-Mas que homem. -Brenda se abana com uma mão enquanto come o brigadeiro da colher sentada no sofá da sala.
Permanece sentado no chão com o braço apoiada em cima do sofá espiando a foto como posso.
-Não dá para negar que ele é lindo.
-Se você tentasse tamanha afronta eu te levaria a um ocultista neste exato instante. -Me empurra com o pé me fazendo rir.
-Exagerada. -Pego mais uma colherada de brigadeiro.
-André vai roer as unhas quando ver esse homem ao seu lado e aquela piranha da Bruna vai ficar vermelha igual uma pimenta. -Brenda ri alto.
-Para de ser boba, já faz meses que eles estão juntos, devem se amar de alguma forma.
-Helena, para, pelo amor de Cristo. Todos nós sabemos que ele está com ela porque o pai dela tem um bem aqui e ali que ele quer herdar.
-Você não tem piedade. -Comento rindo.
-Fala sério, você é muito mais bonita do que aquela coisa horrorosa.
- Ela é modelo Brenda para de fingir que ela não é bonita porque ela é sim.
-Aí, nossa, tá bom, ela é bonita, mais sou muito mais você. Quem tem uma rabona gigante dessas? Fala sério. Olha o tamanho dessa raba. -Ela aponta pra minha bunda. -Vou colocar aquele Funk que diz para mexer a raba até o chão.
-Cala a boca que horror, desde quando você gosta de Funk?
-Não é bem uma opção quando se mora no Brasil, qualquer lugar que você vai sempre tem algum tipo de funk tocando. -Dá de ombros.
-Os lugares que eu vou não toca funk.
-Por que você não vai a lugar nenhum Helena, sua vida é socada dentro desta casa e no tribunal, impossível você ver o Juiz Vasconcelo descendo até o chão no meio de uma audiência.
Não consigo conter a gargalhada ao imaginar o Felipe Vasconcelo descendo até o chão. Apesar de que não seria de todo o mal, afinal ele é lindo, mas tinha lá seus quarenta anos.
-Seria uma cena hilária, por favor me diga que estarei preparada para filmar.
-Credo menina nem brinca, seriamos presas por desacato a autoridade. -Brenda ri alto apoiando a mão na barriga.
O ataque de risos dura mais uns minutos enquanto nossa mente insiste em imaginar Vasconcelos requebrando até o chão até Brenda quebrar o clima enquanto lambe a colher.
- Você vai aceitar a proposta do “cremoso tentação” né?
-O que? Cremoso tentação? -O ataque de riso volta junto ao ataque de tosse e chego a ter ânsia de tanto que dou risada daquele apelido horrível.
- Ele é muito branco amiga nem dá para chamar de moreno.
- Você me mata Brenda. -Puxo o ar com força tentando respirar.
-Gente aquela foto, vou sonhar com ela, que homem, amiga. -B**e em meu braço. -Sortuda, vai pagar o pacote com sexo é claro, nem que precisarmos fazer um empréstimo, até ajudo a pagar depois, mais essa você não pode perder.
- Para de ser safada Brenda é claro que não vou fazer sexo com ele e outra não posso me apegar no padrinho de aluguel ou cremoso tentação, seja lá qual apelido você vai dar a ele. -Suspiro.
-Aí que pena amiga olha esse corpo, quem não quer se afogar nesse taque. - Ela apoia a cabeça no sofá após fuçar no meu celular como se fosse dela.
-Dois mil reais amiga, dois. -Enfatizo a palavra. -Acha que é pouco?
- Não amiga, muito dinheiro envolvido, mas ele vive disso né. Aparência e essas coisas.
-E você ainda falando de colocar a parte do sexo sabendo que o preço duplica, vou vender meu carro para pagar quatro mil a um homem para enganar minha família e o otário do meu ex. Prefiro continuar sendo taxada como a solteirona encalhada.
Brenda ri empurrando meu braço com o pé.
-Dramática.
-Sincera.
- Vamos fazer o depósito amiga, garantir sua vaga e marcar o encontro com o bofe de ouro.
-Agora é bofe de ouro? -Pergunto balançando a cabeça em negativo.
-Sabe como é... caro para burro esse homem. -Ela balança os ombros fuçando no meu celular.
-Dá para parar de mexer no meu celular. -Puxo o mesmo de sua mão e ela faz um biquinho.
- Egoísta. -Retruca.
-Amanhã vou realizar o depósito, não é como se eu tivesse uma fila de homens me esperando mesmo, então a única opção é pagar esse mesmo que pelo menos saberá agir quando meus tios forem inconvenientes, porque você sabe que tio, só serve para fazer pergunta idiota.
- Para de tentar disfarçar, sei que vai perguntar a ele sobre o pacote completo. - Ela balança as sobrancelhas na maior cara de safada.
- Vamos dormir Brenda, você está precisando para apagar esse fogo. -Levanto levando o prato de brigadeiro para a cozinha o colocando dentro da geladeira.
