Capítulo 8

Agarrada ao corpo de Brenda choro copiosamente envergonhada. Não deveria estar assim eu sei, mas simplesmente não consigo me levantar.

Me sinto fraca, frustrada e chateada, me sinto um nada nesta terra e talvez sejam pelas palavras tão reais de Jonathan.

Isso vai além da solidão...

Tenho vontade de rir e se a dor não fosse tão sufocante faria.

Suas palavras trouxeram gatilhos que custei a superar e agora me vejo caída sobre uma cama envolta a uma bolha de depressão.

É errado, sim é, mas quem explica isso e convence minha mente do contrário?

Quem arranca o vazio do meu peito?

Quem aplaca o desespero e a angústia do meu coração?

Ninguém.

Chorar pelo menos alivia e diminui o nó que aperta minha garganta.

-Amiga você precisa levantar desta cama, tomar um banho e comer algo. -Brenda sussurra próximo a minha cabeça beijo meus cabelos e eu apenas aperto meus braços envolta do seu corpo negando enquanto as lágrimas escorrem por meus olhos.

Com um pesado suspiro Brenda acaricia meus cabelos com calma.

-Fazem dois dias que você está assim, hoje é sábado, vamos tomar um sorvete no shopping eu pago.

- Não. -Nego.

-Helena...

-Por favor Brenda é vergonhoso demais. Triste e frustrante. A forma como ele me humilhou para o irmão, foi horrível, nunca imaginei que passaria por isso. Me sinto tão destruída e a saudades do Rafael só aumenta quando estou assim, ele me amava tanto, era um homem perfeito, nos dávamos tão bem, nunca em nenhum momento me feriu com palavras, a vida é muito injusta, ele tinha apenas vinte e oito anos. -As lágrimas rolam por meus olhos soltas.

-Esse limbo de tristeza está te jogando de volta na depressão Helena. Não associe a maldade humana com a morte de Rafael, nem sempre a vida é justa isso é um fato, mas não escolhemos quem vive e quem morre, dói eu sei, você mais do ninguém sente falta dele, exceto a mãe e o pai dele e para ser sincera até eu sinto falta das piadas dele as vezes, mas você não pode deixar de viver. Ele se foi, mas você está aqui precisa erguer a cabeça e olhar pra frente.

- Não é tão fácil. -Murmuro.

- Eu sei Lena, não é nada fácil, falar pode ser simples e faz parecer tão bobo, mas é exatamente o contrário, porém você sabe que Rafael gostava de curtir a vida e ele não ficaria feliz em te ver assim. A alma dele descansou amiga, ele estava sofrendo tanto, com dor, viveu os últimos dias a base de morfina. Ele gostaria de te ver sorrindo de cabeça erguida, você fez tudo por ele e ficou ao dele até o último instante, você é forte, não deixe que esse riquinho diga o contrário. -Passa as mãos nas minhas costas.

-Você está sendo humilde em chama-lo de riquinho. Ele é o herdeiro das indústrias Magoga amiga, aquela que ficamos babando para ter os sofás, estantes e mesas em nossa casa. - Passo a mão no nariz que escorria devido ao choro.

- Que seja, ele é apenas um idiota. Falar aquelas coisas foi ridículo, um homem vazio, o que adianta ser tão rico? Ele não tinha o direito de te humilhar e eu amei que jogou o suco na cara dele. Concordo que foi desespero de nossa parte tentar contratar um homem para lhe acompanhar, mas pelo menos agora aprendemos que isso é mera ilusão.

-Aprendemos da pior maneiro. -Enxugo as lágrimas um pouco mais calma.

- Sim, da pior maneira, mas pelos tentamos. É melhor tentar do que ficar em dúvida, sempre digo isso e sempre direi.

- Nunca mais quero ver ele ou irmão dele em minha frente. -Afirmo e um pequeno soluço escapa de lábios quando as lágrimas voltam.

-Pare de se lamentar, com tudo isso a única coisa que me irrita é o fato de não termos um "cremoso tentação" para esfregar na cara de André, mas não se preocupe ele é imbecil demais nem merece que nos descabelemos para lhe provocar, já fizemos isso demais e você saiu machucada. Se eu pudesse iria dar uns belos tapas na cara desse Magoga ingrato, mas com certeza eu seria presa amiga, ele deve andar cheio de segurança. 

