POV Patrick
Olhei para Clara, completamente nervosa e franzi a testa, confuso:
- Do que você está falando?
- Meu passaporte... Sumiu.
- O que... Você quer com o passaporte?
- Onde está?
- Como eu vou saber onde está o “seu” passaporte?
- Me entregue agora, Patrick. – Ordenou, com a mão na minha direção.
- Eu não sei onde está a porra do seu passaporte. – Falei palavra por palavra pausadamente a fim de que ela entendesse de uma vez.
- Meu pai morreu... Minha mãe fará de tudo para que eu e Renan possamos chegar há tempo para o funeral. E para deixar a Austrália, preciso do meu passaporte.
Larguei o que eu estava fazendo e parei na frente dela, encarando-a seriamente:
- Vamos encontrá-lo, não se preocupe. Irei ajudá-la a procurar.
Ela riu debochadamente:
- S
Já tinha trocado várias vezes os números do telefone, a fim de que ele nunca tivesse como entrar em contato. Claro que não tomava aquela atitude somente quando Renan aparecia, para que Clara não desconfiasse. Quando ela me questionou uma vez, falei que era por conta do medo de sermos perseguidos por questões de dinheiro. E inventei mais um monte de desculpas descabíveis.As desculpas eram ridículas. Mas Clara nunca quis saber mais. Parecia se conformar... Ou simplesmente não se importava com as ligações do irmão.O problema é que agora Renan sabia nosso endereço. E certamente viria procurar a irmã novamente, principalmente se ela não aparecesse no enterro. Mas o pior era ele poder trazer notícias de Pedro Moratti.- Precisamos nos mudar... Para um lugar distante de tudo. – Me ouvi falando.Minha mãe suspirou e alisou meu rost
POV CLARAEu sabia que Patrick odiava quando eu dizia aquilo, mas era a verdade. Dentro de exatamente quatro anos e meio, eu estaria livre daquele casamento e viveria a minha vida. E não, não seria em Laranjeiras. Tampouco em algum lugar próximo. Era hora de seguir em frente... Sozinha.Terminei de comer praticamente tudo que ele havia posto na bandeja e perguntei:- Quem arrumou esta comida?- Eu.Sorri:- Obrigada.Patrick poderia ter vários defeitos, mas dentre as poucas qualidades, saber tudo que eu gostava de comer era uma delas.Ele mesmo pegou a bandeja e pôs ao lado da cama, na mesa de cabeceira.- Sinto muito por tudo que houve hoje... E também pela morte do seu pai. – Sua voz foi terna.Se eu não tivesse conhecido o lado ruim e violento dele, acreditaria em seu amor por conta da doçura com que me tratava naquele momento, parecendo realmente se
Despertei sentindo a cabeça como se fosse explodir de tanta dor. Remexi-me na cama e deparei-me com Patrick. Eu estava coberta junto dele com o edredom. Realmente havia pego no sono, pois sequer vi ele me cobrindo.Sentei-me na cama, com dificuldade, ainda sentindo cólicas, embora mais fracas. Patrick abriu os olhos, com dificuldade, e espreguiçou-se:- Amo dormir ao seu lado.- Isso não vai me convencer... – Deixei claro.Ele riu e levantou a coberta a fim de levantar-se.- Clara! – gritou, levantando os braços, com a bermuda e parte da camiseta toda ensanguentada.Fiquei observando-o, completamente confusa.- Eu acho... Que menstruei! – ele disse, retirando a camiseta imediatamente, em pânico, fazendo-me cair na risada.Duas semanas depois e eu estava subindo um morro em Gold Coast, no jipe de Patrick, enquanto minha sogra nos acompanhava dirigindo o car
- E então, Clara? Vai ficar aí ou virá ver a casa em que morará nos próximos 4 anos e 4 meses? – Sophie perguntou, com as mãos na cintura parada atrás de nós.Eu ri, de forma irônica, olhando para Patrick:- E você ainda tenta dizer que isso pode ter um futuro...Patrick tentou pegar meu braço, mas desvencilhei-me e fui para a entrada da residência.A grama verde tomava conta de do espaço do terreno, que era todo gradeado, com ferros retos e brancos que tinham em torno de 50 cm de altura, como se fosse somente para delimitar um espaço entre a casa e a “selva”.O primeiro andar não era bem um andar, embora tivesse o tamanho de cada um dos demais. Era como se fosse a estrutura de um bolo, que segurava tudo o resto. Em alvenaria branca, com algumas portas em vidro e lâmpadas ao longo de toda parede, o lugar servia apenas para abrigar as escadas que davam para o andar dois. Este, por sua vez, era todo em piso que parecia de vidro e à direita tinha uma piscina gigantesca, cujo formato se a
