Laura Martins:— Mas os seus olhos são castanhos — Fernando diz, suas sobrancelhas franzidas enquanto me encara. A confusão é evidente em sua expressão, seus olhos azuis fixos nos meus como se estivesse tentando decifrar um enigma.Sinto novamente a tristeza tomar conta de mim, uma dor profunda que parece envolver todo o meu ser. Dor que há de uma semana venho tentando sufocar. A saudade do meu irmão, cujo os olhos eram castanhos, iguais aos meus.— Ela na verdade é a... — tento explicar, mas antes que eu possa continuar, escuto o som da porta de madeira sendo aberta atrás de mim. Desvio meu olhar de encontro a Ana.— Ela acabou dormindo enquanto eu penteava os seus cabelos — informa, sua voz baixa e tranquilizadora, enquanto sai do quarto.— Muito obrigada, Ana — agradeço, tentando transmitir todo o meu apreço em poucas palavras.Ana acena com a cabeça, um pequeno sorriso compreensivo nos lábios, e então segue pelo corredor, seus passos ecoando suavemente no piso de porcelanato, até d
Laura Martins:— Aceita namorar comigo? — A voz de Fernando sussurra, seu hálito quente soprando contra meu rosto, enviando um arrepio inesperado pela minha espinha.— Quê? — Indago, ainda presa na sensação do seu corpo quente embaixo do meu, meu raciocínio lento como se estivesse emergindo de um sonho.— Aceite namorar comigo — sua fala firme corta a névoa do nosso beijo, trazendo-me de volta à realidade.Abro os olhos rápido, encontrando os seus encarando-me com uma intensidade quase hipnotizante e paralisante. Seus olhos azuis brilham de uma forma que eu não consigo descrever e que me deixa sem palavras.— Seja minha namorada — diz, sua soando rouca, mas com ainda mais firmeza que antes.Me afasto dele rapidamente, sentando na beirada da cama enquanto meu coração dispara batendo forte contra minhas costelas. Olho para ele, atordoada, tentando processar o que acabei de ouvir.— Vo-você... — gaguejo, o nervosismo tomando conta de mim. — Por que está me pedindo em namoro? — Minha voz
Artur Mendonça:— Pai, vou fazer o curso de enfermagem.As palavras do meu doce de filha ressoam em minha mente, mas não de uma forma agradável. Na verdade, isso me irrita profundamente, me fazendo quase arrancar os fios implantados em minha cabeça.Por que? Por que? Por que? Agr!— Fernanda é livre para seguir o próprio caminho.As palavras da minha esposa ecoam também, respiro fundo. Eu sempre pensei que a minha filha faria faculdade e seguiria os meus passos, assumiria o cargo de CEO da empresa Mendonça designs que criei com muito esforço –assim como fez o meio irmão dela, e está cuidado do legado do pai dele. Passo a mão por meus cabelos enquanto recupero a compostura na cadeira. Aspiro profundamente, preenchendo todo o meu pulmão com o ar gélido da sala. Recaio minhas vistas na tela do computador, a notificação de novo e-mail pisca. Abro-o._________________________________________________________________________ Comunicado OficialPara: Artur_Mendonça@g**
Olivia Gomes:Ao ouvir a notificação de uma nova mensagem e ver quem a mandou, uma onda de ansiedade e alegria me envolve instantaneamente. Meu coração acelera em meu peito enquanto leio cada palavra, com os olhos fixos na tela do celular: Delegada Monteiro: “Ele será liberado em trinta minutos.” Oh gloria, aleluia!Jogo o celular em cima do sofá de Laura e corro para seu quintal, onde as minhas roupas masculinas estão estendidas. Passei a manhã toda –enquanto Laura foi buscar Maya na casa de uma amiga– pensando, eu quero contar a verdade para Mike, mas não quero que ele se assuste assim que me ver. Então, vou como Oliver e aí quando ele estiver mais descansado conto a verdade para ele.Após me vestir e dá uma ajeitada no meu cabelo, me dou ao luxo de chamar um Uber. Dentro do carro, sinto o meu estômago revirar. Meus ferimentos ainda doem, e estão inchados, mas eu tenho que estar lá quando ele sair, mostrar a ele que ele não está sozinho.O carro para em frente à deleg
Fernando Duarte:Entro na sorveteria, segurando a porta para que Laura e Maya entrem. O sino acima da porta tilinta suavemente, anunciando nossa chegada. A pequena corre animada até o balcão, seus olhos verdes brilham, animados com a variedade de sabores à sua disposição. Ela coloca ambas as mãos nos vidros e se estica na ponta dos pés, tentando ver todos os sabores. Ela vira a cabeça com um sorriso radiante que ilumina seu rosto, não consigo evitar, acabo sorrindo também.Laura e eu seguimos mais lentamente, apreciando a alegria de Maya. Nossos olhares se cruzam brevemente, ela sorri para mim, sinto meu coração se aquecer.A sorveteria está tranquila, com apenas algumas mesas ocupadas por famílias e casais. A luz suave e o aroma doce do lugar criam uma atmosfera acolhedora. Laura e eu nos dirigimos ao balcão.— Então? — Falo, olhando para Laura, que desvia sua atenção para a filha.— Querida, que sabor você quer? — Laura pergunta, sorrindo para Maya.— O branco com bolotinhas, mamãe!
Fernando Duarte:A pergunta de Maya ressoa em meus ouvidos, seco rapidamente as lágrimas com a manga da camisa e forço um sorriso.— Um cisco caiu no meu olho — minto, tentando parecer casual.Ela estreita os olhos para mim, claramente desconfiada.— E por que tá chorando? — Indaga, obviamente não acreditando no que eu disse.— Não estava chorando — me apresso em dizer, tentando controlar a vergonha. Como fui tão descuidado, já não basta Laura me ver nesses momentos? — Apenas forcei meu olho a encher de água para poder fazer o cisco sair — improviso, tentando parecer convincente.Ela continua me encarando, como se estivesse tentando ler a verdade em meu rosto.— Funcionou? — Pergunta, ainda cética.— Não... — admito, sentindo-me um pouco culpado por mentir para ela.Maya franze a testa, pensativa, e então se debruça sobre a mesa, com uma expressão decidida.— Vem cá — ela ordena, gesticulando para que eu me aproxime.Olho para Laura, e ela apenas assente com um sorris.Faço como Maya
Artur Mendonça— Muito bem, já recolhemos o seu depoimento. Ficará detido até a audiência com o juiz — o delegado determina, sua voz firme e inabalável.— Como é? — Questiono entre os dentes, tentando conter minha raiva. — Sabe quem eu sou?— Um infrator — responde friamente, me fazendo ranger os dentes.— Não pode me manter aqui! — Exclamo, com a voz mais alta.— Aqui você é só mais um, oh queridinho — a delegada Mendonça me interrompe, sua voz gotejando sarcasmo. — E se levantar sua voz de novo, será preso por desacato a autoridade — ameaça, seus olhos brilhando em desafio.Fecho minhas mãos em punhos, sentindo a raiva crescer cada vez mais dentro de mim. Minha respiração fica pesada, e luto para manter a compostura enquanto me encaram impassíveis.— Escute, vocês estão cometendo um erro — digo, tentando controlar minha voz, embora ela saia trêmula de frustração.— E agrediu um oficial de justiça no processo — o delegado interrompe, sua voz fria e cortante.— Apenas pus minha mão em
Laura Martins:— Mike! — Exclamo alto, a surpresa e alegria em minha voz são incontroláveis assim que abro a porta de casa. Corro para abraçá-lo apertado, sentindo um enorme alívio.Nos soltamos, e meu olhar percorre-o de cima a baixo. Fora as mãos emfaixadas, não tem nenhum outro ferimento. Noto também o cheiro de seu perfume, ele deve ter passado em casa primeiro. Obervo seu rosto, sua expressão é cansada, mas um sorriso se abre amplamente por seus lábios.— Como você está? — Pergunto, minha voz apressada. — Estava tão preocupada com você lá na cadeia, fiquei sabendo pela tv que você foi liberado, sinto muito não poder ter ido te esperar lá.Antes que ele possa responder, ouço uma vozinha animada atrás de mim.— Tio Oliver! — Maya grita, sua voz cheia de inocência entusiasmo. Ela corre com suas perninhas curtas até a entrada da cozinha, onde Olivia está de pé, segurando um pano de prato. Meu coração aperta um pouco, lembrando que ainda não contei a verdade sobre Oliver para ela. Ol