Cinco Anos Antes
"Se um dia passarem por momentos difíceis, olhem nos olhos um do outro e resgatem o amor verdadeiro que os uniu. Ele lhes dará forças para superar e seguir."
— Desconhecido
— Querida, prometo te amar, não só aqui, agora — Téo sorriu, apertando minha mão, foi impossível não sorrir também, embora uma lágrima solitária descesse teimosamente pela minha face, se fosse em outro momento, surtaria pela belíssima maquiagem sendo estragada pelo meu sentimentalismo, mas não era um outro momento, era meu casamento! Meu coração batia aceleradamente, era como se cada palavra proferida por meu noivo, meu coração saltava dentro de mim, meu peito doía de emoção, eu nunca gostei de sentir uma dorzinha tanto quanto agora. Meu Deus! Como o amo. Sua mão aperta a minha outra vez, vejo que meu olhar parecia vago, eu suspiro e volto a sorrir, assim ele continua — Mas a cada instante, a cada batida que meu coração der. Prometo olhar para você todas as manhãs com um novo olhar, procurando sempre os motivos que nos fizeram estar aqui, diante ao Deus que acreditamos, a lei que respeitamos, e cada pessoa hoje nos presenciando entrar nessa nova fase de nossas vidas, que lhe dou minha palavra ser a nossa melhor fase, a nossa maior aventura — Sua voz saiu um tanto arrastada, e conhecendo como conhecia, ele estava prestes a ceder as lágrimas, as quais já alagavam toda minha face, queria jogar me em seus braços, queria beija-lo como nunca ousei beijar, mas se eu fizesse aquilo, com certeza a cerimonialista teria um infarto, então sorri, e me contentei apertar sua mão a cada instante, e mover meus lábios um eu te amo em silencioso. O cerimonialista disse alguma coisa, fazendo todos rir, e quando dei por mim, o microfone que estava outrora nas mãos de Téo, passou para as minhas, ofeguei, sentindo uma tremedeira súbita me envolver.
Meu Deus, era minha vez, e as palavras haviam simplesmente sumido, não sabia o que falar, as palavras que demorei longos cinco meses para guardar, havia de um instante para o outro evaporado. Inspirei e expirei, sentindo-me entrar vagarosamente em colapso. Meu olhar passou por meu noivo e adiante dele, notando que os olhares que antes estavam fixos em nele, haviam sido direcionados para mim, engoli seco, focando minha atenção em Téo, ele sorria tão amplamente, meu coração se apertou um pouco mais, reconhecendo aquele sorriso, ele era o nosso sorriso. Na maior parte do tempo eu era a pessoa séria e fechada da relação, mas Téo, Téo era o completo oposto de mim, eu sempre me perguntava como uma pessoa tão de bem com a vida como Téo havia se interessado por mim, não era como se um dia eu havia sido diferente, na verdade, acredito que era um pouco mais fechado do que atualmente, e ele ainda assim, insistiu em mim, ele dizia que não era por que eu não brilhava para todos, aquilo significava que eu não tinha luz, eu só era seletiva demais, e sem que eu percebesse havia lhe dado um terço daquela luz facilmente. Então parei de tentar entender o por que ele me amava, e passei a dar o amor que ele merecia, sem ressalva, não que eu tenha mudado de lá para cá, eu ainda tinha minha essência arraigada em mim, mas eu havia evoluído, havia me permitido abrir-me por completo para ele, mostrando cada parte de mim, confiando-lhe todas as minhas facetas, e em meio tanta seriedade, eu descobri que poderia sorrir, ou melhor, eu poderia sorrir para aqueles com que eu me importava, amava.
E eu que julgava tanto minhas colegas de faculdade por rir de piada bobas contadas por seus namorados, acabei virando elas.
Fechei meus olhos, dando espaço para mais lágrimas, então suspirei e forcei que as primeiras palavras saíssem por entre meus lábios.
