—O que é inatingível? —Ouço a voz de Murat nas minhas costas. Minha respiração se agita. Sinto os pelos do meu corpo arrepiarem inteirinho. Eu me viro para ele. Seus cabelos estão um pouco bagunçados, o deixando mais sexy, se isso é possível. Sua testa está suada. Seus olhos se encontram com os meus e eu me viro para a pia e continuo meu serviço.—O que faz na cozinha, Murat? —Norma o questiona.—Meu pai sem querer derramou suco. Preciso de um pano para limpar.—Pode deixar que eu limpo. —Norma diz antes de eu me prontificar a ir. Agarra então um pano que está em cima da pia e sai da cozinha.—O que é inatingível? —Ele me questiona.Eu me viro para ele, tento controlar minha respiração, mas falho miseravelmente.—Nada que te diz respeito. —Minto.Ele sorri com o canto dos lábios.—Não? —Ele dá uma risada sexy. Parece não acreditar muito.—Já não teve atenção suficiente lá na sala? O que quer comigo?Ele ri.—Hum, se eu te disser não vai prestar… —diz olhando meus lábios e depois meus
EsterNão é que ele parece mesmo doente! Ele está com os olhos e o rosto vermelhos.E cobertor? Nesse calor?Pego a bandeja e uma manta como ele pediu. Vou até o quarto e dou com seu olhar, que tão logo me vê, viaja por meu rosto e corpo com satisfação.Droga! Ele sempre faz eu me sentir nua, mesmo com esse uniforme grosso.Minha pele mais uma vez se arrepia quando seus olhos focam nos meus novamente. Isso é excitante e enervante. Tudo ao mesmo tempo. Pior que ele sabe o efeito que um olhar desse exerce sobre mim. Ele dá um sorrisinho perverso e eu caio na realidade que isso é seu mal. Ele, definitivamente, não é confiável. Com certeza alérgico a compromissos. Vive de aventuras. Ele não é o tipo de homem que leva uma mulher à sério. E para quê? Se ele tem elas aos montes? Todas prontas a satisfazer seus desejos!Eu fecho a cara e caminho até ele. Estendo o cobertor sobre o lençol. Ele imediatamente o puxa para aquecer seus braços nus revelados pela camiseta branca. Eu então me sinto
Eu engulo em seco.—Falar sobre mim?Fico a olhar desnorteada para ele. A porta se abre e a mãe dele entra.—Filho, o que você tem? Rose me disse que está passando mal.—Com licença. —digo, aproveitando a entrada dela para sair do quarto. MuratKahretsin! Binlerce kez bok!(Merda! Mil vezes merdaa!) Minha mãe tinha que entrar justo agora? Eu estava quase a convencendo...—É apenas um mal-estar.Ela coloca a mão na minha testa.—Maal-estar? Você está ardendo em febre?Allah! Eu me sinto com febre o tempo todo, desde que coloquei meus olhos nos cabelos de fogo.—Não se preocupe, anne. (mãe) Já tomei um antitérmico. Acho que deve ser uma virose.Eu finalizo o mamão e coloco o suporte de lado. Deito-me nos travesseiros.—Não vai comer os ovos mexidos?Abro os olhos e dou com seus olhos negros nos meus.—Não. Estou sem fome. Você pode pedir para Ester depois vir buscar o carrinho? O cheiro de comida está me fazendo maal.—Eu levo.Eu fungo, o meu sangue ferve.—Mãe, a empregada leva. Talve
—Se ele é assim, por que não mora sozinho?—Por causa das tradições. Turcos só deixam a casa dos pais depois que se casam.—Entendi.Ela solta o ar.—Bem, vou arrumar tudo para você levar.Eu começo a retirar as coisas do carrinho e digo sem olhá-la:—Você não quer levar para ele enquanto eu ajeito as coisas aqui?Silêncio.—Tudo bem, eu levo. Assim dou uma olhada no meu menino.Eu a olho curiosa.—Você trabalha muito tempo para eles?—Sim, há mais de vinte anos. —Ela diz colocando os isotônicos, o remédio e um copo em uma bandeja de prata.—Puxa, há bastante tempo.O interfone toca.—Ah, deve ser a empregada nova. Atende. Se for libere a entrada dela, eu vou levar tudo para Murat eu vou avisar Rose. Enquanto isso você ajeita tudo por aqui.Quando ela sai eu sinto um alívio. Murat que não gostará nem um pouco. Bem, talvez não. Ele está muito debilitado para pensar em qualquer outra coisa.Eu atendo o interfone. Realmente é Lucy, a empregada que ficará com a minha vaga a qual eu me can
