2 meses depois.
- Eu não acredito que você ainda está com essa ideia absurda de arrumar um namorado para o casamento da sua prima Helena. Para de ser boba, chame um amigo ou um de seus primos. -Brenda repreende pela quinquagésima vez.
-Você não entende. -Nego indignada. -Preciso provar que sou capaz, afinal eles vivem falando que depois da morte de Rafael me fechei para o mundo e além disso o traste do André estará na festa. -Massageio minhas têmporas na tentativa de amenizar a dor de cabeça que estava me matando.
-Provar? Você com essa história novamente. -Diz indignada. -Você não tem que provar nada para ninguém, nem para sua família e nem para o traste do André que te traiu, tem apenas que dizer a sua prima que não encontrou ninguém e ponto final.
-Poderia fazer isso, mas não vou. -Falo com convicção. -André brincou comigo de todas as formas possíveis sabendo que tentei dar uma chance a ele depois da morte de Rafael e ainda me traiu. Eu não queria, evitei até o ultimo, mas sua insistência me convenceu. Acreditei nele Brenda, me entreguei de corpo e alma e mesmo assim ele decidiu me deixar para ficar com a Bruna Andrades. -Comento chateada.
-O que você tem na cabeça garota? Você começou quatro relacionamentos em menos de dois meses, eles não duram nem uma semana direito. -Revira os olhos estressada. -Assim você só irá provar que é uma encalhada desesperada.
-Mas é exatamente isso que eu sou. -Sinto vontade de chorar diante das minhas frustrações. -Uma encalhada desesperada. -Afirmo. - Olha para mim, me sinto super mal.
-Você é linda garota, acorda. -Sinto um tapa forte na testa e apoio à mão na cabeça.
-Aí. -Reclamo.
-Não sei mais o que fazer com você. -Brenda suspira.
-Brenda isso tudo é tão decepcionante. –Confesso magoada. –Os homens que arrumei eram todos péssimos e interesseiros. -Suspiro cansada.
-Também, você mal conhecia eles e já falava em levá-los para uma festa que reuni todos os seus familiares, qualquer um se assustaria com tamanho desespero. –Cruza os braços irritada.
-Mas podia ser só por aparência né?! Será que eles não sabem fingir?
-Fingir Helena? Quando você diz a um homem que o levará em um casamento é como se estivesse assinando os votos matrimonias. Eles acham que você já está interessada em casar com eles, ter três filhos, cinco cachorros e nove gatos.
-Mas não é isso que eu quero. –Afirmo. –Nem me importo em não vê-los no dia seguinte. Eles apenas precisa fingir que são loucamente apaixonados por mim por uma noite, isso seria o suficiente. Será que é tão difícil? -Apoio a mão no rosto chateada.
-Amiga, isso só acontece em filmes a vida real é bem mais dolorosa. -Sua mão em meu ombro causa o efeito dramático que não me agrada.
-Obrigada por colaborar com minha queda a um precipício sem fim.
-Pelo amor de Deus, sai dessa vibe de baixo alto astral e depressão. -Estala os dedos em minha volta para tirar os maus espíritos.
-Como que eu tivesse com uma carga de negatividade extra. –Suspiro.
-Mais você está. –Ela quase grita e eu tenho vontade de esgana-la, pois estávamos dentro do fórum.
-Estamos no trabalho sua maluca.
-Ai para, estamos apenas enrolando e você sabe disso, já fizemos nossa parte aqui, está na hora de irmos almoçar naquele restaurante delicioso da esquina da treze perto do escritório.
-Realmente gosto da comida da Dona Filó. –Só de pensar no filé de frango grelhado no azeite com cebola, pimentão e tomate minha boca se enche d’agua.
-Então vamos logo. –Brenda enrosca seu braço no meu e seguimos para o meu carro conversando amenidades.
Acabamos deixando o assunto sobre o casamento de lado focando em assuntos aleatórios e de trabalho.
Almoçamos juntas e fazemos questão de elogiar a comida de Dona Filomena que era realmente divina, mas quando estou pagando a conta no caixa sinto o chão a baixo dos meus pés ceder.
A pessoa que eu menos queria ver na face dessa Terra entra de óculos de sol, camiseta regata roxa com desenhos escuros, cabelos negros jogados para o lado. André caminha com calma e eu queria me esconder atrás de qualquer coisa para evitar qualquer contato.
-André está logo atrás de você. -Comento entre dentes tentando me esconder atrás de Brenda, mas eu era mais alta que ela.
-Quem? –Ela sussurra perdida.
-O André. –Indico com a cabeça e logo ela se vira sem nenhuma delicadeza.
-A merda. –Pragueja tentando disfarçar, mas era tarde mais.
-Helena? –André praticamente grita meu nome.
Aceno discretamente e tenho vontade de me jogar de um penhasco.
-An...André. –Pigarreio disfarçando minha voz esganiçada e forço o sorriso em meus lábios. -Achei que ainda estivesse no Rio de Janeiro. -Comento.