— Téo, meu amor — Minha voz saiu embargada, e minhas pernas bambearam. Eu nunca fui muito boa em lidar com público, na faculdade eu quase caí dura em inúmeras apresentações, e quando alguém me chama para dar alguma palestra eu simplesmente declino do convite, embora não seja nada cortes, mas não era algo pessoa, Tudo que me deixa exposta desencadeia a minha temida ansiedade, ou crise de pânico. Como se pudesse ler as estrelinhas pairadas sobre mim, meu noivo sorriu, então deixando de lado um pouco da formalidade frisada pela cerimonialista, que devíamos manter um braço de distância, ele acabou com a pequena distância entre nós, sua mão chegou em minha face, eu suspirei, ganhando motivação, seu eu focasse apenas no que me importava, ele, eu me sairia bem, ele merecia que eu me saísse bem, eu não precisava de um texto de apoio, eu precisava ser sincera — Esqueci meu voto, desculpa — Risadas espontâneas ecoaram pelo salão, e finalmente as lágrimas já eram perceptíveis pela face de meu noivo, mas ao invés de limpar sua própria face, ele deslizou o dedo sobre a minha, eu não soube se ele a limpava ou me acalmada, mas bem aquilo me faz amá-lo mais. Com a minha mão livre, apertei sua, agradecendo silenciosamente naquele gesto — Confesso que não sou boa em improvisos, você sabe! Mas tentarei... — Balancei a sua mão, e com um longo suspiro, olhei no fundo dos seus olhos, sentindo uma nova onda de sentimentos, eu me senti ansiosa, mas não era a ansiedade ruim, que nos paralisa, era aquela boa, que nos faz sentir borboletas no estômago diante o novo, eu mal podia esperar para que oficialmente déssemos início a nossa nova aventura — Nunca pensei que estaríamos aqui, eu confesso. Não que eu pensasse tão pouco de nossa relação, ou não tivesse fé. Mas nos meus diários quando era criança, não constava casamento, e em meus planos traçado na adolescência e juventude, não me via casando assim, tão nova. Eu vivo dizendo que estar com você torna minha vida uma série de improvisos, imprevistos, e sabe, eu odeio série, principalmente as longas, eu odeio imprevistos, pois me deixam apavorada, mas quando essas combinações se juntam a você, torna-se a minha melhor coisa do mundo. E eu não poderia estar mais grata do que agora de tê-los comigo, de saber que, embora me apavore pensar no que virão nos próximos anos, estou ansiosa para essa nova fase, aventura, e espero viver mil e uma outras ao seu lado— Suspirei em um fôlego só, tentando dar uma pausa em minhas palavras, deixei que minha cabeça pendesse levemente para o lado, então sorri, impulsionando-me a continuar —E prometo meu amor, estar com você, independente do destino. Apoiar você, mesmo que seus improvisos me deixarem louca, prometo te amar, mesmo que haja motivos contra isso, a, e não posso deixar isso de lado... prometo rir de suas piadas, mesmo que não sejam tão engraçadas — Encerrei. Risos ecoaram por todo o salão, Téo balançou a cabeça em negativo, mas acompanhou os nossos convidados, não satisfeita, murmurei — Eu te amo muito hoje, e prometo amar muito mais amanhã, e nos próximos dias, meses e anos que virão.
O salão gradualmente voltou a ficar com apenas uma música baixa de ambiente. Eu inspirei e expirei, deixando que meu olhar encontrasse ao de Téo. Ele sorriu, meus lábios se movimentaram em um som baixo, dizendo um “eu te amo”, ele franziu o cenho, levando-me a franzir também, e sem que qualquer pessoa pudesse premeditar, as mãos de meu noivo agarraram minha cintura, e me apertou contra ele, então seus lábios ferozmente tomaram os meus em um beijo. Ouvi palmas ecoar, senti o chão sumir por debaixo de meus pés, mas senti acima de qualquer coisa, que aquele era o nosso início. O qual eu jurei naquele momento que nunca haveria fim, que tolice a minha.
AtualmenteEu nem sempre fui uma pessoa muito segura, para mim a qualquer momento eu iria falhar, principalmente na minha faculdade e residência de medicina, quando se tem tantas mentes brilhantes a sua volta, e você nem segura de si é, torna-se uma batalha árdua, mostrar para si mesma que é capaz, e principalmente se adequar as mudanças, nos meus primeiros anos foi um inferno, mas com Téo ao meu lado, eu conseguia me sobressair, então pouco a pouco fui me sentindo segura, fui me adequando as mudanças, mas eu não esperava que as mudanças fossem para além de minha carreira, que eu estava batalhando tanto para ter. Eu havia me tornado uma profissional respeitada, requisitada, nos corredores do grande hospital no qual eu trabalhava, eu me sentia segura, desde as coisas mais banais como demandar tarefas as coisas complicadas como fazer um diagnóstico a um paciente que j&aacut
— Eu sei Dona Ângela, mas o que posso fazer? Não posso abandonar meus pacientes assim! — Após a briga com Téo, não tinha visto-o mais, com certeza havia ido para o trabalho assim que adentrei o banheiro. Passei um bom tempo lá, meus olhos ardiam, e em minha garganta um nó havia se formado, mas não me permiti a chorar, em frente ao espelho me martirizei, me culpei pelo esquecimento, afinal, caso houvesse me lembrado, com antecedência, poder adiar minhas consultas, mas agora era tarde demais, assim me arrumei, e vim para minha clínica, onde atendia na parte da manhã. Minha cabeça dava pontadas leves, anúncio de que minha enxaqueca estava próxima, antes de acomodar-me em minha sala, tomei um comprimido para preveni-la, mesmo que aquele ato, não fosse indicado, mas não queria deixar que a bendita me levasse a querer bater a cabeça na parede. Mas o dia parecia
