POV PEDROEu nem acreditava que tinha faltado o curso de Inglês e deixado de ministrar o de Informática naquela sexta-feira. Sem contar o fato de deixar minha avó sozinha, depois a semana conturbada e difícil que tivemos.Cheguei a torcer para acontecer algum imprevisto no meio do caminho para que eu não chegasse há tempo e o ônibus partisse sem mim. Mas não tive a sorte!Fui dos últimos a chegar e praticamente todos já estavam no interior dos ônibus grandes e espaçosos, próprios para viagens longas e confortáveis. Eu não esperava menos daquele colégio, já que a mensalidade era caríssima.Várias turmas de Ensino Médio e apenas quatro professores acompanhando, sendo que dois deles eram um casal. A parte boa é que eu era responsável e sabia me cuidar muito bem. Mas não podia dizer o mesmo de todos os estudantes... Principalmente de uma certa garota que não tinha nada na cabeça.Não havia como adivinhar em qual dos dois ônibus ela estava. Então contei com a sorte e entrei no primeiro del
Senti alguém batendo no meu ombro e abri os olhos, depois de um cochilo. Era Anastácia:- Acorda, meu amor! Chegamos! – sorriu.“Meu amor?” Arqueei a sobrancelha, confuso, enquanto retirava os fones e olhava para trás, percebendo um garoto no lugar de Clara no último banco enquanto ela levantava com Flora, indo em direção à saída do ônibus. Sequer olhou para trás.Levantei e peguei minha mochila e estava saindo quando Anastácia me puxou, encarando-me:- Eu não estou mais com Jason.Eu ri, de forma sarcástica:- E alguma vez esteve?Anastácia enrugou a testa, confusa com minha pergunta. Demorou um pouco a responder:- Você sabe que sim!- Sinceramente, que bom para você que não está mais com ele. Eu acho que Jason gosta de Clara e a usou para fazer ciúme.- Clara que fez isto! Ela o usou para fazer ciúme a Jason! Eles são como nós... Estavam juntos há um bom tempo, mas não se acertam.- Vai ver ele não tem o tal ponto luminoso no ombro esquerdo. Assim como você também não tem.- O quê
POV CLARAConfessar a Pedro que Jason já quisera voltar seria o mesmo que terminar nosso namoro falso de vez. E por algum motivo inexplicável, eu não queria que ele voltasse para Anastácia. Porque ela era uma chata... E não o merecia.- Pedro, Clara! Vocês precisam ir para a recepção e preencher a ficha de estadia do camping. – A professora gritou-nos de longe – Deixem para namorar depois.Começamos a andar e ele ofereceu:- Quer que eu leve sua bagagem?- Não precisa! É leve.- Faço questão! – Falou, pegando minha sacola de viagem e pondo no ombro, enquanto a sua própria mochila ia nas costas.- Para este namoro parecer mais verdadeiro vocês têm que dar as mãos. – Flora sussurrou, aproximando-se de nós.Não deu tempo de pensar. Quando percebi estávamos de mãos dadas. Estremeci levemente ao toque dele, sentindo o coração acelerar. Certamente era porque fazia um tempo que não me envolvia com alguém... Não que estivesse envolvida com ele, afinal, era tudo de mentira. Mas o corpo achava
- Eu sou estranho? Estamos sozinhos, no meio de uma floresta, enquanto todos estão na água, falando de cólica e menstruação. E o detalhe: sou homem.- Ok, vou botar meu biquíni. – Dei um tapa no ombro dele – Coloque uma bermuda que quero ver suas pernas.- Como assim?- Você disse que tinha cabelos nas pernas... É claro que verificarei a autenticidade disto, namorado.Pedro riu:- Talvez assim eu me torne um pouco “o seu tipo”?- Não usa camisas havaianas, não tem barba... Se tiver as pernas cabeludas e as coxas grossas subirá no meu conceito. E não me venha com peito magrelo, que não gosto.- Talvez eu deva frequentar a academia... – Brincou, correndo em direção à barraca.Sorri, balançando a cabeça e indo ao vestiário. Escolhi o biquíni que menos cobria o meu corpo. E por mais que tentasse fingir que não sabia, sim, eu sabia o motivo.Fui com Flora para a faixa de areia da lagoa e lá encontramos Beverly e as nossas outras colegas. Nos sentamos de frente para a água e ficamos um temp