Dou de ombros sem saber.

-Não conheço ele tanto assim.

-Sabe, pensando bem, você deveria ter passando com as rodas do carro em cima das pernas dele. -Brenda ri alto e eu sou obrigada a rir das maluquices que ela fala.

- Que horror, mas isso aliviaria uns oitenta por cento da minha raiva.

-Depois diz que minha ideia é um horror. -Ri me empurrando.

-Talvez a ideia não seja tão ruim assim, mas não faria isso sua louca.

-Claro que não, mas não paga nada imaginar. -Ri alto e eu reviro os olhos. -Vai, saia dessa cama, estamos trancadas neste quarto a dias, quero um pouco de luz solar. -Me empurra me obrigando a levantar 

-Tudo bem, sairei, mais só um pouco e nada de lugares chiques que podemos encontrar aquele imbecil.

-Tá loca Helena, ainda não sou uma advogada tão famosa a ponto de frequentar os lugares que aquele homem frequenta, me falta uns dez anos de experiência para isso, o máximo do máximo esbarraríamos com ele na rua por mera coincidência, mas é azar demais. - Ela faz o sinal da cruz. - Vamos tomar banho de sal grosso, dependurar uns alhos no pescoço para espantar tamanha má sorte.

Não consigo segurar a risada.

-Vá logo tomar banho. - Apoia as mãos nos meus ombros me levando até o banheiro. - Vou logo depois de você enquanto escolho a roupa que iremos usar no seu guarda roupa. - Ela enfatiza a palavra me fazendo rir.

-Folgada, vai usar as minhas roupas.

-O mínimo querida, fiquei aqui cuidando de você. Não vou sair fedida e amassada, vai me emprestar aquele vestido lindo preto e soltinho que eu amo. - Ela balança a cabeça e mão em uma pose engraçada.

-Ok me convenceu, afinal o que seria de mim sem você.

-Nadinha Helena, somos unha e carne, cú e calça, arroz e feijão, strogonoff e batata palha. Quer que eu continue? -Ergue as sobrancelhas.

- Já entendi, vá logo arrumar as coisas antes que eu desista. -Rio fechando a porta do banheiro enquanto vejo ela se apressar em ir para o quarto.

O restante do sábado passo rápido e bem lá fundo eu agradeci, pois não gostava dos finais de semana.

Na verdade, até gostava por poder descansar, mas eles sempre vinham com memórias de Rafael e André me jogando em uma tediosa tristeza que eu custava em deixar, agora essa tristeza viria somada a vergonha até não me esquecer do que aconteceu no restaurante dias atrás.

Brenda permaneceu ao meu lado me fazendo rir na maior parte do tempo e confesso que não sei o que seria de mim sem ela.

Minha melhor amiga é dona de olhos verdes, pele morena de um chocolate claro e fartos peitos que enchem os olhos de qualquer um. Sua cintura fina marca as curvas envolvente e suas cabelos negros encaracolados caem até a altura dos ombros, mas o que mais gosto é do seu sorriso sincero e como seus olhos brilham refletindo seus sentimentos.

Brenda foi o melhor acaso da minha vida, afinal a formo como nos conhecemos foi engraçada e intrigante.

Quem chega bem pertinho de você do nada e pergunta... Ei? Você acha que estou fedendo "C.C"?

Exatamente assim do nada e então vergonha não existiu mais, afinal pra que vergonha depois de uma entrada tão evasiva como essa?

É engraçado? Realmente é, mas foi assim que eu ganhei uma irmã e melhor amiga.

Jonathan..

Se o objetivo de Eric era me deixar mal ele conseguiu com honra. Não consegui parar de pensar um segundo na expressão de derrota do rosto da jovem a minha frente.

Não que eu fosse muito velho, mas ela era três anos mais nova que eu, no auge de seus vente e sete anos e como eu sei disso?

