu farol que iluminava um pouco a areia fina e que derrapava vez ou outra, fazendo as rodas quererem atolar.Foi quando vi o vulto branco na minha frente, saindo do nada. Tentei frear, mas o carro perdeu o controle. Ouvi o som do choque do corpo na lataria e finalmente o motor parou. Saí do carro rapidamente, caindo na areia. Levantei e corri até a pessoa, jogada no chão.Abaixei-me, em desespero, e levantei sua cabeça, retirando os cabelos do rosto.- Clara?No mesmo momento que chamei o nome dela, os fogos ecoaram no céu, anunciando que o ano 2000 havia chegado. Era a virada do milênio... E todos tinham que estar fazendo o que mais queriam na vida. E eu estava com ela desacordada em meus braços.- Por Deus, Clara... Acorde! – Balancei o rosto dela, enquanto segurava seu corpo, ajoelhado.Toquei seu nariz e ela estava respirando, embora de forma rápida demais. O corpo estava a
E agora, o eu deveria fazer? Beijá-la?Tanto evitei me aproximar daquela garota, quando a tinha tão perto o tempo todo! Fugi, fingi que ela não existia, a destratei e fiz pouco caso de seus sentimentos puros e verdadeiros. E agora ela não sentia mais nada por mim. Seus versos pertenciam ao tal Pedro, bem como todo o seu coração. E certamente ele a havia ferido, magoado, destratado da mesma forma que eu fiz.Por que você é tão azarada, Clara Versiani? Por que se apaixona pelos piores homens? E lamento informar, mas nos próximos dez anos não conhecerá o amor, pois estará comigo. Tampouco será feliz.Sinto muito e espero que futuramente possa me perdoar por ter me dado tanto de você... E eu ter retribuído sendo um filho da puta. Pedro a quebrou e eu pisarei nos cacos, mesmo sem querer.Não foi necessário pensar muito tempo. Quando percebi estava levando o rosto em direção ao dela, com os olhos fixos em seus lábios... Foi quando Clara deu um passo para trás.Como assim, Clara? Eu aposto q
- O meu namorado procura a pessoa responsável pela morte da mãe dele. Esta pessoa não foi responsável direto, mas teve uma boa parcela de culpa. E adivinha? É o meu pai o homem que Pedro tanto deseja encontrar e vingar-se. Meu pai foi amante da mãe do homem que eu amo e acabou causando um acidente que a deixou gravemente ferida e sem expectativa de sair de uma cama para o resto da vida.Fiquei em silêncio. E eu que achei que tinha um grande problema! Parecia história de filme o que ela me contou.- O ama de verdade?- A ponto de saber que jamais serei capaz de sentir por outra pessoa o que sinto por ele.- Pedro não a perdoou? Ou não perdoou o seu pai?Ela riu, com pesar:- Ele não sabe. E eu sou uma covarde e não fiquei para esperar tudo acontecer.Senti como um soco no estômago. E se Pedro gostasse de Clara de verdade e não só a perdoasse como fosse atrás dela?Clara suspirou:- Não é só isto... Meu pai é um bêbado desgraçado, viciado em jogos de azar, deve para agiotas e é um covar
Escolhi o melhor quarto que tivesse disponível e nos encaminhamos para o último do prédio. Estacionei na garagem e puxei a lona para tampar.- Por que fechar com esta coisa? – Clara perguntou ao tocar a lona.- Privacidade... Nunca esteve num Motel? – Fiquei em dúvida.- Não! – Respondeu de forma espontânea, parecendo se preocupar do material que era feito a lona, analisando-o cuidadosamente.Senti um frio na barriga. E aquilo era uma novidade: nervoso pela primeira vez num Motel. Minha futura esposa seria virgem, afinal das contas?Abri a porta e analisei o quarto amplo, bem limpo, com uma hidromassagem, cama redonda com espelho no teto, banheiro privativo e bem fechado e alguns itens como preservativos, algemas, óleos lubrificantes e uma máscara preta com plumas.Clara entrou e a primeira coisa que fez foi mexer no aparador à direita. Analisou os preservativos um a um, levantou as algemas, virando a cabeça de forma engraçada enquanto a via balançar em sua mão. Pôs a máscara na frent
- Ele deixou você partir... Não fez nada para impedir.- Ele foi socorrer minha mãe... E eu fugi. Se não fosse naquela hora, teria fugido dele qualquer outra... Porque jamais teria coragem de olhar na cara de Pedro quando ele descobrisse que meu pai foi o causador do acidente da sua mãe.- Perdeu a virgindade com ele?- Sim... Ele foi o único homem com o qual dormi.- E acha que ele merece isso que está fazendo?- Não dormir com você? – ela riu – Não seja um otário. Respeite o meu luto. E bote na sua cabeça que Pedro não fez nada de errado. Pelo contrário... Ele fez coisas que jamais alguém fez ou faria por mim.- Você não me conhece. Não pode afirmar que eu não faria.- Você disse “não” para mim diretamente quando Flora foi falar com você. Sabia que a porra das cartas eram escritas por mim. Alegou que eu era nova para você, mas dormiu com uma garota da minha escola que tinha 18 anos como eu.- Certamente ela não se envolveu com meu melhor amigo.- Não me envolvi com Artemis. Fiquei c
- Eu... Tive sorte... – me ouvi concordando – E será tudo como planejamos, mãe.- Não dará a Huxley Surf e Skate para Artemis. Nesta vida ninguém dá nada para ninguém. Vamos vender a loja.- Mas... Não precisamos do dinheiro. Artemis é meu amigo desde criança. Você conhece a mãe dele... São amigas inclusive.- Seu bobinho! – ela levantou e veio até mim, me dando um beijo no rosto – Leve em conta o que vou lhe dizer, meu amor: amigos e negócios não se misturam.- Não é um negócio... Eu... Estaria lhe dando a loja. É um presente.- Não concordo. E como seu pai que lhe deu a loja, tenho poder de decisão também. Venderemos para Artemis. Talvez podemos dar um pequeno desconto, levando em consideração a amizade de tantos anos entre nossas famílias.Suspirei e fui para o meu quarto, pegando uma mala e pondo algumas peças de roupas que eu mais gostava dentro.- Faça como quiser, mãe. Só quero que resolva tudo por aqui. Estarei voltando agora para encontrar Clara e dentro de algumas horas nos
Virei-me para trás, assustada. E ele não estava mais ali.- Minha mente, assim como a sua, também é bagunçada, assim como meu passado e meu futuro, Renan. Me desculpe por julgá-lo. Você sempre teve razão... Somos incapazes de fazer qualquer pessoa feliz... Porque estamos destruídos. Acho que sempre estivemos em pedaços, meu irmão. Só provamos um pouquinho da felicidade... Para nos certificarmos de que ela existia. Mas nunca foi para nós. Porque não merecemos... Eu por ser uma vagabunda e você por ser um incapaz. Nosso pai sempre teve razão.A porta se abriu e vi Patrick atrás de mim. Pensei que ele diria qualquer coisa, mas não. Ficou me analisando completamente nua... Certamente dizendo para si mesmo que casaria com uma vagabunda.- Eu... Achei que estaria pronta. – Ele disse, me olhando pelo espelho, visivelmente tentando focar nos meus olhos e não no corpo.- Não tenho roupas... Não sei se o vestido secou.Suspirei e fui até o box, pegando a toalha úmida e me enrolando nela. Patric