Por fim, consigo articular uma deixa para a minha saída:— Ainda bem que não tenho essa capacidade e, talvez, se tivesse, meus dedos estariam na sua cara bonita. Bom dia, senhor Çelik, e bom apetite.Eu vou deixando a sala escutando a sua risada baixa.— Espere! — ele então diz.Solto o ar e me volto para ele. Nos encaramos. Ele recosta melhor na cadeira, com uma expressão que me deixa tensa.— Já disse que senhor aqui é meu pai, apenas Murat. E por falar nele, teremos uma festinha hoje. Você já deve estar sabendo.— Sim. Inclusive, estou ocupada com os preparativos.Ele vai abrindo o sorriso, um jeito jocoso, como se estivesse se divertindo comigo. Meu estômago dá um nó.— Sei... sei... Tudo bem, não vou te deixar em paz agora. Pode se refugiar na cozinha antes que você perca essa fachada de durona e demonstre que, no fundo, está louca para eu materializar seus desejos... meus desejos... fazendo esse vulcão enrustido, que conheço tão bem, explodir.A sala parece ficar quente de repen
Vou até a cozinha para começar a servir os convidados. Há duas garotas que foram contratadas para o dia de hoje e que estão nos ajudando. Norma está falando com elas, eu me aproximo:—Bem, vocês sabem o que fazer. Circulem distribuindo as bebidas. Depois aguardem para retirar os copos vazios. Então sirvam novamente.Elas assentem e saem com a bandeja das bebidas nas mãos:—Parece que estamos na Turquia —comento sorrindo. Norma que está preenchendo a bandeja com os canapés para eu servir sorri para mim.—Verdade, é que mesmo vivendo em outro país eles preservam sua cultura. Você não viu nada!Eu balanço a cabeça.—Murat não parece pertencer a esse povo. Ele é tão diferente.Norma voa seus olhos em mim, bem atentos.—Ah, você reparou. Ele é a ovelha negra da família. O pai dele está louco para ele se firmar com uma mulher que respeita as tradições e fazê-lo entrar na linha.—Verdade?—Sim, essas festas sempre têm alguma mulher convidada ou pelos tios de Murat ou pelo pai dele. Eles semp
Eu pego a bandeja, mas antes de sair da cozinha Murat surge nela.—Deixe a bandeja aí e venha comigo.—Como?Ele retira tudo da minha mão e agarrando meu braço me puxa para fora em direção ao jardim. Então, me puxa para um canto escuro e me pressiona contra uma pilastra, o calor de seu corpo me envolve eu ergo meu rosto assustado e meu grito é abafado por seus lábios nos meus. Sua mão não é gentil quando como um louco, ergue o meu uniforme e a passa pela minha coxa e aperta meu bumbum. A outra mão ele me traz mais para junto dele enquanto ele literalmente devora os meus lábios de um modo selvagem. Eu entro numa névoa de intoxicação. Meus sentidos ouriçados com seu calor, seu cheiro, e a forma como ele me beija. E que beijo! A razão me deixou no momento que seus lábios tocaram os meus, que eu senti sua língua explorando e dançando contra a minha.Tremendo, me seguro nele. Minhas pernas estão tão moles que tenho a impressão de que se eu não me apoiar nele, vou cair. Por isso eu agarro
—O que é inatingível? —Ouço a voz de Murat nas minhas costas. Minha respiração se agita. Sinto os pelos do meu corpo arrepiarem inteirinho. Eu me viro para ele. Seus cabelos estão um pouco bagunçados, o deixando mais sexy, se isso é possível. Sua testa está suada. Seus olhos se encontram com os meus e eu me viro para a pia e continuo meu serviço.—O que faz na cozinha, Murat? —Norma o questiona.—Meu pai sem querer derramou suco. Preciso de um pano para limpar.—Pode deixar que eu limpo. —Norma diz antes de eu me prontificar a ir. Agarra então um pano que está em cima da pia e sai da cozinha.—O que é inatingível? —Ele me questiona.Eu me viro para ele, tento controlar minha respiração, mas falho miseravelmente.—Nada que te diz respeito. —Minto.Ele sorri com o canto dos lábios.—Não? —Ele dá uma risada sexy. Parece não acreditar muito.—Já não teve atenção suficiente lá na sala? O que quer comigo?Ele ri.—Hum, se eu te disser não vai prestar… —diz olhando meus lábios e depois meus
