POV PEDROQuem quereria fazer 18 anos para ir embora de casa? Típico de alguém como ela! Patricinha, mimada e que não tinha o que fazer.Se ela queria que eu perguntasse, estava ferrada. Não éramos nem amigos para eu ouvir suas lamentações, sobre o pai ciumento, a mãe que fazia suas vontades... Eu sabia muito bem como era aquele tipo de garota. Ela não era muito diferente de Anastácia. E pelo visto não era só fisicamente. Também era vazia por dentro. E ficava achando problemas para preencher sua vida monótona e perfeita.Se julguei ela em menos de duas horas? Sim! Clara era fácil de se ler.- Eu... Vou dar uma volta por aí... Quem sabe beber uns drinques azuis – riu e piscou, provando novamente o merengue – E encontrar alguém legal para me dar uns amassos.Nem deu tempo de dizer que ela estava suja de merengue no queixo. Toquei a cobertura superficialmente e pus um pouco na boca, mal sentindo o gosto adocicado. Eu não comentei com ela, mas minha avó também usava Q-suco para dar cor ao
Pablo também negou, assim como eu, observando-a comer o bolo com as mãos.E sim, a doida comeu todo o bolo. Claro que era pequeno e dava no máximo umas três fatias de torta comum. Quando acabou, ela suspirou e limpou a boca com o guardanapo que continha o número que a garota tinha me dado, sem sequer perceber que tinha algo anotado.- No fim, era só um bolo comum com merengue por cima – reclamou – Pelo preço que a gente paga este camarote devia ter ao menos um recheio, não acha? – Me olhou.Eu só ri.- Eu gosto de coco, amendoim, leite condensado, daqueles que se cozinha na panela de pressão.Eu detestava coco. E comia amendoim uma vez na vida e outra na morte. Leite condensado na panela de pressão? Aquilo era possível?- Você não gosta de falar? – Ela me questionou – Está economizando a voz?- Eu gosto.- Então por que não fala?- Porque você fala por nós dois.- Todo mundo diz que eu falo demais.- Não imagino o motivo... – Ri.- Agora me leva embora, Pablito? Mí casa! – O “Mí casa”
Não tinha como eu não ficar chateada. Pedi para uma amiga que era vizinha de Jason lhe avisar do meu aniversário há mais de um mês. Programei aquela festa para ficarmos juntos naquela noite. E sim, me passou pela cabeça perder a porra da virgindade com ele, de forma totalmente planejada.E ele não apareceu no meu aniversário. Não tinha dado certeza de que iria, mas também não negou. Então o esperei praticamente até o final da noite. E agora o encontrava na rua abraçado com outra garota, que por sinal conhecia Pedro.Jason era um desgraçado! Mas claro que eu não ficaria por baixo. Peguei a mão de Pedro e fingi que também estava acompanhada, assim como ele. Tipo: “Você não foi e ops, acabei ficando com outro”.Ficamos os quatro nos olhando, sem dizermos nada. Foi bem tenso.- Eu... Eu... – A garota que estava com ele começou a gaguejar, enquanto olhava para Pedro – Eu... Queria ir no Baccarath.Olhei para Pedro e percebi que ele estava tenso, encarando-a. Será que que se conheciam? Tive
Sorri e toquei o peito dele:- Vamos ver! Talvez até lá eu esteja namorando! – olhei na direção de Pedro do outro lado da rua, que olhava para Anastácia rindo, de forma tranquila, enquanto ela falava.Observei atentamente e os dois pareciam estar se divertindo. O que quer que ela tenha lhe explicado, certamente deu certo e ele aceitou ou acreditou.Olhei melhor para ela. Eu a conhecia. Já tinha visto aquela garota antes... Só não lembrava de onde.Atravessei a rua, sem olhar para os lados e peguei a mão de Pedro. Ser corna duas vezes não dava! Jason me traiu com Anastácia. Se Pedro também ficasse com Anastácia eu seria corna duplamente, pela mesma mulher. Só o que faltava! O meu namorado de mentira também se envolver com a mulher do meu quase namorado de verdade! Seria muito azar!Pedro olhou para nossas mãos juntas e franziu a testa.- Vamos, “querido”? – Usei o mesmo apelido carinhoso que ele, porém no gênero masculino.Porra, aquilo pareceu bem forçado! Eu não deveria ter usado o “
