POV CLARAConfessar a Pedro que Jason já quisera voltar seria o mesmo que terminar nosso namoro falso de vez. E por algum motivo inexplicável, eu não queria que ele voltasse para Anastácia. Porque ela era uma chata... E não o merecia.- Pedro, Clara! Vocês precisam ir para a recepção e preencher a ficha de estadia do camping. – A professora gritou-nos de longe – Deixem para namorar depois.Começamos a andar e ele ofereceu:- Quer que eu leve sua bagagem?- Não precisa! É leve.- Faço questão! – Falou, pegando minha sacola de viagem e pondo no ombro, enquanto a sua própria mochila ia nas costas.- Para este namoro parecer mais verdadeiro vocês têm que dar as mãos. – Flora sussurrou, aproximando-se de nós.Não deu tempo de pensar. Quando percebi estávamos de mãos dadas. Estremeci levemente ao toque dele, sentindo o coração acelerar. Certamente era porque fazia um tempo que não me envolvia com alguém... Não que estivesse envolvida com ele, afinal, era tudo de mentira. Mas o corpo achava
- Eu sou estranho? Estamos sozinhos, no meio de uma floresta, enquanto todos estão na água, falando de cólica e menstruação. E o detalhe: sou homem.- Ok, vou botar meu biquíni. – Dei um tapa no ombro dele – Coloque uma bermuda que quero ver suas pernas.- Como assim?- Você disse que tinha cabelos nas pernas... É claro que verificarei a autenticidade disto, namorado.Pedro riu:- Talvez assim eu me torne um pouco “o seu tipo”?- Não usa camisas havaianas, não tem barba... Se tiver as pernas cabeludas e as coxas grossas subirá no meu conceito. E não me venha com peito magrelo, que não gosto.- Talvez eu deva frequentar a academia... – Brincou, correndo em direção à barraca.Sorri, balançando a cabeça e indo ao vestiário. Escolhi o biquíni que menos cobria o meu corpo. E por mais que tentasse fingir que não sabia, sim, eu sabia o motivo.Fui com Flora para a faixa de areia da lagoa e lá encontramos Beverly e as nossas outras colegas. Nos sentamos de frente para a água e ficamos um temp
- Eu... Acabo de perceber que você tem pêlos nas pernas... E é... Totalmente...- O seu tipo?- Tem lugar para uma amiga aí? – Flora perguntou, aproximando-se com um sorriso.- Claro... – Fingi ficar feliz com a presença dela.- Já contou a Pedro que você não sabe nadar?- Clara não sabe nadar? – Me encarou, perplexo – A mesma Clara que sonha ser surfista não sabe nadar?Eu ri, sem jeito.- Ela não sabe surfar... Tampouco nadar. Mas ela é Clara Versiani... E consegue tudo que quer. Ou melhor, quase tudo. – Flora me olhou seriamente.- Ah, sim... Tem Jason que ela não consegue. – Pedro ficou sério e o olhar frio – Mas isso é só uma questão de tempo. Ele ficará com você, não se preocupe.- Jason? – Flora riu – Não falei de Jason. Estava me referindo a Patrick.- Patrick? – Pedro me olhou – Tem mais alguém na sua lista?Não consegui dizer uma palavra. Ele virou as costas, indo em direção à parte rasa. E por que fiquei tão chateada que Pedro saiu dali?Enquanto eu observava suas costas ma
- Acho que sei quem você está procurando! – Flora sussurrou no meu ouvido – Ele está ali, no grupo que fez uma fogueira bem pobre. – Riu, movendo minha cabeça com suas mãos até que ficasse na direção de Pedro.Sorri, puxando a mão dela:- Vamos até lá.- Claro! – Ela soltou minha mão e pôs o braço sobre meus ombros – É nítido que vocês estão interessados um no outro.- Acha isso?- Vai negar? – ela riu, me olhando enquanto caminhávamos com dificuldade na areia grossa.- Talvez eu só queira saber se ele beija bem. – Tentei não parecer tão interessada.- Talvez ele queira tirar a mesma dúvida. – Ela me empurrou com o próprio corpo, brincando.Assim que nos aproximamos, Pedro me olhou. Como nunca me flagrei que à noite os olhos dele ficavam ainda mais enigmáticos e belos, confundindo-se com a escuridão? Eu conseguia ver o fogo fraco, quase se extinguindo, na íris dele.Pedro estava sentado num tronco de madeira, parecendo que havia sido colocado ali estrategicamente para aquele luau. De
