Laura Martins:Ainda em choque, sem conseguir acreditar que meu amigo Oliver é, na verdade, Olivia. A notícia me pegou de surpresa, e minha mente está um turbilhão de pensamentos e lembranças. Enquanto espero na delegacia, flashes do passado começam a surgir. Lembro-me do dia em que conheci Oliver. Ele sempre teve uma suavidade, um jeito feminino que me chamou a atenção, porém apenas pensei que fosse o jeito dele ser. Lembro-me também da vez em que Maya, perguntando por que “ele” tinha um rosto de menina.Minha cabeça está a mil, tentando juntar todas as peças. Vagueio nas lembranças dos momentos que Mike se referia aos homens e Oliver parecia esquecer que isso o incluía... Céus! Agora tudo parece diferente, como se um véu tivesse sido levantado, revelando uma verdade que estava ali o tempo todo.“Como eu nunca percebi isso?” — Me questiono, sentindo uma mistura de culpa e confusão embaralhar os meus pensamentos. Tento processar tudo enquanto caminho pelo corredor da delegacia, o chão
Laura Martins:— Está doendo? — Pergunto, suavemente, passando um algodão embebido em antisséptico nas feridas no rosto de Olivia. Olivia está sentada na minha frente junto a mesa da cozinha, onde coloco os frascos, usando uma das minhas roupas – uma camiseta grande e um short confortável–. Seu cabelo ainda está úmido do banho, e ela parece exausta. Seus olhos, agora limpos das lágrimas e da sujeira, brilham com uma mistura de dor e alívio. Estou passando pomada nas feridas em seu rosto, minhas mãos tentando ser o mais delicadas possível.Quando contei a ela que Fernando mandaria um motorista para leva-la ao hospital Olivia só faltou gritar dizendo que não iria, tentei convence-la, mas ela não me deu ouvidos. Ainda está muito magoada com ele, não posso culpa-la. Para nossa sorte, eu tenho alguns remédios dentro de casa. — Só está ardendo um pouco — responde, cerrando os dentes. Tento ser o mais gentil possível, mas sei que provavelmente estar doendo mais do que ela deixa transparece
Fernando Duarte:Ontem, enquanto dirigia para a delegacia, as palavras receosas de Laura ficaram se repetindo o tempo inteiro na minha cabeça quando cheguei em casa:“Por favor, não os descartes só porque alguém com mais dinheiro do que eles os acusaram.”Remoendo as minhas próprias atitudes após aquela breve conversa e ver Olivia saindo da delegacia porque não tinha mais ninguém para pedir ajuda além e Laura me fez repensar.Após mandar mensagem para Laura, eu liguei para a empresa e mandei que me enviassem as imagens das câmeras, elas não tinham som, mas consegui ver a verdade do que aconteceu no elevador. Avancei as imagens para Oliver...Olivia, ainda é estranho pensar que esse tempo todo eu sentir ciúmes de uma garota. Enfim, no momento em que a verdade foi captura por meus olhos, me enjoei das minhas atitudes. Quando ela pegou a primeira mala, a mala caiu no chão arrastando mais duas que se abriram e as coisas dos modelos se espalharam. Ela começou a colocar tudo misturado nas m
Fernando Duarte:— Ei, o que aconteceu aqui? — Escuto uma voz masculina gritar de dentro de um carro que acaba de chegar, a urgência em seu tom cortando o ar.— Tinha uma criança no meio da rua — alguém responde rapidamente, a voz cheia de tensão.— Onde está a criança agora? — Outra pessoa questiona, a preocupação evidente.— Ela se feriu? — A voz de uma mulher ecoa, sua ansiedade palpável.— Já chamaram a ambulância? — Alguém informa, o som dos passos apressados sobre o asfalto e o murmúrio das pessoas ao redor criando uma cacofonia de ruídos.— Tirem os carros de vocês da frente, tenho que levar meu filho para o hospital, idiotas! — Um motorista exasperado exclama, o barulho de portas de carro batendo ressoando no ar.As vozes das pessoas ressoam baixas em meus ouvidos, como um ruído de fundo distante e indistinto. Sentado na calçada, minha mente está nublada, incapaz de focar nas palavras dos outros presentes. O caos que se desenrola parece um borrão indistinto, cada som e movimen
