Aluga-se um padrinho (Livro 1)
Aluga-se um padrinho (Livro 1)
Por: Maíny Cesar
Prólogo

A vida não é tão simples quanto parece.

As coisas não saem como planejamos e o desespero faz parte do seu dia te enlouquecendo a cada tic tac do relógio assim que você coloca os pés no chão para iniciar mais uma manhã.

Sim, para os que pensou que a vida adulta fosse fácil... Se enganou meu caro. Abra os olhos e aceite os fatos, pois quando você acha que está tudo bem é aí que você se engana.

Minha semana estava ótima e a vida parecia florir como nunca antes, já estava pronta para o trabalho e até mesmo organizei minha agenda para que nada desse errado no meio do caminho, mas de repente o universo resolve te pregar peças engraçadas.

Sim, quando a vida quer te sacanear meu querido, ela faz isso com honra.

Concluo meus pensamentos observando a linda caixa de madeira branca em minhas mãos com pequenos detalhes de pedrarias, enquanto analiso com cuidado o casal sentado no sofá de casa bem à minha frente.

-Isso é sério? -Pergunto com um grande sorriso no rosto, mas mentalmente estou me debulhando em lágrimas.

-Sim. -A empolgação na voz da minha prima só acrescenta mais uma grama de desespero em meu interior. -Você tem que ser minha madrinha Lena. -Seus lindos olhos caramelizados brilham em pura felicidade e empolgação.

Engulo meu orgulho e desespero sorrindo abertamente, mostrando a felicidade que realmente existia em mim por ter a honra de ser uma de suas madrinhas, entretanto o medo domina cada parte do meu corpo, por saber que não tinha alguém para me acompanhar.

-Eu nem tenho um namorado. -Dou uma risadinha constrangida. –Como serei sua madrinha sem um par?

-Faltam três meses você com certeza vai arrumar alguém até lá. -Ela ri confiante.

E aquela confiança só acrescenta uma pontada de vergonha e constrangimento em mim, pois não tinha tanta certa assim, afinal se não arrumei ninguém até hoje como arrumaria em três meses?

-Claro que irei. -Dou uma risadinha sem graça.

-Você precisa se desprende do passado Lena. –Diz meu apelido e faço uma careta com o rumo daquela conversa. -Não pode viver enclausurada nesta casa para o resto da sua vida, foi trágico o que aconteceu com o Rafael e com André, mas você precisa se libertar. –Katia apoia a mão sobre a minha enquanto Evandro seu futuro marido permanece calado ao seu lado concordando em alguns momentos.

Apesar de Evandro optar pelo silêncio sei que ele pensava a mesma coisa, afinal era amigo íntimo de Rafael e costumávamos sair todos os finais de semanas em encontros de casais, mas depois da sua morte as coisas já não eram mais as mesmas e os nossos grupos de amigos se desfez ou melhor dizendo os meus. 

-É verdade. -Afirmo, pois sabia que ela tinha razão, mas não era tão simples quanto todos diziam se desprender do passado.

Até tentei com André, mas não consegui, sem contar que ele foi um verdadeiro canalha ao me trair e me culpar e outra, será que é tão errado assim optar por permanecer solteira? Eu acho que não.

Cada um tem uma escolha e a minha é não arrumar ninguém.

Talvez por medo do que aconteceu com Rafael, pode até ser, mas prefiro preservar os restinhos dos meus sentimentos, afinal ainda não encontrei ninguém que balance os muros construídos envolta do meu coração e quem sabe algum dia esse alguém chegue.

Não digo que nunca tentei outros relacionamentos depois da morte de Rafael, sim tentei e me decepcionei em todos eles.

As vezes estar sozinha é melhor do que mal acompanhada.

Já diziam os antigos e com toda razão do mundo, por isso sempre dei ouvidos aos meus pais e avôs, experiência é tudo e ouve quem tem juízo.  

-Você vai ser minha madrinha né? -Pergunta com olhos suplicante.

-Sim. -Respondo automaticamente e sinto o lado esquerdo do meu rosto formigar devido o sorriso forçado.

-Vai dar tudo certo Helena, para de pensar tanto. Você vai arrumar um homem lindo. -Fala empolgada.

-É claro. -Acabo rindo, mais o meu interior era puro desespero.

Arrumar um homem em três meses será a coisa mais fácil, tento me convencer, mas para uma pessoa não sociável como eu seria o maior sacrilégio da história.

-Precisamos ir Lena, temos muitos convites para entregar. –Katia levanta empolgada.

-Claro, vocês precisam aproveitar os momentos de folga. -Sorrio a abraçando.

Os acompanho até o portão e para finalizar e explodir com meu completo desespero minha linda prima se vira e diz.

-Você também irá participar da dança dos noivos.... -Quase saltita com a empolgação

-Não, de maneira alguma, dançar não é para mim, sou péssima.

-Você precisa. -Ela insiste chorosa.

-Mais eu nem mesmo tenho tempo para ensaiar. -Sorrio com a minha tática perfeita.

-A é verdade. -Abaixa a cabeça entristecida.

Suspiro aliviada e sinto um peso sair dos meus ombros ao me livrar daquela carga explosiva.

-Mas não tem problema, vamos ensaiar aos domingos ou eu te envio os vídeos. Está decidido. -Me abraça apertado.

Antes que eu possa recusar -o que não adiantaria em nada- ela entra no carro que já estava a sua espera.

-Te vejo depois e trate de sair mais para arrumar um padrinho belíssimos e esfregar ele na cara do imbecil do André. -Acena em despedido.

-Pode deixar. -Balbucio sem um pingo de animação acenando de volta.

Fico minutos encarando a rua completamente estática e paralisada sem saber o que fazer.

Meu coração bombardeia meu peito e a insegurança predomina todos os poros do meu corpo.

Eu jamais vou conseguir um namorado em três meses.

Isso é impossível. Concluo em pensamento certa de que nada daquilo iria dar certo.

- Com certeza irei enlouquecer. -Falo comigo mesma lembrando que estou atrasada para audiência de divórcio do senhor Luan Ribeiros.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >
capítulo anteriorpróximo capítulo

Capítulos relacionados

Último capítulo