Agarrada ao corpo de Brenda choro copiosamente envergonhada. Não deveria estar assim eu sei, mas simplesmente não consigo me levantar.
Me sinto fraca, frustrada e chateada, me sinto um nada nesta terra e talvez sejam pelas palavras tão reais de Jonathan.
Isso vai além da solidão...
Tenho vontade de rir e se a dor não fosse tão sufocante faria.
Suas palavras trouxeram gatilhos que custei a superar e agora me vejo caída sobre uma cama envolta a uma bolha de depressão.
É errado, sim é, mas quem explica isso e convence minha mente do contrário?
Quem arranca o vazio do meu peito?
Quem aplaca o desespero e a angústia do meu coração?
Ninguém.
Chorar pelo menos alivia e diminui o nó que aperta minha garganta.
-Amiga você precisa levantar desta cama, tomar um banho e comer algo. -Brenda sussurra próximo a minha cabeça beijo meus cabelos e eu apenas aperto meus braços envolta do seu corpo negando enquanto as lágrimas escorrem por meus olhos.
Com um pesado suspiro Brenda acaricia meus cabelos com calma.
-Fazem dois dias que você está assim, hoje é sábado, vamos tomar um sorvete no shopping eu pago.
- Não. -Nego.
-Helena...
-Por favor Brenda é vergonhoso demais. Triste e frustrante. A forma como ele me humilhou para o irmão, foi horrível, nunca imaginei que passaria por isso. Me sinto tão destruída e a saudades do Rafael só aumenta quando estou assim, ele me amava tanto, era um homem perfeito, nos dávamos tão bem, nunca em nenhum momento me feriu com palavras, a vida é muito injusta, ele tinha apenas vinte e oito anos. -As lágrimas rolam por meus olhos soltas.
-Esse limbo de tristeza está te jogando de volta na depressão Helena. Não associe a maldade humana com a morte de Rafael, nem sempre a vida é justa isso é um fato, mas não escolhemos quem vive e quem morre, dói eu sei, você mais do ninguém sente falta dele, exceto a mãe e o pai dele e para ser sincera até eu sinto falta das piadas dele as vezes, mas você não pode deixar de viver. Ele se foi, mas você está aqui precisa erguer a cabeça e olhar pra frente.
- Não é tão fácil. -Murmuro.
- Eu sei Lena, não é nada fácil, falar pode ser simples e faz parecer tão bobo, mas é exatamente o contrário, porém você sabe que Rafael gostava de curtir a vida e ele não ficaria feliz em te ver assim. A alma dele descansou amiga, ele estava sofrendo tanto, com dor, viveu os últimos dias a base de morfina. Ele gostaria de te ver sorrindo de cabeça erguida, você fez tudo por ele e ficou ao dele até o último instante, você é forte, não deixe que esse riquinho diga o contrário. -Passa as mãos nas minhas costas.
-Você está sendo humilde em chama-lo de riquinho. Ele é o herdeiro das indústrias Magoga amiga, aquela que ficamos babando para ter os sofás, estantes e mesas em nossa casa. - Passo a mão no nariz que escorria devido ao choro.
- Que seja, ele é apenas um idiota. Falar aquelas coisas foi ridículo, um homem vazio, o que adianta ser tão rico? Ele não tinha o direito de te humilhar e eu amei que jogou o suco na cara dele. Concordo que foi desespero de nossa parte tentar contratar um homem para lhe acompanhar, mas pelo menos agora aprendemos que isso é mera ilusão.
-Aprendemos da pior maneiro. -Enxugo as lágrimas um pouco mais calma.
- Sim, da pior maneira, mas pelos tentamos. É melhor tentar do que ficar em dúvida, sempre digo isso e sempre direi.
- Nunca mais quero ver ele ou irmão dele em minha frente. -Afirmo e um pequeno soluço escapa de lábios quando as lágrimas voltam.
-Pare de se lamentar, com tudo isso a única coisa que me irrita é o fato de não termos um "cremoso tentação" para esfregar na cara de André, mas não se preocupe ele é imbecil demais nem merece que nos descabelemos para lhe provocar, já fizemos isso demais e você saiu machucada. Se eu pudesse iria dar uns belos tapas na cara desse Magoga ingrato, mas com certeza eu seria presa amiga, ele deve andar cheio de segurança.
Dou de ombros sem saber.
-Não conheço ele tanto assim.
-Sabe, pensando bem, você deveria ter passando com as rodas do carro em cima das pernas dele. -Brenda ri alto e eu sou obrigada a rir das maluquices que ela fala.
- Que horror, mas isso aliviaria uns oitenta por cento da minha raiva.
-Depois diz que minha ideia é um horror. -Ri me empurrando.
-Talvez a ideia não seja tão ruim assim, mas não faria isso sua louca.