Brenda vem logo atrás colocando sua colher na pia e conversamos algumas amenidades sobre a loucura que estava prestes a fazer.
Por fim fazemos nossa higiene antes de deitarmos e realmente agradeço por ela estar ao meu lado.
***
Chegamos na empresa atrasadas porque Brenda me fez passar no banco para realizar o bendito depósito enviando o comprovante para o meu acompanhante.
Acabamos brigando, pois era imprudência demais pagar mil reais a alguém que nunca havia visto em minha vida, mas Brenda insistiu até me convencer.
A verdade era que ela queria que eu vivesse uma aventura e saísse do limbo de auto depressão em que eu vivo depois da morte de Rafael.
E sejamos sinceras que reviravolta intrigante estávamos dando contratando esse homem.
Falando nisso precisava perguntar o seu nome, pois nem isso eu havia feito.
Helena: Segue o comprovante do depósito realizado com o valor de mil reais.
Gostaria também de me apresentar, me chamo Helena Dias Albuquerque e gostaria de perguntar o seu nome, pois pulamos as apresentações ontem.Guardo o celular na bolsa e Brenda sustenta um sorrisinho vitorioso no rosto.
-Pare de me olhar assim. -Bufo.
-Marque logo o encontro, estou ansiosa. - Diz animada.
-Deveríamos estar com medo. Se eu for raptada e vendida para o tráfico humano a culpa vai ser sua. -Ameaço.
-Credo Helena b**e nessa boca. - Ela faz o sinal da cruz. - Eu vou com você para garantir, fingimos não nos conhecer e qualquer coisa eu começo a gritar enquanto você corre.
- Acho melhor mesmo você ir comigo. -Me sinto mais calma.
-Combinado. Se ele tentar algo que você não gosta, você ergue a mão direita e acena que eu vou saber que algo está errado.
-Me sinto mais aliviada. -Solto o ar em uma lufada que nem sabia que estava prendendo e parece que um grande peso saiu dos meus ombros.
-Amiga é para essas coisas. - Ela sorri.
-Já cansei de dizer que te amo.
-Também amo você amiga, mas agora preciso ir trabalhar porque daqui a pouco Rogério vem encher nosso saco que só sabemos conversar.
-Errado ele não tá. -Acabo rindo.
- Não mesmo, mas ninguém manda em minha língua. - Ela mostra a língua saindo da sala e por pura curiosidade dou uma olhadinha no celular para ver se ele havia respondido.
Desconhecido: Prazer Helena, seu horário está reservado, 27 de abril será uma honra lhe acompanhar. Quanto ao meu nome descobrirá em breve, assim que nos vermos no restaurante.
Acabo franzido as sobrancelhas com todo aquele mistério.
Helena: Senhor mistério, o senhor gosta desse jogo de segredos não é mesmo?
Brinco um pouco para descontrair mais a mim do que a ele e logo ele responder.
Desconhecido: Sim, é um jogo instigante confesso e adorei o apelido, você é a primeira a me chamar assim.
Acabo rindo e guardo novamente o celular na bolsa para focar minha atenção ao meu trabalho e mesmo que vejo a tela do celular piscar em uma nova mensagem não caio na tentação de olhar.
Desconhecido: Aguardarei a senhorita as dez horas da manhã no Levisky Gourmet.Releio aquela mensagem pela centésima vez e a cada leitura o nervosismo me consome.Tudo parecia engraçado demais até não se tornar sério demais e era exatamente isso que estava acontecendo.Me encontrar com um homem que nunca vi e ainda por cima pagar para me acompanhar a um casamento?! É o fim do desespero de uma pobre alma solitária.Sorrio nervosa olhando a tela do celular mais do que deveria.Depois disso minha dignidade nunca mais será a mesma eu tenho certeza.Tento não focar os pensamentos naquele fatídico fato, mas o nervosismo começava a mexer com cada célula do meu corpo me deixando agitada e desesperada.Eu não sabia disfarçar, nunca soube, se algo me incomoda fica explícito na minha cara e isso é uma v
Agarrada ao corpo de Brenda choro copiosamente envergonhada. Não deveria estar assim eu sei, mas simplesmente não consigo me levantar.Me sinto fraca, frustrada e chateada, me sinto um nada nesta terra e talvez sejam pelas palavras tão reais de Jonathan.Isso vai além da solidão...Tenho vontade de rir e se a dor não fosse tão sufocante faria.Suas palavras trouxeram gatilhos que custei a superar e agora me vejo caída sobre uma cama envolta a uma bolha de depressão.É errado, sim é, mas quem explica isso e convence minha mente do contrário?Quem arranca o vazio do meu peito?Quem aplacao desespero e a angústia do meu coração?Ninguém.Chorar pelo menos alivia e diminui o nó que aperta minha garganta.-Amiga você precisa levantar desta cama, tomar um
