Jonathan
-Essa garota me irrita. -Trinco os dentes sentindo meu maxilar estalar.
-Pare de ser carrasco pelo menos uma vez na sua vida John.
- Eu não sou carrasco, só não gosto de toda essa falsa bondade destinada a mim quando sei que é puro fingimento.
-Como pode afirmar que é fingimento se você nem conhece a moça? -Eric nega com a cabeça. -Depois que papai morreu você se fechou em uma bolha paralela ao mundo e ninguém te suporta.
-Não estou pedido para você me suportar, só estou falando que não caio nessa armação e pinta de boa moça. -Dou de ombro com os braços cruzados no peito.
-Quanta implicância, talvez devesse dar uma chance a ela. Moça gentil e legal, ela é linda e eu bem vi como seus olhos correu descarado pelo corpo dela.
-Cala boca Eric, ainda sou homem, acha que não sei quando vejo uma mulher bonita em minha frente? Mas beleza não diz nada a respeito da pessoa e eu não fui com a cara dela.
-Você nunca vai com a cara de ninguém irmão. –Eric suspira passando a mão na cabeça.
Um barulho chama a minha atenção e vejo a agenda que ela havia colocado sobre a bolsa caída no chão.
Eric ergue a sobrancelha e se abaixa para pegar a agenda da moça junto a uma caneta e um papel. Ele segura uma página aberta e vira a mesma lendo algumas coisas.
-Eric, o que pensa estar fazendo? -Rosno querendo lhe dar uns belos cascudos, mas estava impossibilitado por culpa do meu pé no momento.
-Estou apenas recolhendo as coisas de... –Abre as primeiras páginas da agenda. –Helena Dias Albuquerque do chão. –Volta as páginas apenas para bisbilhotar.
-Tome vergonha Eric. –Rosno. –Deixe as coisas da moça ai.
-Helena, irmão. He.le.na –Enfatiza.
-Sua sorte é que não posso apoiar o pé no chão.
-Interessante irmão, nossa nova amiga é advogada. -Vejo ele ler o papel erguendo as sobrancelhas. -Realmente interessante.
-O que você está lendo aí? –Uma ponta de curiosidade surge por todo o seu suspense.
-Caso não houver resposta a mensagem, ligar para o acompanhante, para perguntar se ele aceita ser padrinho no casamento da minha prima. -Eric murmura algumas coisas e eu apenas reviro os olhos.
-Guarde as coisas da garota no lugar. –Peço mais uma vez e ele logo fecha a agenda com um grande sorriso no rosto. -O que foi? -Pergunto preocupado.
-Nada irmão, nossa amiga é apenas uma advogada com muito trabalho para concluir. -Balança os ombros depositando a agenda em seu devido lugar.
-Pare de enfiar o nariz onde não é da sua conta. Que coisa feia ficar espiando a agenda da moça, depois reclama do meu mal humor, mas pelo menos eu não fico fuçando nas coisas dos outros. -Afirmo mal-humorado.
Estava cansado de ficar deitado nessa maca sem poder fazer nada, além disso, minha cabeça parecia que ia explodir a qualquer momento, o tornozelo lateja e os ralados dos meus braços ardem.
O mau humor era apenas o menor dos meus problemas no momento.
-John, você é muito sem graça. -Revira os olhos. -Somente Thalissa para te suportar e isso porque ela vê sua cara feia uma vez a cada três ou quatro meses. -Eric alfineta.
-Vai a merda Eric, sabe que não gosto de Thalissa, ela que insiste nessa merda toda, pouco me importa se ela gosta de mim ou não, espero que ela fique nos Estados Unidos e não volte mais. -Resmungo.
-Blá, blá, blá. -Eric me imita e balanço a cabeça.
-Quantos anos você tem? Dez por um acaso?
