A vida não é tão simples quanto parece.
As coisas não saem como planejamos e o desespero faz parte do seu dia te enlouquecendo a cada tic tac do relógio assim que você coloca os pés no chão para iniciar mais uma manhã.
Sim, para os que pensou que a vida adulta fosse fácil... Se enganou meu caro. Abra os olhos e aceite os fatos, pois quando você acha que está tudo bem é aí que você se engana.
Minha semana estava ótima e a vida parecia florir como nunca antes, já estava pronta para o trabalho e até mesmo organizei minha agenda para que nada desse errado no meio do caminho, mas de repente o universo resolve te pregar peças engraçadas.
Sim, quando a vida quer te sacanear meu querido, ela faz isso com honra.
Concluo meus pensamentos observando a linda caixa de madeira branca em minhas mãos com pequenos detalhes de pedrarias, enquanto analiso com cuidado o casal sentado no sofá de casa bem à minha frente.
-Isso é sério? -Pergunto com um grande sorriso no rosto, mas mentalmente estou me debulhando em lágrimas.
-Sim. -A empolgação na voz da minha prima só acrescenta mais uma grama de desespero em meu interior. -Você tem que ser minha madrinha Lena. -Seus lindos olhos caramelizados brilham em pura felicidade e empolgação.
Engulo meu orgulho e desespero sorrindo abertamente, mostrando a felicidade que realmente existia em mim por ter a honra de ser uma de suas madrinhas, entretanto o medo domina cada parte do meu corpo, por saber que não tinha alguém para me acompanhar.
-Eu nem tenho um namorado. -Dou uma risadinha constrangida. –Como serei sua madrinha sem um par?
-Faltam três meses você com certeza vai arrumar alguém até lá. -Ela ri confiante.
E aquela confiança só acrescenta uma pontada de vergonha e constrangimento em mim, pois não tinha tanta certa assim, afinal se não arrumei ninguém até hoje como arrumaria em três meses?
-Claro que irei. -Dou uma risadinha sem graça.
-Você precisa se desprende do passado Lena. –Diz meu apelido e faço uma careta com o rumo daquela conversa. -Não pode viver enclausurada nesta casa para o resto da sua vida, foi trágico o que aconteceu com o Rafael e com André, mas você precisa se libertar. –Katia apoia a mão sobre a minha enquanto Evandro seu futuro marido permanece calado ao seu lado concordando em alguns momentos.
Apesar de Evandro optar pelo silêncio sei que ele pensava a mesma coisa, afinal era amigo íntimo de Rafael e costumávamos sair todos os finais de semanas em encontros de casais, mas depois da sua morte as coisas já não eram mais as mesmas e os nossos grupos de amigos se desfez ou melhor dizendo os meus.
-É verdade. -Afirmo, pois sabia que ela tinha razão, mas não era tão simples quanto todos diziam se desprender do passado.
Até tentei com André, mas não consegui, sem contar que ele foi um verdadeiro canalha ao me trair e me culpar e outra, será que é tão errado assim optar por permanecer solteira? Eu acho que não.
Cada um tem uma escolha e a minha é não arrumar ninguém.
Talvez por medo do que aconteceu com Rafael, pode até ser, mas prefiro preservar os restinhos dos meus sentimentos, afinal ainda não encontrei ninguém que balance os muros construídos envolta do meu coração e quem sabe algum dia esse alguém chegue.
Não digo que nunca tentei outros relacionamentos depois da morte de Rafael, sim tentei e me decepcionei em todos eles.
As vezes estar sozinha é melhor do que mal acompanhada.
Já diziam os antigos e com toda razão do mundo, por isso sempre dei ouvidos aos meus pais e avôs, experiência é tudo e ouve quem tem juízo.
-Você vai ser minha madrinha né? -Pergunta com olhos suplicante.
-Sim. -Respondo automaticamente e sinto o lado esquerdo do meu rosto formigar devido o sorriso forçado.
-Vai dar tudo certo Helena, para de pensar tanto. Você vai arrumar um homem lindo. -Fala empolgada.
-É claro. -Acabo rindo, mais o meu interior era puro desespero.
