- Como assim quer voltar? – Patrick me encarou, confuso.- Quero voltar. – Insisti.- Eu durmo com você. – Afirmou, como se aquele fosse o motivo por eu estar tentando voltar atrás.Eu ri:- Não é sobre dormir ou não com você. Pouco me importa. Eu... Fui precipitada. Não podemos casar deste jeito.- Você precisa do dinheiro, Clara. Ninguém pede 1 milhão de norians se não precisa de verdade. Quer trocar de sobrenome e sei que deseja ter uma vida diferente. E eu também estou em busca disto. Farei tudo que me pediu. A começar por nossa saída deste país. Pelo pouco que me contou, duvido que Pedro a perdoe. Por mais que ele goste de você, sempre que a olhar, verá a filha do homem que praticamente matou sua mãe. Como acha que viverão? Crê mesmo que poderão ser felizes? Ao meu lado ao menos terá liberdade. E poderá recomeçar sua vida do zero, longe do seu pai manipulador... E cheio de problemas. E estará dando uma chance a Pedro... De encontrar alguém e ser feliz.Respirei fundo e sentei-me
Sophie fez menção de reclamar, mas acabou se contendo. Um novo documento foi emitido e ao final Patrick e eu assinamos. E a partir daquele momento eu passaria a me chamar:- Ana Clara Huxley. – Patrick me olhou, com a certidão na mão – Não sabia do “Ana”... – sorriu.- Não costumo usar. E também não gosto dele. – Me limitei a dizer.- Pelo menos agora sei o nome real da minha esposa.Estávamos saindo do cartório quando Sophie disse:- Precisamos ir ao encontro do advogado.- Sim, iremos agora. – Patrick concordou.- Clara poderia ficar no Hotel. Ela não tem porque vir conosco. É assunto... Nosso.- Mãe, Clara sabe de tudo. Não precisamos fingir para ela que não estamos herdando uma quantia por conta do casamento... E com a ajuda dela.- Na verdade... Ela não está nos ajudando... – Me olhou a mulher, parecendo insatisfeita com a revelação do filho.- Mãe, pode me dar um minuto com Clara, por favor?Sophie me analisou dos pés a cabeça e saiu, a contragosto. Patrick pegou meus ombros e o
- Alô...- Félix! Sou eu, Clara.- Clara, por Deus, onde você está? Sua mãe está apavorada. Inclusive iria à Polícia registrar o seu sumiço... Não sei se ela já não o fez, inclusive.- Sabe se ela está em casa? Imagino que já esteja de volta... Já que o senhor sabia do meu sumiço.- Irei chamá-la, Clara. Fique na linha... Por favor, não saia.Aguardei um tempo e observei Patrick por perto, não sabendo se ele conseguia ou não ouvir o que eu dizia.Não demorou muito tempo até que eu ouvisse a voz da minha mãe:- Clara? Por Deus, é você, minha filha... – percebi que ela começou a chorar.- Sim, mãe, sou eu. Estou bem.- O que houve? Onde você está? Quer que eu a busque, é isso?- Não, mãe... Não quero que me busque. Não voltarei para casa.- Como assim não voltará? Você... Está com Pedro? Mas... Ele ligou há pouco tempo para saber de você... Então... Encontrou-o agora?Só de ouvir o nome dele e saber que me procurava já senti meu coração acelerar e a boca do estômago doer. Não deveria, m
- Como assim?- É o que você ouviu, amigo. Tia Dorinha morreu e deixou toda a herança para mim.- Nossa... Eu deveria ficar feliz... Mas sentirei muito a sua falta, Patrick.- Estou ligando para dizer que lhe mandarei um contrato passando a Huxley para você.- Como assim?- Quero que fique com a minha loja. Sabe o quanto ela tem um valor sentimental para mim e não há ninguém no mundo que eu quereria mais que ficasse com a Huxley.- Eu... Posso tentar pegar emprestado um dinheiro com alguém... Já que não deu certo no banco aquela vez. Mas não posso aceitar que me dê a Huxley de mãos beijadas. Sei o quanto se esforçou para levantar aquela loja, Patrick. - Felizmente não preciso mais correr atrás de dinheiro. Fui um sortudo na vida, literalmente. E não aceito “não” como resposta. A Huxley é um presente... Não só em nome da nossa amizade, mas também de tudo que você passou comigo ao longo destes anos, nas horas boas e ruins.- Eu... Fico grato... De coração.- Como não voltarei a Laranje