-Claro que não, mas não paga nada imaginar. -Ri alto e eu reviro os olhos. -Vai, saia dessa cama, estamos trancadas neste quarto a dias, quero um pouco de luz solar. -Me empurra me obrigando a levantar
-Tudo bem, sairei, mais só um pouco e nada de lugares chiques que podemos encontrar aquele imbecil.
-Tá loca Helena, ainda não sou uma advogada tão famosa a ponto de frequentar os lugares que aquele homem frequenta, me falta uns dez anos de experiência para isso, o máximo do máximo esbarraríamos com ele na rua por mera coincidência, mas é azar demais. - Ela faz o sinal da cruz. - Vamos tomar banho de sal grosso, dependurar uns alhos no pescoço para espantar tamanha má sorte.
Não consigo segurar a risada.
-Vá logo tomar banho. - Apoia as mãos nos meus ombros me levando até o banheiro. - Vou logo depois de você enquanto escolho a roupa que iremos usar no seu guarda roupa. - Ela enfatiza a palavra me fazendo rir.
-Folgada, vai usar as minhas roupas.
-O mínimo querida, fiquei aqui cuidando de você. Não vou sair fedida e amassada, vai me emprestar aquele vestido lindo preto e soltinho que eu amo. - Ela balança a cabeça e mão em uma pose engraçada.
-Ok me convenceu, afinal o que seria de mim sem você.
-Nadinha Helena, somos unha e carne, cú e calça, arroz e feijão, strogonoff e batata palha. Quer que eu continue? -Ergue as sobrancelhas.
- Já entendi, vá logo arrumar as coisas antes que eu desista. -Rio fechando a porta do banheiro enquanto vejo ela se apressar em ir para o quarto.
O restante do sábado passo rápido e bem lá fundo eu agradeci, pois não gostava dos finais de semana.
Na verdade, até gostava por poder descansar, mas eles sempre vinham com memórias de Rafael e André me jogando em uma tediosa tristeza que eu custava em deixar, agora essa tristeza viria somada a vergonha até não me esquecer do que aconteceu no restaurante dias atrás.
Brenda permaneceu ao meu lado me fazendo rir na maior parte do tempo e confesso que não sei o que seria de mim sem ela.
Minha melhor amiga é dona de olhos verdes, pele morena de um chocolate claro e fartos peitos que enchem os olhos de qualquer um. Sua cintura fina marca as curvas envolvente e suas cabelos negros encaracolados caem até a altura dos ombros, mas o que mais gosto é do seu sorriso sincero e como seus olhos brilham refletindo seus sentimentos.
Brenda foi o melhor acaso da minha vida, afinal a formo como nos conhecemos foi engraçada e intrigante.
Quem chega bem pertinho de você do nada e pergunta... Ei? Você acha que estou fedendo "C.C"?
Exatamente assim do nada e então vergonha não existiu mais, afinal pra que vergonha depois de uma entrada tão evasiva como essa?
É engraçado? Realmente é, mas foi assim que eu ganhei uma irmã e melhor amiga.
Jonathan..
Se o objetivo de Eric era me deixar mal ele conseguiu com honra. Não consegui parar de pensar um segundo na expressão de derrota do rosto da jovem a minha frente.
Não que eu fosse muito velho, mas ela era três anos mais nova que eu, no auge de seus vente e sete anos e como eu sei disso?
Bem simples, enfiei meu rabo entre as pernas e fui fazer a pesquisa que Eric comentou, pois, a curiosidade falou mais alto depois de ouvir que o namorado dela havia morrido de uma forma tão triste.
Precisei pagar para realizarem a pesquisa detalhadas de sua vida e me surpreendi com os detalhes sórdidos que recebi.
Nunca precisei fazer pesquisa da vida de ninguém e aquilo deveria ser proibido, afinal conta até a quantidade de vezes que ela tentou tirar a própria vida após a morte do noivo -e não namorado- como Eric havia me dito.
Ler aquilo só fez com que eu me sentisse pior.
Eu nem deveria me sentir assim, a culpa de tudo isso é do imbecil do meu irmão que planejou essa maluquice, mas as palavras mal-intencionadas foram única e exclusivamente minhas e após ler a troca de mensagens acabei tendo uma visão diferente de Helena.
Ela é uma pessoa gentil, doce e curiosa e talvez não fui com sua cara logo de início, pois ela é completamente o oposto de mim e isso me frustra.
Confesse que ri com algumas perguntas que ela fez a Eric e adorei o apelido inventado sobre os mistérios que rodeavam os dois. Também me surpreendi com o fato de que ela em nenhum momento cogitou a proposta do sexo se mostrando séria ao fato de que apenas queria alguém para acompanha-la, simples e sem muitos rodeios.
Um acompanhante para uma noite e quais os motivos por trás disso eu ainda não sei.
