Doutor, a vida é cheia de surpresas. E, nesses últimos dias, foram tantas que nem ao menos sei enumerar. Mudança de emprego, de cidade, o fim do meu relacionamento louco de Joana Gabriela, nosso encontro inesperado e nosso acerto depois de tantos dias de confusão.
Agora, eu seguia meu trabalho. Diariamente eu buscava novas soluções para desenvolver ainda mais o programa de treinamento e trazer para os participantes vantagens e oportunidades. Meu chefe estava muito satisfeito com tudo o que acontecia, principalmente porque estavam surgindo novos investidores que traziam mais e mais projetos para nosso grupo.
Desde então, não tive tantas notícias de Joana Gabriela e Alexandro Francisco. Na verdade, não me importei em procurar saber deles. Não queria interferir na vida dos dois. Sabia que agora era o momento certo para seguirem suas caminhadas bem felizes, sem a minha interferência.
Doutor, não sei como lhe falar tudo o que passei. Hoje é nossa primeira conversa e espero aos poucos ganhar sua confiança ao ponto que possa abrir meu coração e contar-lhe todos os detalhes de tão complexo momento ao qual tento sobreviver. Não estranhe, doutor, sei que nossa conversa sempre ficará em caráter confidencial, mas é difícil falar de algo tão íntimo, contar um caso pelo qual poderei ser julgado por muitos como culpado, como aproveitador. Atuarão como juízes da minha vida e pedirão minha cabeça, como executores de uma acusação ao qual considero-me inocente. Sim, não sinto que sou culpado deste momento tão intenso e tão único que vivi. Algo que pareceu destinado para mim, algo tão intenso e inesperado que nem mesmo o mais criativo autor
Olá, doutor, estou aqui novamente. Quando saí, achei que não voltaria, que era perda de tempo. Mas os acontecimentos dessa semana me fizeram refletir e ver que sim, eu precisava voltar. Não sei quantos encontros teremos, mas acredito que refletir na minha história dentro de uma linearidade me fará bem, pois pode ser que dentro de cada fala eu realmente descubra como transformar em palavras algo que ainda não consigo expressar. Ainda assim, doutor, não sei o quão linear minha história é, ou se há alguma lógica nesta história que hoje vivo. Só sei que, neste momento, preciso parar e refletir em tudo que aconteceu até aqui. Talvez, só talvez, assim eu encontre um rumo para os meus perdidos pensamentos. Quando saí daq
Doutor, por favor, me responda: é errado querer ficar ao lado de quem lhe faz bem? Pois esse é meu caso. Se há uma certeza nesta vida, é que ela faz bem para minha alma. Claro, doutor, há uma enorme atração física entre nós. Somente tocar aquele rosto, beijar aqueles lábios carnudos e sentir a doçura de sua boca me arrepia todo em cada lembrança. Só que é mais que isso. É algo que traz uma paz ao meu coração que não quero que os momentos acabem jamais.Mas quero tentar narrar de maneira linear. Lembro que falei que eu e ela caminhos e conversamos. Depois daquele dia, começamos a conversar mais. De início, fizemos algo muito natural. Trocamos o número de nossos telefones, contatos em redes sociais e e-mails. Lógico que utilizávamos esses meios para comunicação, como qualquer pessoa dessa geraç&atil
Sei que em nosso último encontro posso tê-lo chocado um pouco, doutor, pois antes não havia revelado o fato de que tanto eu quanto ela estamos em um relacionamento. E acho que é sobre isso que quero começar a falar nesse encontro, pois isso fará com que você entenda ou não mais um pouco do meu problema. Há mais ou menos dez anos eu estava solteiro, e havia terminado um relacionamento. Esse relacionamento me deixou desgastado e desanimado. Disse a mim mesmo que não me envolveria com ninguém durante um bom período para que pudesse reestabelecer as minhas forças. Neste intervalo, apareceu ela, uma mulher aparentemente gentil, inteligente, que buscava alcançar seus objetivos e que inicialmente apoiara a caminhada profissional que eu seguia naquele
Sei que posso ter chocado você, doutor, com minhas últimas revelações, mas preciso que me escute. Se no final de tudo quiser me julgar, me acusar de um destino que simplesmente aconteceu, eu gostaria desde já de lembrá-lo, como religioso que você diz ser, das palavras de Cristo: “Aquele que não tiver pecado que atire a primeira pedra”. Então, se ao fim de meu relato, você se achar inocente, aceitarei que condene, mas, antes, ao menos reflita em minha história e tente me entender. Em um dos últimos encontros, falei do aniversário de Joana Gabriela que se aproximava. Ela marcara um jantar em um restaurante para comemorar a data junto com familiares e amigos. E fez questão da minha presença. Naquele dia, tudo deu errado. Precise
Doutor, queria que você entendesse que relembrar todos esses momentos não é uma coisa muito simples. Tenho vontade de sorrir, por ter tido a oportunidade de viver cada um deles, mas tenho vontade de chorar, porque nunca sei o que vai acontecer depois, ou ainda se haverá um depois.Por outro lado, fico sem saber como agir, vivo a complexidade desse relacionamento na pele e sei como isso pode ser intenso. O fato é que tudo é tão complexo que simplesmente lembrar de momentos como esse me fazem chorar. Um choro nostálgico, de quem queria ter a oportunidade de viver tudo de novo ou fazer com que cada momento fosse eterno. Não sei o que aconteceria se tivéssemos a oportunidade de reescrever nossa história, mas sei, doutor, que alguns acontecimentos seriam realizados da mesma forma. Afinal, tudo aconteceu de uma forma tão natura
Veja bem, doutor, alguns momentos são divisores de destinos. E alguns acontecimentos também, por mais simples que possam parecer. E não podia ser diferente conosco. Acho que o destino gosta de brincar na simplicidade, tornando algo tão complexo e indescritível que no fim, nem mesmo nós, que passamos por tudo isso, conseguimos descrever os fatos de forma coesa. Sim, acho que o destino brinca conosco. Lembra o que relatei no último encontro? Um olhar que aconteceu por causa de uma chuva em um dia que não parecia que ia chover. Dois rostos que se encontram, dois lábios que se desejam e, no final, nada acontece. Não é estranho, doutor? Não é o destino brincando com nossas vidas?
Mais uma vez aqui estou, doutor. Hoje quero contar como se desenrolou a nossa aproximação após o apelido que encontrei para a doce Joana Gabriela. Ah, se você estivesse com ela, se ouvisse aquela voz melodiosa que tanto se assemelha aos cantos das mais belas sereias do mar, se olhasse os profundos olhos e se pudesse tocar naquela pele morena como eu pude, entenderia o meu drama e meu desespero. Desde que a chamei de bombom pela primeira vez, comecei a criar situações que envolvesse esta palavra. Frases soltas que, ao cair em seus ouvidos, seriam interpretadas de outra forma. Afinal, queria justificar que ela perguntou qual bombom eu queria provar. Ela, nesse momento, já havia percebido o quão enlouquecido eu estava e o quanto a desejava mais do que o ar que respirava. Pela manh&atild