Olhei para Pedro que pela terceira vez naquele dia pareceu notar que eu não era invisível. Eu não sabia o que dizer. Ele, por sua vez, suspirou antes de comentar rapidamente: - Nós dois saímos alguma vezes. Desculpe-me, eu não tinha ideia. - Quê?! – Exclamou o homem surpreso. - Mas foi há muito tempo. – Tentei. - Ai meu Deus, quê?... Quando?... Espere. Isabelle. – Ele não estava me chamando, parecia que estava refletindo sobre algum nome que já tinha escutado anteriormente. - Eu realmente sinto muito, Nathan. Acho melhor eu ir embora. Obrigado pelo jantar. – Disse Pedro ao se levantar. - Nos vemos amanhã. E assim ele saiu sem nem me dizer tchau. Suspirei fechando meus olhos por um segundo enquanto tentava absorver o que tinha acabado de acontecer. Quando abri meus olhos vi Nathan piscando atônito tentando encaixar todas as peças no lugar. - Nathan eu... - Eu te levo para casa. – Ele não demonstrou nenhuma reação. Assim que Nathan pagou, seguimos até seu carro em silêncio. Er
Três dias haviam se passado desde que eu falara com Nathan pela última vez. Nenhuma ligação, nem mesmo uma mensagem. Um total de zero contato. Isso me deixava inquieta. Eu não sabia o que fazer, nunca tinha passado por isso antes. Quando algo dava errado eu geralmente ignorava porque não me importava o suficiente. Ok, agora eu estou começando a achar justo estar numa situação assim. Será que eu devo fazer uma lista de possíveis pessoas que eu magoei? Será que teve mais de uma? Que droga! Exceto sexta, que minha rotina me obrigou a sair de casa, o resto do tempo inteiro eu permaneci no quarto deitada com o celular ao lado na esperança de que ele tocasse, mas ele nunca tocou e isso me deixava frustrada. Eu não queria ultrapassar o espaço que Nathan precisava para pensar sobre o assunto, e também ficava com medo de interferir de algum modo em seu relacionamento com JP, por isso, não fiz nada a não ser desejar que tudo aquilo se resolvesse logo. Eu me recordo da primeira vez que Lia
Em segundos meu sangue começou a circular cada vez mais depressa e um medo estranho surgiu em meu estômago se alastrando para o resto do meu corpo. Me forcei a olhar para a tela e apertar o botão vermelho para finalizar a ligação, mas a tela havia travado e os segundo continuavam se passando enquanto o chiado ficava mais alto. Pressionei novamente o botão umas centenas de vezes, mas nada mudava então por impulso e, na maior parte, medo, joguei o aparelho para longe de mim. – Ai! – Lia gritou ao quase ser atingida. – Você está maluca? – Ela apressou-se desesperada para examinar a tela de seu celular. – Ótimo! – Suspirou aliviado. – Você tacou o meu celular? – Sua voz cresceu uma oitava. – Desculpe, foi sem querer. – Quem taca um celular longe sem querer? – Sua voz ainda não assumia o tom habitual. – Eu ué. – Me aproximei para observar a tela e me certificar que a ligação terminara, mas Lia continuou protegendo seu celular incerta se me deixava chegar mais perto. – Deixa só eu ver
– Hey. – Cumprimentei. – Oi. – Ele estava sério, mas não parecia tão frio como da última vez. – Posso me sentar? – Perguntei apontando para o pequeno espaço ao seu lado. – Claro. – Ele se afastou para que eu pudesse me aproximar. – Bom, acho que é melhor eu começar me desculpando, não é? – Droga, qual era a ordem mesmo? – Eu sei que eu fui idiota com você e eu realmente sinto muito. Eu não posso dizer ao certo o que aconteceu porque eu tenho muita dificuldade de entender tudo isso, mas eu gostava de você e eu tenho certeza disso. Não que te dizer isso agora sirva de alguma coisa. – Então por que você sumiu do nada? Eu te liguei. – Eu sei. E eu não atendi. Desculpe por isso também. Eu... acho que você me deixou assustada. – Assustada? Por quê? – Olhei para Pedro que examinava algum ponto distante tentando encaixar todas as peças no lugar. – Eu odeio gostar de pessoas. Eu odeio muito, tipo muito mesmo. Eu me sinto controlada e vulnerável. Eu sinto como se minha vida não tivesse
