Quando cheguei em casa minha mãe já tinha voltado do supermercado e estava preparando a jantar. E Flora e Renan ainda estavam no mundo do Super Mario Bros.O jantar foi servido e estava perfeito, como sempre. Minha mãe era uma ótima cozinheira. E meu pai, como de costume, não estava presente na hora da refeição.Depois que eu e Flora terminamos de lavar a louça, ela foi para o meu quarto.- Mãe, o que era a carta que tinha na caixa de correio? – Perguntei, como quem não queria nada.- Era... Só uma conta. – Ela não me olhou.Sorri, dando um beijo nela e indo para meu quarto, certa de que ela não contaria para o meu pai.- Acho que Pedro não irá acampar. – Falei ao deitar na cama.- Talvez ele apareça. – Flora falou do chão, onde minha mãe havia feito uma cama para ela, num colchão reserva.- Perdi meu namorado de mentira! – Lamentei.- Viu? Eu disse que deveria dar uma chance para ele.- Pedro gosta de Anastácia. Que parte você não entendeu que o namoro de mentira é por causa dela? El
POV PEDROEu nem acreditava que tinha faltado o curso de Inglês e deixado de ministrar o de Informática naquela sexta-feira. Sem contar o fato de deixar minha avó sozinha, depois a semana conturbada e difícil que tivemos.Cheguei a torcer para acontecer algum imprevisto no meio do caminho para que eu não chegasse há tempo e o ônibus partisse sem mim. Mas não tive a sorte!Fui dos últimos a chegar e praticamente todos já estavam no interior dos ônibus grandes e espaçosos, próprios para viagens longas e confortáveis. Eu não esperava menos daquele colégio, já que a mensalidade era caríssima.Várias turmas de Ensino Médio e apenas quatro professores acompanhando, sendo que dois deles eram um casal. A parte boa é que eu era responsável e sabia me cuidar muito bem. Mas não podia dizer o mesmo de todos os estudantes... Principalmente de uma certa garota que não tinha nada na cabeça.Não havia como adivinhar em qual dos dois ônibus ela estava. Então contei com a sorte e entrei no primeiro del
Senti alguém batendo no meu ombro e abri os olhos, depois de um cochilo. Era Anastácia:- Acorda, meu amor! Chegamos! – sorriu.“Meu amor?” Arqueei a sobrancelha, confuso, enquanto retirava os fones e olhava para trás, percebendo um garoto no lugar de Clara no último banco enquanto ela levantava com Flora, indo em direção à saída do ônibus. Sequer olhou para trás.Levantei e peguei minha mochila e estava saindo quando Anastácia me puxou, encarando-me:- Eu não estou mais com Jason.Eu ri, de forma sarcástica:- E alguma vez esteve?Anastácia enrugou a testa, confusa com minha pergunta. Demorou um pouco a responder:- Você sabe que sim!- Sinceramente, que bom para você que não está mais com ele. Eu acho que Jason gosta de Clara e a usou para fazer ciúme.- Clara que fez isto! Ela o usou para fazer ciúme a Jason! Eles são como nós... Estavam juntos há um bom tempo, mas não se acertam.- Vai ver ele não tem o tal ponto luminoso no ombro esquerdo. Assim como você também não tem.- O quê
POV CLARAConfessar a Pedro que Jason já quisera voltar seria o mesmo que terminar nosso namoro falso de vez. E por algum motivo inexplicável, eu não queria que ele voltasse para Anastácia. Porque ela era uma chata... E não o merecia.- Pedro, Clara! Vocês precisam ir para a recepção e preencher a ficha de estadia do camping. – A professora gritou-nos de longe – Deixem para namorar depois.Começamos a andar e ele ofereceu:- Quer que eu leve sua bagagem?- Não precisa! É leve.- Faço questão! – Falou, pegando minha sacola de viagem e pondo no ombro, enquanto a sua própria mochila ia nas costas.- Para este namoro parecer mais verdadeiro vocês têm que dar as mãos. – Flora sussurrou, aproximando-se de nós.Não deu tempo de pensar. Quando percebi estávamos de mãos dadas. Estremeci levemente ao toque dele, sentindo o coração acelerar. Certamente era porque fazia um tempo que não me envolvia com alguém... Não que estivesse envolvida com ele, afinal, era tudo de mentira. Mas o corpo achava
- Eu sou estranho? Estamos sozinhos, no meio de uma floresta, enquanto todos estão na água, falando de cólica e menstruação. E o detalhe: sou homem.- Ok, vou botar meu biquíni. – Dei um tapa no ombro dele – Coloque uma bermuda que quero ver suas pernas.- Como assim?- Você disse que tinha cabelos nas pernas... É claro que verificarei a autenticidade disto, namorado.Pedro riu:- Talvez assim eu me torne um pouco “o seu tipo”?- Não usa camisas havaianas, não tem barba... Se tiver as pernas cabeludas e as coxas grossas subirá no meu conceito. E não me venha com peito magrelo, que não gosto.- Talvez eu deva frequentar a academia... – Brincou, correndo em direção à barraca.Sorri, balançando a cabeça e indo ao vestiário. Escolhi o biquíni que menos cobria o meu corpo. E por mais que tentasse fingir que não sabia, sim, eu sabia o motivo.Fui com Flora para a faixa de areia da lagoa e lá encontramos Beverly e as nossas outras colegas. Nos sentamos de frente para a água e ficamos um temp
- Eu... Acabo de perceber que você tem pêlos nas pernas... E é... Totalmente...- O seu tipo?- Tem lugar para uma amiga aí? – Flora perguntou, aproximando-se com um sorriso.- Claro... – Fingi ficar feliz com a presença dela.- Já contou a Pedro que você não sabe nadar?- Clara não sabe nadar? – Me encarou, perplexo – A mesma Clara que sonha ser surfista não sabe nadar?Eu ri, sem jeito.- Ela não sabe surfar... Tampouco nadar. Mas ela é Clara Versiani... E consegue tudo que quer. Ou melhor, quase tudo. – Flora me olhou seriamente.- Ah, sim... Tem Jason que ela não consegue. – Pedro ficou sério e o olhar frio – Mas isso é só uma questão de tempo. Ele ficará com você, não se preocupe.- Jason? – Flora riu – Não falei de Jason. Estava me referindo a Patrick.- Patrick? – Pedro me olhou – Tem mais alguém na sua lista?Não consegui dizer uma palavra. Ele virou as costas, indo em direção à parte rasa. E por que fiquei tão chateada que Pedro saiu dali?Enquanto eu observava suas costas ma
- Acho que sei quem você está procurando! – Flora sussurrou no meu ouvido – Ele está ali, no grupo que fez uma fogueira bem pobre. – Riu, movendo minha cabeça com suas mãos até que ficasse na direção de Pedro.Sorri, puxando a mão dela:- Vamos até lá.- Claro! – Ela soltou minha mão e pôs o braço sobre meus ombros – É nítido que vocês estão interessados um no outro.- Acha isso?- Vai negar? – ela riu, me olhando enquanto caminhávamos com dificuldade na areia grossa.- Talvez eu só queira saber se ele beija bem. – Tentei não parecer tão interessada.- Talvez ele queira tirar a mesma dúvida. – Ela me empurrou com o próprio corpo, brincando.Assim que nos aproximamos, Pedro me olhou. Como nunca me flagrei que à noite os olhos dele ficavam ainda mais enigmáticos e belos, confundindo-se com a escuridão? Eu conseguia ver o fogo fraco, quase se extinguindo, na íris dele.Pedro estava sentado num tronco de madeira, parecendo que havia sido colocado ali estrategicamente para aquele luau. De
- Cada um coloca o nome neste pedaço de papel e sortearemos os pares. Depois iremos para o beijo quente e gelado. – A garota explicou, pondo os papeizinhos sobre a caixa térmica onde estavam as bebidas, interrompendo a resposta de Pedro.- Vão lá... Participem! Vocês não têm nada a perder. – Flora nos incentivou.Seria sorteio. Se eu não ficasse de par com Pedro o máximo que aconteceria era ter que beijar outro garoto. Creio que o pior seria se fosse Marcos.- Sobra uma menina. Quem sai? – A garota perguntou, me encarando, deixando claro que gostaria que eu saísse.Flora levantou a mão:- Irei só observar.- Ok, será a juíza. – Ela passou um relógio para Flora, certamente para que minha amiga pudesse controlar o tempo.- Funciona da seguinte forma – explicou – faremos o sorteio dos casais para o beijo quente, onde cada participante receberá uma gota de pimenta forte na língua e a nossa amiga que sobrou aqui – apontou para Flora – cronometrará o casal que beijou por mais tempo.- Pimen