-É aniversário do meu pai esse final de semana, então resolvi fazer uma surpresa para ele. -Sorri satisfeito.
-Mande meus parabéns para o senhor Marco Antônio. -Desejo de coração, pois realmente gostava dos seus familiares muito diferente do que sentia por ele.
-Pode deixar. Nossa, achei que daria tempo de tomar um café, mas estou atrasado. -Ele observa o relógio. -Tenho que ir atrás de um terno para o casamento da sua prima, Bruna está me esperando. –Sai com a maior naturalidade e cara de pau.
Eu não acredito que esse desgraçado realmente vai no casamento da Katia.
-Você vai arrumar um homem lindíssimo para esse casamento nem que seja a última coisa que eu faça na face dessa Terra ou eu não me chamo Brenda Soares dos Santos. -Ela esbofeteia o balcão do caixa em puro ódio.
-Desse jeito vai quebrar. -A observo assustada.
- Eu odeio esse garoto e você precisa esfregar na cara dele que já superou. Mal caráter de uma figa. –Brenda rosna.
-Vamos logo Brenda, temos que voltar para o fórum. –Suspiro tentando não focar em André ou surtaria.
Após pagar a conta saímos do restaurante e eu dirijo em direção ao fórum estressada. A raiva emanando de cada poro do meu corpo pela falta de escrúpulos e dignidade de André.
Era muita cara de pau me cumprimentar como se nada tivesse acontecido e a ainda citar Bruna como se não fosse nada.
-Você precisa se acalmar amiga. -Brenda afirma no banco do carona ao ver minhas mãos se apertarem no volante do carro tremula.
-Estou calma. -Rosno entre dentes.
-Não é o que parece. -Suspira.
-Você não tem noção da vontade que tenho de enfiar a mão na cara dele e esfregar a sua fuça no asfalto quente do meio dia. -Grito apertando o volante. -Fazer tudo o que eu deveria ter feito quando peguei ele beijando a vaca mal comida da Bruna. -Acerto um tapa no volante e solto um grito freando bruscamente ao ouvir um grande barulho e algo se chocar contra meu carro.
O desespero toma conta de mim ao ver um homem rolar por cima do capo derramando café por tudo enquanto sua cabeça livre de cabelos b**e contra o vidro do carro trincando o mesmo e seu corpo rola novamente até o chão.
-O que você fez Helena? -Brenda grita em desespero.
-Eu matei um homem Jesus. -Agarro os cabelos.
Um alvoroço se forma ao nosso redor e eu desço do carro tremula e sem forças com medo de ver o homem estirado morto no chão.
-Liguem para ambulância. -Um senhor grita e o desespero que percorre meu corpo é tanto que minhas pernas falham ao ver sangue no chão.
-Eu matei o homem. -Começo a chorar tremendo enquanto algumas pessoas correm ao meu socorro.
Não consigo prestar a atenção no que estava havendo ao meu redor, só consigo observar o homem caído ao chão e o choro de Brenda ao meu lado. Após longos minutos que mais pareciam horas algumas sirenes se fazem presentes e quando vejo estou sendo levada para ambulância, enquanto alguns paramédicos recolhem o corpo do rapaz em uma maca.
As coisas ao meu redor passam no automático e os paramédicos fazem um rio de perguntas que respondo no automático.
-A pressão dela está baixa. –Ouço um deles afirmar distante e minhas vistas começam a escurecer até que tudo se apaga.
Acordo assustada com uma movimentação estranha ao meu redor, demoro um pouco para me localizar antes de ver minha mãe e meu pai ao meu lado.-Helena. -Eles se levam e me abraçam apertado enquanto um filme do que aconteceu se passa em minha cabeça.-Mãe eu matei um homem. -Grito em desespero deixando que as lágrimas rolem por meus olhos.A dor em minha cabeça era tanto que a qualquer momento parecia que iria explodir.