Conversar com Pedro foi uma das coisas mais difíceis que eu já fiz na minha vida. Assumir a culpa é constrangedor, ainda mais quando ela não deixa nenhuma dúvida de que ela é somente sua. No entanto, nada é mais constrangedor do que estar sentado ao lado de Pedro enquanto Nathan vem me buscar. Pedro e Nathan dão certo, Nathan e Belle dão certo, Pedro e Belle, de certa forma, deu certo, mas colocar os três juntos era sinônimo de fracasso. Dois minutos de cumprimentos informais foi o máximo que aguentei antes de me levantar, me despedir do homem e sumir no carro de Nathan. A volta ao meu apartamento, diferentemente, foi tranquila e agradável. Às vezes quando tudo está horrível, tudo o que você quer fazer é fechar os olhos e esquecer por alguns minutos todas as coisas ruins que te aconteceram. A conversa era necessária, mas olhar Nathan e pensar que estava tudo bem era o que eu mais ansiava naquele momento. Nós conversamos sobre como tinha sido encontrar com Pedro, mas o futuro permanece
Os três começaram a rir enquanto se empurravam e saiam cambaleando do quarto. – Isso foi... interessante. – Comentou Nathan. – Uma boa definição. Você precisa ir ou pode ficar? Eu preciso ajudar as crianças pré-desempregadas. – Sem problemas, eu te ajudo. Nathan e eu levantamos, colocamos nossas roupas e saímos para a sala. Os três estavam espalhados pelo espaço enquanto Luíz estirado pelo sofá, já roncava relaxado. – Vocês vão dormir aqui? – Não, eu só vim deixá-los aqui. – Respondeu Nicolas. – Obrigada. – O homem apenas sorriu, seus olhinhos fechando-se enquanto um buraquinho aparecia involuntariamente por sua bochecha. Fofo. – Vem Lia, vamos tirar essa roupa. – Ah não. - Reclamou manhosa. – Ok, ok. Vamos lá. – Levantei Lia do chão com o auxílio de Nathan e a coloquei em sua cama. Nathan retirou um de seus sapatos enquanto eu tirava o outro. – Que bom que você está aqui. A Belle está toda apaixonadinha. Ela não vai confessar isso então, xiu. – Ele colocou o dedo indicad
Minha respiração tornava-se cada vez mais ofegante conforme eu sentia o cansaço invadir meu corpo e minha pele gélida suar por debaixo da roupa. Olhei ao redor para me certificar de que ninguém estava me seguindo. No entanto, não conseguia ter certeza de nada naquele ambiente escuro. Só me restava continuar correndo. Mas por que eu estava correndo? Parei olhando ao redor novamente. Os pensamentos turvos invadiam minha mente à procura de algo, mas eu não conseguia encontrar nada. Onde eu estava? A poucos metros notei uma pequena cabana de madeira que outrora eu não havia reparado que estava ali. Ou será que ela não estava? Eu não me lembrava. Talvez ali eu pudesse encontrar alguma resposta para as perguntas que meu cérebro ainda era incapaz de formular. Segui em direção à casa e espionei pela fresta da porta na tentativa inútil de descobrir se havia alguém lá dentro. Contudo, apenas o vazio parecia vir daquela direção. Um pouco insegura, decidi seguir para dentro do pequeno espaço dei
– Lia? – Chamei da porta. – Estou na cozinha. – Sua voz vinda do outro cômodo imediatamente me reconfortou. Suspirei aliviada. – Por que veio tão cedo? – Também não sei, devo estar envelhecendo. Hum torradas. – Disse ao roubar uma antes que Lia chegasse a tempo para me impedir. – Idiota. – Vai fazer o que hoje? – Ir à festa do Rafael? – Comentou como se fosse óbvio. – Antes disso, meu anjo. Quer dar uma volta? – Eu marquei com a Isa. – Avisou sem jeito. – Você quer ir conosco? – Nah, deixa para lá. – Peguei mais uma torrada e coloquei-a na boca tentando disfarçar a inquietação em minha barriga por imaginar estar sozinha novamente. – Você pode parar com isso? – Cum quo? – Disse inocente ainda com minha boca cheia. – Você é tão irritante. – Soltou levemente irritada. – Você é tão irritante. – Repeti imitando-a fazendo seus olhos se revirarem. – Você acha que eu tenho que levar algum presente? Não é aniversário dele nem nada. O que a gente dá quando alguém consegue passar em