Os três começaram a rir enquanto se empurravam e saiam cambaleando do quarto. – Isso foi... interessante. – Comentou Nathan. – Uma boa definição. Você precisa ir ou pode ficar? Eu preciso ajudar as crianças pré-desempregadas. – Sem problemas, eu te ajudo. Nathan e eu levantamos, colocamos nossas roupas e saímos para a sala. Os três estavam espalhados pelo espaço enquanto Luíz estirado pelo sofá, já roncava relaxado. – Vocês vão dormir aqui? – Não, eu só vim deixá-los aqui. – Respondeu Nicolas. – Obrigada. – O homem apenas sorriu, seus olhinhos fechando-se enquanto um buraquinho aparecia involuntariamente por sua bochecha. Fofo. – Vem Lia, vamos tirar essa roupa. – Ah não. - Reclamou manhosa. – Ok, ok. Vamos lá. – Levantei Lia do chão com o auxílio de Nathan e a coloquei em sua cama. Nathan retirou um de seus sapatos enquanto eu tirava o outro. – Que bom que você está aqui. A Belle está toda apaixonadinha. Ela não vai confessar isso então, xiu. – Ele colocou o dedo indicad
Minha respiração tornava-se cada vez mais ofegante conforme eu sentia o cansaço invadir meu corpo e minha pele gélida suar por debaixo da roupa. Olhei ao redor para me certificar de que ninguém estava me seguindo. No entanto, não conseguia ter certeza de nada naquele ambiente escuro. Só me restava continuar correndo. Mas por que eu estava correndo? Parei olhando ao redor novamente. Os pensamentos turvos invadiam minha mente à procura de algo, mas eu não conseguia encontrar nada. Onde eu estava? A poucos metros notei uma pequena cabana de madeira que outrora eu não havia reparado que estava ali. Ou será que ela não estava? Eu não me lembrava. Talvez ali eu pudesse encontrar alguma resposta para as perguntas que meu cérebro ainda era incapaz de formular. Segui em direção à casa e espionei pela fresta da porta na tentativa inútil de descobrir se havia alguém lá dentro. Contudo, apenas o vazio parecia vir daquela direção. Um pouco insegura, decidi seguir para dentro do pequeno espaço dei
– Lia? – Chamei da porta. – Estou na cozinha. – Sua voz vinda do outro cômodo imediatamente me reconfortou. Suspirei aliviada. – Por que veio tão cedo? – Também não sei, devo estar envelhecendo. Hum torradas. – Disse ao roubar uma antes que Lia chegasse a tempo para me impedir. – Idiota. – Vai fazer o que hoje? – Ir à festa do Rafael? – Comentou como se fosse óbvio. – Antes disso, meu anjo. Quer dar uma volta? – Eu marquei com a Isa. – Avisou sem jeito. – Você quer ir conosco? – Nah, deixa para lá. – Peguei mais uma torrada e coloquei-a na boca tentando disfarçar a inquietação em minha barriga por imaginar estar sozinha novamente. – Você pode parar com isso? – Cum quo? – Disse inocente ainda com minha boca cheia. – Você é tão irritante. – Soltou levemente irritada. – Você é tão irritante. – Repeti imitando-a fazendo seus olhos se revirarem. – Você acha que eu tenho que levar algum presente? Não é aniversário dele nem nada. O que a gente dá quando alguém consegue passar em
Ouvir as pessoas rindo e se divertindo ao meu redor conseguia afastar meus pensamentos ruins por alguns instantes. Era um momento feliz, todos nós estávamos ali para celebrar a conquista de Rafael juntos, e isso tornava o presente mais interessante do que qualquer outro período maluco da minha vida. – Um, dois, três...– Pronunciava Rafael à medida que contava cada um de nós. – Por que só tem quatro pessoas aqui? Eu falei que era para vocês convidarem todo mundo que vocês conhecessem. – Rafael olhou para Thiago em acusação. – Eu convidei a Belle. Rafael, por sua vez, voltou sua atenção para mim e para Lia. – Cadê o Nathan e o Nicolas? – Nathan já vai chegar. – Nicolas não pode vir, mas ele mandou parabéns. – Ai, gente, eu nunca faço festa, não deixem isso flopar. – Ele olhou preocupado para as diversas pessoas que dançavam mais adiante. – Está cheio de gente aqui, meu amor. Vem, vamos beber para você relaxar um pouco. – Thiago dizia conforme puxava o homem para a cozinha. – Eu