-Vinte e sete, John, tenho vinte sete anos muito bem vividos, diferente de você que tem trinta socados dentro de uma empresa deixada por nosso pai. Sua vidinha medíocre está passando e não importa que sua conta bancária seja recheada e gorda, se você não tem com quem ou como gastar não vale nada. Tente ao menos tirar umas férias para viajar mesmo que sozinho se for da sua opção.
Me calo pois de certa forma ele não estava errado, porém eu simplesmente gostava da minha vida do jeito que ela era e ponto final.
-Quem cala consente, você quase morreu por que não larga esse celular um minuto. Eu sei que a empresa exige muito de nós e principalmente de você, mas tenha um pouco mais de consciência. A vida passa e o tempo não volta. Não quero ser chato ou algo do tipo, mas você realmente precisa diminuir o ritmo e espairecer um pouco ou então não sei onde irá parar.
-Meu ritmo está bem lento agora. -Sorrio desgostoso.
-Talvez as coisas acontecem com um propósito, assim pelo menos você tirou um dia de folga, afinal desde quando você não tira um dia para você?
- Acho que já fazem quatro anos. -Suspiro.
-A vida cobra até o descanso que não tiramos. -Eric ri balançando a cabeça em negativo.
-Coisa estranha de se pensar. -Murmuro pensativo e minha atenção se volta para a bela moça de cabelos chocolate ondulados e olhos castanhos brilhantes que entra segurando uma garrafinha de água nas mãos.
Helena devia ter seus um metro e setenta e em meu ponto de vista era alta, seus quadris fartos preenche a saia de forma delicada e suas curvas mais avantajadas de certa forma prende minha atenção.
É uma mulher bonita, um pouco acima do peso talvez, mas incrivelmente sensual e delicada. Seus olhos preocupados e expressivos sempre buscam entender o que se passa a sua volta e as diversas expressões de seu rosto me faz franzir as sobrancelhas tentando entender o que se passa em sua cabeça.
Ela não sabe disfarçar sua confusão, descontentamento ou alegria. Seus olhos e sua face entrega qualquer um de seus sentimentos.
A única coisa que me irrita é sua prestatividade, para que tanta preocupação com uma pessoa que ela nem conhece? E outra, o acidente nem foi culpa dela, afinal o erro foi meu de atravessar a rua com o sinal verde, mas mesmo assim, ela continua aqui tentando me agradar e ajudar com o que for necessário.
- Sua água. -Me entrega a garrafa constrangida.
- Obrigado! -Agradeço e abro a garrafinha tomando alguns goles.
-Por nada. -Comenta pegando suas coisas de cima da cadeira. -Bom, fico feliz em saber que você está melhor. - Um pequeno sorriso surge em seus lábios prendendo minha atenção em sua boca de traços delicados e fartos.
- Agradecemos pela sua preocupação. -Eric toma a frente.
- Que isso, me senti no dever de oferecer toda a ajuda que estivesse ao meu alcance. - Diz enquanto abre a bolsa retirando um pequeno cartão. - Aqui, caso precisem de algo pode me ligar. - Ela entrega o cartão a Eric e eu observo os dois estreitando os olhos.
-Agradeço, ele é um pouco dramático, mas ficará bem.-Eric afirma.
- Eu ainda estou aqui Eric, não precisa falar como se eu não estivesse ouvindo. –Balbucio irritado e a jovem a minha frente ri.
- Foi um prazer conhecer vocês, não hesitem em ligar caso precisarem. -Se despende saindo do quarto logo em seguida.
-Irritante....
- Você é mesmo irmão, irritante. -Eric enfatiza a palavra.
Mostro o dedo do meio para ele que ri dando de ombros pouco se importando com o meu mau humor.
-Graças a Deus a humanidade não tem o mesmo gênero ruim que o seu. Você acha que todos sabem ser frios e rude como você?
-Agradeça a minha rudez Eric, é ela quem sustenta seus luxos ou você acha que com sorrisinhos e abraços cresceríamos tanto?