Arrumar um homem em três meses será a coisa mais fácil, tento me convencer, mas para uma pessoa não sociável como eu seria o maior sacrilégio da história.
-Precisamos ir Lena, temos muitos convites para entregar. –Katia levanta empolgada.
-Claro, vocês precisam aproveitar os momentos de folga. -Sorrio a abraçando.
Os acompanho até o portão e para finalizar e explodir com meu completo desespero minha linda prima se vira e diz.
-Você também irá participar da dança dos noivos.... -Quase saltita com a empolgação
-Não, de maneira alguma, dançar não é para mim, sou péssima.
-Você precisa. -Ela insiste chorosa.
-Mais eu nem mesmo tenho tempo para ensaiar. -Sorrio com a minha tática perfeita.
-A é verdade. -Abaixa a cabeça entristecida.
Suspiro aliviada e sinto um peso sair dos meus ombros ao me livrar daquela carga explosiva.
-Mas não tem problema, vamos ensaiar aos domingos ou eu te envio os vídeos. Está decidido. -Me abraça apertado.
Antes que eu possa recusar -o que não adiantaria em nada- ela entra no carro que já estava a sua espera.
-Te vejo depois e trate de sair mais para arrumar um padrinho belíssimos e esfregar ele na cara do imbecil do André. -Acena em despedido.
-Pode deixar. -Balbucio sem um pingo de animação acenando de volta.
Fico minutos encarando a rua completamente estática e paralisada sem saber o que fazer.
Meu coração bombardeia meu peito e a insegurança predomina todos os poros do meu corpo.
Eu jamais vou conseguir um namorado em três meses.
Isso é impossível. Concluo em pensamento certa de que nada daquilo iria dar certo.
- Com certeza irei enlouquecer. -Falo comigo mesma lembrando que estou atrasada para audiência de divórcio do senhor Luan Ribeiros.
2 meses depois.- Eu não acredito que você ainda está com essa ideia absurda de arrumar um namorado para o casamento da sua prima Helena. Para de ser boba, chame um amigo ou um de seus primos. -Brenda repreende pela quinquagésima vez.-Você não entende. -Nego indignada. -Preciso provar que sou capaz, afinal eles vivem falando que depois da morte de Rafael me fechei para o mundo e além disso o traste do André estará na festa. -Massageio minhas têmporas na tentativa de amenizar a dor de cabeça que estava me matando.-Provar? Você com essa história novamente. -Diz indignada. -Você não tem que provar nada para ninguém, nem para sua família e nem para o traste do André que te traiu, tem apenas que dizer a sua prima que não encontrou ninguém e ponto final.-Poderia fazer isso, mas não
Acordo assustada com uma movimentação estranha ao meu redor, demoro um pouco para me localizar antes de ver minha mãe e meu pai ao meu lado.-Helena. -Eles se levam e me abraçam apertado enquanto um filme do que aconteceu se passa em minha cabeça.-Mãe eu matei um homem. -Grito em desespero deixando que as lágrimas rolem por meus olhos.A dor em minha cabeça era tanto que a qualquer momento parecia que iria explodir.