Não podemos prever uma furacão, foi isso que senti ao ver Murat entrando no meu quarto e fechando a porta com um sorriso devastador. Agora ele está de short preto e camiseta branca, uma sandália de couro nos pés.Imediatamente dou um salto e fico em pé do outro lado da cama, puxando o lençol para cobrir minha camisola branca de cetim. O encaro, enrolada a ele.—O ...que você está fazendo aqui?Murat ainda sorrindo fecha a porta, parece estar se divertindo muito com meu gesto assustado. Seus olhos então focam a televisão ligada e ele olha para mim.—Para quem estava com dor de cabeça, você me parece muito bem...—Você veio checar se eu estava com dor de cabeça?Ele se encosta a porta e cruza os braços e me olha com seu sorriso maquiavélico.—Pensei que estivéssemos nos entendendo, Ester.O desejo de seu olhar quase quebra meu autocontrole.—Entendendo? —Eu o questiono furiosa comigo mesma por ter permitido que ele me beijasse. Agora ele acha que pode fazer o que quer. —Um beijo roubado
EsterQuando ele sai do meu quarto eu me sento na cama e passo a mão no rosto.Preciso procurar outro emprego. A folga que eu tiver farei isso. Quem sabe consigo de recepcionista em algum hotel?Não! Não! É um risco. Se eles me procurarem, me encontrarão lá. Somos tendenciados a repetir experiências anteriores e eles sabem disso. Deus! Mas que merda! Pior que eu gostei de trabalhar aqui. Rose e Norma são uns amores... Os Çelik's também. São muito na deles e não são aqueles patrões chatos. Meu problema é mesmo Murat. Almoço com Hazal e família.🌞🌞🌞🌞🌞🌞 Dia seguinte... Murat Estou em pé olhando para fora da janela, sem nada ver. O sol irradia sobre o jardim bem cuidado, mas minha mente está longe, desatento a toda a beleza e a paz que ele transmite, pois nem a vista dele me tranquiliza agora. Há uma grande responsabilidade sobre meus ombros, a esperança da minha família está toda depositada em mim. Passei meus anos ouvindo o que meu pai tem para mim como sonho. Despejando em
É estranho estar aqui recebendo Hazal e a família dela em frente a mulher que tem sido o me alvo. Mas a verdade é que só estou cumprindo um protocolo. Encenando um interesse que não tenho para deixar meu pai satisfeito, para ele não dizer que não tentei gostar de uma mulher como Hazal. Como eu disse, eu não confronto ele, eu me esquivo. Entro no seu jogo, mas acabo fazendo o que quero.Quando disse a ele que gostei de Hazal, não menti. Gosto dela para ser uma boa amiga, mas como mulheres turcas não tem amizades masculinas, mais tarde ela só será uma lembrança como tantas outras que meu pai introduziu nessa casa tentando provocar meu interesse.Meu pai abraça meus ombros, talvez percebendo meus olhos em cima da empregada. É uma forma de ele impor e me lembrar aonde tem que estar a minha verdadeira atenção. Essas mãos querem me direcionar a cumprimentar os pais de Hazal que conversam com a minha mãe no outro canto da sala, como se eu fosse ainda um garoto, não o homem de maduro que sou.
Minutos antes... Ester Vejo Murat saindo de braço dado com Hazal. Encenação? Sei... Ele pensa que me engana. Meu lábio inferior treme. Sinto-me em guerra de sentimentos: tristeza, necessidade e frustração. Começo a retirar a mesa com a ajuda de Norma. Entro na cozinha e coloco os pratos em cima da pia, quando eu me viro dou com o senhor Ahmed Çelik entrando na cozinha. Altivo, exalando poder, autoconfiança. Elegantemente vestido em um terno bem-cortado que caí com perfeição nos ombros largos. A camisa branca, impecável. —Norma, você pode nos deixar às sós um instante. —Sim, senhor Çelik. Sua figura imponente me inibe, seus olhos direcionados para mim são os mais gélidos que eu já vi em um homem. —Vou ser bem direto. Percebi o jeito que Murat te olha. Ele chegou a dar em cima de você? —Ele questiona a voz carregada de sotaque. Ofego. O que menos quero é complicar a vida de Murat. —Não. —Minto. Ele ergue uma sobrancelha cética para mim e me estudou por alguns momentos an