- Não irmão, talvez não levaríamos a empresa do nosso pai tão longe, mas sabe, não preciso dessa carranca toda para me destacar. Você é apenas mal amado. Precisa de um pouco de aventura nessa sua vida.
-Vai te foder Eric, minha cabeça está doendo para ficar ouvindo as merdas que sai da sua boca. Vai trabalhar vai, tem muito serviço para você fazer em meu lugar, talvez assim você de um pouco mais de valor em tudo o que eu faço. –O expulso impaciente.
-As suas ordens chefinho. -Debocha rindo enquanto caminha para a saída. –Só mais uma coisa, se não quiser nossa amiguinha prestativa, eu quero. –Pisca rindo e antes que eu consiga arremessar a primeira coisa que tenho em mãos ele fecha a porta.
HelenaApós sair do hospital volto para o escritório e antes mesmo de chegar na porta da minha sala tenho um sobressalto com o susto que Brenda me dá me empurrando para dentro.-O que foi isso? -Pergunto com a mão no peito.-Eu quero saber tudo sobre o padrinho de aluguel. -Fala erguendo as sobrancelhas. - Ele é bonito?-Padrinho de aluguel Brenda? -Balanço a cabeça em negativo. -Está mais do que na cara que é garoto de programa. -Enfatizo as últimas palavras.-Já disse que detalhes a parte Helena, pare de ser chata. -Se joga na poltrona suspirando. -Achei que ele iria responder, mas que droga viu. Essa era a solução dos nossos problemas. - Diz chateada.-Meus problemas. -Afirmo.-Se são seus são meus também mal-agradecida. -Faz um bico me fazendo rir.-Você sabe que eu te amo.-Ama nada.
-Mas que homem. -Brenda se abana com uma mão enquanto come o brigadeiro da colher sentada no sofá da sala.Permanece sentado no chão com o braço apoiada em cima do sofá espiando a foto como posso.-Não dá para negar que ele é lindo.-Se você tentasse tamanha afronta eu te levaria a um ocultista neste exato instante. -Me empurra com o pé me fazendo rir.-Exagerada. -Pego mais uma colherada de brigadeiro.-André vai roer as unhas quando ver esse homem ao seu lado e aquela piranha da Bruna vai ficar vermelha igual uma pimenta. -Brenda ri alto.-Para de ser boba, já faz meses que eles estão juntos, devem se amar de alguma forma.-Helena, para, pelo amor de Cristo. Todos nós sabemos que ele está com ela porque o pai dela tem um bem aqui e ali que ele quer herdar.-Você não tem piedade. -Comento rindo.-Fala s&e
Desconhecido: Aguardarei a senhorita as dez horas da manhã no Levisky Gourmet.Releio aquela mensagem pela centésima vez e a cada leitura o nervosismo me consome.Tudo parecia engraçado demais até não se tornar sério demais e era exatamente isso que estava acontecendo.Me encontrar com um homem que nunca vi e ainda por cima pagar para me acompanhar a um casamento?! É o fim do desespero de uma pobre alma solitária.Sorrio nervosa olhando a tela do celular mais do que deveria.Depois disso minha dignidade nunca mais será a mesma eu tenho certeza.Tento não focar os pensamentos naquele fatídico fato, mas o nervosismo começava a mexer com cada célula do meu corpo me deixando agitada e desesperada.Eu não sabia disfarçar, nunca soube, se algo me incomoda fica explícito na minha cara e isso é uma v
Agarrada ao corpo de Brenda choro copiosamente envergonhada. Não deveria estar assim eu sei, mas simplesmente não consigo me levantar.Me sinto fraca, frustrada e chateada, me sinto um nada nesta terra e talvez sejam pelas palavras tão reais de Jonathan.Isso vai além da solidão...Tenho vontade de rir e se a dor não fosse tão sufocante faria.Suas palavras trouxeram gatilhos que custei a superar e agora me vejo caída sobre uma cama envolta a uma bolha de depressão.É errado, sim é, mas quem explica isso e convence minha mente do contrário?Quem arranca o vazio do meu peito?Quem aplacao desespero e a angústia do meu coração?Ninguém.Chorar pelo menos alivia e diminui o nó que aperta minha garganta.-Amiga você precisa levantar desta cama, tomar um
