O livro Amarras da Paixão é um romance sensual e intrigante que explora temas de amor, poder e desejo. A história gira em torno de Murat, um homem de negócios turco, sedutor e implacável, e Ester, uma mulher jovem que enfrenta seus próprios fantasmas enquanto tenta recomeçar a vida. Ester trabalha na mansão da família de Murat, e ambos compartilham um passado inesperado e intenso, marcado por encontros repletos de paixão e emoções conflitantes. A relação entre eles é complexa: Murat luta com sua arrogância e sua resistência a se comprometer emocionalmente, enquanto Ester busca sua independência e tenta superar as armadilhas de ser vista apenas como um objeto de desejo. Intrigas familiares, segredos e dilemas pessoais permeiam a narrativa, criando um pano de fundo emocionante e carregado de tensão. Com diálogos carregados de emoção e cenas de tirar o fôlego, o livro aborda não apenas o relacionamento dos protagonistas, mas também os desafios de encontrar equilíbrio entre amor, ambição e liberdade pessoal. É uma história envolvente para quem gosta de romances repletos de intensidade e reviravoltas.
Ler maisEsterFecho os olhos. Minha cabeça lateja como se estivesse sendo esmagada por dentro, a dor pulsante me obriga a manter as pálpebras cerradas. Cada batida ecoa como um tambor, abafando qualquer pensamento que não seja a tentação de me render ao vazio acolhedor da escuridão. Lá, pelo menos, não há dor. Não há peso.—A cuidadora que contratei ficará com você agora. É bom que se acostume com ela, pois depois ela continuará com você no apartamento.Eu luto para abrir os olhos, mesmo que cada fração de movimento pareça um esforço desumano. Quando finalmente consigo, a claridade do quarto me agride— Desde quando estou aqui? — minha voz sai rouca, frágil, como se tivesse atravessado um deserto de palavras. — Quando você soube do meu acidente?Ele me encara, os olhos tão intensos quanto de costume, mas há algo mais ali: cansaço, talvez raiva.— Faz uma semana. Eu acompanho seu caso desde o início. — Sua resposta é direta, seca, mas o peso de suas palavras é inegável. — Se não tivesse saído
MuratMeu pai construiu seu império sozinho, vindo do nada. Por isso, sempre é dele a última palavra em tudo. Mal sabe ele o que estou armando bem debaixo do nariz dele. Não me orgulho disso, mas se eu não o fizer, ele me devora vivo.Agora ele está aqui no meu quarto, exibindo um sorriso satisfeito no rosto: — Então irá à casa de Hazal hoje? — Irei. — Digo, sem sorrir, enquanto coloco o meu blazer marrom.Meu pai aperta meu ombro direito. — Ela é uma ótima garota. Você escolheu bem, meu filho. Ainda bem que não evoluiu nada com as outras que apresentei. Hazal realmente é a melhor.Eu lhe dou um sorriso frio. — Eu sei.— Sua mãe não me amava quando nos casamos. Eu mal a conhecia. O amor foi construído ao longo dos anos, pedra sobre pedra. Claro que não é empolgante como uma paixão, mas o que tenho é forte e durável. A paixão é algo fugaz, ela vem rápido e passa.Solto o ar, ainda tentando me convencer disso. — Bem, vou indo. Já estou atrasado. — Digo, sentindo-me como se fosse a um ja
No dia seguinte, acordei cedo. Isso já havia se tornado uma rotina. Tomei um banho morno em um dos dois banheiros, sempre muito disputados. Vesti uma saia social e uma camisa branca, combinando com sapatos de salto alto. Hoje, teria uma entrevista como recepcionista em uma construtora.— Bom dia. — Cumprimentei Margot, a dona da pensão.Ela, como de costume, havia preparado um café da manhã reforçado, mesmo que isso não fizesse parte do contrato. Acredito que seja pela minha magreza.— Bom dia. Mais uma entrevista de emprego?— Sim, espero que tudo dê certo. É a primeira entrevista na minha área. Só tem surgido empregos para os quais não tenho experiência.— Claro que dará, e você está muito bonita. Aliás, você é linda.— Ah, obrigada. Quero causar boa impressão.— Olha o que preparei para você.Ela colocou um prato com ovos mexidos com queijo, café com leite e torradas à minha frente. Sorri, emocionada.— Nossa! Você me fez um banquete. Obrigada.Uma garota se aproximou de nós, e eu
MuratO guarda-roupa vazio dela me atinge como um golpe seco no peito. Minha mandíbula trava, os músculos do maxilar têm vida própria, enquanto um turbilhão de emoções se desenrola dentro de mim. Dor, raiva, decepção... Não sei qual deles vai ganhar essa corrida desenfreada para dominar meu coração, mas sinto o gosto amargo de todos. E esse aperto na garganta? Angústia? Não sei. Tudo o que sei é que estou sufocando.Ofego. Minhas passadas ecoam no chão de madeira enquanto caminho de um lado para o outro no antigo quarto dela. Cada detalhe é um lembrete de que ela esteve aqui, mas agora não está mais. A cama perfeitamente arrumada. As cortinas que ainda carregam o perfume dela, tão sutil, tão cruel. O espelho vazio me devolve um reflexo que não reconheço.— Então ela foi embora? — murmuro para o vazio, a voz áspera como um punhal.Ela se aproveitou da minha ausência para fugir. Fugir de mim. Um riso seco escapa dos meus lábios, mais amargo do que qualquer insulto. Por que eu me importo