– Desculpe. – Disse uma mulher atrás trazendo minha mente de volta à festa. As pessoas riam e dançavam próximo a mim como se nada tivesse acontecido. O sorriso que anteriormente estava em minha boca, desapareceu deixando apenas um gosto amargo. Dei um sorriso forçado e saí do círculo abrindo espaço para alguém incentivar outra pessoa a dançar. Caminhei para a porta, o oxigênio da casa já não parecia o suficiente para mim. – Está tudo bem? – Lia surgiu ao meu lado. – Uhum. Só cansei. Vou tomar um ar. – A garota me olhou desconfiada. – Ok. Eu vou com você. Assenti aliviada abrindo a porta e sentando na fachada da casa. Peguei meu celular novamente para ver se Nathan havia chegado. Não havia nenhuma mensagem, mas eu sabia que ele tinha visualizado. Suspirei. – Vai me contar o que está acontecendo? – Hoje não. – Olhei para ela. – É um dia feliz. – Tudo bem. Repousei minha cabeça em seu ombro e permanecemos ali em silêncio por alguns minutos apenas observando as estrelas brilharem
– Eu não sabia que você fumava. – Eu não fumo, quer dizer, eu parei. Às vezes eu fumo. O que foi? – Eu não queria ser a pessoa chata, mas minha expressão de desagrado assumiu involuntariamente por meu rosto. – Você está com uma expressão de julgamento. – Não estou julgando, eu só... como você pode consumir essa porcaria? Nathan pareceu surpreso com a forma que eu despejei aquilo. – Você se importa? – Por que eu não deveria? Isso mata. – Os hambúrgueres que você vive comendo também. – Ele deu de ombros, mas sua voz assumiu um tom um pouco mais impaciente. – Tanto faz. Nathan respirou fundo e aproximou mais seu corpo do meu tomando cuidado para não deixar inutilmente o cigarro perto de mim, porém o cheiro estava impregnado nele. – Isso é um problema para você? – Não, quer dizer... – As palavras estavam ficando confusas conforme eu ficava nervosa. – Eu só fiquei surpresa. É que você é todo certinho, eu só não imaginei... Eu não vou mentir, eu odeio essa coisa. – Confessei enoja
Eu costumava achar que quando eu crescesse minha vida seria como nos filmes. Que ao fim, tudo ficaria bem, que eu era uma heroína que venceria no final. Entretanto, as coisas não são tão simples assim, e nem sempre o que você quer que aconteça realmente acontece. Eu só não tinha ideia de que eu precisaria me acostumar com isso tão cedo. Tudo estava indo tão bem. Quando foi que começou a dar tão errado? Não importava o quanto eu tentasse, algo sempre me puxava para baixo me deixando afundar em um vazio solitário que ninguém mais compreendia. Por dentro eu estava gritando, embora meus lábios continuassem imóveis. Nada adiantava. Nada mudaria. Nada voltaria a ser como antes e não importa o quanto eu lutasse ou o quanto eu desejasse aquilo, não havia mais nada que eu pudesse fazer. Minhas pernas trêmulas não conseguiam mais suportar o cansaço do meu corpo, eu havia chegado ao meu limite. Eu estava tão cansada. Eu não aguentava mais. Minha visão agora embaçada pelas lágrimas insistentes q
Sem pressão. Respirei fundo. Peguei meu celular para mandar uma mensagem para Nathan, mas ao abrir sua conversa mudei de ideia. Talvez eu devesse fazer uma surpresa. Com certeza ele não me esperaria encontrar lá, e ao mesmo tempo não sobraria tempo de pensar sobre conhecer seus pais. Parecia mais sensato. Um pouco covarde, talvez, mas quem precisava ter coragem agora? Bufei. Belle que vergonha. Desisti da ideia, logo abrindo na conversa com Nathan novamente. Belle: Hey | Adivinha onde eu vou trabalhar hoje... | – Belle, eu vou a minha casa me arrumar. Encontramo-nos na porta da casa dos Midas às 18 horas, pode ser? – Pode, sim. Apresentável. – Imitei a voz de Sabrina fazendo a mulher rir baixo antes de certificar-se de que Sabrina não poderia nos ouvir. Olhei para a tela novamente esperando alguma resposta, mas Nathan não havia nem visualizado o que eu havia mandado mais cedo, portanto deixei de lado e decidi avisar Thiago. Belle: Adivinha quem não vai olhar minhoca, otário