HelenaPassei o domingo na casa dos meus pais e confesso que estava com saudades deles, aproveitei para ajudar meu pai a replantar as roseiras da mamãe e curti cada segundinho que pude dos meus velhos, afinal durante a semana quase não nos vemos.A segunda já começou alvoroçada com Rogério gritando ordens e passando clientes para cada um de nós. O que é maravilhoso, não vamos reclamar do pão nosso de cada dia.Uma pequena batida na porta me chama atenção.-Entre.-Helena, tem um homem querendo falar com você. -Carolina a recepcionista diz.-Quem? -Pergunto franzido as sobrancelhas já que não tinha nenhum horário marcado para agora.-Disse apenas que precisava falar com você. - Ela balança os ombros.- Você deve perguntar o nome das pessoas antes de vir até nós Carol, as
Conto para Brenda o que aconteceu na entrada do fórum e a descarada gargalha alto chamando a atenção de metade das pessoas que passam ao nosso lado.-Cala boca sua infeliz, está querendo levar uns esporros de Rogério, você sabe que ele odeia quando ficamos papeando nos cantos do fórum. –Repreendo e ela balança os ombros.-Espero que o nariz dele fique roxo. –Ela volta a rir apoiando a mão na barriga.-Amiga, coitado, no fundo eu fiquei com dó, porque ele parecia realmente estar arrependido. –Confesso e não sei se estava sendo idiota por ficar com dó ou não.-Larga a mão de ser palhaça Helena. –Ela diz brava apontando o dedo no meu nariz e eu faço uma careta encolhendo os ombros.-Ele merecia muito mais do que um quase soco no nariz, você devia ter acertado as bolas dele por tudo que ele falou. –Ela ralha
Brenda quase surtou e teve um ataque quando contei sobre a ligação inesperada de Jonathan para ela.Claro que minha amiga fez questão de vir me ajudar a escolher a roupa que iria para o jantar e agora estamos aqui esperando o tal motorista chegar.-Você está linda amiga. - Ela afirma com os olhos brilhando.-Você me ajudou. -A abraço sorrindo.-Claro, jamais deixaria você usar aquelas cores gritantes ou vestidos cheios de flores. - Ela nega suspirando e esse era mais um fato sobre Brenda, ela odeia cores extravagantes, para ela cores escuras e únicas são o essencial, preto e cinza é praticamente sua vida. Não que ela não use tons rosa claro, mas cores vivas não faz muito seu estilo.Acabo rindo com esse pensamento.-Eu gosto de cores fortes. -Alego e ela balança a cabeça fazendo uma careta. -Amiga, esse vestido preto soltinho na cintu
-Hum, é um belo lugar. -Comento com sinceridade. -Na verdade, nem sabia que esse lugar existia. -Confesso. -É maravilhoso. Seus olhos estão em mim novamente e desta vez sustento seu olhar curioso. -É um bom lugar para uma conversa e alguns pedidos de desculpas. - Ele balança os ombros e um leve sorriso de lado dança em seus lábios. -A vista aqui sempre me surpreende, a noite é bela daqui de cima. -Seus olhos se voltam para a janela e tenho que concordar. Era realmente bela a vista que tínhamos daqui de cima. As várias luzes dos prédios, carros e altidore’s coloridos espalhados pela cidade tornava tudo ainda mais encantador, somado ao ambiente aconchegante e o rock suave de fundo tudo se normal deslumbrante. -Tenho que concordar. -Continuo observando as janelas e só percebo que seus olhos estão voltados para mim quando o garçom deposita minha bebida a minha frente. -Obrigada! -Agradeço e ele logo sai. Tomo um pequeno gole e só não gemo em satis