Estou lavando a louça do café da manhã. Murat e o senhor Çelik tomaram juntos hoje cedo. Murat estava sério, com o rosto fechado. Mal me olhou. Não sei se ficou ofendido com a minha observação de ontem ou se agiu assim para não dar bandeira na presença do pai. Talvez tenha sido por ambas as razões.A senhora Çelik tomou o café mais tarde e, logo depois, entrou na cozinha e foi para os fundos da casa.Estou angustiada. Quero muito falar com Rose, recuperar minha carteira de trabalho e pedir a conta. É a oportunidade perfeita, já que Murat estará ausente nos próximos dias.Assim que terminei a louça, fui atrás de Rose e a encontrei no quarto de Murat. Meu coração disparou ao sentir o perfume dele no ar. O cheiro preenchia o ambiente. Sobre a poltrona, a roupa que ele usava quando foi até o meu quarto era uma lembrança forte demais.— Rose.Ela parou de arrumar a cama e se virou para mim.— Aconteceu alguma coisa?— Não. Eu gostaria de pegar minha carteira de trabalho com você.— Por que
Preciso pensar com a razão, segurar firme as rédeas da lógica e não deixar que as emoções me conduzam. Tudo isso é um jogo, e eu conheço as regras. Ele é o caçador, e eu, a presa. Nada mais. Não há espaço para romantizações baratas, nada de histórias perfeitas como em livros ou comédias românticas. Isso aqui é a vida real. E a realidade é esta, se eu não agir agora, vou afundar antes mesmo de perceber. Preciso sair dessa casa enquanto ainda estou só na atração. Antes que essa emoção cresça e me arraste para um lugar sem volta.Minha decisão está tomada: pedir as contas e encarar o mundo lá fora e nunca olhar para trás. Melhor voltar para o pulgueiro onde morava, onde ainda podia sonhar sem correntes. Aqui, neste lugar, não há espaço para respirar. Não consigo sequer receber ligações sobre novas oportunidades sem ser interrompida por ele ou pela sombra que ele projeta sobre tudo. Se eu consegui este emprego, consigo outro. Só preciso encontrar a saída antes que seja tarde demais.Murat
Caio em mim que o que menos faço é conversar. Preciso passar segurança para ela. Preciso lhe falar de Hazal.—É por causa de Hazal? Se for, não há o que se preocupar. Eu conversei com ela hoje. Abri o jogo com ela. Disse que estou dançando conforme a música, mas que que não pretendo ter nada sério com ela. Manteremos as aparências por um tempo. E sabe por que eu fiz isso? Por causa de você.Ester me olha ofegante. Eu vou até ela, e a tomo nos braços novamente. Sinto seu arfar perfumado.— Vai me dá uma joelhada novamente? Depois de tudo que eu disse? —Questiono, meus olhos cheios negros de desejo.Ela não responde e eu então colo minha boca na sua, a beijando com paixão e toda a volúpia que meu corpo exige. Ela cede.Allah! Finalmente cede...Quando sinto seus lábios sob os meus tão receptivos, eu gemo de prazer e os mordisco a provocando ainda mais, então coloco minha língua entre a sua boca, dançando no seu interior úmido, me embriagando com seu gosto. Envolvo minha língua na dela e
Minutos antes... Ester Vejo Murat saindo de braço dado com Hazal. Encenação? Sei... Ele pensa que me engana. Meu lábio inferior treme. Sinto-me em guerra de sentimentos: tristeza, necessidade e frustração. Começo a retirar a mesa com a ajuda de Norma. Entro na cozinha e coloco os pratos em cima da pia, quando eu me viro dou com o senhor Ahmed Çelik entrando na cozinha. Altivo, exalando poder, autoconfiança. Elegantemente vestido em um terno bem-cortado que caí com perfeição nos ombros largos. A camisa branca, impecável. —Norma, você pode nos deixar às sós um instante. —Sim, senhor Çelik. Sua figura imponente me inibe, seus olhos direcionados para mim são os mais gélidos que eu já vi em um homem. —Vou ser bem direto. Percebi o jeito que Murat te olha. Ele chegou a dar em cima de você? —Ele questiona a voz carregada de sotaque. Ofego. O que menos quero é complicar a vida de Murat. —Não. —Minto. Ele ergue uma sobrancelha cética para mim e me estudou por alguns momentos an
É estranho estar aqui recebendo Hazal e a família dela em frente a mulher que tem sido o me alvo. Mas a verdade é que só estou cumprindo um protocolo. Encenando um interesse que não tenho para deixar meu pai satisfeito, para ele não dizer que não tentei gostar de uma mulher como Hazal. Como eu disse, eu não confronto ele, eu me esquivo. Entro no seu jogo, mas acabo fazendo o que quero.Quando disse a ele que gostei de Hazal, não menti. Gosto dela para ser uma boa amiga, mas como mulheres turcas não tem amizades masculinas, mais tarde ela só será uma lembrança como tantas outras que meu pai introduziu nessa casa tentando provocar meu interesse.Meu pai abraça meus ombros, talvez percebendo meus olhos em cima da empregada. É uma forma de ele impor e me lembrar aonde tem que estar a minha verdadeira atenção. Essas mãos querem me direcionar a cumprimentar os pais de Hazal que conversam com a minha mãe no outro canto da sala, como se eu fosse ainda um garoto, não o homem de maduro que sou.