Apesar do susto do dia anterior as coisas estavam fluindo bem na empresa de advocacia. Como eu tinha uma audiência em poucos minutos deixo Brenda encarregada das minhas coisas enquanto seguia para sala do Juiz Vasconcelo.Sempre fazíamos isso, quando uma tinha uma audiência a outra se encarregava de cuidar dos pertences enquanto a audiência não acabava, afinal Vasconcelo era exigente com a questão de aparelhos celulares em suas audiências e isso era um verdadeiro saco.- Vou aproveitar para ir no centro buscar aquele vestido que te falei semana passada. -Brenda sorri retocando seu batom vermelho que combinava bem com sua pele morena claro.-Tudo bem, mas não se atrase, você sabe que Rogério odeia quando atrasamos para entregar os relatórios.-É rapidinho, já deixei separado na loja, só havia esquecido meu cartão.Concordo analisando mais uma vez os p
Jonathan-Essa garota me irrita. -Trinco os dentes sentindo meu maxilar estalar.-Pare de ser carrasco pelo menos uma vez na sua vida John.- Eu não sou carrasco, só não gosto de toda essa falsa bondade destinada a mim quando sei que é puro fingimento.-Como pode afirmar que é fingimento se você nem conhece a moça? -Eric nega com a cabeça. -Depois que papai morreu você se fechou em uma bolha paralela ao mundo e ninguém te suporta.-Não estou pedido para você me suportar, só estou falando que não caio nessa armação e pinta de boa moça. -Dou de ombro com os braços cruzados no peito.-Quanta implicância, talvez devesse dar uma chance a ela. Moça gentil e legal, ela é linda e eu bem vi como seus olhos correu descarado pelo corpo dela.-Cala boca Eric,
HelenaApós sair do hospital volto para o escritório e antes mesmo de chegar na porta da minha sala tenho um sobressalto com o susto que Brenda me dá me empurrando para dentro.-O que foi isso? -Pergunto com a mão no peito.-Eu quero saber tudo sobre o padrinho de aluguel. -Fala erguendo as sobrancelhas. - Ele é bonito?-Padrinho de aluguel Brenda? -Balanço a cabeça em negativo. -Está mais do que na cara que é garoto de programa. -Enfatizo as últimas palavras.-Já disse que detalhes a parte Helena, pare de ser chata. -Se joga na poltrona suspirando. -Achei que ele iria responder, mas que droga viu. Essa era a solução dos nossos problemas. - Diz chateada.-Meus problemas. -Afirmo.-Se são seus são meus também mal-agradecida. -Faz um bico me fazendo rir.-Você sabe que eu te amo.-Ama nada.
-Mas que homem. -Brenda se abana com uma mão enquanto come o brigadeiro da colher sentada no sofá da sala.Permanece sentado no chão com o braço apoiada em cima do sofá espiando a foto como posso.-Não dá para negar que ele é lindo.-Se você tentasse tamanha afronta eu te levaria a um ocultista neste exato instante. -Me empurra com o pé me fazendo rir.-Exagerada. -Pego mais uma colherada de brigadeiro.-André vai roer as unhas quando ver esse homem ao seu lado e aquela piranha da Bruna vai ficar vermelha igual uma pimenta. -Brenda ri alto.-Para de ser boba, já faz meses que eles estão juntos, devem se amar de alguma forma.-Helena, para, pelo amor de Cristo. Todos nós sabemos que ele está com ela porque o pai dela tem um bem aqui e ali que ele quer herdar.-Você não tem piedade. -Comento rindo.-Fala s&e
Desconhecido: Aguardarei a senhorita as dez horas da manhã no Levisky Gourmet.Releio aquela mensagem pela centésima vez e a cada leitura o nervosismo me consome.Tudo parecia engraçado demais até não se tornar sério demais e era exatamente isso que estava acontecendo.Me encontrar com um homem que nunca vi e ainda por cima pagar para me acompanhar a um casamento?! É o fim do desespero de uma pobre alma solitária.Sorrio nervosa olhando a tela do celular mais do que deveria.Depois disso minha dignidade nunca mais será a mesma eu tenho certeza.Tento não focar os pensamentos naquele fatídico fato, mas o nervosismo começava a mexer com cada célula do meu corpo me deixando agitada e desesperada.Eu não sabia disfarçar, nunca soube, se algo me incomoda fica explícito na minha cara e isso é uma v
Agarrada ao corpo de Brenda choro copiosamente envergonhada. Não deveria estar assim eu sei, mas simplesmente não consigo me levantar.Me sinto fraca, frustrada e chateada, me sinto um nada nesta terra e talvez sejam pelas palavras tão reais de Jonathan.Isso vai além da solidão...Tenho vontade de rir e se a dor não fosse tão sufocante faria.Suas palavras trouxeram gatilhos que custei a superar e agora me vejo caída sobre uma cama envolta a uma bolha de depressão.É errado, sim é, mas quem explica isso e convence minha mente do contrário?Quem arranca o vazio do meu peito?Quem aplacao desespero e a angústia do meu coração?Ninguém.Chorar pelo menos alivia e diminui o nó que aperta minha garganta.-Amiga você precisa levantar desta cama, tomar um
HelenaPassei o domingo na casa dos meus pais e confesso que estava com saudades deles, aproveitei para ajudar meu pai a replantar as roseiras da mamãe e curti cada segundinho que pude dos meus velhos, afinal durante a semana quase não nos vemos.A segunda já começou alvoroçada com Rogério gritando ordens e passando clientes para cada um de nós. O que é maravilhoso, não vamos reclamar do pão nosso de cada dia.Uma pequena batida na porta me chama atenção.-Entre.-Helena, tem um homem querendo falar com você. -Carolina a recepcionista diz.-Quem? -Pergunto franzido as sobrancelhas já que não tinha nenhum horário marcado para agora.-Disse apenas que precisava falar com você. - Ela balança os ombros.- Você deve perguntar o nome das pessoas antes de vir até nós Carol, as