- Eu... Acabo de perceber que você tem pêlos nas pernas... E é... Totalmente...- O seu tipo?- Tem lugar para uma amiga aí? – Flora perguntou, aproximando-se com um sorriso.- Claro... – Fingi ficar feliz com a presença dela.- Já contou a Pedro que você não sabe nadar?- Clara não sabe nadar? – Me encarou, perplexo – A mesma Clara que sonha ser surfista não sabe nadar?Eu ri, sem jeito.- Ela não sabe surfar... Tampouco nadar. Mas ela é Clara Versiani... E consegue tudo que quer. Ou melhor, quase tudo. – Flora me olhou seriamente.- Ah, sim... Tem Jason que ela não consegue. – Pedro ficou sério e o olhar frio – Mas isso é só uma questão de tempo. Ele ficará com você, não se preocupe.- Jason? – Flora riu – Não falei de Jason. Estava me referindo a Patrick.- Patrick? – Pedro me olhou – Tem mais alguém na sua lista?Não consegui dizer uma palavra. Ele virou as costas, indo em direção à parte rasa. E por que fiquei tão chateada que Pedro saiu dali?Enquanto eu observava suas costas ma
- Acho que sei quem você está procurando! – Flora sussurrou no meu ouvido – Ele está ali, no grupo que fez uma fogueira bem pobre. – Riu, movendo minha cabeça com suas mãos até que ficasse na direção de Pedro.Sorri, puxando a mão dela:- Vamos até lá.- Claro! – Ela soltou minha mão e pôs o braço sobre meus ombros – É nítido que vocês estão interessados um no outro.- Acha isso?- Vai negar? – ela riu, me olhando enquanto caminhávamos com dificuldade na areia grossa.- Talvez eu só queira saber se ele beija bem. – Tentei não parecer tão interessada.- Talvez ele queira tirar a mesma dúvida. – Ela me empurrou com o próprio corpo, brincando.Assim que nos aproximamos, Pedro me olhou. Como nunca me flagrei que à noite os olhos dele ficavam ainda mais enigmáticos e belos, confundindo-se com a escuridão? Eu conseguia ver o fogo fraco, quase se extinguindo, na íris dele.Pedro estava sentado num tronco de madeira, parecendo que havia sido colocado ali estrategicamente para aquele luau. De
- Cada um coloca o nome neste pedaço de papel e sortearemos os pares. Depois iremos para o beijo quente e gelado. – A garota explicou, pondo os papeizinhos sobre a caixa térmica onde estavam as bebidas, interrompendo a resposta de Pedro.- Vão lá... Participem! Vocês não têm nada a perder. – Flora nos incentivou.Seria sorteio. Se eu não ficasse de par com Pedro o máximo que aconteceria era ter que beijar outro garoto. Creio que o pior seria se fosse Marcos.- Sobra uma menina. Quem sai? – A garota perguntou, me encarando, deixando claro que gostaria que eu saísse.Flora levantou a mão:- Irei só observar.- Ok, será a juíza. – Ela passou um relógio para Flora, certamente para que minha amiga pudesse controlar o tempo.- Funciona da seguinte forma – explicou – faremos o sorteio dos casais para o beijo quente, onde cada participante receberá uma gota de pimenta forte na língua e a nossa amiga que sobrou aqui – apontou para Flora – cronometrará o casal que beijou por mais tempo.- Pimen
Pedro e eu pomos as línguas para fora, ao mesmo tempo, enquanto nos olhávamos. Ela começou pingando o molho de pimenta em mim, certamente com a intenção de me maltratar primeiro. Senti o líquido aos poucos parecendo queimar a minha língua e então Pedro se aproximou rapidamente, tomando meus lábios, apossando-se da minha língua, misturando a substância quente e ardente nas nossas bocas.Involuntariamente passei os braços em volta de seu pescoço e o senti abraçar-me, com nossos corpos colando-se de imediato. Nem sabia se sentia mais a pimenta ou era o beijo dele que me queimava mesmo, não só na boca, mas todo o corpo, chegando até a alma. Segurei sua cabeça, tentando tomar o controle, sendo que o que consegui foi sua língua aprofundar-se ainda mais dentro da minha boca, explorando cada centímetro dela.A sensação que eu tive era de que aquele beijo foi ensaiado por uma vida inteira antes de acontecer daquela forma perfeita. Não era só sua língua que acariciava a minha de forma rítmica,