Bem simples, enfiei meu rabo entre as pernas e fui fazer a pesquisa que Eric comentou, pois, a curiosidade falou mais alto depois de ouvir que o namorado dela havia morrido de uma forma tão triste.

Precisei pagar para realizarem a pesquisa detalhadas de sua vida e me surpreendi com os detalhes sórdidos que recebi.

Nunca precisei fazer pesquisa da vida de ninguém e aquilo deveria ser proibido, afinal conta até a quantidade de vezes que ela tentou tirar a própria vida após a morte do noivo -e não namorado- como Eric havia me dito.

Ler aquilo só fez com que eu me sentisse pior.

Eu nem deveria me sentir assim, a culpa de tudo isso é do imbecil do meu irmão que planejou essa maluquice, mas as palavras mal-intencionadas foram única e exclusivamente minhas e após ler a troca de mensagens acabei tendo uma visão diferente de Helena.

Ela é uma pessoa gentil, doce e curiosa e talvez não fui com sua cara logo de início, pois ela é completamente o oposto de mim e isso me frustra.

Confesse que ri com algumas perguntas que ela fez a Eric e adorei o apelido inventado sobre os mistérios que rodeavam os dois. Também me surpreendi com o fato de que ela em nenhum momento cogitou a proposta do sexo se mostrando séria ao fato de que apenas queria alguém para acompanha-la, simples e sem muitos rodeios.

Um acompanhante para uma noite e quais os motivos por trás disso eu ainda não sei.

A porta do meu escritório abre abruptamente e vejo Eric adentrar minha sala impaciente.

-O que foi? - Pergunto sabendo que não viria boa coisa por aí.

-Victor acabou de perder o contrato de Cláudio Fernandes. -Se j**a em minha poltrona e sou obrigada a suspirar pesadamente fechando a pasta que estava em minhas mãos.

-Era o designer interior de um prédio de vinte andares. -Não consigo esconder minha irritação.

-O que podemos fazer se o velhote quer ganhar em cima das nossas costas? Não dá para diminuir ainda mais o valor passado a ele e mesmo assim ele acha que não é o suficiente, então que faça em outro lugar e depois deixe que venha chorando aos nossos pés pelo trabalho mal feito. -Eric balança os ombros fazendo as coisas parecer mais simples do que realmente eram.

-Queria ter essa visão simplista das coisas como você tem. -Fecho os olhos soltando o ar com força e quando abro os olhos novamente vejo Eric segurando as informações de Helena nas mãos.

-Fez o dever de casa irmão. - Ele ergue as sobrancelhas rindo. - Achei que não se importava com ela.

- Não me importo. -Deixo claro, pois aquilo não era totalmente mentira. - Só não quero me sentir culpado.

-Culpado por ser o carrasco que sempre foi? -Eric ergue a sobrancelha rindo.

-É exatamente por isso. -Afirmo o fazendo rir.

- Amo sua sinceridade, mas o que você fará agora? Chegará até ela e pedirá desculpas?

- Sim, farei isso se for necessário.

-Se for necessário Jonathan? Pelo amor de Deus, você disse para garota que ela era idiota, burra, solitária e que não tinha a mínima capacidade de arrumar um homem para ir em um casamento. Desculpa é o mínimo e para de ser ridículo, você está indo atrás dela porque se interessou por ela.

-Você é um chato de merda irmão, eu me interessei sim por ela. Ela é linda e depois de ler as mensagens o interesse aumentou, mas estou me sentindo culpado por sua culpa. Quem deveria estar se sentindo assim era você, porque foi mexer onde não foi chamado? Agora quem se sente um merda por ferir os sentimentos alheios sou eu. -Ralho sentindo meu sangue esquentar.

- Só quis te ajudar, mais você criou uma tempestade, agora se vira e arruma suas merdas. Espero eu que ela te despreze muito para você sentir na pele. - Ele se levanta me fazendo suspirar.

-Vá trabalhar e deixe que eu me viro com minhas coisas.

-As suas ordens. -Abre a porta saindo mais volta apenas para me deixar ainda mais irritado. -Se não se apressar farei questão de acompanha-la. -Fecha a porta logo em seguida e tenho vontade de xinga-lo.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo