Capítulo 4

Jonathan

-Essa garota me irrita. -Trinco os dentes sentindo meu maxilar estalar.

-Pare de ser carrasco pelo menos uma vez na sua vida John.

- Eu não sou carrasco, só não gosto de toda essa falsa bondade destinada a mim quando sei que é puro fingimento.

-Como pode afirmar que é fingimento se você nem conhece a moça? -Eric nega com a cabeça. -Depois que papai morreu você se fechou em uma bolha paralela ao mundo e ninguém te suporta.

-Não estou pedido para você me suportar, só estou falando que não caio nessa armação e pinta de boa moça. -Dou de ombro com os braços cruzados no peito.

-Quanta implicância, talvez devesse dar uma chance a ela. Moça gentil e legal, ela é linda e eu bem vi como seus olhos correu descarado pelo corpo dela.

-Cala boca Eric, ainda sou homem, acha que não sei quando vejo uma mulher bonita em minha frente? Mas beleza não diz nada a respeito da pessoa e eu não fui com a cara dela.

-Você nunca vai com a cara de ninguém irmão. –Eric suspira passando a mão na cabeça.

Um barulho chama a minha atenção e vejo a agenda que ela havia colocado sobre a bolsa caída no chão.

Eric ergue a sobrancelha e se abaixa para pegar a agenda da moça junto a uma caneta e um papel. Ele segura uma página aberta e vira a mesma lendo algumas coisas.

-Eric, o que pensa estar fazendo? -Rosno querendo lhe dar uns belos cascudos, mas estava impossibilitado por culpa do meu pé no momento.

-Estou apenas recolhendo as coisas de... –Abre as primeiras páginas da agenda. –Helena Dias Albuquerque do chão. –Volta as páginas apenas para bisbilhotar.

-Tome vergonha Eric. –Rosno. –Deixe as coisas da moça ai.

-Helena, irmão. He.le.na –Enfatiza.

-Sua sorte é que não posso apoiar o pé no chão.

-Interessante irmão, nossa nova amiga é advogada. -Vejo ele ler o papel erguendo as sobrancelhas. -Realmente interessante.

-O que você está lendo aí? –Uma ponta de curiosidade surge por todo o seu suspense.

-Caso não houver resposta a mensagem, ligar para o acompanhante, para perguntar se ele aceita ser padrinho no casamento da minha prima. -Eric murmura algumas coisas e eu apenas reviro os olhos.

-Guarde as coisas da garota no lugar. –Peço mais uma vez e ele logo fecha a agenda com um grande sorriso no rosto. -O que foi? -Pergunto preocupado.

-Nada irmão, nossa amiga é apenas uma advogada com muito trabalho para concluir. -Balança os ombros depositando a agenda em seu devido lugar.

-Pare de enfiar o nariz onde não é da sua conta. Que coisa feia ficar espiando a agenda da moça, depois reclama do meu mal humor, mas pelo menos eu não fico fuçando nas coisas dos outros. -Afirmo mal-humorado.

Estava cansado de ficar deitado nessa maca sem poder fazer nada, além disso, minha cabeça parecia que ia explodir a qualquer momento, o tornozelo lateja e os ralados dos meus braços ardem.

O mau humor era apenas o menor dos meus problemas no momento.

-John, você é muito sem graça. -Revira os olhos. -Somente Thalissa para te suportar e isso porque ela vê sua cara feia uma vez a cada três ou quatro meses. -Eric alfineta.

-Vai a merda Eric, sabe que não gosto de Thalissa, ela que insiste nessa merda toda, pouco me importa se ela gosta de mim ou não, espero que ela fique nos Estados Unidos e não volte mais. -Resmungo.

-Blá, blá, blá. -Eric me imita e balanço a cabeça.

-Quantos anos você tem? Dez por um acaso?

-Vinte e sete, John, tenho vinte sete anos muito bem vividos, diferente de você que tem trinta socados dentro de uma empresa deixada por nosso pai. Sua vidinha medíocre está passando e não importa que sua conta bancária seja recheada e gorda, se você não tem com quem ou como gastar não vale nada. Tente ao menos tirar umas férias para viajar mesmo que sozinho se for da sua opção.

Me calo pois de certa forma ele não estava errado, porém eu simplesmente gostava da minha vida do jeito que ela era e ponto final.

-Quem cala consente, você quase morreu por que não larga esse celular um minuto. Eu sei que a empresa exige muito de nós e principalmente de você, mas tenha um pouco mais de consciência. A vida passa e o tempo não volta. Não quero ser chato ou algo do tipo, mas você realmente precisa diminuir o ritmo e espairecer um pouco ou então não sei onde irá parar.

-Meu ritmo está bem lento agora. -Sorrio desgostoso.

-Talvez as coisas acontecem com um propósito, assim pelo menos você tirou um dia de folga, afinal desde quando você não tira um dia para você?

- Acho que já fazem quatro anos. -Suspiro.

-A vida cobra até o descanso que não tiramos. -Eric ri balançando a cabeça em negativo.

-Coisa estranha de se pensar. -Murmuro pensativo e minha atenção se volta para a bela moça de cabelos chocolate ondulados e olhos castanhos brilhantes que entra segurando uma garrafinha de água nas mãos.

Helena devia ter seus um metro e setenta e em meu ponto de vista era alta, seus quadris fartos preenche a saia de forma delicada e suas curvas mais avantajadas de certa forma prende minha atenção.

É uma mulher bonita, um pouco acima do peso talvez, mas incrivelmente sensual e delicada. Seus olhos preocupados e expressivos sempre buscam entender o que se passa a sua volta e as diversas expressões de seu rosto me faz franzir as sobrancelhas tentando entender o que se passa em sua cabeça.

Ela não sabe disfarçar sua confusão, descontentamento ou alegria. Seus olhos e sua face entrega qualquer um de seus sentimentos.

A única coisa que me irrita é sua prestatividade, para que tanta preocupação com uma pessoa que ela nem conhece? E outra, o acidente nem foi culpa dela, afinal o erro foi meu de atravessar a rua com o sinal verde, mas mesmo assim, ela continua aqui tentando me agradar e ajudar com o que for necessário.

- Sua água. -Me entrega a garrafa constrangida.

- Obrigado! -Agradeço e abro a garrafinha tomando alguns goles.

-Por nada. -Comenta pegando suas coisas de cima da cadeira. -Bom, fico feliz em saber que você está melhor. - Um pequeno sorriso surge em seus lábios prendendo minha atenção em sua boca de traços delicados e fartos.

- Agradecemos pela sua preocupação. -Eric toma a frente.

- Que isso, me senti no dever de oferecer toda a ajuda que estivesse ao meu alcance. - Diz enquanto abre a bolsa retirando um pequeno cartão. - Aqui, caso precisem de algo pode me ligar. - Ela entrega o cartão a Eric e eu observo os dois estreitando os olhos.

-Agradeço, ele é um pouco dramático, mas ficará bem.-Eric afirma.

- Eu ainda estou aqui Eric, não precisa falar como se eu não estivesse ouvindo. –Balbucio irritado e a jovem a minha frente ri.

- Foi um prazer conhecer vocês, não hesitem em ligar caso precisarem. -Se despende saindo do quarto logo em seguida.

-Irritante....

- Você é mesmo irmão, irritante. -Eric enfatiza a palavra.

Mostro o dedo do meio para ele que ri dando de ombros pouco se importando com o meu mau humor.

-Graças a Deus a humanidade não tem o mesmo gênero ruim que o seu. Você acha que todos sabem ser frios e rude como você?

-Agradeça a minha rudez Eric, é ela quem sustenta seus luxos ou você acha que com sorrisinhos e abraços cresceríamos tanto?

- Não irmão, talvez não levaríamos a empresa do nosso pai tão longe, mas sabe, não preciso dessa carranca toda para me destacar. Você é apenas mal amado. Precisa de um pouco de aventura nessa sua vida. 

-Vai te foder Eric, minha cabeça está doendo para ficar ouvindo as merdas que sai da sua boca. Vai trabalhar vai, tem muito serviço para você fazer em meu lugar, talvez assim você de um pouco mais de valor em tudo o que eu faço. –O expulso impaciente.

-As suas ordens chefinho. -Debocha rindo enquanto caminha para a saída. –Só mais uma coisa, se não quiser nossa amiguinha prestativa, eu quero. –Pisca rindo e antes que eu consiga arremessar a primeira coisa que tenho em mãos ele fecha a porta.

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