A porta do meu escritório abre abruptamente e vejo Eric adentrar minha sala impaciente.
-O que foi? - Pergunto sabendo que não viria boa coisa por aí.
-Victor acabou de perder o contrato de Cláudio Fernandes. -Se j**a em minha poltrona e sou obrigada a suspirar pesadamente fechando a pasta que estava em minhas mãos.
-Era o designer interior de um prédio de vinte andares. -Não consigo esconder minha irritação.
-O que podemos fazer se o velhote quer ganhar em cima das nossas costas? Não dá para diminuir ainda mais o valor passado a ele e mesmo assim ele acha que não é o suficiente, então que faça em outro lugar e depois deixe que venha chorando aos nossos pés pelo trabalho mal feito. -Eric balança os ombros fazendo as coisas parecer mais simples do que realmente eram.
-Queria ter essa visão simplista das coisas como você tem. -Fecho os olhos soltando o ar com força e quando abro os olhos novamente vejo Eric segurando as informações de Helena nas mãos.
-Fez o dever de casa irmão. - Ele ergue as sobrancelhas rindo. - Achei que não se importava com ela.
- Não me importo. -Deixo claro, pois aquilo não era totalmente mentira. - Só não quero me sentir culpado.
-Culpado por ser o carrasco que sempre foi? -Eric ergue a sobrancelha rindo.
-É exatamente por isso. -Afirmo o fazendo rir.
- Amo sua sinceridade, mas o que você fará agora? Chegará até ela e pedirá desculpas?
- Sim, farei isso se for necessário.
-Se for necessário Jonathan? Pelo amor de Deus, você disse para garota que ela era idiota, burra, solitária e que não tinha a mínima capacidade de arrumar um homem para ir em um casamento. Desculpa é o mínimo e para de ser ridículo, você está indo atrás dela porque se interessou por ela.
-Você é um chato de merda irmão, eu me interessei sim por ela. Ela é linda e depois de ler as mensagens o interesse aumentou, mas estou me sentindo culpado por sua culpa. Quem deveria estar se sentindo assim era você, porque foi mexer onde não foi chamado? Agora quem se sente um merda por ferir os sentimentos alheios sou eu. -Ralho sentindo meu sangue esquentar.
- Só quis te ajudar, mais você criou uma tempestade, agora se vira e arruma suas merdas. Espero eu que ela te despreze muito para você sentir na pele. - Ele se levanta me fazendo suspirar.
-Vá trabalhar e deixe que eu me viro com minhas coisas.
-As suas ordens. -Abre a porta saindo mais volta apenas para me deixar ainda mais irritado. -Se não se apressar farei questão de acompanha-la. -Fecha a porta logo em seguida e tenho vontade de xinga-lo.
HelenaPassei o domingo na casa dos meus pais e confesso que estava com saudades deles, aproveitei para ajudar meu pai a replantar as roseiras da mamãe e curti cada segundinho que pude dos meus velhos, afinal durante a semana quase não nos vemos.A segunda já começou alvoroçada com Rogério gritando ordens e passando clientes para cada um de nós. O que é maravilhoso, não vamos reclamar do pão nosso de cada dia.Uma pequena batida na porta me chama atenção.-Entre.-Helena, tem um homem querendo falar com você. -Carolina a recepcionista diz.-Quem? -Pergunto franzido as sobrancelhas já que não tinha nenhum horário marcado para agora.-Disse apenas que precisava falar com você. - Ela balança os ombros.- Você deve perguntar o nome das pessoas antes de vir até nós Carol, as
Conto para Brenda o que aconteceu na entrada do fórum e a descarada gargalha alto chamando a atenção de metade das pessoas que passam ao nosso lado.-Cala boca sua infeliz, está querendo levar uns esporros de Rogério, você sabe que ele odeia quando ficamos papeando nos cantos do fórum. –Repreendo e ela balança os ombros.-Espero que o nariz dele fique roxo. –Ela volta a rir apoiando a mão na barriga.-Amiga, coitado, no fundo eu fiquei com dó, porque ele parecia realmente estar arrependido. –Confesso e não sei se estava sendo idiota por ficar com dó ou não.-Larga a mão de ser palhaça Helena. –Ela diz brava apontando o dedo no meu nariz e eu faço uma careta encolhendo os ombros.-Ele merecia muito mais do que um quase soco no nariz, você devia ter acertado as bolas dele por tudo que ele falou. –Ela ralha