Apesar do susto do dia anterior as coisas estavam fluindo bem na empresa de advocacia. Como eu tinha uma audiência em poucos minutos deixo Brenda encarregada das minhas coisas enquanto seguia para sala do Juiz Vasconcelo.Sempre fazíamos isso, quando uma tinha uma audiência a outra se encarregava de cuidar dos pertences enquanto a audiência não acabava, afinal Vasconcelo era exigente com a questão de aparelhos celulares em suas audiências e isso era um verdadeiro saco.- Vou aproveitar para ir no centro buscar aquele vestido que te falei semana passada. -Brenda sorri retocando seu batom vermelho que combinava bem com sua pele morena claro.-Tudo bem, mas não se atrase, você sabe que Rogério odeia quando atrasamos para entregar os relatórios.-É rapidinho, já deixei separado na loja, só havia esquecido meu cartão.Concordo analisando mais uma vez os p
Jonathan-Essa garota me irrita. -Trinco os dentes sentindo meu maxilar estalar.-Pare de ser carrasco pelo menos uma vez na sua vida John.- Eu não sou carrasco, só não gosto de toda essa falsa bondade destinada a mim quando sei que é puro fingimento.-Como pode afirmar que é fingimento se você nem conhece a moça? -Eric nega com a cabeça. -Depois que papai morreu você se fechou em uma bolha paralela ao mundo e ninguém te suporta.-Não estou pedido para você me suportar, só estou falando que não caio nessa armação e pinta de boa moça. -Dou de ombro com os braços cruzados no peito.-Quanta implicância, talvez devesse dar uma chance a ela. Moça gentil e legal, ela é linda e eu bem vi como seus olhos correu descarado pelo corpo dela.-Cala boca Eric,
HelenaApós sair do hospital volto para o escritório e antes mesmo de chegar na porta da minha sala tenho um sobressalto com o susto que Brenda me dá me empurrando para dentro.-O que foi isso? -Pergunto com a mão no peito.-Eu quero saber tudo sobre o padrinho de aluguel. -Fala erguendo as sobrancelhas. - Ele é bonito?-Padrinho de aluguel Brenda? -Balanço a cabeça em negativo. -Está mais do que na cara que é garoto de programa. -Enfatizo as últimas palavras.-Já disse que detalhes a parte Helena, pare de ser chata. -Se joga na poltrona suspirando. -Achei que ele iria responder, mas que droga viu. Essa era a solução dos nossos problemas. - Diz chateada.-Meus problemas. -Afirmo.-Se são seus são meus também mal-agradecida. -Faz um bico me fazendo rir.-Você sabe que eu te amo.-Ama nada.
-Mas que homem. -Brenda se abana com uma mão enquanto come o brigadeiro da colher sentada no sofá da sala.Permanece sentado no chão com o braço apoiada em cima do sofá espiando a foto como posso.-Não dá para negar que ele é lindo.-Se você tentasse tamanha afronta eu te levaria a um ocultista neste exato instante. -Me empurra com o pé me fazendo rir.-Exagerada. -Pego mais uma colherada de brigadeiro.-André vai roer as unhas quando ver esse homem ao seu lado e aquela piranha da Bruna vai ficar vermelha igual uma pimenta. -Brenda ri alto.-Para de ser boba, já faz meses que eles estão juntos, devem se amar de alguma forma.-Helena, para, pelo amor de Cristo. Todos nós sabemos que ele está com ela porque o pai dela tem um bem aqui e ali que ele quer herdar.-Você não tem piedade. -Comento rindo.-Fala s&e
Desconhecido: Aguardarei a senhorita as dez horas da manhã no Levisky Gourmet.Releio aquela mensagem pela centésima vez e a cada leitura o nervosismo me consome.Tudo parecia engraçado demais até não se tornar sério demais e era exatamente isso que estava acontecendo.Me encontrar com um homem que nunca vi e ainda por cima pagar para me acompanhar a um casamento?! É o fim do desespero de uma pobre alma solitária.Sorrio nervosa olhando a tela do celular mais do que deveria.Depois disso minha dignidade nunca mais será a mesma eu tenho certeza.Tento não focar os pensamentos naquele fatídico fato, mas o nervosismo começava a mexer com cada célula do meu corpo me deixando agitada e desesperada.Eu não sabia disfarçar, nunca soube, se algo me incomoda fica explícito na minha cara e isso é uma v
Agarrada ao corpo de Brenda choro copiosamente envergonhada. Não deveria estar assim eu sei, mas simplesmente não consigo me levantar.Me sinto fraca, frustrada e chateada, me sinto um nada nesta terra e talvez sejam pelas palavras tão reais de Jonathan.Isso vai além da solidão...Tenho vontade de rir e se a dor não fosse tão sufocante faria.Suas palavras trouxeram gatilhos que custei a superar e agora me vejo caída sobre uma cama envolta a uma bolha de depressão.É errado, sim é, mas quem explica isso e convence minha mente do contrário?Quem arranca o vazio do meu peito?Quem aplacao desespero e a angústia do meu coração?Ninguém.Chorar pelo menos alivia e diminui o nó que aperta minha garganta.-Amiga você precisa levantar desta cama, tomar um