O barulho irritante de uma frigideira fritando Deus sabe se lá o que, me despertou com a famosa força do ódio, levantei em um pulo, o que não pareceu uma boa ideia, quando senti uma pontada intensa, em todos os cantos do meu crânio, e para ajudar, meu pescoço doía como o inferno, parecia rijo, o que não era para menos, constei ao me dar conta de que havia dormido no sofá, murmurando alguns xingamentos baixo, segurando minha cabeça como se uma parte de mim temesse que ela saísse do pescoço e fugisse do corpo, olhei para a cozinha, de onde vinha o barulho. No primeiro instante me assustei, sem ajuda de minha lente de contato ou meu velho companheiro, o óculos de grau elevado, vi apenas o vulto de uma mulher, mas, logo me acalmei, juntando um mais um, sabia de quem se tratava, era ninguém mais ninguém menos de que era, Ângela.Com certeza, não haveria
Durante o trajeto até o salão que havia sido reservado para o coquetel, Téo e eu não trocamos uma se quer palavra, a música baixa de ambiente que o rádio do carro reproduzia era o único som audível que existia entre nós, era um tanto que constrangedor. Aquele espaço do carro, parecia pequeno demais para nós dois. Mas era mil vezes melhor do que uma briga.Mesmo tentando não ter um certo contato visual com meu marido, não pude deixar de olhar algumas vezes para ele, examinando-o.Ser um homem atraente deveria ser a coisa mais fácil do mundo, não precisava de tanto, uma boa roupa, cuidados básicos com a pele e corpo, e claro, uma boa escolha de perfume, já o fazia ser o que era. Téo diferente de mim não havia mudado tanto desde que nos envolvemos pela primeira vez, desde que eu disse meu primeiro sim para ele, na verdade
2:30 p.m. — Terminei meu banho, e o sono havia simplesmente fugido de mim, meus olhos estava tão arregalado quanto de uma coruja.3:47 p.m. — Revirei-me sobre a cama, ao lado de Téo, várias vezes, como se tivesse pregos, ou uma ninhada de percevejos.4:59 p.m. — Observei Téo dormir profundamente ao meu lado, ele se mexia algumas vezes, e sua mão vez e outra me tateava, como se seu inconsciente, me procurava, não sabia como me sentia com isso. Sufocada, sem sono, levantei-me da cama, então sai do quarto.Desci pelas escadas em passos vagarosos, e me direcionei para a cozinha, onde passei um café, o que não era algo muito sensato, visando que seu efeito sobre mim, mas não poderia me importar menos, naquele instante. Despejei um bom tanto em minha caneca, então me locomovi para sala, sentei-me sobre o sofá e por vários minutos examinei a televi
Em frente a minha penteadeira, escovei os cabelos, passei hidratante facial e labial. Então, levantei-me, pronta para me juntar ao lado de Téo na cama, de costas apoiadas na cabeceira, e um tablet, sua atenção estava totalmente focada no eletrônico, provavelmente fazendo algo relacionado a nova semana do trabalho. Durante o dia após a visita de minha sogra, não tocamos mais no assunto, para falar a verdade, mal conversamos, acho que precisávamos daquilo, precisávamos digerir não só as palavras de Ângela como nossas últimas ações, então seguimos tendo conversas necessárias, na minoria das vezes, e na maior parte, contato visual ameno. No nosso horário de costuma, beirando as duas, fiz o almoço, ele lavou a louça, e na janta pedi algo que meu marido me acompanhou, então subi na frente para o quarto, tomei meu banho demorado e quando saí do banheiro ele já estava em nossa cama, durante toda minha rotina noturna, senti que seu olhar vez e outra me acompanhava, e aquilo me
O despertador em minha mesa de cabeceira soou irritantemente, anunciando o início de mais um dia, uma semana, apertei os olhos, não querendo abri-los, acordar ou se quer levantar. Não havia dormido tanto como geralmente acontecia, mas sentia que meu corpo parecia mais relaxado, molengo do que nos últimos dias que antecederam hoje. Eu sorri, sentindo todas as emoções e sensações da noite, madrugada. Podendo ainda sentir meu corpo vibrar contra o corpo grande de meu marido. Abri os olhos, podendo ver um Téo dormindo serenamente ao meu lado, suas mãos circulavam minha cintura, provando que eu não havia tido um sonho bobo e quente na mesma proporção, suspirei, extasiada. O alarme pela terceira vez soou, e eu nem me importei, Téo despertou, e ainda com os olhos fechados ele passou seus braços musculosos sobre mim, então pegou meu despertador e simplesmente o jogou
Olhei para Téo com um sorriso bobo curvando meus lábios, estava ansiosa, era a primeira vez em muito tempo que viajávamos sozinhos, eu nem conseguia me preocupar tanto com o fato de que estava deixando todo o meu trabalho, responsabilidade de lado para fazer aquilo, suspirei profundamente em contentamento.— Vamos realmente fazer isso, certo? — O olhar de Téo pareceu ansioso, com um sorriso em meus lábios assenti, deixando que nossos dedos se encontrassem.— Nós realmente vamos fazer isso. — Murmurei, ele sorriu um pouco mais, assim deu partida no carro. Uma música baixinha, aleatória começou a tocar, meus lábios em modo automático se curvaram em um sorriso amplo, deixei que minha cabeça encontrasse apoio no banco, enquanto meu olhar focava em Téo, ele sorria em reconhecimento, a música era de Warren Barfield, e seu nome