Ok, ela tinha entendido que eu havia debochado de sua pronúncia nas músicas. Era mais inteligente do que imaginei. Mas perdia tempo se preocupando com coisas completamente sem sentido, como “alma gêmea”. Quem no mundo se preocupava com aquilo?Relacionamentos eram chatos, não davam certo e ninguém precisava de uma pessoa para ser feliz. Pelo contrário, na maioria das vezes poderia fazer mal... Ou mesmo levar à morte.Ficamos um tempo em silêncio, cada um com seus próprios pensamentos.- Então me conte, você sabe que o tal Patrick é sua alma gêmea por que viu o ponto luminoso acima do ombro esquerdo dele?- Não, eu não vi o ponto nele ainda. Mas verei... Quando a gente se falar.Levantei e não pude deixar de encará-la, incrédulo:- Você... Nunca falou com ele?- Não.- E ainda assim afirma que ele é a sua alma gêmea?- Sim.Ela falava com tanta propriedade que poderia até dar um discurso sobre aquela porra. Mas fiquei convencido de que Ana Clara era louca, imatura e insana. Talvez tive
Vi os garotos começarem a se aproximar e não tive dúvidas de que pegariam o mesmo ônibus. Retirei minha camiseta e vesti na cabeça dela, que ficou me olhando de forma estranha assim que nossos olhos se encontraram de novo.- É melhor vestir isto! Você está praticamente nua.Achei que ela pudesse contestar, mas não. Passou um braço em cada manga e pareceu estar de vestido, já que a camiseta ficou mais comprida que a roupa que usava por baixo.- Certamente não vou poder lhe devolver porque a gente não vai mais se ver.- Não tem problema. Não exigirei que leve na sua minúscula bolsa quando voltar ao Baccarath. Nem vou pedir o telefone do seu vizinho, porque não é uma emergência. Se um dia a gente se encontrar novamente, você me devolve. Mas a probabilidade é pouca.- Você mora em Laranjeiras?- Sim.- Então não é tão impossível assim! – Ela riu.O ônibus parou e os garotos embarcaram. Ela foi indo atrás deles:- Feliz aniversário, Pedro! – Disse antes de subir.- Feliz aniversário, Clara
- E se fosse, Patrick? Você se importaria?- Artemis, eu nunca me importei com ela. Se você quisesse ter casado com a pirralha, para mim tanto fazia. A deixou porque quis.- Eu não a deixei. Ela me deixou.- Artemis, vocês ficaram juntos duas vezes! A pirralha tinha 15 anos! E cara, você teve a capacidade de chorar por ela. Por sorte caiu na real e superou. Estou certo? Você superou a Clara, não é mesmo?- Sim. Eu só não quero que a faça de idiota, Patrick. Não tem o direito de brincar com ela só porque a garota gosta de você.- Se eu quisesse brincar com a Clara, já teria feito isto. Ponha na sua cabeça que não quero nada com ela. Sei que já gostou da garota e você é meu melhor amigo. Sou fiel aos amigos, acima de tudo.- Isto quer dizer que não fica com ela por minha causa?- Não! – Franzi a testa, afinal não era só por aquele motivo.- Ela é completamente apaixonada por você, Patrick! E isso já faz mais de três anos. Eu não acho que ela seja louca. Creio que Clara saiba muito bem o
- É moda, Dorinha! Ele fica bem assim. São quatro anos cuidando destes belos fios dourados.- Tem menos pontas duplas que o seu, irmã! – Ela riu, alfinetando minha mãe.Sentei ao lado dela, que reclamou:- Por que não foi me visitar com a sua mãe na última vez que ela esteve na minha casa?- Eu trabalho, tia.- E desde quando uma loja de surf que abre ao meio-dia é trabalho? – Desdenhou meu negócio.- Tia, os surfistas e skatistas não costumam acordar muito cedo. Não há motivos para eu abrir às oito da manhã se não terei clientes. Gastaria com luz, funcionários e a loja estaria vazia.- Você precisa mesmo de funcionários? A loja é tão pequena. Não dá conta sozinho? Economizaria dinheiro se dispensasse ajuda.Suspirei:- Eu não teria vida se não tivesse alguém que trabalhasse para mim.- Mas a loja só abre meio-dia! – Continuou me incomodando.Eu aguentava tudo calado, porque sabia que quando a velha “batesse as botas” eu ficaria rico, tão rico que nem poderia administrar o dinheiro so