Brenda quase surtou e teve um ataque quando contei sobre a ligação inesperada de Jonathan para ela.Claro que minha amiga fez questão de vir me ajudar a escolher a roupa que iria para o jantar e agora estamos aqui esperando o tal motorista chegar.-Você está linda amiga. - Ela afirma com os olhos brilhando.-Você me ajudou. -A abraço sorrindo.-Claro, jamais deixaria você usar aquelas cores gritantes ou vestidos cheios de flores. - Ela nega suspirando e esse era mais um fato sobre Brenda, ela odeia cores extravagantes, para ela cores escuras e únicas são o essencial, preto e cinza é praticamente sua vida. Não que ela não use tons rosa claro, mas cores vivas não faz muito seu estilo.Acabo rindo com esse pensamento.-Eu gosto de cores fortes. -Alego e ela balança a cabeça fazendo uma careta. -Amiga, esse vestido preto soltinho na cintu
-Hum, é um belo lugar. -Comento com sinceridade. -Na verdade, nem sabia que esse lugar existia. -Confesso. -É maravilhoso. Seus olhos estão em mim novamente e desta vez sustento seu olhar curioso. -É um bom lugar para uma conversa e alguns pedidos de desculpas. - Ele balança os ombros e um leve sorriso de lado dança em seus lábios. -A vista aqui sempre me surpreende, a noite é bela daqui de cima. -Seus olhos se voltam para a janela e tenho que concordar. Era realmente bela a vista que tínhamos daqui de cima. As várias luzes dos prédios, carros e altidore’s coloridos espalhados pela cidade tornava tudo ainda mais encantador, somado ao ambiente aconchegante e o rock suave de fundo tudo se normal deslumbrante. -Tenho que concordar. -Continuo observando as janelas e só percebo que seus olhos estão voltados para mim quando o garçom deposita minha bebida a minha frente. -Obrigada! -Agradeço e ele logo sai. Tomo um pequeno gole e só não gemo em satis
O garçom volta a nossa para recolher os pedidos e sem muita demora nossos pratos estão na mesa.Fazemos a refeição em um silêncio reconfortante e Jonathan parece perdido em seus pensamentos. Procuro não entrar nos assuntos que o torna um homem tão misterioso, pois só precisávamos saber do básico um outro, afinal, quanto mais nos aprofundarmos em nossas vidas pessoais, mais difícil será nossa separação e apego emocional é algo que não procuro.Terminamos o jantar e vejo ele se levantar estendendo a mão para mim. Incerta o observo sem saber
HelenaJonathan fez questão de me levar até em casa mesmo eu afirmando que poderia chamar um Uber ou táxi. Ele foi muito cavalheiro e gentil e passar aquela noite com ele foi realmente algo novo para mim.A muito tempo não saia com nenhum homem e apesar dos pesares e da forma que nos levou até aquele encontro, Jonathan é leve, conversar com ele me agrada e me intriga ao mesmo tempo, afinal, ele é um poço de novidades e incertezas.Balanço a cabeça não querendo focar no que aconteceu ou deixou de acontecer ontem. Foi uma noite maravilhosa, regada de conversa e valeu a pena ter aceito seu convite, apenas isso e mais nada. A única coisa que preciso focar no momento é conhecer o básico para convencer minha família que somos um casal feliz por mais estranho que isso possa ser.Apesar de que ele foi muito sincero pedindo ajuda para se libert
Pago o Uber e sigo diretamente para o portão, mas paro com a chave no ar ao ouvir a porta do carro se abrir.-Helena. -Jonathan sai do carro abotoando o terno. -Porque não atendeu as ligações? -Questiona preocupado e respiro cinco vezes para não mandá-lo a merda.-Estava muito ocupada cuidando da minha vida. -Respondo atravessado e vejo ele encolher os ombros desviando o olhar do meu.-Desculpa, não queria ser grosso com você, foi automático. Eu estava nervoso com alguns contratempos que surgiram....-Você não me deve satisfações Jonathan, sua vida pessoal é apenas sua, eu não preciso saber o que houve. -Respondo por fim.-Helena. - Ele insiste.-Não somos nada, apenas conhecidos, eu só achei que poderia ajudar você como me pediu, mas já entendi que não. Não sou muito tolerante com pessoas que pisam
Acordo assustada com um toque de celular abafado. Solto um gemido baixo e quando me remexo alguém me aperta.Abro os olhos sonolenta e me vejo praticamente em cima de Jonathan. Não sei como, mas ele virou de barriga para cima me deixando sobre ele. Uma das minhas pernas está jogada e enroscada sobre a sua enquanto minhas mãos descansam em seu peito. Uma das mãos deles repousa em minha bunda enquanto o outro braço está jogado sobre seus olhos.-Ao... -Solto um gemido me remexendo e me esfrego em sua ereção matinal sentindo ele duro em minha coxa. -A Deus que situação. -Reclamo espalmando minha mão em seu peito enquanto tento levantar, mas não conseguiria me desenrascar dele enquanto ele não acordasse.O celular toca novamente fazendo ele se remexer e agora sua ereção se esfrega em minha barriga. Prendo a respiração me mantendo imóve