Seu pau deslizava com muita facilidade e aquilo incrivelmente me dava ainda mais prazer. Parecia que eu nunca estive tão molhada na vida. E enquanto Patrick me fodia, eu via o mar à frente.Num transe entre prazer, imagem do mar, sensação de paz e vontade de pelo menos uma vez na vida esquecer o passado e seguir em frente, dando uma chance ao meu marido e a mim mesma, me dei ao prazer de gozar e gemer feito uma puta, ouvindo o eco dos meus miados tomarem conta de todo o espaço onde estávamos.Até que Patrick gemeu quase num grito... E senti seu líquido morno e espesso me invadir, dando um passo para o lado, em segundos sentindo descer pelas minhas pernas.- Que... Porra é esta? – Praticamente gritei.- Acho... Que a camisinha estourou.Olhei para o chão e vi a camisinha sem uma gota de sêmen dentro.- Você... Não pôs a camisinha?Patrick sorriu:- Vamos ter um bebê.- Seu doente! – O empurrei com força, fazendo-o quase cair.- Doente? Sou doente porque quero ter um filho com você?- E
E o ano de 2005 passou lento, parecendo que tinha dois dias dentro de um.Na noite da virada de 2005 para 2006 sequer saí do meu quarto e como não ouvi fogos, imaginei que dormi antes da meia-noite.Não dirigi... Simplesmente porque cada vez que colocava a mão no volante era como se um flashback passasse pela minha cabeça: Pipeline na janela, a lomba gigantesca, o cão atropelado que não morreu, o homem do estacionamento que me guiou de forma errada propositalmente e alguém com a arma na minha cabeça me mandando descer do carro.Então eu respirava fundo e descia, incapaz de seguir em frente.Eu imaginava que todas as pessoas tinham suas limitações e medos, por mais que não quisessem admitir. Mas no meu caso, eles pareciam tantos... E impossíveis de serem superados.Quando precisava ir para o trabalho, geralmente Patrick me levava aos lugares em que eu p
- Não casei de mentira. E no fim, tia Dorinha conseguiu alcançar seu objetivo. Ela pediu a duração de dez anos com a intenção de que eu entendesse o que era o amor, já que achava que eu não gostava de ninguém e não tinha responsabilidade afetiva com as mulheres. Me apaixonei por você em menos de um ano... E sei o que é o amor. E ao final dos dez anos, terei meu coração completamente partido... E chorarei talvez pelo resto da minha vida. A velha me fodeu, esta é a verdade.Engoli em seco, incerta sobre o que aquele homem de fato sentia por mim.- Você estragou tudo. – Aleguei.- Se eu tivesse feito diferente, você teria deixado de amá-lo?- Eu... Sinceramente não sei. Porque você o tempo todo fez tudo errado.Patrick riu e retirou uma borracha do bolso, amarrando os num rabo de cavalo. Eles já haviam cr
- Patrick? – um grupo se surfistas se aproximou de dele – Patrick Huxley?- Sim, sou eu.- Um amigo nosso comprou uma de suas pranchas... Será que é possível que faça para nós também, personalizadas?Patrick olhou para os jovens e depois para mim e Artemis e acabou indo conversar com eles, já que gostava de se exibir e aquela era uma ótima oportunidade, embora não quisesse me deixar sozinha com seu amigo.Andei alguns passos e Artemis me acompanhou. Sentei-me sobre a prancha e fique observando o mar. Ele fez o mesmo.- Este lugar é lindo! – Falou, contemplando as ondas perfeitas.- Sim... Embora o lugar onde morássemos antes fosse bem melhor.- Por que se mudaram então?- Para que eu não pudesse ter minha independência. – Sorri, sem olhá-lo.Artemis ficou um tempo sem dizer nada, sequer olhando