- Cada um coloca o nome neste pedaço de papel e sortearemos os pares. Depois iremos para o beijo quente e gelado. – A garota explicou, pondo os papeizinhos sobre a caixa térmica onde estavam as bebidas, interrompendo a resposta de Pedro.- Vão lá... Participem! Vocês não têm nada a perder. – Flora nos incentivou.Seria sorteio. Se eu não ficasse de par com Pedro o máximo que aconteceria era ter que beijar outro garoto. Creio que o pior seria se fosse Marcos.- Sobra uma menina. Quem sai? – A garota perguntou, me encarando, deixando claro que gostaria que eu saísse.Flora levantou a mão:- Irei só observar.- Ok, será a juíza. – Ela passou um relógio para Flora, certamente para que minha amiga pudesse controlar o tempo.- Funciona da seguinte forma – explicou – faremos o sorteio dos casais para o beijo quente, onde cada participante receberá uma gota de pimenta forte na língua e a nossa amiga que sobrou aqui – apontou para Flora – cronometrará o casal que beijou por mais tempo.- Pimen
Pedro e eu pomos as línguas para fora, ao mesmo tempo, enquanto nos olhávamos. Ela começou pingando o molho de pimenta em mim, certamente com a intenção de me maltratar primeiro. Senti o líquido aos poucos parecendo queimar a minha língua e então Pedro se aproximou rapidamente, tomando meus lábios, apossando-se da minha língua, misturando a substância quente e ardente nas nossas bocas.Involuntariamente passei os braços em volta de seu pescoço e o senti abraçar-me, com nossos corpos colando-se de imediato. Nem sabia se sentia mais a pimenta ou era o beijo dele que me queimava mesmo, não só na boca, mas todo o corpo, chegando até a alma. Segurei sua cabeça, tentando tomar o controle, sendo que o que consegui foi sua língua aprofundar-se ainda mais dentro da minha boca, explorando cada centímetro dela.A sensação que eu tive era de que aquele beijo foi ensaiado por uma vida inteira antes de acontecer daquela forma perfeita. Não era só sua língua que acariciava a minha de forma rítmica,
Clara sentou-se, me encarando com um sorriso:- Então me beije até cansar, Pedro Moratti.Não pensei duas vezes: ajoelhei-me na frente dela e tomei novamente seus lábios, num beijo voraz, enlouquecido, como nunca provei antes. Era como se necessitasse da língua dela junto da minha para sobreviver, como se o ar que ela soltava pelo nariz de forma ofegante fosse a única maneira de meus pulmões não pararem de funcionar. Eu sentia aquela garota em cada centímetro do meu corpo, a cada gota do meu sangue, em cada batida do meu coração, de uma forma que me assustava terrivelmente.Quando a soltei, Clara começou a rir, pondo a mão na frente do rosto:- Eu... Não acredito que fizemos isto!Deitei-me no colchão inflável, com a cabeça no travesseiro que havia ali, certamente de Flora, e puxei Clara, fazendo-a deitar também. Nos viramos de frente um para o outro e ela perguntou:- Isto... Não faz mais parte do nosso namoro falso, não é mesmo?Toquei seus lábios dela com meu dedo indicador, pressi
Realmente eu não sabia o que Clara esperava... Um namoro? Que continuássemos como estavámos, nos beijando, sem compromisso?Afinal, ela sempre deixou tão claro que se casaria com o tal de Patrick, mesmo afirmando que não tinha visto o tal ponto luminoso no ombro dele, ainda assim crendo que ele fosse sua alma gêmea.Me envolver com Clara era fazer parte de um triângulo, sabendo que sempre haveria ele entre nós.E eu não queria somente me afastar de um possível triângulo amoroso, como também não estava disposto a ser traído, usado ou mesmo me comprometer a casar com ela e ser pai da Laís e do Lucas.Percebi que Clara pareceu não ficar muito satisfeita com a minha resposta.- O que você quer, Clara? – Perguntei de forma sincera, a fim de saber se estava disposta a abrir mão de algo, incerto se eu estaria apto a lhe dar o que queria.- Eu quero saber o que aconteceu no seu passado.Sentei-me no colchão, imediatamente:- Como assim?- Se Anastácia pode saber, por que eu não?- O que Anast