HelenaPassei o domingo na casa dos meus pais e confesso que estava com saudades deles, aproveitei para ajudar meu pai a replantar as roseiras da mamãe e curti cada segundinho que pude dos meus velhos, afinal durante a semana quase não nos vemos.A segunda já começou alvoroçada com Rogério gritando ordens e passando clientes para cada um de nós. O que é maravilhoso, não vamos reclamar do pão nosso de cada dia.Uma pequena batida na porta me chama atenção.-Entre.-Helena, tem um homem querendo falar com você. -Carolina a recepcionista diz.-Quem? -Pergunto franzido as sobrancelhas já que não tinha nenhum horário marcado para agora.-Disse apenas que precisava falar com você. - Ela balança os ombros.- Você deve perguntar o nome das pessoas antes de vir até nós Carol, as
Conto para Brenda o que aconteceu na entrada do fórum e a descarada gargalha alto chamando a atenção de metade das pessoas que passam ao nosso lado.-Cala boca sua infeliz, está querendo levar uns esporros de Rogério, você sabe que ele odeia quando ficamos papeando nos cantos do fórum. –Repreendo e ela balança os ombros.-Espero que o nariz dele fique roxo. –Ela volta a rir apoiando a mão na barriga.-Amiga, coitado, no fundo eu fiquei com dó, porque ele parecia realmente estar arrependido. –Confesso e não sei se estava sendo idiota por ficar com dó ou não.-Larga a mão de ser palhaça Helena. –Ela diz brava apontando o dedo no meu nariz e eu faço uma careta encolhendo os ombros.-Ele merecia muito mais do que um quase soco no nariz, você devia ter acertado as bolas dele por tudo que ele falou. –Ela ralha
Brenda quase surtou e teve um ataque quando contei sobre a ligação inesperada de Jonathan para ela.Claro que minha amiga fez questão de vir me ajudar a escolher a roupa que iria para o jantar e agora estamos aqui esperando o tal motorista chegar.-Você está linda amiga. - Ela afirma com os olhos brilhando.-Você me ajudou. -A abraço sorrindo.-Claro, jamais deixaria você usar aquelas cores gritantes ou vestidos cheios de flores. - Ela nega suspirando e esse era mais um fato sobre Brenda, ela odeia cores extravagantes, para ela cores escuras e únicas são o essencial, preto e cinza é praticamente sua vida. Não que ela não use tons rosa claro, mas cores vivas não faz muito seu estilo.Acabo rindo com esse pensamento.-Eu gosto de cores fortes. -Alego e ela balança a cabeça fazendo uma careta. -Amiga, esse vestido preto soltinho na cintu
-Hum, é um belo lugar. -Comento com sinceridade. -Na verdade, nem sabia que esse lugar existia. -Confesso. -É maravilhoso. Seus olhos estão em mim novamente e desta vez sustento seu olhar curioso. -É um bom lugar para uma conversa e alguns pedidos de desculpas. - Ele balança os ombros e um leve sorriso de lado dança em seus lábios. -A vista aqui sempre me surpreende, a noite é bela daqui de cima. -Seus olhos se voltam para a janela e tenho que concordar. Era realmente bela a vista que tínhamos daqui de cima. As várias luzes dos prédios, carros e altidore’s coloridos espalhados pela cidade tornava tudo ainda mais encantador, somado ao ambiente aconchegante e o rock suave de fundo tudo se normal deslumbrante. -Tenho que concordar. -Continuo observando as janelas e só percebo que seus olhos estão voltados para mim quando o garçom deposita minha bebida a minha frente. -Obrigada! -Agradeço e ele logo sai. Tomo um pequeno gole e só não gemo em satis
O garçom volta a nossa para recolher os pedidos e sem muita demora nossos pratos estão na mesa.Fazemos a refeição em um silêncio reconfortante e Jonathan parece perdido em seus pensamentos. Procuro não entrar nos assuntos que o torna um homem tão misterioso, pois só precisávamos saber do básico um outro, afinal, quanto mais nos aprofundarmos em nossas vidas pessoais, mais difícil será nossa separação e apego emocional é algo que não procuro.Terminamos o jantar e vejo ele se levantar estendendo a mão para mim. Incerta o observo sem saber
HelenaJonathan fez questão de me levar até em casa mesmo eu afirmando que poderia chamar um Uber ou táxi. Ele foi muito cavalheiro e gentil e passar aquela noite com ele foi realmente algo novo para mim.A muito tempo não saia com nenhum homem e apesar dos pesares e da forma que nos levou até aquele encontro, Jonathan é leve, conversar com ele me agrada e me intriga ao mesmo tempo, afinal, ele é um poço de novidades e incertezas.Balanço a cabeça não querendo focar no que aconteceu ou deixou de acontecer ontem. Foi uma noite maravilhosa, regada de conversa e valeu a pena ter aceito seu convite, apenas isso e mais nada. A única coisa que preciso focar no momento é conhecer o básico para convencer minha família que somos um casal feliz por mais estranho que isso possa ser.Apesar de que ele foi muito sincero pedindo ajuda para se libert