Laura Martins:— Mas os seus olhos são castanhos — Fernando diz, suas sobrancelhas franzidas enquanto me encara. A confusão é evidente em sua expressão, seus olhos azuis fixos nos meus como se estivesse tentando decifrar um enigma.Sinto novamente a tristeza tomar conta de mim, uma dor profunda que parece envolver todo o meu ser. Dor que há de uma semana venho tentando sufocar. A saudade do meu irmão, cujo os olhos eram castanhos, iguais aos meus.— Ela na verdade é a... — tento explicar, mas antes que eu possa continuar, escuto o som da porta de madeira sendo aberta atrás de mim. Desvio meu olhar de encontro a Ana.— Ela acabou dormindo enquanto eu penteava os seus cabelos — informa, sua voz baixa e tranquilizadora, enquanto sai do quarto.— Muito obrigada, Ana — agradeço, tentando transmitir todo o meu apreço em poucas palavras.Ana acena com a cabeça, um pequeno sorriso compreensivo nos lábios, e então segue pelo corredor, seus passos ecoando suavemente no piso de porcelanato, até d
Laura Martins:— Aceita namorar comigo? — A voz de Fernando sussurra, seu hálito quente soprando contra meu rosto, enviando um arrepio inesperado pela minha espinha.— Quê? — Indago, ainda presa na sensação do seu corpo quente embaixo do meu, meu raciocínio lento como se estivesse emergindo de um sonho.— Aceite namorar comigo — sua fala firme corta a névoa do nosso beijo, trazendo-me de volta à realidade.Abro os olhos rápido, encontrando os seus encarando-me com uma intensidade quase hipnotizante e paralisante. Seus olhos azuis brilham de uma forma que eu não consigo descrever e que me deixa sem palavras.— Seja minha namorada — diz, sua soando rouca, mas com ainda mais firmeza que antes.Me afasto dele rapidamente, sentando na beirada da cama enquanto meu coração dispara batendo forte contra minhas costelas. Olho para ele, atordoada, tentando processar o que acabei de ouvir.— Vo-você... — gaguejo, o nervosismo tomando conta de mim. — Por que está me pedindo em namoro? — Minha voz
Artur Mendonça:— Pai, vou fazer o curso de enfermagem.As palavras do meu doce de filha ressoam em minha mente, mas não de uma forma agradável. Na verdade, isso me irrita profundamente, me fazendo quase arrancar os fios implantados em minha cabeça.Por que? Por que? Por que? Agr!— Fernanda é livre para seguir o próprio caminho.As palavras da minha esposa ecoam também, respiro fundo. Eu sempre pensei que a minha filha faria faculdade e seguiria os meus passos, assumiria o cargo de CEO da empresa Mendonça designs que criei com muito esforço –assim como fez o meio irmão dela, e está cuidado do legado do pai dele. Passo a mão por meus cabelos enquanto recupero a compostura na cadeira. Aspiro profundamente, preenchendo todo o meu pulmão com o ar gélido da sala. Recaio minhas vistas na tela do computador, a notificação de novo e-mail pisca. Abro-o._________________________________________________________________________ Comunicado OficialPara: Artur_Mendonça@g**
Olivia Gomes:Ao ouvir a notificação de uma nova mensagem e ver quem a mandou, uma onda de ansiedade e alegria me envolve instantaneamente. Meu coração acelera em meu peito enquanto leio cada palavra, com os olhos fixos na tela do celular: Delegada Monteiro: “Ele será liberado em trinta minutos.” Oh gloria, aleluia!Jogo o celular em cima do sofá de Laura e corro para seu quintal, onde as minhas roupas masculinas estão estendidas. Passei a manhã toda –enquanto Laura foi buscar Maya na casa de uma amiga– pensando, eu quero contar a verdade para Mike, mas não quero que ele se assuste assim que me ver. Então, vou como Oliver e aí quando ele estiver mais descansado conto a verdade para ele.Após me vestir e dá uma ajeitada no meu cabelo, me dou ao luxo de chamar um Uber. Dentro do carro, sinto o meu estômago revirar. Meus ferimentos ainda doem, e estão inchados, mas eu tenho que estar lá quando ele sair, mostrar a ele que ele não está sozinho.O carro para em frente à deleg