POV CLARANunca na vida imaginei que pudesse haver algo como o Imperial Hotel Gold Coast, em Queensland. Além de gigantesco, talvez em tamanho um pouco menor que a cidade inteira de Laranjeiras, os quartos eram um por andar em cada um dos complexos, que em formato de losango na construção, deixavam ao centro a piscina azul gigantesca. Era de frente para a praia, uma exclusiva só para os hóspedes.Não bastasse a piscina gigantesca, o nosso quarto tinha uma particular, no lugar onde era a sacada. E sim, ela tinha vista para o mar azul turquesa, que parecia rodear tudo.- Acho que podemos nos perder neste quarto. – Olhei para Patrick, enquanto tentava descobrir onde acabava aquele apartamento onde ficaríamos.Ele riu:- O lugar é lindo. Mas sinceramente, acho que minha mãe exagerou. Não precisávamos de algo tão caro.Fui até a sacada e observei a piscina límpida e aspirei o cheiro de maresia que vinha com a brisa do mar.- Amo este cheiro de mar! – Observei.- Eu também. – Patrick parou
O quarto estava escuro, mas a porta de vidro que dava para a piscina aberta. A cortina branca esvoaçava com o vento fresco vindo da praia. E a lua iluminava o quarto e deixava tudo absolutamente romântico.Vi Pedro deitado ali. Abri e fechei os olhos várias vezes até me deparar com Patrick. Não faltava mais nada... Minha mente passar a me enganar.Pedro e Patrick eram completamente diferentes. Não havia nada que pudesse ser semelhante entre ambos.Visivelmente adormecido, Patrick retirou o braço de mim e virou-se para o outro lado. Percebi seus cabelos no travesseiro e alisei-os, realizando um sonho antigo. Sorri, lembrando o quanto eu havia imaginado aquele momento.Talvez eu tivesse amado Patrick Huxley por ele ser totalmente impossível. O fato de ser rejeitada e não poder tê-lo era o que me dava segurança e coragem para seguir com as cartas... E todas as investidas. Era como se eu tivesse que me privar de amar e ser amada por tantos anos.Quando Patrick se mexeu novamente, fiquei c
POV PEDROEu estava chegando em casa quando avistei o rapaz no portão. Ele tinha uma caixa na mão. Não lembrei de ter nenhuma entrega pendente.Pus o carro na garagem e não fechei o portão, a fim de atendê-lo. Voltei para casa no intervalo entre as aulas da tarde e noite para tomar um banho e comer algo rapidamente, sabendo que o terceiro turno da faculdade me esperava em alguns minutos.- Deseja algo? – Perguntei ao homem alto, moreno, de olhos claros e cabelos longos escuros.Definitivamente não parecia um entregador.- Você é Pedro Moratti?- Sim. – Confirmei.- Sou Artemis, amigo de Patrick Huxley.- Patrick Huxley? – Minha voz soou estranha a ponto de quase não reconhece-la.Ele me entregou a caixa:- Patrick pediu que lhe entregasse isto.- Você... Tem certeza de que é para mim?- Pedro Moratti, de Laranjeiras... Pesquisei muito e só existe você.Olhei a caixa grande encapada com um papel colorido:- Mas não conheço Patrick Huxley.- Pelo visto ele o conhece. E foi muito claro a
- Você... Tem notícias dela?Engoli em seco, sentindo novamente aquela dor se apossar de mim. Pelo visto Flora também não sabia nada.- Não. Mas Josephine me disse que ela ligou. E disse que estava bem. Então... Sabemos que ela não voltou porque não quis, não é mesmo?- Ela pagou você também?- Como assim?- Recebi um depósito de 500 mil norians em minha conta. O depósito foi feito por Clara. E veio de um banco da Austrália.- Austrália? Não... Faz sentido. – Balancei a cabeça, atordoado.- E alguma coisa faz sentido nesta história toda, Pedro?Peguei imediatamente o telefone e liguei para o meu advogado, torcendo para que ele me atendesse no domingo, que certamente era o dia em que ficava com a família, fora do escritório.- Alô!- Boa tarde, doutor. É Pedro. Desculpe estar ligando no domingo, mas é bem importante. Gostaria de saber se foi feito um depósito de 500 mil na minha conta nos últimos dias.- Sim, Pedro, foi feito. Veio de um banco internacional.- Lembra o nome de quem foi