EsterNão é que ele parece mesmo doente! Ele está com os olhos e o rosto vermelhos.E cobertor? Nesse calor?Pego a bandeja e uma manta como ele pediu. Vou até o quarto e dou com seu olhar, que tão logo me vê, viaja por meu rosto e corpo com satisfação.Droga! Ele sempre faz eu me sentir nua, mesmo com esse uniforme grosso.Minha pele mais uma vez se arrepia quando seus olhos focam nos meus novamente. Isso é excitante e enervante. Tudo ao mesmo tempo. Pior que ele sabe o efeito que um olhar desse exerce sobre mim. Ele dá um sorrisinho perverso e eu caio na realidade que isso é seu mal. Ele, definitivamente, não é confiável. Com certeza alérgico a compromissos. Vive de aventuras. Ele não é o tipo de homem que leva uma mulher à sério. E para quê? Se ele tem elas aos montes? Todas prontas a satisfazer seus desejos!Eu fecho a cara e caminho até ele. Estendo o cobertor sobre o lençol. Ele imediatamente o puxa para aquecer seus braços nus revelados pela camiseta branca. Eu então me sinto
Eu engulo em seco.—Falar sobre mim?Fico a olhar desnorteada para ele. A porta se abre e a mãe dele entra.—Filho, o que você tem? Rose me disse que está passando mal.—Com licença. —digo, aproveitando a entrada dela para sair do quarto. MuratKahretsin! Binlerce kez bok!(Merda! Mil vezes merdaa!) Minha mãe tinha que entrar justo agora? Eu estava quase a convencendo...—É apenas um mal-estar.Ela coloca a mão na minha testa.—Maal-estar? Você está ardendo em febre?Allah! Eu me sinto com febre o tempo todo, desde que coloquei meus olhos nos cabelos de fogo.—Não se preocupe, anne. (mãe) Já tomei um antitérmico. Acho que deve ser uma virose.Eu finalizo o mamão e coloco o suporte de lado. Deito-me nos travesseiros.—Não vai comer os ovos mexidos?Abro os olhos e dou com seus olhos negros nos meus.—Não. Estou sem fome. Você pode pedir para Ester depois vir buscar o carrinho? O cheiro de comida está me fazendo maal.—Eu levo.Eu fungo, o meu sangue ferve.—Mãe, a empregada leva. Talve
—Se ele é assim, por que não mora sozinho?—Por causa das tradições. Turcos só deixam a casa dos pais depois que se casam.—Entendi.Ela solta o ar.—Bem, vou arrumar tudo para você levar.Eu começo a retirar as coisas do carrinho e digo sem olhá-la:—Você não quer levar para ele enquanto eu ajeito as coisas aqui?Silêncio.—Tudo bem, eu levo. Assim dou uma olhada no meu menino.Eu a olho curiosa.—Você trabalha muito tempo para eles?—Sim, há mais de vinte anos. —Ela diz colocando os isotônicos, o remédio e um copo em uma bandeja de prata.—Puxa, há bastante tempo.O interfone toca.—Ah, deve ser a empregada nova. Atende. Se for libere a entrada dela, eu vou levar tudo para Murat eu vou avisar Rose. Enquanto isso você ajeita tudo por aqui.Quando ela sai eu sinto um alívio. Murat que não gostará nem um pouco. Bem, talvez não. Ele está muito debilitado para pensar em qualquer outra coisa.Eu atendo o interfone. Realmente é Lucy, a empregada que ficará com a minha vaga a qual eu me can
Não podemos prever uma furacão, foi isso que senti ao ver Murat entrando no meu quarto e fechando a porta com um sorriso devastador. Agora ele está de short preto e camiseta branca, uma sandália de couro nos pés.Imediatamente dou um salto e fico em pé do outro lado da cama, puxando o lençol para cobrir minha camisola branca de cetim. O encaro, enrolada a ele.—O ...que você está fazendo aqui?Murat ainda sorrindo fecha a porta, parece estar se divertindo muito com meu gesto assustado. Seus olhos então focam a televisão ligada e ele olha para mim.—Para quem estava com dor de cabeça, você me parece muito bem...—Você veio checar se eu estava com dor de cabeça?Ele se encosta a porta e cruza os braços e me olha com seu sorriso maquiavélico.—Pensei que estivéssemos nos entendendo, Ester.O desejo de seu olhar quase quebra meu autocontrole.—Entendendo? —Eu o questiono furiosa comigo mesma por ter permitido que ele me beijasse. Agora ele acha que pode fazer o que quer. —Um beijo roubado